CAPÍTULOS 5 E 6



CAPÍTULO 5: OS ESCOLHIDOS
No outro dia, acordei com vontade de me esconder em minha cama pelo resto da minha vida por um motivo: hoje os escolhidos para o Torneio seriam divulgados. Tomei um banho bem demorado, que sempre me relaxava, porém, desta vez, não ajudou. Vesti-me e fui para o café-da-manhã. Depois tiveram as aulas, e, no jantar, tive que voltar para o Salão Comunal. Lá, me sentei novamente com Cho, assim como de manhã, na mesa de Corvinal, pois não queria ver Harry e Rony nem pintados e também porque de lá eu podia ver todo o salão. Meus olhos correram rapidamente pelo salão à procura de meus três alvos. Cedrico estava todo contente, mas, quando olhou para Harry e Rony e não me viu, ficou um pouco triste. Ainda bem que ele não conseguia me ver. Já meus dois amigos não estavam muito alegres, não. Na verdade, eles estavam meio borocochos. Cho soprou no meu ouvido:
— Hei Hermione, hein?! Poderosa!
— O que houve?
— Viktor Krum está te olhando sem parar.
Virei-me na direção onde ela estava olhando e vi Viktor sentado me olhando de um jeito estranho, igual a Malfoy, mas a diferença era que Malfoy era um idiota. Ele sorriu para mim e sorri de volta. Então ele, discretamente, me mandou um beijo soprado. Então me voltei para a mesa.
— Hermione, não olhe agora, mas Harry e Rony estão vindo para cá. — só agora me dei conta de que o café-da-manhã já estava no final, eu não estava com fome mesmo, mas a hora de anunciarem os Campeões já estava chegando, ou seja, eu devia me sentar com os alunos de minha casa. Quando eles estavam próximos do nosso lugar, fechei a cara. Harry disse:
— Mione, a gente queria se desculpar pelos nossos últimos momentos não tão agradáveis.
Olhei para eles e os dois deram um pequeno sorriso.
— Por favor. — insistiu Rony.
— Ta bom, ta bom. Mas só dessa vez, hein?! Olhe lá, da próxima vez não tem volta...
— Não haverá outra vez. Prometemos. — disseram os dois.
Então, me despedi das garotas e os segui até onde eles estavam sentados. Bem perto da frente de Cedrico, mas ele estava na outra mesa, pois era de Lufa-lufa. Quando nos sentamos, o diretor tirou o primeiro papel com o nome da pobre coitada escolhida da escola de Brexabouts.
— A campeã de Brexabouts é Fleur Delacour. — Fleur se levantou e foi em direção ao diretor. Rony suspirou.
— Rony! — disse, rindo — Ela é três anos mais velha que você.
— E daí? — respondeu ele.
— E daí que ela está saindo com um cara da Durmstrang, então, esqueça.
— Tem razão... Mas eu posso tentar conquistá-la...
— Bem, a vida é sua. Quem sou eu pra me meter... Faça o que quiser. — respondi contendo o riso.
Ele ficou quieto. Vovô tirou outro papel:
— O campeão de Durmstrang é Viktor Krum. — Viktor se levantou e praticamente todas as garotas da escola suspiraram ao mesmo tempo, como se já estivesse programado. — E o campeão de Hogwarts é — ele não. Por favor, por favor, por favor, não — Cedrico Diggory. — NÃO! Obviamente ele ficou com um sorriso de orelha até orelha. Meus olhos deviam ter se enchido de fúria, pois ele não gostou da minha cara e também porque Harry perguntou:
— Hermione. Está tudo bem?
— Ã? Claro.
De repente, o Cálice soltou mais um pedaço de pergaminho. Dumbledore o pegou e chamou o nome que estava nele:
— Harry Potter!
— O que você fez? — me segurei para não arrancar os cabelos fora.
— HARRY POTTER! — gritou vovô, agora brabo.
— Vai, Harry. Vai lá! — o empurrei. Agora não havia mais volta. Que droga!
