A Serpente e a Rosa



N/A: Um obrigada especial à Gryffingirl pelos desenhos do casamento. www.geocities.com/gryffingirl960/wedding Eles estão espectaculares!

Espero que não achem este capítulo aborrecido, especialmente a primeira parte. Eu até me aborreci a mim mesma *risos* mas entendam que é essencial... Mas vocês sempre podem dar uma olhadela e passar logo para a parte da acção... Aqui está! Enjoy!



N/T: Finalmente, o nono capítulo, minha gente! Sei que recebi imensas ameaças, sei que devo ter todos os leitores da Noiva furiosos comigo, e que a maioria deve me achar uma desnaturada (para não dizer pior) e quando comecei a digitar este capítulo aqui há dias, tencionava tentar explicar as razões da minha demora... Mas acho que agora já nem se justifica, e vocês devem estar a querer começar a ler logo tudo! Então, digo só pela milionésima vez que não vou parar de traduzir a noiva *só se morrer ou um dilúvio cair por cá* e se algum dia desistir *muito difícil, só mesmo se vocês me banirem* darei a noiva para outro tradutor... Não vos deixo na mão, era só isso que pedia para se lembrarem. =) E antes que me esqueça, deixei de ter lugar para hospedar a capa da fic, portanto se alguém quiser se disponibilizar a hospedar a capa da noiva, me mande um email ou me encontrem no msn.. Agradecia muito! =) Vou tentar voltar em breve, até lá, divirtam-se!

Cheers,

Vanilla







A Noiva da Serpente



Capítulo Nove



A Serpente e a Rosa





Escuridão...



“Estás consciente que andas a perder tempo nisto, não estás?”



O homem alto apenas sorriu e acenou. “Sê paciente.”



“Eu quero-a fora do caminho já!” A mulher disse numa voz esganiçada e impaciente. Depois, mais suavemente, acrescentou. “Eu quero estar contigo.”



“Nós temos dois dias antes do casamento, estou certo?”



“Sim,” ela disse, fazendo beicinho como uma criança. “E estamos a desperdiçar tempo!”



“Não exactamente,” ele respondeu delicadamente. “Esta é a melhor altura. Eu tenho planos. Ela não vai a lado nenhum.”



“Eu quero-a morta,” ela disse, enrolando os braços à volta dele. Os seus olhos felinos estreitaram-se com fome de sangue, enquanto passava a língua pelos lábios. “Eu quero a pele macia da sua garganta cortada, o sangue jorrando por toda a parte. Eu quero que aquele peito delicado deixe de conter ar. E eu quero que a sua face cremosa fique branca, pálida e agoniada de tanto pavor e que as suas sardas desapareçam. Eu quero-a MORTA.”



“Estás com medo que ela me faça te esquecer?” Ele provocou.



“Não, mas não gosto da ideia de partilhar. Eu sou egoísta, tu sabes.”



“Garanto-te, não tens nada com que te preocupar.” O homem, mais uma vez, sorriu. Um sorriso frio, gelado. “A seu certo tempo, minha querida, a seu certo tempo.”



Com aquilo, a mulher suspirou satisfeita, os seus lábios vermelhos esboçando um sorriso cruel. “E depois ficaremos juntos?” Ela pressionou o seu corpo sensual contra o dele, procurando desesperadamente o seu calor. Sorriu interiormente ao sentir o desejo latente do homem.



Ele acenou. “Sim, não vai demorar. Quando ela estiver morta,” ele respondeu sem pensar, a sua voz suave e perigosa, “ficaremos juntos.”






********





“Ginny, querida, estás bem?”



Ginny olhou para a sua mãe pelo espelho, a sua estatura rechonchuda andando até ela, com o seu vestido amarelo ondulando a cada passo. Ela estava sentada na sua mesinha do toucador, já no seu vestido de noiva, observando a sua face no espelho, os seus nervos no auge. Suspirou sombriamente através do céu e virou-se contra o seu reflexo. Já tinha passado uma semana desde a festa de noivado? Aquilo fê-la pensar por que é que o tempo passava tão depressa sem que ela gostasse dum minuto sequer. Não devia ser ao contrário?



“O que é que estás a fazer aí ainda?” Molly perguntou. “Já são 6 horas e o teu casamento começa às 6h30!” Ela exclamou.



