Um pesadelo interminavel




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*Capitulo Vinte e Oito: Um pesadelo interminável*


 


                                  "É preciso estar vivo para que se possa morrer, mas sem um bom motivo que valha a pena viver, você já está morto"


 


 


À escuridão da noite era quase impossível ver o mar escurecido agitando-se aos ventos fortes vindos do norte e as ondas fortes que se quebravam com demasiada força contra as pedras a costa-mar e contra a areia grossa da pequena praia deserta a àquela hora da noite. Também escondida pelo breu, as gotas grossas da chuva apenas eram visíveis para aqueles a quem as sentiam em suas próprias peles, até mesmo os animais escondiam-se delas, por entre as matas e em suas casas embrenhadas a natureza a volta. As arvores agitadas pareciam impossíveis de se amansarem e se tornarem lindas paisagens, mal perceptíveis diante de toda escuridão tornavam-se quase ameaçadoras, causando às imaginações mais férteis intensas sensações de medo e pânico, como apenas em filmes de terror eram capazes de causar.


            Sentada sobre o morro, os joelhos dobrados sobre a lama e o corpo apoiado por sobre as pernas e os pés, Patsy assistia, anestesiada diante de toda a cena, o desespero tomando conta de tudo à volta. Um pânico açoitava-a de maneira voraz por dentro, causando um bolo na garganta que quase a fazia perder o ar; Seu estomago, fragilizado, revirava-se e uma enorme sensação de culpa fazia brotar em seus olhos imensas lagrimas que banhavam seu rosto, imperceptivelmente diante da chuva que lhe banhava a face. E se alguma coisa acontecesse com Lilian? E se Sirius perdido por entre o morro nunca fosse encontrado? E se algo de pior acontecesse a ele? E se algo de pior acontecesse a alguns de seus amigos? Seria tudo culpa dela? Ela que causara aquele acidente, ela que causara aquela desgraça. Como viveria em paz diante de tudo aquilo que acontecera por sua culpa?


Sentindo mãos envolvendo seu corpo, Patsy desviou os olhos da tormenta em que se fixava para ver os olhos gentis e calorosos de Remo, como se ele estivesse lhe adivinhando os pensamentos e dizendo apenas com um olhar que não era sua culpa. Apesar de saber de quem realmente era a culpa, Remo também se culpava interiormente por tudo, mas aquele não era o momento certo para aquilo, lastimar-se diante dos acontecimentos, lastimar-se com culpas no momento em que a vida de seus amigos estava em jogo, era uma grande perda de tempo, ele teria, certamente, tempo suficiente para lastimar-se e culpar-se, se fosse o caso, por tudo aquilo, mas não naquele momento, não quando ainda tinha muito a se fazer. Com isso, Remo acariciou levemente o rosto de Patsy, como se a despertasse de todo aquele pesadelo, e então ele levantou-se, segurando-lhe a mão em seguida e ajudando-a a fazer o mesmo, para em seguida ele seguir, segurando Patsy gentilmente a seu corpo em direção a Thiago que abraçava Lilian desesperadamente.


― Pontas, a gente precisa sair daqui. – A voz de Remo era quase um fio de som quando ele abriu os lábios para dizer aquilo ao amigo. Ele sabia o quanto Thiago devia estar abalado com tudo aquilo e em ver Lilian daquele jeito, mas eles não poderiam continuar ali por muito mais tempo, a chuva que caia agora os castigavam com o vento, e o frio ia se tornando então seus piores inimigos, se não saíssem dali e procurassem um lugar para se abrigarem, era certo que morreriam congelados.


Parada ao lado de Remo, Patsy sentia-se perdida em ver Lilian daquele jeito, e o desespero de não poder fazer nada a fazia querer desaparecer, como se fosse um erro ela, a causadora de tudo aquilo, permanecer ali, por isso, ela acariciou levemente com as pontas dos dedos a mão do namorado e desvencilhou-se dele seguindo em passos cuidadosos o morro acima, depois de espreitar o breu à volta, distinguindo uma sombra, cujo parecia debruçado a alguma coisa. Com passos cuidadosos diante do terreno lamacento do morro, Patsy se aproximou da sombra desconhecida que parecia sacudir-se mais à medida que ela se aproximava e seus olhos, acostumando-se com a escuridão, conseguiam capturar mais nitidamente a cena à frente.


― Li-Lia?


Era impossível ela ver ou ouvir qualquer coisa a sua volta, enquanto seu corpo, debruçado sobre o de Sirius, se sacudia pelo choro e a dor que a consumiam, incapaz até de sentir o frio e o vento que sopravam cruelmente arrepiando sua pele.


O coração, como se estivesse despedaçado em mil pedaços, latejava dentro do peito, uma mão invisível parecia apertar-lhe todos os órgãos dentro de seu corpo causando uma dor lancinante, impossibilitando até o ar de alcançar seus pulmões da maneira como deveria ser. As lagrimas escorriam-lhe dos olhos de maneira incontrolável e banhavam seu rosto, embaçando-lhe a vista, por isso quando uma mão tocou seu ombro, Lia ergueu o rosto vendo apenas um vulto ao seu lado, que se ajoelhava junto dela e a abraçava em seguida, Lia abraçou-a enquanto seu ser era invadido por uma dor cruel e dilacerante causando um choro profundo e doloroso.


 


      Quando a mão de Remo pousou sobre o ombro de Thiago o mesmo sentiu-se como se fosse desperto de um pesadelo, mas ainda tinha o corpo de Lilian inerte e inconsciente em seus braços fazendo-o ter a certeza que aquilo era muito mais do que um simples pesadelo.


Lentamente Thiago deitou o corpo de Lilian ao chão, observando-a por segundos enquanto uma pedra gigante esmagava-o por dentro pressionando seu coração contra a caixa torácica impedindo-o de respirar.


A chuva, agora uma leve garoa fina e fria, caia levemente sobre o corpo já encharcado de Lilian ao chão, e o frio congelante da mesma parecia invadir muito mais do que o corpo de Thiago, fazendo-o tremer não de frio, mas de um medo pulsante que parecia criar vida própria dentro de si.


Engolindo a seco e tentando desviar os pensamentos das cenas horríveis que vivera nos últimos minutos, Thiago beijou carinhosamente a testa da ruiva e levantou-se, como se agora, desperto, ele voltasse a se lembrar de outra coisa tão importante quanto Lilian.


— Você ta legal, Pontas? – A voz de Remo emanava preocupação que Thiago percebeu sem precisar encarar o amigo, e mesmo com o breu da noite impossibilitando-os de enxergarem com exatidão, Thiago tinha a sensação de que Remo podia ver as lagrimas que ainda rolavam por seu rosto, por isso ele apressadamente passou a mão pelo rosto, acenando levemente um sim com a cabeça, antes de dar alguns passos em direção ao morro.


— Vamo achar o Sirius e sair daqui.


O vento frio soprava com mais intensidade chacoalhando as gramas altas do morro enquanto os pés pisavam por entre o mato e a lama da terra vermelha agora escorregadia que deslizava junto com pequenas poças de água causadas pela chuva intensa. No céu as nuvens densas que tornavam o céu um negrume intenso iam se dissipando pela força do vento, clareando a noite e deixando as estrelas, antes escondidas, espiarem a Terra abaixo e os corações partidos que, despedaçados, batiam a cada segundo mais lentos, como se a vida estivesse se esvaindo num sopro lento e cruel.


