Surpresas



3. Surpresas

Era muito difícil encontrar com Harry e Gina na casa deles, a não ser na hora do café da manhã, os dois estavam muito ocupados. Decidi que ficaria este primeiro dia em casa mesmo, ainda me sentia cansada, afinal, não tive férias nos últimos 5 anos, queria curtir preguiça mesmo, ver algum filme trouxa na tv, ouvir música, mas eu sentia que não conseguiria conseguir fazer isso por muito tempo, já que nunca fui de ficar muito tempo parada.
Antes do fim de meu segundo dia sozinha na casa de Harry e Gina o tédio já estava me corroendo, e mesmo que eu quisesse sair em busca de trabalho não conseguiria pois com as festas de fim de ano a maioria dos departamentos do ministério estava de recesso. Todos estão trabalhando, e eu já estava quase me conformando que teria que passar mais um dia sozinha quando me lembrei de Sirius. “Você não pode!” Pensei. “Não pode por quê?! Você não deve nada a ninguém” Pensei no segundo seguinte. Então, peguei um pergaminho e uma pena e escrevi o bilhete:

Sirius,
Você me disse que se eu precisasse de companhia eu poderia falar com você então resolvi escrever.
Estou pensando em sair para comprar os presentes de Natal, todos estão ocupados e não tem ninguém para me acompanhar. Você gostaria de ir comigo?
Espero sua resposta.
Abraços,
Mione.

Dei-me por satisfeita com a carta e mandei pela coruja do casal. Não demorou muito até que a resposta chegou, quando abri o pergaminho pude sentir um cheiro levemente amadeirado Cheiro de homem maduro. Pensei, enquanto lia o que estava escrito:

Dá uma passada aqui em casa, no Largo Grimmauld. Estou terminando de despachar umas corujas e então posso te dar toda a atenção do mundo.
Sirius.

Não sabia bem a razão, mas eu estava extremamente excitada com aquele passeio. Arrumei-me com todo o cuidado, como uma adolescente que vai sair no seu primeiro encontro. Como pretendia caminhar bastante resolvi vestir uma roupa mais confortável, o bom e velho jeans e camiseta. Passei um lápis no olho, calcei meus all stars, enrolei um cachecol no pescoço, vesti o casaco e saí.
Quando aparatei no Largo Grimmauld muitas lembranças vieram à minha mente. De todo o período que passávamos ali, das férias, dos planos para conter as ações dos comensais da morte, das mais simples tarefas que Sirius realizara ao meu lado. Embora eu estivesse tentando me proteger, dizendo para mim mesma que não adianta sonhar com o impossível, eu já não podia negar que ele mexia comigo. Bati na porta e alguns segundos depois ele apareceu dizendo:

“E desde quando você precisa bater na porta pra entrar nessa casa?”
Ainda estava de pijamas e cabelo bagunçado, mas mesmo assim estava bonito. Será mesmo que ele já estava trabalhando quando eu mandei a coruja?
“Já faz tanto tempo desde que vim aqui pela última vez”, respondi.
“Eu poderia dizer que é como se você nunca tivesse saído, mas você está muito diferente pra eu tecer este comentário”. Fiquei um pouco sem graça com o comentário.
“Já ia me esquecendo. Bom Dia!” Disse Sirius, me abraçando e me dando um beijo na bochecha. Respondi o cumprimento e o ouvi dizer: “Fique à vontade. Eu já terminei de resolver os negócios que tinha pra resolver hoje, mas ainda preciso de um banho antes de nós sairmos. Eu não me demoro”. E subiu as escadas. Fiquei por ali observando aquele lugar onde tantas coisas boas aconteceram.
Entrei na cozinha onde tantas reuniões da Ordem da Fênix aconteceram, olhei para a lareira por onde Harry havia conversado com Sirius e Lupin no quinto ano; para o armário onde Monstro morava e guardava os tesouros da família Black. Fui andando pelos cômodos da casa e fui parar na sala onde ficava a grande tapeçaria com a árvore genealógica da família a quem pertence aquela casa. Estava com a mão sobre o lugar onde costumava a ter inscrito o nome Sirius Black quando ele entrou, vestindo uma calça jeans, uma camiseta de uma banda trouxa chamada “Sex Pistols” * e uma jaqueta de couro.
“É uma pena que eu nunca tenha conseguido tirar isso daí”. Nada respondi. Então Sirius continuou:
“Está com fome? Podemos almoçar num restaurante aqui perto antes de sairmos para você fazer as suas compras”.
Sorri e disse que qualquer lugar estaria bom. Então fomos andando mesmo, apesar de muita neve da noite anterior no chão, o sol estava tão brilhante e o clima ameno que a caminhada foi extremamente agradável. Sirius e eu conversávamos sobre os últimos tempos, atualizando um ao outro sobre nossas próprias vidas. E então ele perguntou:
“Muito me estranha uma moça tão bonita e inteligente continuar solteira”.
“É difícil encontrar uma pessoal a fim de compartilhar a vida hoje em dia”, respondi apenas.
Chegamos ao restaurante, era um lugar bastante aconchegante, fizemos nossos pedidos e conversávamos animadamente enquanto comíamos. Ele me perguntou o que eu pretendia fazer dali pra frente e eu respondi que queria trabalhar no St. Mungus, mas que primeiro eu deveria achar um lugar pra ficar, já que o processo de admissão é um pouco demorado e eu não queria ficar atrapalhando um casal de recém casados. Ele riu e disse que eu não precisava me preocupar com Harry e Gina.
Durante todo o dia andamos, conversamos, rimos muito. Fazia muito tempo que eu não passava tantas horas tão divertidas com alguém. Ele me esperava pacientemente enquanto eu escolhia os presentes e me dava opiniões quando eu as pedia. Sirius realmente fez jus à carta resposta que me mandou e me dedicou toda a sua atenção. Apesar de ser bem mais velho do que eu e com esses anos ter uma carga de experiências e conhecimento infinitamente maior do que o meu (o que já era um grande atrativo para mim), Sirius conversava comigo de igual para igual sempre considerando o que eu tinha para dizer e a minha carga de experiências. Porém o seu jeito de falar, andar, vestir indicavam que ele preservava dentro de si a juventude, que ela não se perdera nos 12 anos que ele passou trancado em Azkaban, porém, Sirius não parecia um tiozinho querendo pagar uma de gatinho, mas um jovem muito maduro para a sua idade.
Sirius e eu terminamos as compras no fim da tarde, estávamos em um café fazendo um lanche enquanto o anoitecer trazia uma brisa gelada. “É bem provável que neve esta noite”, disse e quando levantei meu rosto meu olhar encontrou-se com aquele olhar azul profundo. Já estava quase escuro, alguns feixes da luz alaranjada do crepúsculo batiam no meu rosto fazendo-me estreitar os olhos.
Os olhos muito azuis de Sirius não paravam de me encarar. Inesperadamente ele ergueu a mão e levou ao meu rosto, acariciando a minha testa e passando os dedos entre os meus cabelos.
“É bom ter você de volta, Mione.” Ele me chamou de Mione.
“Obrigada pelo dia maravilhoso, Six”.
Fomos andando até o apartamento de Gina e Harry, ele caminhava bem perto de mim e com um braço ao redor dos meus ombros para me proteger do vento cortante e com a mão livre carregava as sacolas. Quando chegamos, ele abriu a porta do elevador e colocou as sacolas lá.
“Não vai subir e falar com eles?”, perguntei.
“Hoje não”.
Eu já estava dentro do elevador e Sirius já tinha fechado a porta, mas antes que eu pudesse apertar o botão, a porta se abriu de novo, e lá estavam eles, aqueles olhos que pareciam poder me paralisar. Em seguida, com uma mão ele segurou a porta do elevador e com a outra me puxou pela cintura e me estatelou um beijo bem leve, bem simples, mas cheio de significado; passando a mão no meu rosto ele disse “Até amanhã.” E saiu. Eu só pude ver sua jaqueta balançando enquanto ele andava.

- Fim do Capitulo 3 –


* Escolhi a Sex Pistols, pois, eu sou uma grande fã do Gary Oldman, que interpreta o Sirius Black nos filmes de HP, e, no filme que o deixou famoso ele interpretou Sid Vicious, o baixista dos Sex Pistols. Eu recomendo este excelente filme: Sid e Nancy: O Amor Mata. Assistam!


Espero que tenham gostado do capítulo!

Eu queria agradecer à Tatytah Grander e à Maria Fernanda pelos comentários. Muito obrigada de coração pelos comentários e pelas sugestões de vocês.

Eu tenho notado um número considerável de leitores novos que não comentam mas que ainda assim são um estímulo importante. Obrigada!

Até o próximo capítulo!




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Comentários (1)

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