CAPÍTULOS 16 E 17



CAPÍTULO 16: LIVRE DA ALA HOSPITALAR
Acordei na manhã seguinte bem disposta, apesar de contínuas pontadas nas costelas e uma leve dor na coxa esquerda. Ao meu lado, encontrava-se meu irmão segurando minha mão. Na verdade, ele estava sentado dormindo de bruços na borda da cama.
— Cedrico... — desse em voz fraca e falha. Ele levantou a cabeça de imediato e virou-a em minha direção. Sorriu com os olhos brilhando.
— Hermione! — me abraçou afetuosa e protetoramente. — Ai, mana. Que bom que você acordou! Achei que fosse te perder... Já estava até pensando em me jogar do alto da Torre Leste.
— Não, você não faria isso nem se quisesse...
— Tem razão. Como se sente?
— Vitoriosa porque te convenci que não iria jamais se jogar da torre?
— Estou falando sério.
— Bem... Um pouco de dor nas costelas e uma leve dor na perna esquerda.
Sua expressão mudou para culpa, mágoa e raiva tudo de uma vez.
— O que foi? — perguntei assustada.
— Você não sabe ainda, mas quebrou três costelas e o fêmur esquerdo. Sorte que a Madame Pomfrey sabe remendar ossos muito bem. Se você fosse ficar assim para sempre ou morresse por causa disso, eu não me perdoaria nunca por não ter conseguido chegar a tempo.
— Ta, ta. Chega. Quer dizer que eu me quebrei toda? E como é que eu vou ao Baile de Inverno hoje?
— Não vai. Ninguém vai, aliás. O Baile foi adiado para daqui a dois dias. Problemas técnicos, sabe.
— Aha, sei... Quanta trela precisou para convencer vovô a adiá-lo?
Ele fez uma cara sapeca, com as bochechas vermelhas e carinha de criança que foi pega fazendo “arte”.
— Nem sei como você pôde pensar isso de mim...
— Querida, que bom que acordou. Seu irmão estava todo preocupado com o coração quase saindo pela boca. Passou a noite toda aqui. Deu um trabalho... Tens sorte de ter alguém que de preocupa tanto assim com você. — disse Madame Pomfrey logo que entrou pelas cortinas fechadas.
— Obrigada, Madame Pomfrey. Eu já posso sair daqui?
— Claro, querida. Só terá que evitar subir e descer escadas por dois dias.
— Mas eu vou faltar aulas...
— Exatamente.
— Droga! — disse meio emburrada. — Bem, de qualquer modo, obrigada — disse empolgada dando um pulo da cama. Agora eu sei o porquê daquele negócio das escadas. Doía pra caramba.
Cedrico já havia separado meu uniforme e trazido para mim. Que amor. Vesti-me e nós dois fomos para a Sala Comunal da Grifinória. Percebi que estava toda enfaixada na área das costelas. Estava completamente deserta. Vimos que horas eram: 11h55min.
— Acho que temos que ir almoçar, não? — disse Cedrico logo que seu estômago começou a roncar.
— Pode ir você. Estou sem fome...
— Ah não. Você vai ir e vai comer alguma coisa sim senhorita.
Como dizer não para um irmão coruja e teimoso feito esse? Eu tinha medo de ele cometer alguma loucura. Descer os lances de escadas não era tão difícil assim, quando se tem um irmão superdedicado que para com você para descansar a cada lance. Já disse que meu irmão é tudo de bom?
Pena que tivemos de nos separarmos perto do Salão Principal, ele pelo seu “atalho” e eu pelo caminho normal. Quando cheguei, ele já estava sentado comendo (leia-se: devorando) um pedaço enorme de lasanha à bolonhesa.
Fui até onde Rony, Gina e Harry estavam. Nossa! Harry estava com um olho roxo e ainda mantinha uma expressão culpada. Logo que cheguei, Harry se levantou sorrindo e me abraçou delicadamente.
— Ai, Mi. Pensei que não fosse te ver de novo... — e me abraçou forte. Aquilo sim doía.
— Cuidado! Cuidado! Calma aí, Harry. — ele me soltou de imediato logo que disse isso.
— O que foi, Mione? — perguntou Gina.
— Olha, quebrar três costelas e o fêmur esquerdo não é nada fácil. Ainda estou em recuperação e enfaixada.
— É tudo culpa minha.
— Pare de se culpar, Harry.
— É, sai dessa, cara. — disse Rony, que, logo após Gina, me abraçou também.
Eu me sentia feliz por voltar. Estávamos todos à mesa e conversando com muitas risadas no meio.
— Afinal, Mione. Você tem que evitar escadas por dois dias para estar completa, mas está em ótimo estado, né? — perguntou Rony cautelosamente.
— Aham. Por quê?