Rony olhou para Harry e, pelo jeito, Harry não havia dito nada para ele. Fiquei quieta. Ele provavelmente deveria estar muito brabo, pois seu rosto ficou pálido. E isso não é normal.
— Rony, você está bem? — perguntei.
— Estou. Não se preocupe comigo. Venha, vamos para o dormitório. Já está na hora de irmos dormir mesmo. — ele olhou no relógio — Na verdade, já se passaram 10 minutos do toque de recolher. — ele agarrou minha mão e fomos para o dormitório. No caminho perguntei:
— Não parece estar tudo bem. Pode me contar.
— Harry não me disse que havia se inscrito no Torneio, assim como não disse que estava a fim da Cho. Acho que ele não confia em mim.
— Não fique assim. Ele pode não ter se inscrito e pode não ter te contado porque só percebeu que gostava dela nesse ano e eu fiquei junto com vocês o tempo inteiro. Se tem alguém em que ele não confia é em mim.
— Você não fica braba?
— Um pouquinho. Mas confiança não se ganha de uma hora para a outra, se conquista com bastaaaaaaaaaaaaaaante tempo. E para conquistar a confiança de Harry se deve ter paciência, porque acho que ele é muito desconfiado...
— Obrigado, Hermione. — e me abraçou.
Quando chegamos a Sala Comunal, ele foi para a ala masculina e eu fingi que ia para meu quarto na ala feminina. Chegando ao meio das escadas, voltei e fui para o terraço do prédio principal. Aquele lugar era o nosso ponto de encontro, meu de meu irmão. Lá, nós tínhamos vários pombos presos em gaiolas que sempre os soltava no fim de cada mês e, como eram encantados, voltavam depois de uma semana. Não agüentei vê-los presos e os soltei.
Logo após, fui para a biblioteca e estudei um pouco para a prova de poções da semana que vem. Depois pesquisei um pouco sobre lobisomens. Descobri que o líder do bando era sempre o mais temperamental e, como Jacob havia me dito que o líder de verdade de sua matilha era ele e não Sam Uley, até que as suas descrições estavam bem de acordo com a sua personalidade.
Chegando ao meu quarto, quase levo um susto. Cedrico estava sentado na minha cama, olhando feio para mim. O fuzilei com os olhos por uns 5 segundos e depois disse:
— Ai, que susto.
— Onde você estava? — questionou ele em tom severo.
— Não é da sua conta — respondi, enquanto ia em direção ao banheiro e escovava os dentes.
— Como assim “não é da sua conta”? — perguntou ele, agora no banheiro comigo.
— Você ouviu muito bem. Não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer. Já que você não gosta quando me meto na sua vida, fique fora da minha.
Ele ficou sem palavras e, então voltei para o quarto, ele me seguiu, peguei meu pijama, voltei para o banheiro e fechei a porta. Enquanto me trocava, ele não disse uma palavra. Ou pelo menos eu não ouvi se ele disse algo enquanto esteve no meu quarto. Depois que voltei, já estava vestida para dormir. Coloquei minhas roupas no cesto de roupa suja e voltei para o banheiro. Desta vez ele me seguiu e disse, enquanto eu penteava os cabelos:
— Isso tudo é “vingança” — ele fez aspas com as mãos — por eu ter me inscrito no Torneio e ser escolhido?
— O-o quê? Não! Afinal, do que você está falando? — eu não olhava para ele cara a cara, mas o via pelo espelho.
— Então o quê? Seus amigos brigaram com você de novo? Você não é mais aquela garota alegre de sempre e tenho notado que você não tem comido nada faz dois dias.
— Não. Não houve nada. Só Rony está brabo por Harry ter se inscrito naquela porcaria de torneio e não ter dito nada para ele, mas... Isso não tem nada a ver... E eu estou me sentindo muito bem!
— Ah, já sei o que é: você está planejando usar as gravações como desculpa para ficar fora da escola o máximo de tempo possível e correr de volta para os braços do seu vampiro, não é?
