PDS

Capítulo V

PDS

- Woow, Cissy! Sua noite foi quase melhor que a minha! – Lily ria abertamente, e eu tinha absoluta certeza que ela estava realmente feliz por mim, sem forçar nenhum detalhe.

Já era por volta das nove da noite, e minha “querida” mamãe imaginava que eu estivesse em meu quarto, simplesmente tentando dormir mais cedo, já que amanhã era o último dia das minhas férias. Justamente por esse motivo, resolvi vir à casa da Lily aproveitar nossa última noite de folga.

Eu tinha acabado de contar a ela como eu aproveitei o meu baile, e parecia satisfeitíssima com nossos resultados. Ela havia me contado como foi com o Potter. Logo que deixei os dois sozinhos, eles continuaram lá perto do hall de entrada, conversando, durante algum tempo, até que os convidados chegassem e ele, como bom anfitrião, cumprimentasse todos eles. Até aí nada de mais, exceto que, a todos que chegavam, ele apresentava Lily como a namorada dele, o que já foi o suficiente para ela ganhar a noite.

Depois que eles dançaram com todo mundo, se serviram de bebidas e já haviam sido sociáveis demais, ele a levou para um jardim meio escondido. Sob o luar, eles apenas se fitaram alguns minutos, como que dizendo “enfim, sós”. Foi então que James começou a mexer no bolso da calça e, segundo a Lily, fez dela a mulher mais feliz do mundo: tirou um anel de brilhantes e colocou no dedo dela, sem falar nada, sem nem perguntar. Mas nós duas concordamos que não havia nada para se dizer, TODO MUNDO já sabe que eles se amam.

Chegou a hora do tão esperado primeiro beijo, porque aqueles que o James roubava na escola não contam. Nessa parte, Lily corou tanto que suas bochechas confundiam-se com seu cabelo, e explicou que o resto da noite dela não foi muito diferente da minha, só que mais romântica. Deu então a hora de irmos para casa e ela foi me procurar. Bom, ela me encontrou num estado questionável para uma moça da sociedade, mas Lily não se importava, porque sabia que eu estava feliz.

- E cadê o papel que ele te deu?

- Está aqui – disse tirando do bolso um pedacinho de pergaminho bem dobrado. – Trouxe pra você me ajudar a descobrir o que é.

- Deixe-me ver. – ela analisou o papel por alguns instantes, virando para verificar o verso, mas estava totalmente em branco. – Hum... É, acho que é isso mesmo.

- O quê? – Estava ainda mais curiosa.

- É um PDS, Pergaminho de Dois Sentidos – vendo minha cara de confusão ela continuou. – É um pedaço de papel comum enfeitiçado para se corresponder, tem a mesma lógica que um Espelho de Duas Faces. Obviamente ele está com o par, então, o que ele escrever lá, você lerá aqui... – disse mostrando-me o papel e, vendo que a compreensão invadiu o meu rosto, continuou. - ... e o que você responder aqui, ele lerá lá, onde quer que seja esse “lá”.

- Então... isso significa que o verei novamente? – dessa vez eu não pude reprimir um sorriso, que Lily correspondeu.

- Creio que sim, mas espere que ele escreva.

- Como se eu fosse correr atrás dele! – ironizei. Afinal, por mais que eu não gostasse, eu era uma Black, tinha meu orgulho e não ia correr atrás de um casinho de uma noite. Mesmo que eu esperasse que não fosse continuar sendo só “de uma noite”. Mas ainda tinha algo que eu não havia entendido. – Lily, como eu vou saber que ele escreveu? Vou ter que ficar vigiando o papel de 5 em 5 minutos ou o quê?

- Bom, normalmente o papel dá algum sinal quando tem uma mensagem não lida.

- Que tipo de sinal? Tanto faz?

- Ah, cada um tem um tipo de sinal, a pessoa que o enfeitiçou que escolhe. Só espero que esse aí não comece a cantar, ou algo do tipo. – Lily tinha uma cara de que era capaz de rasgar o papel se por acaso ele ousasse soltar até mesmo uma única nota de melodia.

Deixei o PDS sobre a cômoda da Lily, e me juntei a ela, sentada no beiral da janela. Não havia estrelas no céu lá fora, mas a Lua se apresentava como uma bola prateada, dispensando qualquer outro enfeite naquela imensidão escura.

- Tem tido notícias da Andy?

Pensei muito antes de responder, porque eu sabia o que se passava pela cabeça de Lily sempre que ela perguntava por minha irmã. Ela estaria pensando se algum dia eu teria coragem como ela. Se algum dia eu mostraria à minha família que não dou a mínima para aquela idiota doutrina de pureza de sangue. Se algum dia eu iria bater o pé e dizer a eles que não queria me casar com o Malfoy e que minha melhor amiga era um nascida-trouxa. É claro que Lily nunca me disse isso, mas eu sei que é o que passa pela cabeça dela, porque é o que passa pela minha cabeça.

Sei também que já deveria ter feito tudo isso, mas eu sou covarde demais para ser eu mesma. Afinal, se eu decidir ser eu mesma, serei sozinha, perderei minha família. Não é um exemplo de família, mas é a única que eu tenho e, pra mim, isso não é fácil de ignorar. Desfazendo o nó em minha garganta, eu respondi:

- A última carta que recebi dela foi no final das aulas; ela não me escreve no verão – como se eu pudesse receber alguma carta de Andy em casa. – Está muito bem junto com Ted, ainda mais agora, com o bebê a caminho. Na verdade, uma menina.

- Sério, uma menina? – Lily sorria, assim como eu, só de imaginar a expressão radiante que Andrômeda devia estar exibindo. Sentia tanta falta dela.

- É, mas ela enfiou na cabeça que quer colocar o nome da criança de Ninfadora, o que é simplesm... – mas minha voz morreu.

Passando o olhar displicentemente pelo quarto de Lily, algo me chamou atenção: em cima da cômoda, havia um pedaço de papel vermelho vibrante, tão escarlate quanto um berrador. Demorei alguns segundos para compreender que aquele era o meu PDS dando um sinal.

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Nada de romance nesse, acho que o mais importante era explicar o PDS e mostrar como a Cissy se sentia em relação a família. Afinal, se ela não gosta de ser Black era só se revoltar como o Sirius, não é? Bom, ela não acha tão simples assim.

Já que a fic é narrada pelo ponto de vista dela, acho que os sentimentos e opniões dela são importantes.

Ah, mostrar também que ela gostava de Andy, elas se davam bem e continuam em contato. beiijos :*

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