O Baile



Capítulo III


O Baile




- O azul do seu vestido é exatamente o azul dos seus olhos! Ficou lindo! - Lily já tinha falado isso quando eu cheguei a casa dela e falava de novo agora que chegamos à festa.


- Mas olha só quem fala! Está estonteante! – E estava mesmo. James só se apaixonaria mais. – Fala dos meus olhos, mas os seus também estão em perfeita harmonia com sua roupa. – Ela escolheu um vestido verde de cetim com alças finas, que pegava pouco acima do joelho, um pouco mais comprido que o meu. Além dos olhos, a gargantilha e os brincos de esmeralda que eu emprestei eram do mesmo tom que o tecido, deixando que o cabelo ruivo ganhasse destaque.


- Acha mesmo? James vai gostar?


- Mas é claro que vai! Depois de hoje, ele nunca mais vai te deixar em paz.


Mal acabei de falar e o anfitrião da festa se aproximou para nos cumprimentar. Reconheceu a Lily de imediato e não poupou elogios. Ela, timidamente, correspondia e senti que era hora de deixar os dois. Disse que ia buscar uma bebida e saí.


Me aproximava do balcão quando notei um par de olhos focados em mim. Ele estava de smoking – como a maioria dos homens lá presentes – e eram notáveis os músculos por baixo de sua roupa. Usava uma máscara tão preta quanto seus cabelos que caiam displicentemente. Desviei o olhar e pedi um Martini ao barman, mas não pude evitar voltar a olhar na direção onde ele estava sentado. Mas não o achei.


- Posso te acompanhar no Martini? – a voz veio como um sussurro perto do meu ouvido. Me virei para ver quem era e notei que era o mesmo que estivera me observando. Notei em seus olhos algo tranqüilizador, como se fossem familiares. Fez-me sentir bem.


- Claro. – e virando-me para o barman, completei o pedido. – Dois, por favor.


- É de Hogwarts? – perguntou analisando-me.


Fiz que sim com a cabeça, mas logo me propus a prolongar a conversa:


- Imagino que você também.


- Sim... – ele continuava a me olhar de cima a baixo. Voltou então aos meus olhos. – Por onde você andou escondida lá naquela escola que eu não consigo reconhecer você?


- Também não sei quem você é. – então era isso que o fez me olhar tanto. Ele não me reconhecia, o que era recíproco de minha parte.


- Gostaria de conhecer? – ele deu um sorriso torto. E que sorriso.


- Gosto de conhecer pessoas, só que as pessoas parecem não se interessar muito em me conhecer.


- Pode ter certeza que eu não teria vindo até aqui se eu não quisesse muito te conhecer.


Eu sorri. Simplesmente não soube o que dizer. Não que tivesse sido uma grande investida, uma cantada criativa ou algo do tipo. Não, nada disso. Mas, algo nos olhos dele me parecera que ele fora... sincero. Que ele realmente queria me conhecer. E isso me encantou.


Pegamos as bebida e nos sentamos na poltrona ao canto. Já não via mais Lily no salão, mas não importava. Ela tinha mesmo que aproveitar a noite com o Potter. Conversamos durante algum tempo, e não ficamos num joguinho de cantadas. Viramos amigos, rimos muito. Falamos de quadribol, do mundo dos trouxas – felizmente ele não se importa com sangue-puro – e, no meu quarto Martini, fomos dançar.


A razão e a emoção brigavam dentro de mim: “O que eu estou fazendo? Tenho um namorado!” “Mas, é um namoro de fachada – pelo menos pra mim – e ninguém aqui sabe quem eu sou, nem ele.” “Hã? Mas o que estou pensado? Tenho que sair desta pista de dança agora e ir embora.” “Mas, eu estou me divertindo tanto. Sinto falta de um homem que goste de mim, que não pense no meu sangue Black.” Eu não vou embora de jeito nenhum. Mereço momentos melhores.


Me concentrei na música e senti meu corpo se balançar sozinho. Eu sei dançar. O balé dos seis até os 13 anos me tornou bastante flexível. E meu homem mascarado, com as mãos na minha cintura, me acompanhava com sincronia. Àquela altura da noite eu já sabia o que queria, mas faltava-me coragem para expressar minha vontade.


Não sei se foi a batida da música, o calor do corpo dele junto com o meu ou sua respiração na minha nuca, mas eu simplesmente me virei de frente para ele, olhei intensamente aqueles olhos cinzentos e me afastei em direção a um corredor escuro.


Lentamente, entrei pelo corredor onde não havia mais ninguém e o barulho da música era abafado pelo carpete do piso e a madeira nas paredes. Recostei-me a uma porta fechada e não precisei esperar muito por ele:


- Você não demorou a me seguir.


- Não vou perder nenhum segundo longe de você.


- Então não perca mais nenh...


Não consegui – e nem precisei – completar a frase. Seus lábios quentes já estavam sobre os meus com muito desejo. Às cegas, eu o senti abrir a porta na qual eu estava encostada e me vi dentro do escritório dos Potter. Suas mãos me apertaram mais contra ele, puxando-me pela cintura e pelo quadril, enquanto eu ocupava as minhas entrelaçando-as nos cabelos em sua nuca.


Ele me sentou na escrivaninha de madeira, ficando de pé entre meus joelhos. Não sei por quanto tempo ficamos lá, enquanto ele se revezava em beijar minha boca, descer por um caminho tortuoso no meu pescoço e pousar em meus ombros. Só me senti lúcida depois que Lily entrou lá me procurando para irmos embora. Mas, antes que eu saísse, me lembro de ter recebido de suas mãos um papel que me pediu para guardar, dizendo que me escreveria. Não entendi direito, mas, naquela hora, eu sabia que não entenderia nem o que era uma vassoura.


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Comentários serão sempre bem-vindos, e principalmente com uma crítica construtiva, beijoos :*


E não, eu não sei mexer bem em nenhum editor de imagem, então não tenho uma capa decente :X

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