Chantagem



Capítulo IV


Chantagem




- Cissy? Cissy, acorde!


- Hã..? O quê? Bella?! Que horas são? – eu não tinha forças e nem coragem suficiente para abrir os olhos.


- Já são nove e meia da manhã. Vim aqui te avisar que eu, mamãe e tia Walburga estamos indo para o Beco Diagonal comprar vestidos, e não vamos almoçar em casa. Estaremos de volta por volta das quatro da tarde. – ela anunciava enquanto abria as cortinas do meu quarto. – Acorde o Sirius e desçam para tomar café, Monstro não vai demorar a tirar a mesa. Para o almoço vocês também se arranjam com ele. Ah, e mamãe mandou você se comportar, já que tio Órion está viajando e vocês ficarão sozinhos em casa. Até mais! – se despediu já saindo pela porta, e completou no corredor: - Comporte-se!


Isso não pode estar acontecendo. Ainda são nove e meia! Eu cheguei da festa já eram quase seis da manhã! Criei coragem e levantei-me com dificuldade. Olhei-me no espelho e vi um rosto borrado de maquiagem que, por estar com a cabeça debaixo da colcha, não foi visto por Bella. Lavei o rosto, a água fria me despertando mais. Tirei a camisola e em seu lugar vesti um short jeans e uma camiseta colorida. Teria um dia só pra mim. Ah, quase me esqueci: Sirius.


Fui para o corredor e parei em frente à porta de seu quarto. Bati, mas não tive resposta. Entrei devagar e observei a cena. O smoking jogado sobre a poltrona, a camisa branca e a gravata no chão ao lado da cama, e nessa, havia um corpo debruçado sob os lençóis. Aproximei-me devagar e cutuquei o que acreditava ser seu ombro escondido pela coberta. Nada. Mais força, e nada. Já estava quase o esmurrando, quando sua cabeça apareceu descoberta e olhou em minha direção, com uma expressão de total desentendimento.


- Cissy? Que diabos você pensa que está fazendo? – ele começava a se sentar.


- Acordando você, como sua mãe mandou. Ela, minha mãe e Bella saíram e só vão voltar... só vão voltar... – minha boca secou. Ele estava sem camisa e, agora sentado, não havia lençol nenhum cobrindo a parte superior de seu corpo. Não imaginava que o quadribol pudesse favorecer seus jogadores com esse físico. Que peitoral, que músculos! Ele tem uma barriga tanquinho e...


- Quando elas vão voltar? – ele tirou minha atenção de seu corpo, e só espero que ele não tenha reparado o meu olhar.


- ... só vão voltar por volta das quatro da tarde. – consegui então completar a frase.


- Então porque você está me acordando agora? Estou morrendo de sono!


- Monstro não vai demorar a tirar o café da mesa. Você deveria me agradecer por não te deixar dormir e passar fome!


- Ora, você também não parece muito disposta. Suas olheiras estão enormes! Porque não deita aqui também e descansa mais um pouco? – havia toda uma sugestão naquela oferta.


- Há, até parece que eu vou me deitar nessa cama com você!


- Duvidando de mim? Eu não ousaria tocar em você. E além do mais, é muita prepotência sua acreditar que eu te deseje assim. – ele forçou um olhar inocente, insinuando que não faria nada de errado, mas eu não ia ceder.


- Bom, se você não quer descer, acho que posso te deixar aqui...


Tarde demais. Ele segurou meu braço e girou meu corpo por cima do dele, me deixando deitada ao seu lado na cama. Por sorte uma cama de casal, onde pude manter uma distância considerável.


- Qual é, Cissy. Eu estou carente! Fique aqui alisando minhas costas... só um pouquinho, só até eu dormir?


- Não seja idiota. Não vou ficar aqui nesse quarto nem mais um minuto! – sentenciei tentando me levantar, mas fui impedida pelo seu braço, vezes mais forte que todo o meu corpo junto.


- Então, acho que tia Druella será informada que a filha dela saiu ontem à noite para uma festa na casa do Potter... – agora havia malícia em seus olhos. Ele desistiu de joguinhos para me convencer e apelou para uma...


- Chantagem, Sirius! Você não contaria a ela. – tentei exprimir toda a minha fúria naquela frase, mas não surtiu muito efeito, pois a força com que ele me segurava não relaxou.


- Duvida de mim? Como você disse, eu sou mesmo um Black, tenho meu lado podre. – ele nem se preocupava em disfarçar a satisfação de ter controle sobre mim, sorria abertamente.


Eu não podia arriscar que ele contasse, então desisti do desafio, mas não sem lançar a ele um olhar do tipo “você me paga”. Seu sorriso se abriu ainda mais de vitória e virou-se de costas para mim para que eu pudesse alisar suas costas até que ele pegasse no sono e eu saísse dali.


Mas aquele movimento monótono com as mãos, o quarto escuro de Sirius – com a janela para o oeste - e todo o meu cansaço não me permitiram ficar acordada por muito mais tempo. Senti minhas pálpebras caindo e meus olhos se fechando. Sem forças para resistir, simplesmente deixei-me adormecer também.


Não faço idéia de quanto tempo se passou até que o sol entrasse pela janela e me despertasse. Abri os olhos devagar, não reconhecendo o quarto onde estava. Mas eu não queria levantar, estava muito bem aconchegada ao corpo que me abraçava. Ele tinha o braço sobre minha cintura, num gesto que me puxava para perto dele, deixando nossos corpos bem colados e as pernas entrelaçadas com as minhas... Todo o meu corpo ficou tenso enquanto eu tomava consciência de minha situação. “Como é!? Corpo que me abraçava?”


- Sirius! Seu... seu... canalha! – levantei-me de sobressalto, lembrando exatamente o porquê de estar ali, e gritando alto o suficiente para acordar o meu priminho. – Não acredito nisso!


- Não sei por que está tão brava. Aposto que não dorme tão bem assim há anos! – ele era mesmo patético! Não importava quão furiosa eu estivesse, ele não tirava o maldito sorriso do rosto.


- Ah, como eu pude me deixar convencer! “É muita prepotência sua acreditar que eu te deseje assim” – tentei imitar sua voz, mas só conseguir fazer com que ele gargalhasse mais. - Não acredito que caí nessa!


- Cissy, relaxa um pouco. Desculpa se eu ultrapassei os limites e...


Não ouvi o resto da frase. Eu não precisava ouvir mais nada dele, mais nenhuma mentira. Saí de seu quarto batendo a porta e fui direto para o meu. Conferi o relógio: três e meia. Céus, eu não podia negar que realmente tinha dormido bem.


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Capítulo só mais pra entender o relacionamento dos dois, é mais como uma implicância exagerada por ambos os lados.


Dele com ela, por achar que ela seja uma Black como o resto da família, e ainda mais confuso porque mesmo assim desperta desejo nele.


E dela com ele... Bem, ainda vai ser explicado, é uma história antiga.


Não se esqueçam que comentários não fazem mal, mesmo que seja pra apontar defeitos :) beijos ;*

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