As peles arrepiadas mal percebiam as roupas encharcadas congelando seus corpos, e também mal perceberam quando a chuva intensa se tornara uma garoa quase imperceptível que era soprada para longe, se dissipando totalmente quando os pés finalmente pararam.


Um corpo enegrecido pela noite estava caído ao chão e dois vultos sacudiam-se, como se estivessem abraçados enquanto o som de choro ecoava pela noite.


Um aperto descomunal apossou-se de Thiago, era como se a pedra que esmagava seu coração tivesse se transformado e se tornado um triturador gigante, que esmagava e dilacerava seu coração, arrancando as veias, os músculos e os pulmões fora, impedindo-o de respirar. O sangue congelara, as pernas perderam a sensibilidade e o mundo parara, o vento parara de soprar, as nuvens permaneceram intactas no céu e o frio se dissipou do seu corpo como se nunca tivesse ao menos existido. Suas pernas se moveram sem ele ter consciência disso, e também sem consciência seu corpo caiu de joelhos ao lado do corpo caído ao chão; Sirius estava desacordado, o rosto ensopado tinha visíveis machucados e o sangue escorria do mesmo misturado a chuva que ainda impregnava a face do maroto. Trêmulo, Thiago ergueu a mão tocando o vão entre o rosto e o pescoço de Sirius, temendo imensamente não conseguir sentir pulsação alguma.


― E-Ele ta-ta morto? – Thiago ouviu a voz trêmula de Patsy percebendo, só então, que Lia debruçara-se sobre o peito de Sirius, soluçando alto em seguida. Sem conseguir prestar atenção a qualquer outra coisa, Thiago pressionou as pontas dos dedos ao pescoço do amigo procurando algum sinal da veia aorta ou alguma outra que pudesse indicar que Sirius ainda estivesse vivo, ele precisava ouvir os batimentos do amigo, ele necessitava, como necessitava do ar que respirava, que o coração de Sirius ainda estivesse batendo.


 A tensão no ar parecia palpável e a espera por uma resposta do maroto tornava o medo a cada segundo mais intenso e esmagador, por que Thiago não dizia logo que Sirius estava vivo? A demora parecia durar uma eternidade e a cada segundo mais que Thiago demorava em dizer isso, mais os soluços desesperados de Lia se tornavam intensos.


― Eu n-não... – Thiago parou, não conseguia falar, sua voz embargada parecia incapaz de sair, sua garganta era fechada por um nó gigantesco, enquanto ele pressionava cada vez com mais desespero a pele fria de Sirius a procura de algum sinal de vida dentro do amigo.


Com o coração disparando mais intensamente dentro do peito causado pelo medo avassalador que o invadia, Thiago aproximou o rosto da face de Sirius em busca de alguma respiração, mas o vento soprando contra seu próprio rosto o impedia de ouvir se Sirius ainda respirava ou não e isso o estava deixando cada vez mais apavorado.


Lia afastou-se de Sirius olhando do maroto para Thiago, com os olhos cheios de desespero, enquanto Thiago em seguida debruçava-se sobre Sirius, silenciando a própria respiração na tentativa de ouvir-lhe os batimentos do coração.


Os segundos de espera tornaram-se ainda mais tensos.


O coração de Thiago, sim, batia descompassado e ele podia ouvi-lo palpitando forte contra os tímpanos, como se seu próprio corpo quisesse dizer a ele que, ele sim, encontrava-se totalmente vivo, mas Thiago não queria ouvir os próprios batimentos naquele instante, ele precisava ter certeza que o coração de seu amigo, assim como o seu, ainda batia vivamente dentro dele.
Desfocando a mente de todos os sons externos que o distraiam, Thiago segurou sua própria respiração mais uma vez tentando ouvir o som de pulsação de Sirius, mas antes que ele conseguisse ao menos se concentrar, outro som, que nada tinha a ver com respiração, ecoou alto pela noite impedindo-o de ouvir os batimentos do coração de Sirius e até mesmo os seus. Erguendo o rosto rapidamente Thiago desviou os olhos em direção aonde Lilian se encontrava deitada, seu coração batia descompassado dentro do peito, podia ouvi-lo pulsando contra seus tímpanos e martelando fortemente em seu peito, mas quando seus olhos, já acostumados a escuridão, percorreram o negrume do morro abaixo, ele percebeu que o som que aumentava a cada segundo não vinha de onde Lilian se encontrava repousada, mas sim de onde o carro estava capotado. Um frio percorreu sua espinha e Thiago soube na hora que nada tinha a ver com o tempo.


O carro deslizava pelo morro, arrastando-se de maneira infinitesimal pela água avermelhada que escorria pelo morro, levando consigo os matos arrancados por animais, as pequenas pedras entremeadas entre a lama e a terra e agora o carro, que, deslizando, seguia lentamente em direção ao penhasco que o levaria direto ao mar escurecido abaixo.


A lataria arranhava-se contra as pedras abaixo do capô causando um som agudo que irritava os ouvidos e ecoava pela noite adentro, e foi com uma sensação esmagadora dentro do peito que Thiago viu o carro deslizando ate finalmente parar, lentamente, balançando-se em seguida entre o morro e a imensidão abaixo dele.


 Num impulso rápido, Thiago pôs-se de pé e num átimo de desespero ele saltou morro abaixo, correndo o mais rápido possível até onde o carro se encontrava. Se aquilo era um pesadelo era certamente o pior de toda sua vida. Já não bastava terem capotado o carro, Lilian estar desacordada e ele nem saber ao certo se Sirius ainda estava vivo? Agora para completar o pesadelo o carro de seu pai deslizava pelo morro prestes a cair penhasco abaixo e se perder na imensidão do mar.


Sem saber exatamente o que estava fazendo Thiago fechou as mãos a porta do carro, onde deveria existir o vidro, que durante a queda quebrara-se e se perdera morro acima, e tentou, inutilmente, puxar o carro para trás; Ele sabia que seria impossível ele sozinho impedir o carro de cair do penhasco, mas o desespero não o deixaria simplesmente assistir o carro caindo no mar morro abaixo, por isso ele unia toda a força que tinha nas mãos que seguravam o carro e impulsionando seu corpo para trás ele tentava arrastar o carro de volta.


O carro balançava-se entre o morro e o abismo abaixo, pendendo mais a frente pelo peso do motor e de onde Thiago estava, podia-se ouvir o som das ondas quebrando-se nervosamente contra as pedras da costa-mar, como se estivessem ansiosas, esperando o carro cair e unir-se a eles, era um convite que Thiago não queria ceder de maneira alguma. Seu corpo impulsionava-se para trás, seus pés fincados ao chão escorregavam entre a lama vermelha e encharcada, deixando-lhe obvio que seus esforços em puxar o carro para trás eram em vão.


 


Aquela era definitivamente a maior e pior noite de suas vidas, Remo tinha absoluta certeza que não era o único a pensar isso, e pelo jeito a noite ainda estava longe de terminar. Quando ele ouviu um som exageradamente alto ecoando pela noite ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo, como se aquele som fosse um agouro sinistro que causava um pânico na boca de seu estomago.


Seria possível que algo de pior ainda acontecesse a eles?


