Grifinória x Corvinal



Capítulo XIII


 


Grifinória x Corvinal


 


Não vou fingir que acordei no outro dia sem saber onde estava e que fiquei surpresa ao me deparar com Sirius. Primeiro, eu sei exatamente o que fiz, e fiz porque quis; segundo, é preciso dormir para acordar, coisa que eu não aconteceu, o que explicaria as olheiras de hoje.


A noite foi no mínimo interessante. Foi como se o Sirius Black que todos conhecem tivesse sumido e meu mascarado voltado no lugar dele. Nos raros momentos em que sua boca não estava grudada na minha nós conversamos sobre as coisas de sempre, como se nunca tivéssemos deixado de nos ver.


Quando o sol começou a nascer eu me levantei, peguei meu casaco do chão e vesti-o, sentindo seus olhos nas minhas costas, ou mais embaixo. Virei-me para olhá-lo e me bateu uma ponta de arrependimento e preocupação pela noite anterior. E se eu me apaixonar mais? E se eu não conseguir apenas me divertir e acabar me magoando? Tratei de afastar esses pensamentos enquanto observava ele se espreguiçar e sorrir para mim.


- Então, quando vamos nos ver de novo, Cissy?


- Humm, daqui a pouco no salão principal, não? Ou você não vai tomar café? – respondi irônica.


- Você entendeu o que eu quis dizer, priminha.


- Não está achando que temos um caso, está, Sirius? Você até que era especial enquanto eu não sabia que era você, agora passou a ser só algum cara com quem eu perdi meu tempo algumas vezes. Não vá confundir as coisas.


- Uau, isso dói, Cissy. Cadê o amor entre os primos? – ele estampava aquele sorriso cafajeste.


- Amor? Não há espaço para o amor entre os Black, Six. Você me ensinou isso da pior maneira.


Virei as costas e saí pelo buraco do retrato enquanto seu sorriso se desfazia. Fui até meu dormitório, tomei um banho rápido, coloquei o uniforme e desci. As aulas se arrastaram pelo resto do dia, enquanto eu me concentrava apenas em me manter acordada.


Quando terminou o último horário eu voltei lentamente ao meu quarto, tomei outro banho e desabei na cama, lembrando-me apenas de ajustar o despertador. Amanhã era o primeiro jogo de quadribol da temporada e, nada contra o James, mas eu precisava agarrar aquele pomo.


Acordei sonolenta na manhã seguinte, vesti meu uniforme e desci para o campo. Ainda era cedo, e os espectadores ainda estavam chegando. Fui até o vestiário e olhei para o meu time montado às pressas.


Tínhamos bons batedores: o veterano John Clearwater, nosso capitão, e Mark Dickens, do meu ano. Mas perdemos nosso goleiro e nossos três artilheiros ano passado, quando se formaram. Digamos que Corvinal não é uma casa muito voltada aos esportes, e que apenas dois alunos, ambos do segundo ano, tenham ido fazer o teste para goleiro. O resultado foi desastroso, mas eram nossas únicas opções. Não tínhamos nenhuma esperança de ganhar a taça.


John não disse nada que nos animasse muito, apenas aliviou a tensão dos estreantes. Fomos para o centro do campo, que já estava com as arquibancadas lotadas, e subimos em nossas vassouras. O jogo começou e eu permaneci no meu lugar, varrendo com o olhar todo o cenário. Não demorou muito até que eu ouvisse ‘PONTO PARA A GRIFINÓRIA!’


Ouvi isso diversas vezes mais, mas eu não em preocupava com o placar, nós não ganharíamos, eu sabia, mas eu pegaria o pomo. James chegou perto e me provocou e eu me limitei a rir. Foi quando eu o vi. O pontinho dourado voando a poucos metros atrás de James.


Eu não podia reagir, ele era mais rápido e estava mais perto. Desviei o olhar e mergulhei em direção ao chão. Surtiu efeito: James me seguiu. Bruscamente, desviei da rota e retornei para o alto, chegando mais perto do pomo.


A essa altura, James já havia sacado que era um truque e vinha em minha direção, mas eu tinha vantagem. Olhei rapidamente o placar e me assustei: Grifinória 260 x 20 Corvinal. Era um absurdo, sim, mas tínhamos a chance de ganhar.


Me inclinei na vassoura e ergui minha mão direita. No exato momento em que eu estreitava meus dedos em volta do pomo ouvi mais um grito: ‘PONTO PARA A GRIFINÓRIA!’


O apito soou e a partida terminou. Empatada. Acho que isso era melhor do que eu esperava, e de certa forma eu estava feliz em ter feito minha parte.


Sendo a única mulher no time, sempre sou a última a usar o vestiário, já que espero todos os homens terminarem. Entrei imediatamente depois de Mark sair. Já havia tirado as botas e a capa quando percebi que não estava mais sozinha. Sirius Black encontrava-se parado encostado ao armário mais próximo, encarando-me seriamente.

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