— E se for? — me virei para ele — Pense assim: sua vida está um caos e, de repente, alguém gosta muito de você de verdade. Então, por que não aproveitar, já que tudo vai acabar mal mesmo? É melhor curtir o máximo.
— Faça o que quiser. Não sei mais quem você é mesmo. Essa história de ter outras personalidades te transformou. Não consigo mais reconhecer minha irmã caçula em você. — e ele saiu do banheiro. Não fui atrás dele e ouvi a porta do quarto sendo fechada.
Quando ouvi a batida, não segurei o choro. Novamente lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Guardei a escova de cabelo, me sentei na cama, peguei meu caderno onde anotava as letras das minhas músicas e comecei a rabiscar versos e melodias, mas eu não conseguia concentrar-me. Então peguei minhas fotos com Edward e comecei a olhá-las e analisá-las uma a uma. Depois disso não me lembro de mais nada.

Acordei com o despertador. Como eu sempre programo o despertador para tocar umas duas horas antes de a aula começar, tomei banho, me vesti e comecei a escrever uma música. Dessa vez eu consegui. Resolvi colocar o nome de Who I Am. Ficou legal. Liguei para a gravadora (Cedrico havia me dado um papel com o telefone e o nome do pessoal de lá para o caso de eu querer tirar dúvidas ou sei lá) e eles disseram que poderiam agendar um horário para mim ainda hoje. Olhei o relógio novamente. Faltavam 15 minutos para o café-da-manhã. Fui para o Grande Salão. Lá já se encontravam quase todos os alunos. Sentei-me no espaço que estava no meio de Harry e Rony. Pelo jeito a briga dos dois foi feia.
— Então, ãh... É tão agradável começar o dia com os amigos, não? — disse alguns minutos depois de me sentar.
— Pode ser... — respondeu Harry.
— Se você tem um amigo de verdade mesmo, é. — falou Rony.
Olhei para Fred e George, que provavelmente já sabiam e pedi ajuda com os olhos. Eles fingiram que não entenderam e eu os fuzilei com os olhos, pois, com um pequeno esforço, li a mente deles. Eles estavam pensando em ganhar algo com me ajudar.
— Hermione, Hermione. Você está bem? — indagou Rony preocupado com meu transe.
— Ãh? O quê? Claro que estou. Por que não estaria? — respondi ainda meio tonta.
— Pss! Potter! Potter! — chamou uma voz baixa atrás da gente, da mesa dos alunos de Sonserina. Viramo-nos para onde a voz havia chamado. Era Malfoy. — É verdade que falou para um aluno mais velho para colocar seu nome no Cálice? Não consegue ficar sem chamar atenção?
— Não enche, Malfoy. — fiquei surpresa por Rony defender Harry.
— Não meta seu nariz onde não é chamado. — e virei Harry de volta para a mesa, pois os meus dois amigos estavam muito longe. Tenho certeza de que se Rony estivesse perto de Harry, teria feito isso.
— Ui, ui, ui... Granger superprotetora. Acho que seus amigos bebezões já sabem se defender sozinhos, não? — gozou ele.
Eu ia responder e quase parti para cima dele, mas Harry e Rony me puxaram de volta para a mesa ao mesmo tempo.
— Eu ainda vou dar um murro na cara dele. Juro. — disse para os dois, que ainda me seguravam para eu não pular em cima do pescoço daquele mimado.
O sinal tocou e todos foram para suas salas. Infelizmente, minha sala era a mesma de Malfoy. Pra variar, Rony ainda estava brabo com Harry. Então, Harry sentou ao meu lado na coluna do meio, Rony sentou ao lado de Simas na coluna da direita e Crabbe e Malfoy na coluna da esquerda. Todos nós na segunda fileira.
No meio da aula, Malfoy mandou um bilhete em forma de pássaro para o lugar de Harry e meu. Caiu na minha mesa. Primeiro, eu quis queimar com a minha varinha, mas a curiosidade me venceu. Mesmo sabendo que seria uma bobagem, abri quando a professora McGonnagle estava meio distraída e não me tinha em seu campo de visão.