“Eu... eu não acho que consiga... Eu não consigo,” Ginny disse finalmente. Ela olhou a mãe nos olhos. “Eu... eu...”



“O que é que estás a dizer?” Molly choramingou. Então, ela convocou uma cadeira dentro do quarto de dormir e sentou-se ao lado da filha. “Querida, estás a sentir-te bem?”



Ginny olhou-a. “Para ser sincera,” ela começou, “não, não me estou a sentir bem.” Ginny continuou, abanando a cabeça. Mordeu o lábio ao sentir o sangue sumir da sua face.



Ao ver aquilo, Molly suspirou e decidiu não pressioná-la mais. “Ginny, queres passear no jardim?” ela perguntou, levantando-se.



Apesar da preocupação e ansiedade, Ginny olhou para cima confusa. “O quê? Agora?”



“Sim.” Molly disse, acenando.



“Mas o meu casamento é às 6h30.” Ginny respondeu. Imediatamente, sentiu uma coisa cair no seu estômago quando penso no ‘seu’ casamento. “Eu estou... no meu vestido de noiva.”



“Oh, não te preocupes com o teu vestido. Se se sujar, nós arranjamos depois.” Molly disse enquanto ajudava Ginny a se levantar. “E quanto ao teu casamento, fá-los esperar. E se o noivo se chatear, diz-me e eu cuido dele.” Ela disse, a sua voz cheia de segurança maternal.



Com aquilo, um risinho escapou dos lábios de Ginny. Abanou a cabeça e tirou cuidadosamente o véu e a tiara. Segurou na saia, e seguiu a mãe ate ao pavilhão. Pavilhão? Franzindo as sobrancelhas confusa, elas pararam diante da balaustrada de pedra.



“O que estás a fazer, mãe?” Ela perguntou incerta, olhando para baixo. Uma arfada de incredulidade escapou dos seus lábios ao ver duas vassouras flutuando mais abaixo, esperando. Virou-se para a mãe e abanou a cabeça firmemente. “Não, mãe. Se estás a pensar ir para o jardim nestas vassouras, com este vestido pesado, a resposta é...”



“Oh, disparate! Queres que os teus convidados te vejam a sair pela porta, como se tivesses mudado de ideias? Fazendo-os coscuvilhar?” Molly perguntou, abanando a cabeça. Então, sem esperar que Ginny respondesse, subiu para a balaustrada e aterrou na vassoura, isto tudo sendo um bocado estranho e esquisito devido à sua estatura grande, deixando Ginny incrédula. “Anda, querida!” ela disse enquanto flutuava à volta do pavilhão, com o seu vestido esvoaçando à sua volta.



Ginny abanou a cabeça, mas mesmo assim, encontrou-se a subir a balaustrada também, como se não tivesse escolha. ”Não acredito que estou a fazer isto. O que diria o Draco se me visse com o vestido de noiva, em cima da balaustrada do pavilhão?” Ela pensou para si mesma enquanto estava no topo da pedra de mármore. ”Será que ele pensaria que me ia suicidar?” Ela não conseguiu se conter. Um pequeno risinho escapou dos seus lábios ao imaginar o Draco olhando para cima e se dando conta que ela queria morrer porque ia casar com ele dentro de menos de 15 minutos. Então, inclinou-se um pedacinho no corrimão para ver a queda. Demasiado alto. Reuniu a saia que já estava esvoaçando e cuidadosamente, saltou para cima da vassoura, com o vestido a voar enquanto ela sobrevoava o pavilhão. ”Ou melhor ainda, o que iria ele pensar se me visse no meu vestido de noiva, voando como uma velha e louca bruxa no dia do seu casamento? Ou então se alguém me vê? O que vão pensar?” Ginny pensou ao seguir a mãe, voando até os jardins da mansão. ”Isto é de loucos. Por que é que me deixei meter nisto?” Pensou, ao acelerar até o céu escuro.



Mas logo que o vento tocou na sua cara, todos os pensamentos sarcásticos desapareceram, como que afastados pela brisa suave. Fechou os olhos por momentos como que saboreando o ar frio e nocturno contra a sua pele. Surpreendentemente, sentiu-se um pedacinho quente apesar de já estarem perto do Inverno. Abriu os olhos e virou-se para a sua mãe, que voava ao seu lado.