Remo não tinha tempo para pensar nisso, ignorando o arrepio pelo corpo e o aperto estranho no coração, ele desceu rapidamente o morro atrás de Thiago, que num gesto desesperado, tentava segurar o carro e puxá-lo para trás, evitando assim que o mesmo caísse do penhasco. Remo sabia que os dois apenas não conseguiriam esse feito, uma vez que o morro enlameado facilitava para o carro deslizar cada vez mais em direção ao abismo escurecido, mas não custava nada tentar, por isso, ele fechou as mãos na janela, do outro lado do carro e impulsionou o corpo pra trás, tentando impedir que o carro continuasse deslizando e enfim retrocedesse.


Mas as tentativas pareciam ineficazes.


— PONTAS NÃO TA ADIANTANDO. - A voz de Remo ecoou pela noite unindo-se aos rangidos do carro que se balançava ainda mais à medida que os meninos tentavam puxá-lo de volta.


 — PUXA ALUADO. – Pelo som de voz de Thiago podia-se notar o esforço que o maroto fazia, apertando mais as mãos a porta e apoiando os pés ao chão escorregadio, ele impulsionava o corpo pra trás, puxando o carro com toda a força que possuía. Quando um rangido alto e um som de metal arranhando-se se fez presente, Thiago sorriu fracamente entre a respiração ofegante; Estava dando certo, ele e Remo estavam conseguindo mover o carro pra trás, talvez conseguissem puxar o suficiente para não deixar o carro deslizar novamente em direção ao penhasco, mas suas esperanças não permaneceram por muito tempo, quando o rangido do carro diminuiu e o som do metal arranhando desapareceu, outro som encheu a noite, um som alto, agudo, desesperado, impregnado de medo que fez um arrepio medonho percorrer todo o corpo de Thiago.


— AAAAAAAAAAAH!


 


         Por que as desgraças não vinham apenas uma vez por uma vida? Por que era preciso as desgraças para se fortalecer? Por que elas sempre vinham acompanhadas de mais desgraças? Uma desgraça já não era suficiente? Um desastre já não era suficiente? Por que as coisas ruins vinham juntas, uma atrás da outra, na tentativa de te afundar ainda mais em desespero e medo? Talvez fossem perguntas que ela não saberia responder, mas que Murphy responderia rapidamente: Nada é tão ruim que não possa piorar. E Patsy estava começando a realmente acreditar que Murphy e suas leis tivessem razão.


Quando finalmente o desespero de ser presa dentro de sua própria casa, de seus amigos a terem ‘seqüestrado’ pela janela,  de Lilian quase ter caído prédio abaixo e morrido, quando todo esse desespero finalmente tinha passado e ela pensou que finalmente poderia ter um pouco de paz, tudo virou novamente de cabeça pra baixo. Definitivamente aquele era o pior dia de sua vida, não pensou que tanta desgraça poderia acontecer numa só noite, uma noite imensa que não parecia ter fim.


O desespero pulsava acima da boca de seu estomago, era esmagadora e infinitamente sufocante aquele sensação que se apoderava dela a cada segundo mais daquela noite interminável, e à medida que os minutos passavam, coisas ainda piores pareciam acontecer. Será que aquela noite horrenda não acabaria nunca?


Seu corpo estava trêmulo, agora muito mais do que de medo, mas de frio, sua pele exposta a garoa fina que caia agora, eriçava-se mais à medida que o vento soprava mais forte e uma sensação de estar congelada a invadia, arrepiando seu corpo inteiro. Seu coração martelava ao peito, chegando a doer enquanto o pânico voltava a invadi-la. Lilian estava desacordada em algum lugar abaixo, Sirius estava ali, desacordado sem ninguém saber ao certo se estava vivo ou morto, e agora Thiago e Remo corriam morro abaixo enquanto um som sinistramente alto ecoava pela noite. O carro capotado de cabeça pra baixo no morro deslizava quase imperceptivelmente em direção ao penhasco, e ninguém saberia que ele estava deslizando junto com a água da chuva que descia levando consigo a lama vermelha e as pedras e matos, se não fosse pelo som agudamente alto que ecoava enquanto as pedras presas ao morro arranhavam a lataria do carro que deslizava por cima delas lentamente.


Com os olhos arregalados, Patsy viu Remo e Thiago tentando inutilmente puxar o carro pra trás, evitando que o mesmo caísse do penhasco, mas quando uma mão grudou fortemente em seu braço, Patsy desviou os olhos, sentindo o coração congelando no peito.


 A noite ainda não tinha acabado e as desgraças ainda permaneciam, uma atrás da outra: Dois vultos enormes caminhavam pelo morro e vinham em suas direções.


 


      Sua respiração estava ofegante, as mãos ardiam e ele podia sentir pequenos cacos de vidro perfurando a palma de sua mão enquanto ele apertava-as contra a porta, numa tentativa de puxar o carro e evitar sua queda. Seu corpo já não sentia o vento forte e o frio colidindo contra ele, a tentativa de puxar o carro faziam seu corpo se aquecer e pequenas gotas de suor se formarem em sua testa; Ele já nem se lembrava das roupas encharcadas coladas ao corpo e já nem se importava com a lama que impregnava-se em seus sapatos deixando-os totalmente avermelhados. Toda sua atenção naquele momento era puxar o carro e evitar que caísse penhasco abaixo, por isso Thiago apertava cada vez mais as mãos à porta, sentindo a dor aumentando enquanto os cacos de vidro da janela quebrada afundavam-se em suas palmas, ferindo-o cada vez mais.


Mas as dores nas palmas das mãos eram insignificantes diante de toda a dor que penetrava o seu ser, ao apertar mais as mãos contra a porta, era como se a dor causada pelos cacos de vidro fosse um balsamo para a dor interior, aliviando-a momentaneamente.


Quando Thiago sentiu um novo caco afundando-se a palma de sua mão e o carro finalmente parar de deslizar em direção ao penhasco, ele respirou profundamente, talvez ele e Remo estivessem mesmo fazendo a diferença e conseguindo puxar o carro. Então finalmente o silêncio predominou a noite, silenciando o som agudo do teto arranhando-se as pedras e permaneceu por um segundo, antes de outro som, dessa vez medonho, espalhar-se pela noite.


O grito ecoou sinistramente por segundos, causando um arrepio amedrontado em Thiago, alguma das meninas estava gritando e o medo impregnado naquele grito fez cada célula do corpo de Thiago agitar-se desesperada; Imediatamente ele esqueceu o carro, suas mãos deslizaram da porta e seus olhos recaíram sobre as duas sombras mais acima que ele sabia ser de Patsy e Lia.


Então ele não teve tempo de nada, ele sequer conseguiu notar se havia alguma coisa estranha ou se algo estava acontecendo, no momento em que Thiago sentiu suas mãos soltando-se totalmente do carro ele ouviu um novo rangido, dessa vez muito mais alto antes do som da lataria do carro arranhando invadir a noite novamente, dessa vez muito mais ameaçadora do que antes.


— Não, não, não. - O som agudo invadiu a noite enquanto o carro deslizava em direção ao penhasco, dando a Thiago apenas a chance de, em alguns passos, ver o carro pendendo-se totalmente à frente em direção ao penhasco, puxado pelo peso do motor e tombar finalmente para frente se perdendo morro abaixo.