Estava escrito: “Bancar a mãezona é uma graça. Você está linda e fica ainda mais irritada. Queria te ver sorrindo. Você deve ficar maravilhosa. Draco Xx”
Olhei para ele com as sobrancelhas unidas e uma cara de “você é louco?”. Ele enrugou a testa e voltou ao normal rapidamente e deu um meio sorriso. Discretamente, tirei minha varinha do bolso e fiz com que aquele bilhete sumisse. Na verdade, eu não faço a mínima idéia de onde ele foi parar. A professora disse algo enquanto eu fingia estar concentrada. Era algo sobre fazer trabalho em dupla. Quando ela terminou de falar Harry se virou para mim e disse:
— Você é minha dupla. — disse Harry
— Tudo bem. — respondi ainda meio confusa.
Começamos a fazer o trabalho, mas eu não conseguia me concentrar direito. Eu queria fazer minhas respostas de sempre, ou seja, completas até demais. Em vez disso, foram respostas simples, iguais a dos outros alunos que dominavam a matéria. Acabou a aula e eu tinha combinado comigo mesma que ia para a academia malhar um pouco para ver se não eu consigo descarregar toda essa pressão e tudo mais.
— Vamos terminar o trabalho agora, Hermione? Na biblioteca? — perguntou Harry
— Am... Harry, não vai dar. Eu já tenho compromisso.
— Ah ta. Vamos deixar para amanhã então. — falou ele meio desanimado.
— Claro.
Fui para a academia e já comecei a malhar. Na verdade, me senti muito bem. Malhei o glúteo, o peito e principalmente o abdômen, ou seja, GAP (hihi – não a marca trouxa, e sim, a linguagem de academia.)
Fui para o Grande Salão, era hora do almoço. Quando ia passar pela porta, meu irmão me agarrou pelo braço. Não sei por que o apoiei quando ele quis começar a malhar. Agora, ele apertava meu braço sem perceber que estava usando sua força.
É incrível como ele era parecido com Edward. O meu Edward. O meu amor a quem eu sinto tanta falta agora. Afastei esses pensamentos de minha mente e me lembrei do que Cedrico havia me dito na noite passada. Se eu estivesse um pouco mais concentrada, com certeza sairia fogo dos meus olhos. Antes de eu poder fazer qualquer coisa, ele começou a falar:
— Olha Hermione, me desculpe pelo que eu disse noite passada. Aquilo foi na hora da raiva. Você me perdoa?
— Bem, eu não devia, mas se você me soltar eu te perdôo. — eu disse me contorcendo, tentando sem sucesso retirar meu braço de suas mãos. Quando a ficha dele finalmente caiu, ele me soltou. Ficou a marca vermelha de seus dedos em meu braço. Sorte a dele que eu tinha casaco e teria que colocá-lo. Passei a mão de leve onde ele havia deixado a marca. Estava doendo. Ficaria roxo.
— Desculpe.
— Me lembre de não apoiá-lo da próxima vez que não o deixarem malhar. Acho que já sei um dos motivos. — brinquei.
— Essa é a minha irmã caçula. — e me deu um croque.
— Ai, ai, ai. — disse. Estava doendo. Ele parou. — Que idéia é essa? Em primeiro lugar, você não pode fazer isso por que não sabe controlar sua força ainda. Em segundo lugar, assim você desarruma meu cabelo. E em terceiro lugar,... Tome isso. — e desarrumei bastante seu cabelo para depois arrumá-lo do jeito que eu gostava. — Bem melhor. Por que você não arruma seu cabelo assim?
— Não gosto. — e bagunçou e arrumou de novo sua cabeleira.
Meu cabelo já estava arrumado e meu casaco vestido. Entrei primeiro e sentei-me no meio dos meus dois amigos novamente. Fiz um esforçinho e li a mente de Rony. Dragões. Não. A primeira tarefa era enfrentar um Dragão e pegar tal ovo lá.
