Planos de Dumbledore



Hermione em seu dormitório ponderava entre ir ou não contar para Dumbledore sobre a conversa que tivera com Severo naquela tarde (e noite), porém tinha medo que o Diretor a repreendesse por ter falado coisas que não devia. Mesmo com seus pensamentos a mil conseguiu dormir. Teve alguns pesadelos. Nada de mais.


Já Snape não teve a mesma facilidade. Ficou indagando como ela poderia saber de tanta coisa e com tanta certeza, pensava também na acusação dela dizendo que ele mataria pessoas inocentes, ela não disse com essas palavras, mas sim disse que ele mataria nascidos-trouxas e conseqüentemente acabaria por matá-la e também a Lilian.


Embora ele tivesse certeza, antes, sobre o rumo que tomaria, agora tinha duvidas, e se Hermione estivesse certa sobre o Lord ser realmente aquele monstro que ela o pintou? Mas como ela saberia disso, ela não podia saber mais que ele, podia? Eram muitas duvidas em sua cabeça para que ele conseguisse se aquietar e pegar no sono, assim sendo ele resolveu que iria estudar para esquecer a conversa com a garota, afinal ela não mudaria em nada suas decisões, mudaria?


Hermione acordou cedo naquela manhã, decidida a conversar com Dumbledore antes do café da manhã. Assim, logo depois de estar bem vestida, de rosto lavada, cabelos penteados e dentes escovados, ela se dirigiu a sala do Diretor esperando encontrá-lo lá.


-- Cerveja Amanteigada. – disse para a Gárgula que guardava a entrada da sala de Albus.


Assim que chegou em frente a porta ouve a resposta do interior da sala:


-- Entre Srta. Granger!


Ela respirou profundamente e colocou em seu rosto um sorriso, apenas para não parecer com cara de culpada para influenciar na opinião do Diretor.


-- Olá Diretor, espero não estar lhe incomodando. – disse ela enquanto adentrava a sala.


-- Obviamente que não esta menina. Mas o que a trás aqui tão cedo? – ele a fitou por sobre aqueles seus oclinhos de meia-lua como se enxergasse através dela.


-- Ontem, Senhor, eu conversei com Severo e acho que passei um pouco dos limites sobre o que conversei com ele a fim de convencê-lo a ser um espião.


-- Estou ciente de sua conversa Srta. e posso lhe garantir que ele esta sim intrigado pelo fato de você saber de mais, mas não é a maior preocupação dele, no momento. – seu tom era calmo como que para tranqüilizá-la.


Ela ficou quieta fitando o nascer do sol através da janela, enquanto mexia nervosamente suas mãos.


-- Senhorita acalme-se, ele não aceitou ser espião por ora, mas lhe garanto que de alguma forma as palavras que você disse a ele o atingiram e o fará pensar melhor sobre as decisões dele.


-- Ele parecia tão resoluto em se juntar a Voldemort, Senhor, acho que nada que eu ou alguém diga a ele fará com mude de idéia. – disse ela com uma ponta de amargura em sua voz.


-- Eu acho o contrário, acho que ele irá sim mudar de idéia...


Hermione o interrompeu:


-- Sim, mas quando ele mudar de idéia será um pouco tarde, ele já terá provocado a morte desnecessária dos pais do Harry e muitas outras coisas.


-- Morte desnecessária? Creio Srta que devo lembrá-la que muitos acontecimentos não poderão ser mudados, mesmo que ele seja um espião logo de inicio eu mesmo o mandarei dizer parte da profecia, não podemos mudar tudo, seria catastrófico.


-- Mas Senhor então que diferença faz ele ser espião agora ou depois?


-- Se ele for espião agora, não sofrerá muitos preconceitos no futuro, pois todos saberão o lado o qual ele lutou desde o inicio e será mais fácil aceitá-lo, pense bem, eu não precisarei guardar um segredo, como o fato dele amar Lilian, e esse ser o motivo do retorno dele para nosso lado, pois ele sempre terá estado ao NOSSO LADO.


Hermione pareceu ponderar por algum tempo, mas logo notou que era uma verdade, Severo poderia ser um alguém diferente se fosse aceito pelos demais desde o inicio como “uma boa pessoa que se sacrificara para obter informações crucias” para manter toda uma gama de pessoas vivas. Ele não passaria por muito preconceito, pois seria sabido de todos que ele escolhera aquele caminho para ajudá-los e não como ele iria escolher antes, por ser o que ele se identificava.


Ela sorriu sozinha com seus pensamentos e decidiu que tentaria com mais vontade que ele fosse um espião logo que ele fosse aos serviços de Voldemort.