— DROGA! – Com as duas mãos a cabeça, Thiago viu o carro voando penhasco abaixo, a cor da lataria preta unindo-se ao breu da noite, antes de então, num baque surdo colidir-se contra as pedras a costa-mar, fazendo Thiago ter certeza que o carro finalmente caíra.
As ondas do mar agitavam-se agora mais fortemente, fazendo o som das mesmas invadirem Thiago de forma irônica, como se elas estivessem zombando dele e se divertindo com o novo intruso enorme que se deslizava pelas pedras em direção ao mar, forçado pelas ondas gigantescas que o açoitava. As mãos a cabeça desceram pela face perplexa e desnorteada, parando sobre o rosto o qual ele afundou sobre as mãos por segundos, pelo jeito aquela noite desgraçada estava longe de acabar. A esse pensamento um novo grito ecoou pela noite, fazendo Thiago girar rapidamente, um novo pânico instalou-se em seu estomago: Vultos caminhavam pelo morro.


 


            Ela estava tendo um pesadelo, certamente o pior de sua vida, certamente o mais horrendo e sem fim, ela desejava profundamente acordar, desejava profundamente acordar e descobrir que tudo aquilo não passara de um sonho, apenas um pesadelo horrível e nada mais. Acordar e ver que Sirius ainda estava bem, que Sirius ainda era o mesmo galinha de sempre, o mesmo cara lindo que ela por vezes tinha vontade de matar, mas o qual ela amava demais pra isso, que Sirius ainda estava sorrindo daquele jeito perfeitamente lindo, que Sirius ainda estava lindo como sempre, e principalmente, que Sirius estava bem, e vivo.


As lagrimas banhavam seu rosto sem controle algum, seu corpo inclinado sobre o dele sacudia-se levemente enquanto ela tentava continuar o que Thiago começara. O rosto apoiava-se de lado sobre o peitoral de Sirius, o ouvido pousado sobre o mesmo tentava distinguir algum som, mínimo, de batimentos que indicassem que Sirius ainda estava vivo, mas seus soluços altos não a deixavam ouvir com clareza, então como ela teria certeza de que Sirius estava vivo? Como aquele tormento, aquela duvida que lhe rasgava o peito seria cessada?


Segurando a mão de Sirius, Lia soluçou alto enquanto mais lagrimas rolavam por seu rosto, beijando a mão do maroto, ela segurou o pulso dele tentando sentir alguma pulsação, mas não sentia nada, não conseguia sentir nada além de seu próprio corpo trêmulo, de frio, de medo, de pânico, de desespero, ate quando aquela tormenta, aquele pesadelo infindável continuaria?
            Lia sentiu sua mão soltando a mão de Sirius enquanto ela tentava enxugar o rosto, afastando as lágrimas que embaçavam sua vista, seu corpo tremia e sua respiração falhava-se levemente agora pelo frio que penetrava seus poros, arrepiando sua pele; Ela precisava fazer alguma coisa, eles não podiam continuar ali por muito mais tempo, precisavam sair dali, precisavam levar Sirius para um hospital, precisavam cuidar dele urgentemente, precisavam... Os pensamentos de Lia cessaram-se de repente, seus olhos arregalavam-se e um pânico invadia todo seu ser no instante em que ela apalpava a sua volta à procura de alguém, enquanto um grito amedrontado escapava de seus lábios.


— Ah me-meu Deus. – Sua voz tremula estava rouca e seu corpo tremia agora mais intensamente enquanto o pânico pulsava fortemente dentro de si, outro grito formava-se em seu ser, embolando-se em sua garganta e suas mãos, trêmulas, apalpavam e apertavam em seguida o pulso de Patsy, desesperados, enquanto ela via dois vultos caminhando por sobre o morro.


BOOM.


Um som estranhamento alto ecoou pela noite, mas Lia não conseguia prestar atenção a nada, zonza ela tentava se levantar, enquanto os vultos pareciam se aproximar cada vez mais rápidos.


— AAAAAAHHH! – Um novo grito ecoou pela noite enquanto Lia agora se agarrava ao corpo de Sirius tentando puxar o maroto, tentando proteger o corpo de seu amado dos misteriosos vultos que pareciam se aproximar cada vez mais.


— Me-me a-ajuda. – Lia segurava as mãos de Sirius tentando arrastá-lo, seus olhos permaneciam fixos nos vultos sem conseguir notar nada mais a sua volta, nem mesmo Remo que corria até elas, e nem mesmo Patsy que se levantara tremula e tentava ajudá-la.


— A gente tem que sair daqui, a gente tem que sair daqui.


 


       Thiago sentiu-se tomado por um pânico opressor quando percebeu os vultos se aproximando, um desespero possuía-o e ele sentiu-se perdido, seu melhor amigo precisava dele, mas Lilian estava ali, próxima, sozinha e inconsciente; Vendo Remo correndo ate as meninas, Thiago desviou o caminho correndo ate onde Lilian estava, ele tinha que proteger a ruiva a todo custo.


Se aproximando mais rapidamente do que imaginara, Thiago ajoelhou-se ao lado do corpo de Lilian e quando sua mão acariciou o rosto inconsciente da garota, um alivio inesperado invadiu-o por inteiro. Lilian entreabria os olhos lentamente e o encarava, levemente aturdida. Acariciando o rosto de Lilian, Thiago esqueceu-se momentaneamente de qualquer coisa estranha que estivesse acontecendo a sua volta, tudo que importava era Lilian acordando aos poucos e aqueles olhos verdes o encarando como se ele estivesse vendo o paraíso mais perfeito do mundo a sua frente.


Carinhosamente Thiago amparou-a ao ver que Lilian tentava erguer-se do chão.


— Não Lilly, é melhor você...


— Eu to bem. – A voz fraca soou aos ouvidos de Thiago como fogos no dia de ano novo, vê-la acordada, respondendo a ele, mesmo que fracamente, era um alivio imenso, era como se todo o peso do mundo estivesse sobre seus ombros e finalmente ele se visse livre daquele peso e pudesse respirar aliviado.


— É melhor você não fazer força, eu to aqui com você, não se... – Thiago parou, alguma coisa estranha parecia estar acontecendo, porque os olhos lindamente verdes pareciam agora assustados.


— Lilly. – ele chamou-a baixinho, Lilian não o encarava mais, seus olhos estavam fixos em algum ponto atrás de si enquanto seus olhos pareciam levemente assustados.


— Po-Potter. – E o medo invadiu-o quando as palavras assustadas e trêmulas saíram dos lábios de Lilian chamando por seu nome.


 


       Se alguém lhe contasse que aquele dia horrivelmente longo aconteceria com ele, ele não acreditaria, provavelmente chamaria a pessoa de louca, é claro, porque um dia como aquele era impossível de acontecer a uma única pessoa, mas Remo naquele momento, já não duvidava de mais nada. Diziam os mais pessimistas que quando tudo ia mal podia piorar ainda mais e ele começava a acreditar naquilo, os seguidores pessimistas das leis de Murphy estavam certos, talvez fosse possível, sim, coisas horríveis acontecerem seguidamente, e tudo que estava péssimo piorar de forma ainda mais drástica, e diante daquilo tudo que ele vivenciava, ele já não duvidava disso.


Quando um grito ecoou pela noite e suas mãos involuntariamente soltaram o carro, Remo assistiu, perplexo o carro deslizar pelo morro e cair penhasco abaixo, okay, aquilo era com certeza um sonho maluco, medonho e muito, muito cabuloso, não podia ser realidade, não podia estar realmente acontecendo, e não podia ser outro grito ecoando pela noite.


Pat.
Remo não teve tempo sequer de pensar em mais nada, no segundo seguinte ele corria morro acima, seus pés deslizando pela lama avermelhada e afundando-se por entre ela em alguns pontos, enquanto ele desviava-se dos matos altos e pedras e tocos de arvores caídos em algum outro dia por alguma outra chuva torrencial, para alcançar o local onde Patsy e Lia tentavam, inutilmente, arrastar um Sirius desfalecido ao chão.