— Não! — soltei em uma voz um pouco mais alta que o normal, mas, como o Salão estava cheio e todos falavam ao mesmo tempo, só Harry e Rony escutaram. Eu estava com a respiração acelerada e não conseguia sair do transe.
— Hermione. Hermione, você está bem? — perguntou Rony enquanto Harry me sacudia levemente. Quando consegui sair daquele estado, sacudi um pouco a cabeça para organizar as idéias.
— Está tudo bem? — perguntou Rony preocupado.
— Está, está tudo bem, sim. Só estou um pouco confus... Quer dizer, cansada. — quase dou uma bandeira novamente.
— Você anda muito estranha ultimamente...
Fingi que não havia ouvido. Olhei para Cedrico e pensei: “Preciso falar com você”. Ele fez sim com a cabeça. Assustei-me um pouco e ouvi seus pensamentos. Eles diziam: “Fique calma. Eu posso me comunicar com você através da mente. Afinal, eu também faço parte da família real, né?”. Soltei um risinho baixo.
Harry e Rony se olharam e Harry disse:
— Está tudo bem, mesmo? Ainda há pouco você parecia estar assustada e agora está dando risadinhas. De vez em quando você some... E agora está meio que falando sozinha...
— Estou bem, Harry. Vocês é que estão imaginando coisas...
Ficaram quietos. Depois de comermos (desta vez eu comi algo – sim, eu estava com fome – sob a cuidadosa vigilância de meu irmão), fomos para a aula e nada de mais aconteceu a não ser pelo fato de que na minha segunda aula, vovô me tirou da sala. Quando estávamos lá fora, descobri por que: era hora de gravar as minhas duas músicas novas. Eu havia me esquecido completamente.
Tudo bem. Agarrei-me ao braço de vovô e de repente me vi ao seu lado na sala de espera da gravadora. Eu não estava acostumada com aquilo, mas já esperava algo desse tipo, então não me surpreendeu. Acho que é por isso que vovô não chega atrasado a lugar algum...
— Finalmente! Vamos logo. Venha! — disse um homem com jeito de impaciente, cheio de fios, um headphone na cabeça e pastas e mais pastas nas mãos. Eu o segui e vovô ficou na sala de espera. Ainda não entendi porque ele tirou de mim meu Vira-tempo. Assim, pelo menos, eu não perderia aulas! Se bem que, a esta altura do campeonato, estudar não era meu foco. Eu não conseguia estudar sem parar de pensar em Cedrico. Ele sobreviverá ao dragão? — Vamos! Vamos! Mais rápido! — o homem parecia estar mais impaciente que antes. — Ah! Aí está você! Vamos logo gravar as suas obras fantásticas. Hm... — disse ele agora pensativo, passando a mão nos meus cabelos. — Teremos um pouco de trabalho com esses seus cabelinhos aqui. Mas depois falamos nisso. Venha! Venha! — ele puxou meu pulso para segui-lo.
Ele me colocou em uma sala totalmente branca com uma janelona onde dava para ver o pessoal que edita a música, além de ter um piano, guitarras, baterias, baixos e outros instrumentos, microfones, e vários homens. O mais alto, disse apertando minha mão:
— Você deve ser Emma Watson. Oi. Eu sou Lars e esses são meus amigos. Fomos escalados para ser sua banda.
— Hm... Oi. É um prazer conhecê-los Mas, se não se importam, gostaria de eu mesma tocar o piano e aproveitar e mostrá-los o ritmo e os instrumentos a serem tocados.
— Vamos logo com isso! — gritou o homem da porta.
— É melhor começarmos a tocar a música, senão, Charlie fica bravo.