-- Vejo que você compreende agora. – disse o Diretor lhe dando uma piscadela.


-- Sim Senhor.


No café da manhã Snape evitou Hermione com medo que ela tentasse iniciar alguma conversa “maluca” sobre nascidos-trouxas e as decisões que ele tomaria.


Ela por sua vez não forçou a barra, deixou que ele se esquivasse para sentar-se entre Malfoy e Dolohov, evitando assim que ela até mesmo o cumprimenta-se.


Naquele dia e em tantos outros Snape a evitou tanto quanto podia, estava sempre atrasado para as refeições, sabendo que assim ela já não estaria mais presente, e se estivesse logo sairia, sem tempo de bater papo, até mesmo nas aulas ele chegava no último minuto, e sentava-se ao lado de Hermione porque fora obrigado, desde de seu primeiro ano, a senta-se com a garota, caso contrário até mesmo esse habito ele mudaria.


Hermione andava bastante cabisbaixa nesse tempo em que perdera a companhia de Snape. Ela assim não tinha com quem discutir, de forma inteligente, sobre as matérias e o que elas acrescentavam em seu conhecimento já bastante avançado. Também não tinha um amigo em quem confiar. Estava tão acostumada com a presente presença de Snape a seu lado, que doía o ver se esquivando por outros corredores apenas para não ter de vê-la. Claro que ela procurava não demonstrar seu descontentamento, mas aqueles olhinhos azuis, tudo viam, e nada deixavam passar.


Snape não estava sendo uma companhia muito agradável para seus amigos “Comensais”, o que eles reclamavam com freqüência, e ele apenas dava desculpa de estar preocupado em tirar notas boas nos exames, e que eles deviriam fazer o mesmo ao invés de ficar observando suas mudanças de humor.


Ele, assim como Mione, estava sentindo falta desta, afinal ela o entendia em sua compulsão por estudos, sem falar que era em quem ele aprendera a confiar, mas que agora tinha medo de estar perto e ela retomasse aqueles assuntos conturbadores que o estavam enlouquecendo.


Obviamente que ele queria mais informações, mas tinha medo, que ela com suas palavras, o fizesse desistir de um sonho a tempos adquirido, o de obter poder e glória de sua própria forma, mesmo que essa, aos olhos de muitos, fosse errática e “horrenda”.


Ambos sentiam falta um do outro, mas usavam justificativas não muito assertivas para os motivos de sentirem esta falta, sabiam que estavam escondendo em seus subconscientes razões muito mais “interessantes” do que as que usavam.


Hermione resolveu certa manhã, depois de quase um mês sem trocar mais do que as palavras necessárias em sala de aula, que daria um fim aquela idiotice que era Severo a estar evitando tanto quanto o “Diabo foge da Cruz”, aquilo estava infantil de mais para duas pessoas sabiamente precoces para suas idades.


Ela bem sabia que Severo a evitaria até a morte, mas não custava tentar.

Desceu até o Salão Comunal, mas o encontrou praticamente vazio, é claro que a maioria dos alunos não aproveitaria o tempo livre e milagrosamente ensolarado, que receberam, para estudar, mas sim para se divertir conversando banalidades nos terrenos de Hogwarts, mas ela tinha certeza que Snape estaria na biblioteca estudando, claro assim ela não poderia perturbá-lo já que lá reinava o silêncio, mas ele estava enganado se achava que ela se deixaria levar assim tão facilmente.


Decidida saiu rumo à biblioteca pensando no que falar para tirá-lo de lá e obrigá-lo a ouvi-la, novamente.


Snape aquela manhã sabia ao ver o sol a pino, que não teria descanso nos terrenos da escola caso fosse para lá, tinha certeza que os Marotos achariam algo para provocá-lo. Porém sua principal preocupação era Hermione, ela tentaria se comunicar com ele, o que definitivamente não era, de forma alguma, o que ele queria, ela o deixou cheio de duvidas, tanto para com suas decisões futuras, quanto para alguns sentimentos adormecidos dentro dele, desde a briga com Lilian. Assim sendo, preferiu, como uma escolha lógica, para escapar de ambos os problemas, ir à biblioteca, onde jamais os Marotos entrariam tendo pela frente um dia tão bom para aprontarem, e onde Hermione não ousaria interromper o silêncio podendo assim ser expulsa.