— Pat, Pat você ta bem? – Remo envolveu o corpo de Patsy fortemente, antes dos seus olhos recaírem sobre Lia.


— Lia o que ta fazendo? – Lia puxava Sirius pelas mãos, tentando arrastá-lo pra trás, mas seu corpo fraco e tremulo impossibilitava-a de conseguir tal feito, com o desespero tomando conta de seu corpo, Lia soltou as mãos do maroto, caindo de joelhos ao chão, chorando desesperadamente, deitando o rosto sobre o ombro de Sirius e sacudindo-se entre choro, soluços e desespero.


— E-eu te-tenho q-que ti-tirar e-ele da-daqui. – O corpo de Lia soluçava sobre o corpo de Sirius, enquanto Patsy ajoelhava-se, em seguida, ao lado da amiga tentando consolá-la.


Remo sentia o aperto opressor do pânico invadindo-o pouco a pouco, ele sabia como Lia se sentia, Sirius era seu melhor amigo e vê-lo ali, desacordado, quase morto, incapaz de se erguer e se defender, era certamente o pior pesadelo que ele poderia ter na vida, seus amigos eram sua vida, como ele viveria se algo acontecesse a qualquer um deles?


Seus olhos estavam fixos na cena à frente, fixos no rosto ensangüentado de Sirius, nos olhos fechados, na face inconsciente. Ele não poderia estar morto, simplesmente não poderia, aquele homem caído ao chão era Sirius Black, seu melhor amigo, o cara que crescera com ele, que estivera todos os dias da sua vida ali com ele, apoiando-o, zuando dele, rindo e se divertindo de Remo e com Remo, então ele não poderia estar morto, seu melhor amigo não poderia simplesmente morrer assim, enquanto ele ainda estava vivo.


Remo engoliu a seco, seu coração martelava dentro do peito doendo a cada batida mais forte, sentia-se fraco, sua cabeça rodava e seu coração palpitava em seu ouvido enquanto a noite tornava-se mais escurecida a cada segundo, talvez a morte estivesse rondando, talvez ela estivesse convidando-o também a se unir ao seu melhor amigo, talvez...


Um grito ecoou pela noite. A escuridão invadiu-o e o corpo de Remo caiu desfalecido ao chão enlameado do morro.


 

      Seu coração inchava limpo, leve e cheio de alegria ao vê-la em seus braços, aqueles olhos verdes encarando-o, vivos, fazia qualquer outra coisa ser completamente esquecida a Thiago, como se nada mais no mundo tivesse importância. Agora ele entendia, agora ele entendia tudo, entendia porque todas as outras garotas de repente perderam o interesse pra ele, entendia porque ele invadira a casa da ruiva dias atrás e a pedira em namoro, porque ele dissera que não queria nenhuma outra, ele entendia tudo, e era simplesmente porque ele queria nenhuma outra, porque simplesmente nenhuma outra tinha a importância que Lilian, agora, tinha pra ele, porque ele nunca sentira tanto medo de perder alguém como sentira naquela noite, como ele sentira de perder Lilian, e agora, vendo-a encarando-o com aqueles olhos que ele tanto gostava, uma alegria indescritível invadia-o por completo; Era como se o sol se erguesse no céu de repente e brilhasse como nunca, iluminando-os, aquecendo-os, trazendo vida novamente a Terra, era como se ele ganhasse o maior premio do mundo, não, na verdade tudo aquilo ainda era muito, muito pouco perto da felicidade que ele sentia ao ver aqueles olhos verdes o encarando.


—Po-Potter. – A voz fraca de Lilian soou como uma doce melodia aos ouvidos de Thiago, mas o maroto não teve tempo de apreciar tal melodia, no instante seguinte, Thiago ouviu um som estranhamente próximo e virou o rosto rapidamente. Um vulto aproximava-se atrás de si.


 


            Deus, por favor, acabe com esse pesadelo.


Um segundo. Um segundo era obviamente muito rápido ao tiquetaquear do relógio, um segundo era praticamente imperceptível durante as longas vinte e quatro horas de um dia, um segundo era mais rápido do que um piscar de olhos, do que um suspiro, do que a batida de um coração. Um segundo, um segundo e seu mundo terminara de desabar, um segundo e sua vida desfalecia ao chão, um segundo e tudo perdia o sentido, um segundo e nada mais tinha importância. Um segundo, ela não poderia perdê-lo num segundo.


Seu corpo tombou sobre a lama úmida e grudenta, sobre o mato que se colava sobre sua pele, sobre as pequeninas pedras que machucavam seu corpo sem ela sequer notar. Sobre a lama úmida e o mato grudento e as pedras pontiagudas ela rastejou-se ate suas mãos alcançarem-no, ate seu corpo debruçar-se sobre o dele, ate seu coração palpitar junto com o dele, em ritmos inversamente diferentes. As lágrimas como gotas de chuva desciam por seu rosto e um nó maior do que as pedras a beira-mar formava-se em sua garganta, uma mão opressora esmagava seu coração, seu pulmão, seu fígado, seu rim, seu ser, sua alma. A saliva grudava-se entre os lábios ressecados que saboreavam as deliciosas lágrimas salgadas que deslizavam sorrateiras ate a boca que se entreabria para a voz roucamente escapar desesperada.


— Remo. – O corpo sacudiu-se sobre o corpo dele, o medo açoitou-a como se ela fosse uma escrava levando chibatadas, chibatadas do medo, do desespero, da dor que chicoteava seu coração cruelmente, sem um pingo de dó, chibatadas que faziam seu ser sangrar, desfalecer-se, morrer, certamente, morrer seria a coisa certa se algo acontecesse ao homem de sua vida, ao homem a quem ela amava agora mais do que tudo na Terra. Deus porque esse pesadelo não acaba logo?


Um soluço alto ecoou pela noite e mãos seguraram delicadamente os braços de Patsy, finalmente, finalmente Deus estava atendendo-a, finalmente ele enviara seus anjos, e aquele pesadelo horrível teria fim.


 


            O corpo dela estava quase desfalecido sobre o dele, ela já não tinha forças nem mesmo para chorar, inerte, era como ela se encontrava, seu coração já quase não batia e a dor unira-se a cada pedaço de seu corpo, de sua pele, tornando impossível ir embora. Seus sentidos havia a abandonado temporariamente, ela já nada sentia, nem frio, nem o vento em sua pele, nem a lama grudando em seu corpo, ela já nada ouvia, nada enxergava, ela estava quase desfalecida sobre ele, com ele, como ele.


Mãos pousaram sobre os ombros de Lia a afastando do corpo de Sirius e ela simplesmente se deixou levar, enquanto as mãos a deitavam sobre a grama gélida e úmida, aproximando-se dela, apalpando seu rosto, seus braços, procurando alguma coisa que ela certamente não teria.


Vultos andavam ao redor dela, mas seus olhos estavam fixos ao céu, onde agora as estrelas brilhavam fracamente. O breu da noite parecia ir sumindo aos poucos, pequenos pontos clareavam-se mais tornando as estrelas pequenos pontinhos quase invisíveis e a lua claramente transparente, enquanto ao longe no horizonte pequenos pontos de luz começavam a surgir.