Deduzi que Charlie era o homem do headphone e das pastas. Depois de eu mostrá-los as músicas umas três vezes cada uma, começamos gravando “When You’re Gone”. Estou começando a perceber que minha voz fica mais grave quando estou triste, mas combinou com a música. Já na “Who I Am” tive que gravar umas duas vezes. Na primeira vez, ficou grave demais e então, parei por uns três minutos, eu tomei um copo de água, fui ao banheiro e lavei o rosto, respirei fundo e voltei para a sala. Finalmente consegui deixar minha voz mais aguda.



CAPÍTULO 6: A PRIMEIRA TAREFA
Depois de gravarmos, voltei para minha sala e nada de importante aconteceu. Harry e Rony não me perguntaram por onde eu estive nem nada. Não vi Cedrico o resto do dia, nem no jantar. Estranho. Chegando ao meu quarto, eis que o encontro deitado sobre minha cama vendo televisão. Ele deu um salto quando entrei e disse ansiosamente:
— O que você tem de tão importante para me falar, Hermione. Estou curioso agora.
— Muito bem, se te disserem, finja que não sabia. — ele fez sim com a cabeça— A primeira tarefa é conseguir um ovo de dragão. Dentro desse ovo tem uma pista para a segunda tarefa. Não sei o resto. Só de pensar em ver você enfrentando um dragão foi o bastante para me desconcentrar dos pensamentos de Rony.
— Há! Você? Com medo de EU enfrentar um dragão? Você deve estar brincando. Vai ser moleza. Não se preocupe comigo.
Dei um sorriso amarelo. Ele não levou fé.
— Ah. Que é isso? Olha pra você. Linda, inteligente, talentosa, esportista, corajosa,... Deixe um pouco para o resto do mundo. Você não pode ser tudo. Às vezes penso que você é um sonho ou um fruto da minha imaginação...
Fiz uma careta.
— Tudo bem. Vamos fingir que sou tudo isso. Só para você ter uma idéia: hoje tive que cantar uma música mais de uma vez só para conseguir gravar. Você me desconcentra, sabia?! — Nós dois rimos. E então me lembrei de uma coisa: — Muito bem, Sr. Cedrico. O senhorito aí me prometeu cantar uma certa música com a minha pessoa e até agora, já gravei duas músicas e nada da que eu queria gravar primeiro.
Ele foi pego de surpresa e odeia isso. Primeiro ficou vermelho, depois roxo e azul. Após a variação de cores, pouco a pouco, tom a tom, voltou a ser meu irmão meigo e lindo de sempre.
— Tudo bem, tudo bem. Não precisa gravar. — disse me virando para o banheiro e caminhando naquela direção. — Afinal, eu gravo sozinha. Não faz mal. — senti sua mão segurando meu pulso. Virei-me e ele me olhou com uma cara de cachorro que caiu do caminhão. — Ah não. Não faz essa cara, não.
— Ta bom, ta bom. Eu componho a música com você no sábado e a gravo semana que vem... — respondeu ele. Dei um gritinho e o abracei. — Se me ajudar a desvendar as tarefas...
— Moleza...
Encaminhei-me para o guarda-roupa enorme da parede para pegar meu pijama de cerejas, que é o mais quente que eu tenho. O peguei e me fui em direção ao banheiro e percebi que hoje era sexta-feira, ou seja, era dia de “HH” (“Hora da Hermione”). Nesse tempo eu tenho 5 horas para fazer hidratação no cabelo, limpeza de pele, manicure, pedicure e tenho direito a um longo e quente banho de espuma, além de meditar um pouco. Então disse:
— Não te aconselho me esperar. Hoje é dia de “HH”...
— Ah é mesmo. Não sei por que você precisa ficar 5 horas trancada em um banheiro... Vocês, mulheres são tão difíceis de compreender... Você é linda. Não precisa dessas 5 horas de desperdício de tempo...
— Ta bom, ta bom. Te manda então. Vá fazer algo útil enquanto eu fico com minhas inutilidades durante 5 horas. Beijo. Me liga.
Nós dois rimos. E eu pensei “Me bajular não irá adiantar muito. Eu vou te ajudar a vencer essa porcaria de qualquer jeito”. Ele gostou. Saiu com um sorriso lindo e enorme.

