Meus Motivos



Capítulo VIII


Meus Motivos


 


A viagem de volta a escola havia começado bem: Lily e eu desfrutávamos da privacidade de uma cabine só nossa enquanto eu narrava, sonhadoramente, minha noite com meu mascarado e reclamava, indignada, das investidas implicantes de Sirius.


- Estou lhe dizendo, ele é simplesmente insuportável! Arrogante, fica dando em cima de mim...


- Cissy, não deve ser tão ruim... – Lily tentou amenizar.


- Ah, é ruim! É ruim, sim, você não faz idéia. Mas eu acho que agora, em Hogwarts, tudo volte ao normal.


- O que seria “normal”?


- Bom, ele me deixar em paz. Afinal, eu era só um desafio, não vê? Lá, embaixo dos narizes de nossas mães, era realmente excitante para ele toda a proibição que havia entre nós. Quero dizer, em qualquer lugar será proibido, mas lá havia o perigo. Era isso que o motivava, eu era só mais um meio para que ele desrespeitasse a família.


- Será? – achei que Lily só podia estar brincando, mas ela me olhava muito séria. – Será mesmo só uma brincadeira? Já pensou na possibilidade de ele gostar mesmo de você?


- O quê? Não delire, Lily! Sirius não gosta de ninguém, ele é mimado; mesmo contra os princípios, ele sempre teve tudo que o dinheiro da família, que tanto despreza, pôde lhe dar. E ele acredita que eu sou apenas mais uma Black metida a puro-sangue, sem nunca se preocupar em me conhecer de verdade!


Lily tinha os olhos arregalados, e eu percebi que era pelo fato de eu estar gritando. Droga, aquele maldito ainda me causava impacto. Respirei profundamente e decidi que não havia mais por que esconder de Lily os motivos de minha aversão ao melhor amigo de seu namorado.


- Bom, pense melhor, a maioria das garotas da escola dariam tudo para ter Sirius Black provocando-as todas as férias – Lily comentou devagar.


- Claro, nenhuma delas conhece ele como eu – sentenciei baixinho.


- O que quer dizer? Qual o problema do Sirius, exatamente?


Era a hora, o momento de revelar.


- Sirius era um garoto incrível. Estou me referindo a ele quando criança, pois a história é antiga. Depois da morte de meu pai, quando, aos sete anos, fui para a casa de meus tios, nós éramos inseparáveis. Andy estava sempre lendo na biblioteca, ou então ocupada com coisas da escola. Regulus era muito novo, dependente da mãe. E Bella... bom, Bella sempre foi exatamente como é agora, cheia de si, se gabando sempre que tinha oportunidade do sangue-puro, ciente de que não precisava de ninguém e dedicada a passar todo o tempo possível com as Artes das Trevas. Então sempre foi apenas eu e Sirius.


“Éramos como irmãos; ele sempre implicava, mas se eu caía e ralava o joelho, não me deixava chorar. Sonhávamos com nossos momentos em Hogwarts, planejando irmos juntos para a Sonserina, claro, isso foi antes dele se rebelar. Ele era o meu companheiro, amigo de verdade. Inseparáveis. Até chegar a carta de Hogwarts para ele.”


“Ele ficou eufórico, e eu também, certa de que no próximo ano iríamos juntos. Fui junto levá-lo a estação, onde ele me prometeu escrever sempre. E de fato escreveu, todo dia, nas duas primeiras semanas, contando sobre Grifinória. Depois do primeiro mês, o intervalo de tempo entre as cartas foi aumentando drasticamente, até que ele parou. Nas últimas, ele escrevia apenas poucas linhas, nunca deixando de falar de como encontrara os melhores amigos da vida dele lá, obviamente James e Remus, Peter sempre foi mais um puxa-saco, mas sempre teve seu espaço. Já não demonstrava mais o interesse de me ter junto dele na escola.”


“Não foi para a casa nas férias de Natal, não mandou nenhum presente e sequer escreveu, nem para agradecer o que lhe dei. Na Páscoa a mesma coisa: nada. Nas férias de verão, quando retornou, tive esperanças que tudo voltaria ao normal, e que voltaríamos a ser unidos, agora que eu iria junto com ele para Hogwarts. Pura ilusão. Ele parecia acreditar que eu havia me tornado boba demais para ele. Passava os dias no quarto, quando não saía para a casa dos Potter. Já era um rebelde. Odiava a Sonserina, odiava nossa doutrina puro-sangue, odiava nossa arrogância, nosso orgulho... nossa família! E imagino que passou a me odiar junto com tudo isso.”


“Na minha primeira vinda a Hogwarts ele não me fez companhia, fiquei sozinha na cabine, até você aparecer. Não me desejou boa sorte na seleção, não expressou nenhuma vontade de me ter na Grifinória, não mostrou nada do castelo, nada. No lugar dele, você foi a pessoa que me acolheu, e por isso é minha única amiga. Por causa de Sirius eu me fechei as pessoas, por causa dele não sou aberta para amizades, exceto a sua, Lils. Então não venha me dizer que ele sente algo por mim, por que acredito sinceramente que ele é apenas alguém insensível e incapaz de amar.”


Parece que falei tudo muito apressando, não abrindo espaço para nenhum comentário de Lily, mas devo ter narrado tudo gastando um bom tempo, pois meu olhar estava desfocado em algo além das janelas. Esperava algum comentário, mas Lily não falava. Estranhando tal atitude, me virei para olhá-la.


Com os olhos arregalados, ela fitava a porta, e acompanhei seu olhar. Me deparei com James apoiado no vão da abertura, os olhos em encontro com os de Lily, a expressão um pouco constrangida, de quem não queria estar ali. Não precisava mudar meu olhar pouco mais para a direita para saber quem mais estaria ali, mesmo assim o fiz. Sirius Black me encarava de modo intenso e indecifrável. Por alguns segundos, imaginei que ele iria rir de mim desdenhosamente, ou então gritar, talvez, mas com certeza não demoraria ter alguma reação. Porém, para minha surpresa, repentinamente, ele apenas deu meia volta e saiu da cabine, deixando para trás uma apreensiva Lily, um curioso James e uma Narcisa muito confusa.



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Capítulo monótono, eu sei, mas necessário. Sempre tem que haver um conflito, algo pra deixar mais interessante, e não bastaria dizer que eles se implicavam sem um porquê.


Então é isso, Cissy tem um trauma em relação ao Six, por isso ela não confia nele. Já ele acreditava, até pouco tempo, que ela era mais uma Black como qualquer outra, mas depois de ver a amizade dela com Lily e ouvir isso tudo aí seu pensamento muda rapidinho.


No mais, é isso aí, espero que o próximo seja melhor. Muito obrigada as minhas poucas leitoras *___*, beiijão.


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