As ondas do mar abaixo agora quebravam-se mais calmamente a areia da praia e as pedras a costa-mar pareciam ter um pouco mais de paz agora que as ondas aquietaram-se, tornando-se brandas ao colidirem contra as pedras.


— Ela ta viva, mas acho que esta em choque. – Uma voz próxima ecoou pela noite, enquanto outro vulto agora apalpava Sirius, apertando firmemente a mão entre o vão do pescoço e o rosto do maroto, procurando agora mais eficazmente os batimentos cardíacos do maroto.


Pontos de luzes mais fortes clareavam alguns pontos do morro enquanto alguns homens e mulheres caminhavam pelo morro iluminando-o com lanternas a procura de outras vitimas. Uma cruz vermelha cintilava em seus uniformes, mas Patsy não pareceu perceber isso quando mãos a afastaram do corpo de Remo enquanto uma mulher rapidamente aproximava-se do maroto para verificar se ele ainda encontrava-se vivo.


— N-Não, não, Remo, eu preciso... R-Remo. – Patsy sentiu mãos firmes a afastando enquanto ela sacudia-se tentando se desvencilhar das mãos, tentando voltar ate Remo e abraçá-lo e não largá-lo nunca maios.


— Acalme-se, por favor, menina, fique calma. – O corpo de Patsy amoleceu-se completamente enquanto as lagrimas encharcavam seu rosto e o choro invadia-a completamente. Pesadelo, pesadelo sem fim, droga, porque ele não acabava logo?


 


        — Vocês estão bem? – Thiago engoliu em seco, o vulto atrás de si aproximou-se rapidamente e ele sabia que se fosse alguém com a intenção de fazer algo ruim, ele não teria a menor chance de defesa, mas a pessoa que se aproximara rapidamente, dando a volta e postando-se ao lado de Lilian não parecia intencionada a infringir-lhes algum mal, por isso Thiago sentiu-se respirar mais aliviado.


A mulher levou a mão à testa de Lilian e logo desceu ate o pescoço verificando os batimentos, antes de rapidamente erguer os olhos vendo o machucado a testa de Lilian.


— Não se preocupe querida, vocês estão a salvo agora, tudo vai ficar bem. – A voz suave e carinhosa da moça fez Lilian engolir o choro que imediatamente instalou-se em sua garganta, era como se ela se recordasse de tudo naquele momento, do carro capotando, de estar presa no carro, desesperada, então sem conseguir controlar, lagrimas brotaram em seus olhos e desceram sobre seu rosto encardido, no segundo seguinte Thiago a abraçava fortemente, sentindo o corpo de Lilian colando-se ao seu e seu rosto afundando-se a curvatura do pescoço de Lilian enquanto lagrimas desciam por seu rosto perdendo-se sobre a pele macia da ruiva, aquele pesadelo finalmente estava terminando.


 


        A rodovia a beira mar parecia deserta e ainda encoberta pela pouca neblina que à medida que o dia ia nascendo, ia se dissipando lentamente. Quando os pés pisaram a areia, deixando marcas por onde passavam, as gaivotas levantavam vôo assustadas com a inesperada presença e os pequenos animaizinhos voltavam correndo a seu habitat com medo de que os intrusos pudessem causar-lhe algum mal. Mas os intrusos nada pareciam prestar atenção, o suor escorrendo em suas testas e o cansaço, visível, estavam estampados em seus rostos, enquanto eles carregavam os feridos em macas em direção as duas ambulâncias estacionadas entre a costa da praia e a rodovia.


— Santana, eu tenho dois desacordados aqui.


— Estão vivos?


— Sim, mas...


— Rápido, aqui, coloca eles aqui.


Quatro homens carregavam duas macas onde dois marotos encontravam-se desacordados. Rapidamente os dois homens aproximaram-se de uma das ambulâncias, um deles, cujo nome estampado em seu uniforme lia-se Marcos M, escalou rapidamente a ambulância, adentrando a mesma e colocando a maca onde Sirius encontrava-se sobre o suporte da ambulância, enquanto os outros dois carregaram Remo em direção a outra ambulância, colocando-o rapidamente dentro da mesma.


Pasmo, sentando a um banco a ciclovia da praia, Thiago assistia os paramédicos e socorristas tentando salvar a vida dos seus melhores amigos, aquilo sem sombra de duvida era a coisa mais surreal que já vivera, e mais medonha, a vida de seus dois melhores amigos, praticamente irmãos, estavam ali nas mãos daqueles homens que ele nunca vira na vida.


Abraçando o corpo de Lilian contra si, Thiago a observou por segundos, ela estava sentada ao seu lado, embrulhada em uma manta quente, ela repousava a cabeça ao ombro de Thiago, os olhos fechados, o rosto com alguns curativos, respirando profundamente como se estivesse adormecida. Surreal, com certeza tudo aquilo era surreal.
Sentada ao lado de Lilian, Lia também encontrava-se embrulhada em uma manta, seu rosto sujo não continha nenhum curativo, mas ela parecia emocionalmente muito abalada e cuidadosamente era amparada por Patsy, ao seu lado, que a abraçava dando apoio a amiga e também o recebendo de volta, enquanto uma mulher ao seu lado fazia um curativo em seu braço.


Thiago desviou os olhos perdidamente para o horizonte, o céu agora mais claro ia se desfazendo da cor negra da escuridão da noite e se tornando um azul Royal enquanto ao horizonte do mar os pequenos raios luminosos do sol começavam a se despontar. Como a noite passara tão rápida e ele mal percebera? Será que eles haviam ficado tanto tempo desacordados dentro daquele carro? Ao pensar no carro, instintivamente Thiago voltou os olhos para o morro, agora mais visível, e sentiu um pânico se instalando a boca do estomago ao pensar no carro caído entre as pedras, será que ele deslizara finalmente até o mar e afundara? Se afundasse como encontrariam o carro depois? Thiago voltou a si quando Patsy deu um pulo do banco rapidamente, deixando a mulher que estava ao seu lado lhe fazendo um curativo no braço, totalmente esquecida e correu ate a ambulância onde eles colocavam Remo.


— E-ele tem problema de-de coração. – Ela disse rapidamente, tentando entrar na ambulância onde Remo estava, mas sendo impedida por outro socorrista.


— Não se preocupe, menina, ele vai ficar bem.


— Não por favor, me deixa entrar...- A voz de Patsy se perdeu enquanto ela virava-se encarando a outra ambulância. Alguma coisa muito estranha acontecia lá dentro.


PIIIIIII.


Um som alto e incessantemente inabalável ecoou alto, com passos lentos, Patsy se aproximou da ambulância, percebendo que Lia se levantara e parara ao seu lado, assistindo a mesma cena que ela.


Dentro da ambulância, Sirius estava deitado sobre a maca, sua camisa rasgada agora se encontrava com alguns pontos ligados ao peito que parecia também ligado a maquina ao lado, a qual o som incessante ecoava e na pequena tela do aparelho uma imagem verde encontrava-se piscando, mas não se alterando enquanto a linha reta passava pela tela sem movimento algum e o som incessante continuava ecoando alto.


— Santana. – A voz firme de um dos homens ecoou alta, como que despertando as meninas e Thiago, que assistiam perplexos. – Ele ta morrendo.