CAPÍTULO 7: O (MALDITO) OVO DO DRAGÃO
Eu e Cedrico tivemos momentos ótimos compondo a música. Decidimos colocar o nome de “Jericho”, que é um lugar que inventamos quando éramos crianças (no ano em que entrei para Hogwarts e descobri que ele era meu irmão). Um dia antes da primeira tarefa, nós a gravamos. Mas, conforme as horas iam passando, eu ficava cada vez mais nervosa.
Para minha infelicidade, o dia e a noite passaram rápido. Até demais. Não estava nos meus planos comparecer a primeira tarefa, mas Cedrico acabou me convencendo...
Flashback
— E ai? Comparecerá a minha vitória na primeira tarefa amanhã, né? — perguntou meu irmão ao sairmos do estúdio de gravação.
— Cedrico, eu... — disse após respirar fundo.
— Tudo bem, tudo bem. — ele me interrompeu. — Você não precisa ir, se não quiser. Afinal, não vai perder nada de importante... Só o fato de que se eu me machucar, ninguém vai se importar em me socorrer a não ser a minha maninha querida que não quer mais saber do velhote do seu irmão... — ele parou no momento em que subi na cacunda dele e disse em seu ouvido:
— Tá bom. Você venceu. Eu assisto a essa porcaria. Mas se você se machucar ou algo assim, terá que me dar um presente. — e beijei sua bochecha. Ele não percebeu, mas na hora em que o beijei, conjurei um feitiço bem simples para algo bem difícil: eu sentiria 75% de sua dor por dois dias.
Fim do Flashback
Já estávamos esperando a primeira tarefa começar há 15min e nada. Ron já estava resmungando que o torneio não estava bem organizado e blá, blá, blá. Não me agüentei. Tive que levantar.
— Aonde você vai? — pergunta Rony pegando meu pulso.
— Ao banheiro.
Na verdade, eu não estava indo ao banheiro coisa nenhuma. Fui até a cabana onde os Campeões estavam. Na entrada haviam seguranças que não deixavam ninguém passar, então, tentei por outro caminho. Não sei como, mas, antes de tentar entrar, respirei fundo e senti um cheiro muito conhecido que estava bem próximo ao lugar onde eu me encontrava: o de Harry. Ele tinha um cheiro de café com sabonete para pele seca.
— Pss — chamei aos cochichos através da parede de pano que estava entre nós. Nenhuma resposta. — Pss! — fiz um pouco mais alto e senti algo se encostar na parede de pano. — Harry, é você? — que pergunta idiota. Mas, como ele não sabia que eu sabia que era ele...
— Sim. — respondeu ele com uma voz meio rouca.
— Sente-se bem? — ele balançou a cabeça em sinal de mais ou menos. “Estaria melhor fora desse concurso idiota e com você ao meu lado me explicando pela enésima vez a lição de casa” pensou ele. Eu sei que é errado ficar xeretando os pensamentos dos outros, mas foi involuntário.
— Só precisa se concentrar. — disse após alguns segundos de hesitação. — Depois é só...
—... Derrotar o dragão. — completou ele.
Não sei o que me deu, mas senti uma imensa vontade de abraçá-lo com força. Não me segurei. Passei pela parede de pano e o abracei. Ele ficou surpreso, pois não esperava esse tipo de reação vinda de mim. “Flash!”. Foi o que eu ouvi após dois segundos estrangulando Harry no meu abraço mortífero, e não era um pensamento. Afastei-me dele e olhei de onde vinha o barulho: era Rita Skeeter (a jornalista que escrevia para o Profeta Diário – jornal bruxo muito famoso) e seu fotógrafo.
— Amor juvenil... Mas que... Emocionante. — disse ela com uma cara de chocada. — Se o pior de tudo acontecer hoje, vocês dois podem até sair na primeira página. — agora ela estava sorrindo.
— Você não tem nada para fazer aqui. Esta barraca é para Campeões e amigos. — falou Krum, com seu sotaque estranho.