— Porque nós só estávamos te esperando para comemorar a nossa vitória. — disse Harry. Eles perceberam a minha cara de “?”. Por isso, Gina disse:
— Mione, não seja lenta. Vamos dar uma festa de arromba! Essa festa vai dar um up em todos nós, principalmente o Harry que ficou se culpando o tempo todo.
— Gente, amei a idéia. Onde e quando? — e eu perguntei para a mesma.
— Na Sala Precisa obviamente e hoje à noite, mais precisamente às 21h00min. Você vem né, Mi?
— Não sei...
— Madame Pomfrey te advertiu de ir a festas?
— Não, só de descer e subir escadas... — respondi pensativa à pergunta da ruiva.
— Então você vai! — ordenou Gina.
— Seu desejo é uma ordem... — brinquei.
Nós rimos. Era bom voltar. Finalmente havia saído da Ala Hospitalar. Isso era um alívio, já que não gosto nem um pouquinho daquele lugar. Ele me lembra sofrimento e coisas ruins. Acho que é porque todos vamos para lá só quando alguém não está bem...


CAPÍTULO 17: A FESTA - PARTE I
Gina entrou no meu quarto impaciente e me encontrou toda molhada de toalha deitada na cama olhando para o teto. Meu quarto estava uma verdadeira zona: roupas jogadas para tudo quanto é canto, sapatos em cima da cama e embaixo, sem falar no armário aberto com mais roupas eventualmente despencando de lá e caindo em um a montanha de mais vestimentas.
— Mas o que é isso? — pergunta ela horrorizada com a minha bagunça, já que eu nunca mantenho o quarto desorganizado.
— Isso o quê? Não tenho roupa. — respondi sem ânimo e sem olhá-la.
— Sai dessa, garota. Garanto que tem uma roupa linda aqui para você usar... Você só não achou ainda. Vamos ver... Com que ar você quer ir?
— Não sei, Gina. Não sei se devo ir mais largada ou formal.
— Fofa, eu vou achar uma roupa pra você.
— Fofa? É, você tem razão... Até a Katye falou isso...
— O quê? Eu sei que eu sempre tenho razão, mas não sei do que dessa vez.
— Estou gorda.
— Ah não, Mi. Não começa! Você está ótima...
— Não minta pra mim, Gina. É mais uma razão para a qual eu não posso ir nessa festa.
— Vamos parar com a “emice” aqui?! — gritou ela. Cheguei a dar um pulo da cama e comecei a olhá-la. — Caramba, hoje a noite é pra bombar! Não é hora de se achar feia!
— Tem razão, Gina — admiti envergonhada.
— Eu sei! — respondeu ela com a cabeça dentro do roupeiro tentando achar algo decente para eu vestir. —Achei! — berrou ela, fazendo com que Bichento fosse pular para o meu colo assustado.
Acabou que ela escolheu meu tubinho azul de couro que é coladíssimo no corpo. Eu gosto dele... Realça as minhas pernas. Fiz uma escova caprichada, deixei as camadas de baixo voltadas para fora e as de cima para dentro. A franja era virada para dentro e a raiz dos cabelos era volumosa.
Sombra dourada, iluminador, corretivo, curvex, rímel, base, batom cor de boca e gloss transparente. Esses foram os itens usados par me produzir. Agora só faltavam os sapatos. Minha sandália de tiras largas e salto agulha com cerca de 10 cm de altura.
— Mi-o-ne! ‘Ta linda, amiga. — disse Gina, enquanto eu me olhava no espelho. — Vai arrasar!
— Valeu Gina. E você, então? Ma-ra-vi-lho-sa.
Gina vestia um vestido balonê salmão, o que lhe dava um ar de menininha. Minha sandália de salto alto prata caiu como uma luva nela. Seus cabelos rebeldes estavam presos estavam presos em um coque bagunçados, que quebrava seu estilo romântico. Seus olhos levemente marcados deixavam a atenção para seus lábios carnudos, onde se encontrava um batom vermelho, o que realçava suas madeixas ruivas e se contrastava em sua pele clara.
Descemos para o Salão Comunal da Grifinória, onde todos os alunos do 4º a 6º ano estavam prontos e bem arrumados. Rony e Harry gaguejavam para nos descrever. Aliás, os dois estavam muito parecidos: trajavam calça jeans e camiseta transada. A de Rony tinha detalhes em azul, que realçavam seus olhos. Já a de Harry possuía detalhes em verde para destacar os seus também, já que ele também não usava óculos.
Fred e George distribuíam passes com a própria assinatura de Dumbledore para o caso de Filch nos encontrar junto com aquela gata maldita dele. Estou começando a achar que o Bichento tem uma queda por ela... Mas isso só pode ser mais uma viagem minha mesmo.