A ação dos paramédicos fora tão rápida que eles mal viram quando um deles passara um gel sobre o tórax de Sirius, enquanto o outro ligava o desfibrilador a duzentos joules. Segundos depois, outro paramédico colocava as duas pás de metal do desfibrilador sobre o tórax de Sirius, posicionando um sobre o coração e outro sobre a região da escápula, ambos sobre o gel aplicado, então uma onda de corrente elétrica desceu pelas pás do desfibrilador alcançando o coração de Sirius, tentando interromper a arritmia, numa tentativa de fazer com que o coração retornasse o ciclo cardíaco normal. Mas quando a corrente elétrica passou e o paramédico afastou em seguida as pás seguras em suas mãos, o aparelho não se alterou, o som incessante permanecia inabalavelmente igual, a linha reta e verde continuava deslizando sobre a tela e Sirius continuava inconsciente e inerte sobre a maca da ambulância.


— Mais forte. – Disse o paramédico cujo segurava as pás do desfibrilador, colocando-o novamente sobre o peitoral de Sirius e mais uma vez uma corrente elétrica era mandada do desfibrilador em direção ao coração do maroto, dando um choque dessa vez mais intenso, fazendo o corpo de Sirius erguer-se sobre a maca, num baque surdo. Mas a linha verde, a linha que indicava os batimentos cardíacos de Sirius, continuava intacta sobre a tela, deslizando em linha reta enquanto aquele som desesperador invadia-os de maneira cruel.


— De novo, Santana. – Insistiu o paramédico.


— Não adianta, Marcos.


— Mais uma vez, 360 Joules. 


— Marcos, ele morreu.


O paramédico chamado Marcos ergueu-se apertando o desfibrilador e rapidamente apoiou as pás sobre o tórax de Sirius que mais uma vez, diante do choque intenso, ergueu-se da maca, caindo novamente sobre ela num baque forte, enquanto o som incessante continuava e a linha verde que indicava os batimentos cardíacos continuava em linha reta, o numero zero piscando no canto de cima da tela, como se fosse apenas mais um numero qualquer.


— Não adianta Marcos, ele esta morto.


 


            O céu desabou sobre ela, o sol nascendo tornou-se enegrecido como se a lua estivesse cobrindo-o, causando um eclipse inesperado.


            Ela estava quebrada, partida em milhões de pedacinhos, pedacinhos perdidos por entre o morro, por entre a lama vermelha e pegajosa, por entre a pista, a rodovia, a praia, o mar; Por entre as nuvens densas que cobriam o céu e voavam levadas pelo vento em direção a algum lugar ao longe, onde novos céus azuis existiriam para elas cobrirem, para elas enegrecerem, para elas anuviarem e derramarem suas gotas incessantes, gigantes que encharcavam pessoas, almas, mundos. Gotas enormes que escorriam e alcançavam o chão, gotas que escapavam por entre seu ser anuviado e escorria por sua face, gotas incapazes de aliviar a dor que esmagava seu ser, seu ser mais escurecido que a noite que os impregnara tornando-os quase imperceptíveis. Ela estava dilacerada, estava morta por dentro então por que ainda respirava? Estava morta, então porque ainda estava de pé? Estava morta, então porque seu coração ainda batia ao peito?


— Ele esta morto.


As pernas bambearam e um pânico avassalador tomou conta dela, suas pernas cederam o peso de seu corpo, caindo ao chão, colidindo contra o asfalto duro e frio, as lagrimas desceram fartas e incontroláveis pelo rosto, deslizando por sobre a face avermelhada e suja, caindo por sobre seu colo e perdendo-se entre o tecido da blusa imunda de lama e terra. Seu coração já não batia descompassado, ao menos batia, ela mal conseguia ouvir os batimentos apenas a dor opressora contra o peito, uma mão esmagava-a, uma faca invisível penetrava seu coração lentamente, perfurando-a, rasgando-a de maneira cruel e fria, ela podia sentir a faca rasgando sua pele, o gélido do metal penetrando seu coração que palpitando contra o metal ia diminuindo os batimentos aos poucos; Seus pulmões negavam-se a absorver o ar, negavam-se a respirar, seus sentidos sumiram enquanto ela sentia sua cabeça rodando, como se estivesse numa xícara de um parquinho de diversões, rodando e rodando e o mundo girando a sua volta, pontos brilhantes piscando diante de seus olhos e uma ânsia incontrolável de vomito subindo-lhe a boca enquanto suas mãos tocavam o asfalto e um grito desesperado escapava de seus lábios.


— NÃO! Sirius, Sirius, não.


Não podia, ele não podia estar morto, aquilo era um pesadelo, só isso, só um pesadelo do qual ela acordaria em breve, e se sentiria feliz em acordar e descobrir que tudo não passou de um pesadelo horripilante e medonho.


Sirius, ela podia ver aquele sorriso maroto em seus lábios, ah aquele sorriso, como ela amava aquele sorriso, aqueles caninos perfeitos, aqueles lábios bem desenhados, aquela risada rouca que mais parecia um latido, ah sua voz, ah Sirius. As lagrimas escorriam por seu rosto, a dor lancinante penetrava-lhe o peito, enquanto mãos a seguravam tentando ergue-la do chão, mas ela não queria estar ali, ela queria estar com Sirius, ela queria abraçá-lo, ela queria repousar seu rosto contra o peitoral dele e sentir a pele quente e macia dele contra sua pele, ela queria beijar seu rosto, seus olhos, seus lábios. Ela queria ele, ela queria-o vivo.                                                                                                                                  


— Sirius, não morra, por favor, não morra.


Sem forças seu corpo amoleceu-se sendo incapaz de Thiago conseguir segura-la e ela caiu ao chão, as lagrimas borrando sua vista, enquanto eles fechavam a ambulância e a mesma saia, em alta velocidade com a sirene ligada, enquanto Lia permanecia ali, caída ao chão, com pedaços do seu coração despedaçado dentro de si, sangrando, desesperada, as lágrimas descendo incontroláveis por seu rosto.


— Sirius. – Era impossível ele estar morto, era impossível aquilo ser verdade, era impossível ser realidade, Sirius não havia morrido, porque o sol ainda brilhava, porque as ondas do mar ainda quebravam-se calmamente a beira da praia, antes de voltar a imensidão, porque os pássaros ainda sobrevoavam pelo céu, felizes, entoando suas canções para o novo dia que nascera, porque ainda existiam pessoas acordando, rindo, vivendo, ainda existia vida no mundo, então Sirius Black não podia estar morto.


Mãos a abraçaram e Lia sem erguer o rosto abraçou o corpo com toda a força que ainda restava dentro do seu ser, enquanto o choro desesperado escapava de seus lábios e seu corpo se sacudia contra o outro corpo quente.


No horizonte o sol terminava de surgir dando a quem assistia uma maravilhosa e perfeita paisagem enquanto o sol erguia-se acima do mar, iluminando-os com seus raios deliciosamente quentes do amanhecer, enquanto o céu agora num tom azul rosa claro ia se tornando mais límpido e sem nuvens. Os pássaros indiferentes ao que acontecia abaixo voavam livres pelo céu, cantarolando suas canções, dando as boas vindas ao astro rei e a mais um dia que nascia.


No asfalto da ciclovia da praia caída ao chão ela chorava desesperadamente, os fios de ouro brilhando ao sol e mãos a abraçavam fortemente.


Por que a Terra continuava girando? Por que os pássaros continuavam cantando? Por que o sol brilhava lindamente no céu se dentro deles um infinito céu negro se estendia com nuvens densas e trovoadas infindáveis? Por que existiam pessoas andando, sorrindo, cantando? Por que o mundo continuava vivo se para eles o mundo havia acabado?