— Nós já acabamos aqui mesmo. — disse pegando seu bloco e sua pena de repetição rápida, a qual anotou tudo o que foi falado dentro daquela barraca. Assim que a pena parou em sua mão, ela passou no pescoço e queixo de Viktor. O fotógrafo tirou mais uma foto e foi embora.
— Muito bem Campeões. Vocês esperaram, ansiaram e agora esse momento chegou. O momento o qual só vocês quatro poderão desfrutar. — disse vovô que veio seguido do Sr. Crouch, os dois formando uma roda. Eu agarrada ao braço de Harry, ao lado de meu avô, ao lado de Harry, Cedrico, que não desviou os olhos de mim desde que entrei naquela barraca, Viktor, que me olhava de um jeito estranho e Fleur que era a única que prestava atenção no que estava sendo falado, eu acho. —... O que está fazendo aqui Srta.?
Finalmente me toquei que eu não deveria estar ali, e sim, ao lado de Rony na arquibancada sendo incomodada por Malfoy, para variar. — Desculpa, éhm, eu já estou indo... — “Cedrico, pelo amor de Deus tome cuidado, por favor.”. Pensei enquanto saia do lugar e o vi afirmar com a cabeça discretamente pela mente de meu avô. “Mia, não se meta em minha mente para ver seu irmão.”. Assustei-me. “Mia?”. “Sim, seu apelido quando jovem era Mia. Você não gostava muito do nome Amélia...”. Não respondi.
Chegando ao meu lugar ao lado de Rony, ele perguntou em um tom preocupado avisando que ele não estava muito feliz:
— Por onde você esteve? O torneio está quase começando e você ia perder!
— Desculpe! Aproveitei para fazer uma visita ao Harry.
— Ah. E ELE está bem? — disse ele mudando a entonação da voz no “ele” e fechando a cara.
— Está. Mas — coloquei meu braço em volta de seus ombros de forma encorajadora —, se vocês fizessem as pazes, ele e você ficariam melhores.
Ele abriu a boca, mas foi interrompido por uma voz muito conhecida e odiada por nós.
— Ai meu Deus. Que visão horrorosa! — retirei meu braço de cima de Rony revirando os olhos e olhei para trás. Era Malfoy — Um pobretão como o Cenoura Ambulante com uma sangue-ruim feito a Granger é nojento e vergonhoso de se ver...
— Por que vocês não vão para um motel de uma vez? — disse Pansy, com aquele seu tom de deboche com um sorriso malicioso.
Abri a boca me levantando, mas Rony foi mais ágil e me puxou para baixo me sentando no banco me interrompendo (agora ele e Harry estão começando com esse hábito! Mas que saco! Deixa eu bater em alguém, poxa!):
— Por que vocês não cuidam das suas vidas?
Minha raiva passou na hora em que vi a figura de meu irmão saindo do meio de algumas rocha e todos gritando “Cedrico” e berrando coisas inteligíveis. Não me agüentei. Sai correndo em direção à saída. Não queria que Rony visse a minha dor. Li a mente dele. Somente quando eu já estava fora de vista ele notou que eu não estava mais lá.
Mal sai de lá e já senti uma dor forte em meu braço, como se eu tivesse o posto em uma pedra quente. Minutos depois, meu estômago começou a latejar, como se eu tivesse levado um soco no estômago. E assim passei 20min com dores. No fim, meus braços estavam doendo como se eu tivesse feito uma série de exercícios além de minha capacidade para os bíceps, minhas pernas estavam bambas, minhas costas ardiam sem parar (acho que Cedrico bateu muitas vezes as costas nas pedras) e uma enxaqueca infernal resolveu me atingir. Minha cabeça latejava. Comecei a andar em direção a enfermaria. Comecei a andar não, eu TENTEI andar como pude. Estava tonta demais e cambaleei até um corredor vazio. Lá, comecei a ficar cada vez mais tonta e depois disso não me lembro de mais nada.

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