Familiaridades



Capítulo VII


Familiaridades


 


Acordei suavemente, mas desesperei-me assim que me dei conta de não estar em meu quarto. Antes de até mesmo pensar, eu já tinha levantado abruptamente de cima do meu mascarado, acordando-o. Ele também se levantou e me fitou, o rosto demonstrando não compreender minha preocupação.


Eu sorri, e me senti idiota. Afinal, porque eu estava sorrindo para ele? Não sei, simplesmente porque olhá-lo me provocava essa reação. Ele retribuiu e eu quase me esqueci do porquê de todo o alvoroço. Acho que ele entendeu meus motivos, porque envolveu minha cintura e me levou até a varanda, onde sussurrou no meu ouvido:


- O sol ainda nem começou a nascer, você tem tempo de sobra – e depositou ao pé da orelha o primeiro beijo do dia, fazendo um arrepio correr por mim.


- Nós temos tempo de sobra – corrigi virando-me para encará-lo e em seguida beijá-lo nos lábios.


Não demorou que ele me prensasse com mais força contra o próprio corpo, as mãos percorrendo minhas costas, cintura e quadril em movimentos firmes, como quem mostrava que sabia exatamente o que queria. No caso, eu era o objeto de desejo, e adorava isso.


Quando os primeiros raios de sol bateram em minhas costas eu soube que era hora de ir. Sutilmente, descolei de seus lábios, soltei sua nuca e afastei-me de seu corpo. Forcei um sorriso, mas a expressão que ele me retribuía mostrava que eu não tinha obtido êxito e esconder a tristeza que tomava conta de mim. Mas afinal, quando eu o veria novamente?


- Está na minha hora. Ninguém pode saber que eu passei a noite fora de casa.


- É, imaginei que fosse isso que perturbava seu olhar, sempre radiante – o comentário surtiu efeito e meu sorriso se tornou um pouco mais sincero, mas não completamente.


Ele me beijou novamente, só que dessa vez lentamente, abraçando-me com carinho e leveza, sussurrou “não perca o PDS” e se afastou com o olhar pouco feliz. Foi mais fácil sorrir desta vez, visto que ele tinha intenção de me escrever novamente. A última coisa que eu vi antes de aparatar para meu quarto foi o início do que viria a ser um belíssimo dia de sol, projetando a sombra da pessoa que eu mais desejava poder carregar comigo.


Cheguei ao meu quarto com os olhos fechados, querendo poder abri-los e vê-lo ali comigo. Mas, infelizmente, não seria possível. Vesti a primeira coisa que achei na gaveta: um velho pijama de malha roxa, que há muito eu não usava. Consultei o relógio: dez para as seis da manhã, todos ainda deveriam estar dormindo. Abri a porta do quarto devagar e confirmei minhas suspeitas: o silêncio reinava absoluto.


Todos acordariam por volta das oito e meia, se arrumariam e levariam eu e Sirius para a plataforma 9¾. Aproveitei as horas que eu teria pela frente para terminar de arrumar meu malão. Desci até a biblioteca e procurei um romance trouxa - deixado pela Andy - que estive lendo nas férias. Tinha acabado de encontrá-lo quando um barulho às minhas costas fez-me virar com a varinha em punho.


Um vulto saía da lareira, envolvido por uma nuvem esverdeada de pó de Flu: Sirius. Não parecia ter notado minha presença, ou então fingiu não ter me visto, pois pegou o caminho em direção à porta. Mas, infelizmente, eu sou idiota – e orgulhosa – demais para ser ignorada.


- Chegando a essa hora, priminho? Tia Walburga não ia gostar nada disso, apesar de eu achar que talvez ela já tenha desistido de te consertar...


Virou-se então para mim, primeiro expressando surpresa por me notar ali, logo depois um sorriso altamente debochado.


- Claro, e suponho que você, querida prima, ainda tenta me colocar no caminho certo? – perguntou irônico, e eu resolvi corresponder com a mesma falsidade.


- Óbvio que sim, me preocupo especialmente com os seus modos de tratar as damas...


- Ah, Cissy, logo, logo você vai descobrir que isso eu faço muito bem – o brilho da malícia despertando e seus olhos.


- O que quer dizer? – perdi a pose debochada e orgulhosa e estava, agora, extremamente desconfiada. Mas ele apenas sorriu mais sinceramente e se limitou a me deixar ainda mais apreensiva.


- Aguarde, querida, aguarde e confie. – piscou marotamente, deixando-me mais nervosa, e completou: - e se quiser usar essa minha chegada de manhã cedo para uma chantagem... bom, pode ficar à vonta-


Ele não chegou a terminar a frase. Eu não deixei que ele chegasse. Aquele cretino! Furiosa, eu havia arremessado o livro em minha mão contra ele, mas só fui me dar conta disso quando ele teve que se abaixar, desviando-se e permitindo que o livro batesse na parede e caísse ao chão com um baque surdo.


Eu soltava todos os palavrões que vinham em minha mente, enquanto ele se colocava de pé e fitava-me abismado, os olhos arregalados. Ajeitava a camiseta listrada de verde, quando tive a ligeira impressão de que ela me era vagamente familiar, mas não podia ter certeza enquanto a raiva fluía por meu corpo. Deu, então, aquele maldito sorriso, e saiu como se nada tivesse acontecido.



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Capítulo postado hoje graças as minhas leitoras queridas *__* : Jeh Halle, Bi Granger, alexa_zabini e bella black burton. Muito obrigada, meninas :]


Bem inútil esse capítulo também, mas acho que o próximo vai esclarecer algumas coisas. beiijos :*

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