Hermione, enquanto percorria os corredores a caminho da biblioteca, pensou em como se aproximar de Snape, ela teria de usar seus sentimentos para com ele, sim, mas aqueles que ela nutria por um Snape muito mais maduro, para convencê-lo do melhor a fazer de sua vida. Claro que ela teria de tomar cuidado com o que diria, mas ela estava disposta a arriscar ser magoada para persuadi-lo, caso isso o salvasse em um futuro ainda distante.


Snape viu quando Hermione adentrou a biblioteca e observou todos os cantos desta para achar alguém, que ele desconfiou que fosse ele, tentando se esconder das vistas da garota ele escondeu-se atrás de um dos maiores livros que ele lia, obviamente isto se mostrou inútil, afinal quem mais estaria em uma biblioteca em um tempo de folga? Além dele e dela é claro.


-- Olá Severo, espero não estar lhe atrapalhando, vejo que está bastante entretido com sua leitura – disse Hermione se aproximando da mesa enquanto arrastava uma cadeira para sentar-se ao lado de Snape.


-- ESTAVA entretido sim Granger, porém agora tenho alguém para ATRAPALHAR minha leitura. – Snape usou um pouco de seu mau-humor, agora mais brando do que um dia será.


Hermione agora sabia que Snape usava seu sobrenome quando queria afastá-la dele e para mostrar que ele não estava brincando.


-- Ora SNAPE, você poderia assim como todos os demais, aproveitar esse maravilhoso dia para tomar um pouco de ar fresco, você me parece bastante abatido.


-- Se venho até aqui para cuidar de minha saúde, eu agradeço, mas também, dispenso, se o dia está assim tão maravilhoso aproveite-o.


Ela teria de apelar:


-- Estou aqui, pois senti sua falta Severo, fomos bons amigos, acho que uma boa conversa poderia resolver essa situação um tanto quanto infantil em que nos encontramos.


Severo pareceu não ouvir, estava pensativo, ela não sabia se com as palavras que ela dissera ou se com outra coisa, até que ele esclareceu:


-- Senti sua falta também Mione, mas ao mesmo tempo foi bom me afastar um pouco de você, pois tive tempo de sobra para pensar sobre o que me falou em nossa última conversa.


Hermione esperou que ele continuasse, mas ele não o fez, então ela obrigou-se a perguntar por detalhes:


-- E que tipo de conclusões você tirou? – ela o fitou com curiosidade, antes de disfarçar e olhar para um dos livros sobre a mesa, mostrando falso interesse pela capa.


Ela não queria que ele notasse o quanto importava para ela essa resposta, não tinha nada demais, talvez fosse algum novo sentimento que adquiriu convivendo com sonserinos: o orgulho.


Ele pareceu não notar sua tentativa de “desatenção” e começou a explicar:


-- Não são bem conclusões, mas sim idéias que me incomodam, como o fato de talvez você esteja certa sobre a maldade do Lord, ou esteja certa sobre uma decisão precipitada em me juntar a um homem que possa vir a matar pessoas inocentes, há outras incertezas, mas essas duas me perseguem.


Ela o fitou tentando colocar em seu rosto uma expressão de compreensão ao invés de uma expressão “triunfante”, pois conseguira embutir a duvida em Severo, o que era um grande passo.


-- Tenho medo de falar demais, Severo, mas confie em mim eu só quero o seu bem e apenas isso. EU SEI que Voldemort não é o homem que diz ser, mas sim o maior e mais monstruoso Bruxo das Trevas que iremos enfrentar, e acredite, ele nos trará muitas perdas, dores e sofrimentos que serão desnecessários, caso você confie não em mim e não tome a decisão certa a ser tomada. – Hermione o encarava tentando transmitir a importância do que acabara de dizer.


Snape demorou um pouco a se recuperar de tudo o que ela dissera, mas quando o fez, perguntou:


-- Como você pode saber de tanto Hermione? Porque tens tanta certeza do que me diz? Como saberei que não estas a me mentir, para conseguir para si alguma glória? São tantas duvidas. – Snape estava de pé agora a centímetros do rosto de Hermione, e seu tom era de acusação.


Não notaram quando a bibliotecária se aproximou:


-- Meninos, por favor, comportem-se, isto é uma biblioteca, terei de pedi-los que se retirem. – a mulher tentou falar com educação, mas seu tom mostrava a irá em que se encontrava ao ver seu “paraíso” ser desrespeitado.


Snape arrumou suas coisas dentro da mochila e sem esperar por Hermione saiu em direção a porta.


Ela o seguiu de perto, a conversa ainda não estava acabada.


Ao chegarem ao Salão Comunal, Snape deu-se por vencido, sabia que a garota não desistiria.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.