Saímos rindo e chamando atenção de todos por onde passávamos. Encontrei Cho e as meninas. Elas estavam morrendo de inveja, perguntaram se eu estava bem e elogiaram a minha roupa. Percebi que as amigas que eu realmente considerava nem me visitaram na Ala Hospitalar. Agradeci pelos elogios e sai andando, mas antes joguei um beijinho para elas.
A Sala Precisa havia se transformado em uma boate, com uma pista de dança enorme, colorida e chamativa. Ao redor da pista, localizavam-se sofás e pufes copas e mesas.
O tempo passou, mas não tínhamos idéia de quanto. Gina estava aos beijos (leia-se: amassos) com Dino Thomas ( :O meu queixo caiu, literalmente). Fred e George também estavam “pegando umas minas”, como eles dizem. Eu bebi praticamente meio barril de cerveja amanteigada e eu não fiquei “feliz”, ao contrário de Rony e Harry, que beberam um barril inteiro cada um. Aliás, pensei que grifinórios gostassem tanto de beber.
A maioria, senão todos estavam mais para lá do que para cá. Todos à minha volta mantinham um hálito de bêbado. Conferi se eu também não estava com aquele cheiro horrível na boca. Eu já havia dançado pra caramba, mas isso não me impediu de voltar para a pista. Aquele vestido de couro estava me dando um calor...
Resolvi sair daquele ambiente fechado para tomar um ar no jardim. Mal viro o corredor e percebo que foi uma péssima idéia. Um grupo de sonserinos estava conversando animadamente. Detalhe: Flint e Malfoy faziam parte desse maldito grupo. Eles não haviam notado a minha presença, então passei por eles como se nem os conhecesse.
Recebi um assobio do tipo “fiu-fiu” (?!). Não liguei, só revirei os olhos. Ouvi vozes do tipo:
— Quem é ela?
— Não sei. Uma gata da Grifinória.
— Cara, que corpo e que rebolado...
— Merlin! É a Granger!
— Onde ela se escondeu esse tempo todo?...
— Credo! É a sangue-ruim!
— E daí?! Ela é gostosa...
—... — não pude mais ouvir depois de virar o corredor.
Achei que não havia escutado direito. Gostosa? Eu? E isso vindo da boca de um sonserino? Só posso estar maluca...
Um sorriso brotou em meus lábios quando cheguei ao jardim e uma brisa refrescante chicoteava meus cabelos e me resfriava. Minha alegria, porém, durou pouco Logo uma voz masculina de taquara rachada disse atrás de mim:
— Ora, ora, ora. Vejam só o que eu encontrei aqui: uma coelhinha perdida...
Bufei, revirei os olhos e passei por eles para voltar para o castelo. Que droga! Não se pode ter um minuto de sossego nessa escola? Ele me abraça por trás e começa a cheirar meu pescoço.
O pânico percorre meu corpo com uma velocidade incrível. Eu não conseguia me mexer! Por que eu não conseguia me mexer? S.O.S.! Ele beija meu pescoço. “Que nojo! Que nojo! Que nojo!”, esses eram meus pensamentos. Até que ele mordeu a minha curva do pescoço de leve. Recuperei o controle do meu corpo, graças à Merlin. Pisei no pé dele que deu um gritinho bem feminino, por sinal e me soltou.
Saí andando em direção ao castelo. Eu estava quase na porta quando ele segura meu braço com força e me faz virar-me para encará-lo:
— Qual é a sua, garoto? Me solta! — agora ele segurava meus pulsos, fazendo com que ficássemos de frente.
— É só um beijinho, Granger. Não vai te matar, querida.
— Me solta, seu estúpido!
Eu me debatia, mas era impossível eu me livrar dele. O pior é que seu rosto estava quase chegando no meu, mesmo com as minhas mãos o empurrando e eu me inclinando para trás até o ponto em que as minhas costelas começavam a doer. Dois cm de distância e eu podia sentir seu mau hálito.
— Pode para com isso, Flint! — graças à Merlin alguém gritou. Era uma voz masculina. Eu podia ver o vulto andando rapidamente a passos largos.
— Ah, qual é! Eu disse que ia dar uns pegas nessa daí. Eu só quero ver se a sangue-ruim dá pro gasto...
— Nunca se trata uma garota assim, seu idiota! E você nunca mais vai esquecer-se disso!
Quando vi, o garoto já estava espancando Flint e havia o derrubado no Lago da Lula Gigante. Meu salvador já ia pular para bater mais naquele imbecil, mas eu segurei seu braço.
— Pára, pára, pára. Já está bom assim.
— Qual é o seu problema? Ele merece mais! — respondeu ele sem me olhar. Vi que seus cabelos eram lisos e loiros.
— Eu sei, mas não quero que nem eu nem você sejamos culpados pela morte de uma anta como esse aí. De qualquer forma, obrigada por... — então ele olhou para mim e pude ver quem era: — Malfoy?

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