Sirius estava morto.


Thiago abraçou Lia desesperadamente, podia sentir a dor dela invadindo-o ou era o contrario? Seu corpo sacudia-se e mesmo com os olhos abertos era incapaz de enxergar qualquer coisa a sua frente enquanto as lagrimas embaçavam sua vista e seu coração era massacrado por um gigante martelo que a cada batida esmagava-o ainda mais, tornando a dor quase insuportável.


Sirius estava morto, então porque ele ainda estava vivo?


 





*N/A:
Eu chorei escrevendo esse final Ç.Ç
eu sei que ele nem esta tão emotivo assim, mas eu consegui chorar e pra ajudar ainda fui ouvir “slipped Away” da Avril Lavigne, que esta tocando neste capitulo
é eu sou bem mal né, não basta ter um final desse ainda coloco uma musica dessas \z
o Sirius morreu \z
sem comentários \z
Eeu choro de qualquer forma quando se trata de algo acontecendo ao Sirius, porque quem me conhece sabe que Sirius Black é o amor da minha vida, e não da pra você ver o amor da sua vida morrendo ou qualquer coisa assim e não sentir nada  \z


E bom, este capitulo eu dedico a uma pessoa que eu amo muito, e que amanhã fará quatro anos que eu perdi, e a musica desse capitulo é a musica que eu ouço todos os dias e choro ao lembrar dele.
"O dia em que você se foi, foi o dia que eu soube que nada mais seria como antes" I miss you, bebe (L)


Enfim, eu peço milhões de desculpas pela demora, eu tinha avisado que iria demorar para postar né, pois então, eu estava realmente incapacitada disso, pois fiquei uns dias sem PC quando fui pra São Paulo, mas estou com PC novamente e pretendo não demorar mais a postar os próximos, prometo \z
e prometo também que vou dar um pouquinho de paz pra eles, só um pouquinho kkkkkk
mas só porque estão muito tensos os capítulos ultimamente \z          


Me perdoem se em algum momento do cap ele estiver estranho \z
e prometo voltar a dar toda a atenção que sempre dei pra essa fic
Obrigada a todos pelo carinho.
e as ameaças \z
Avada kedavra da Chris Malfoy \z
Imperio da Barbara kkkkkkk
realmente adorei as maldiçoes imperdoáveis kkkkkkkkkkkk
Agradecendo os comentários lindos das novas leitoras *-*
Fernanda Luna, Natti Black, Carolina Neves, Tainá Potter, Flavia Lestrange Malfoy, Tati Krum, Marauder Blood, e eu sei que esqueci algumas pessoas, mas agradeço de coração, assim como a todos que deixam comentários lindos *-*
realmente são inspirações que eu adoro muito ter *-*


Não vou deixar um agradecimento a cada um porque o capitulo terminou de forma tensa, então no próximo eu respondo direitinho os comentários
(eu sei que estou prometendo isso há alguns capítulos já \z)

Enfim, falei demais

NÃO me matem \z

Ate o próximo capitulo

beijos
Lanah Black

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Comentários (13)

  • Alice Spring

    AVADA KEDAVRA O SÍRIUS Ñ LEIA MINHA FIC E SABERÁ O PORQUE AH E MESMO TU MORREU

    2012-08-24
  • patrícia m prongs

    NOSSA,NOSSA,NOSSA! VOCÊ NÃO PODE TER MATADO O SIRIUS?NÃO,TOTAMENTE NÃO! ELE NÃO,POR FAVOR,DIZ QUE ELE TA VIVO!FAÇA ELE VIVER,EU IMPLORO!

    2011-08-19
  • Lorian gryffindor Black

    http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=40260gente essa  fic e da minha amiga e minha da uma passadinha la e diz o que achou ;)

    2011-08-06
  • Mariazinhaencrenca

    Meu Deus! Juro eu NUNCA tinha chorado, lendo uma fic, agora ñ concigo para...Ele ñ pode ter morrido, por Deus ñ!!! Como a Lia vai ficar agora? Ele tem q ta vivo e sei lá, tirando uma com a cara de todos, ñ mata ele... Por Favor

    2011-08-06
  • Lorian gryffindor Black

    AAAHHHHHAAAHHAAHHAHHAserio da vontade de te lançar uma avada kedavra mais não vou fazer isso quero o final da fic*-*rsrsrs mais serio passando mal aki o Six realmente morreu????aiiii  que triste faz isso não vaia fic vai ficar muito estranha sem ele como vai ser??eu não consigo imaginar serio.PLEASE ESCREVA O MAIS RAPIDO POSSIVEL E POSTA  PELO AMOR DE MERLIN POSTA

    2011-08-06
  • Natti Black

     OLHA AQUI ! O SIRIUS NÃO MORREU OK ? ISSO NÃO É UM PEDIDO , É UMA SUPLICA , OU UMA ORDEM , ELE NÃO MORREU ELE NÃO PODE TER MORRIDO , OK ? ELE TEM QUE TAR VIVO  , ELE NÃO PODE MORREER , NÃO PODE OK ? , ENTENDA UMA COISA , EU JÉ MORRI 5 VEZES JUNTO DELE , TERIE DE MORRER MAIS ALGUMA ???? ( SEM CONTAR OS FILMES QUE O 5 EU SAIO SEMPRE QUANDO ELE VAI MORRER PQ MERDA NÃO AGUENTOO) MEU DEUS , EU TO ENTRANDO EM DESESPERO , POSTA MAIS UM PRA PROVAR PRA MIM QUE ELE REALMENTE NÃO TA MORTOO , POR FAVOR .. POR FAVOR .. POR FAVOR.... POR FAVORRRR

    2011-08-05
  • Sophia R.

    Cara, essa é a 1ª vez q eu comento e tipo. Como assim voce matou ele???! Entao a fic já ta no finla né, pq, qual vai ser a graça dela sem o Sirius???! Tipo, vai ficar todo mundo depre e... AH! è pegadinha né? Ele nao morreu nada, q eu sei. Né?? Né??? Ahhhh, ele nao pode ter morrido! Nao pode! E fim de papo. Ah, amo sua fic, só p/ constar. Mesmo odiando o Sirius ter morrido. Enfim. Sad. mto Triste.

    2011-08-05
  • Lorian gryffindor Black

    ahahahahahah pelo amor de merlin faz ele viver faz não não não marotos sem o sirius não são marotos ahaaaaahh ele nem se acertou com a lia *-*ah não diz q o marcos não desistiu e que o sirius vai viver muda essa historia por favor vc pode na original ja foi demais pra mim ter tantas perdas por favooor aki pede uma leitora desesperada :'(

    2011-08-04
  • Bárbara JR.

    OMG, eu não te ataquei com a Império pra merecer isso Y.Y'  Mais fala sério, o capitulo ficou ÓTIMO sim, adoro uma tragédiazinha (por mais que tenha sido o Sirius que eu amo tanto =(). Mais vai, fala que ele vai reviver milagrosamente, vai puxar o pé do Tiago de noite e depois vão comemorar a vida dele dançando conga!! Fala, fala ;'(

    2011-08-04
  • Sah Espósito

    esqueceu SIM Lanah... nem lembrou de mim! rsrs Final muito triste... nao queria que ele tivesse morrido.. =[   Chorei muito muito....   Tiago sem Sirius... ou melhor... marotos sem sirius sói demais   triste triste ta...   parabéns... bjss e aguardo o proximo!

    2011-08-03
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