Molly, ao sentir o olhar de Ginny pousado em si, virou-se para ela e sorriu. “Eu usei um feitiço simples de aquecimento nas vassouras.” Ela gritou quando passaram perto do canteiro de flores dos Malfoy. Devido às grandes distribuições de flores pelo jardim, os canteiros pareciam pequenas ilhas dispersas.



”Canteiros de flores?” Ginny pensou ao ver as flores lá em baixo. Franziu as sobrancelhas. Claro que com o céu escuro não conseguiu ver quais eram as flores e as suas cores. Mas mesmo assim, achou-as simplesmente maravilhosas. Mas os jardins da Mansão Malfoy com canteiros de flores? Malfoy? Canteiro de flores? Na verdade, ela estava à espera de armadilhas e plantas carnívoras que devoravam qualquer criatura que por ali passasse. Canteiros de flores não combinavam.



“Ainda queres descer e passear?” Molly perguntou quando chegaram ao bosque. “Estamos a entrar no bosque. É perigoso voar por aqui de noite.”



“Não.” Ginny respondeu. Era muito melhor estar ali em cima, voando e sentindo o vento contra a face. Ela tinha sentido falta daquilo, na verdade. Quanto tinha sido a última vez que saltara para uma vassoura?



Molly riu-se. “Achei que dirias isso. Então, vamos.”



Depois, elas ficaram em silêncio enquanto iam pelo bosque, as faces mergulhadas em concentração para evitar os ramos e as árvores maiores. Claro que ela voava muito mais de pressa que Molly, considerando o facto de que era mais nova e tinha melhor visão. Ginny sentiu a antiga adrenalina que costumava sentir quando jogava Quadribol na Grifinória. Riu-se quando quase se espetou contra uma grande árvore.



“Ginny, tem cuidado!” Molly gritou ao ver a filha a se safar da árvore por milímetros.



“Eu estou bem!” Ginny gritou ao inclinar o corpo para voar ainda mais rápido, deixando a mãe para trás. Semicerrou os olhos ao sentir o vento forte contra a face.



A sensação era simplesmente maravilhosa! Nunca se tinha sentido tão livre e viva enquanto voava para cima e para baixo no bosque. Sabia o quão perigoso era voar pelo bosque numa altura daquelas, mas o que era ainda mais aterrorizador era a velocidade da vassouras, que era tão rápida que até a fez apostar que se Draco a visse agora ir ter um ataque cardíaco. Estava a voar como uma louca! E pouco se importava! Era como saltar dum penhasco sem se importar se morria ou não. Era como correr um grande risco sem se importar com as consequências. E na verdade, lá no chão, na Mansão, com mil convidados à espera, com o seu noivo lá parado, ela estava ali correndo riscos. Estava a saltar dum penhasco mas de facto, neste caso e com este tipo de ‘penhasco’, ela estava tão certa que ia sair viva, começando uma vida completamente diferente, sem ter a certeza se ia viver feliz ou tragicamente. Com aquele pensamento, Ginny decidiu voar mais alto, deixando as árvores para trás.



Ela abrandou enquanto circulava pelo céu negro, a cabeça mergulhada em pensamentos, perguntas e realizações, esquecendo já o bosque. Com o casamento, ela percebera, para sua surpresa, que não sentia nenhum desprezo ou ódio. Até aquele momento, não conseguia compreender o que sentia. Além do facto de que ia casar com um dos mais desejados e ricos solteiros do mundo bruxo e de certeza, também de toda a Inglaterra (mesmo que o seu pai tivesse sido um Comensal da Morte), e ela iria casar com Draco Edward Malfoy. O inimigo de uma vida de Harry Potter. Ela era, praticamente, a rapariga que tinha escolhido o homem cujo pai tinha sido um Comensal da Morte, o inimigo de toda a sociedade bruxa, em vez do rapaz-que-sobreviveu, aquele que tinha derrotado Voldemort mais do que uma vez! E por falar no Harry, ela não o tinha visto desde o contratempo da festa de noivado. E só de pensar nisso trazia-lhe sentimentos melancólicos. Iria vê-lo de novo? Estaria zangado? Ou...



Ela abanou a cabeça, desalentada consigo mesma. O que estava a fazer? Estava ali para pensar, certo? Para resolver as coisas. Para se convencer a casar com o Draco. Mas o que lhe tinha passado pela cabeça? Estava a comparar o Draco com o Harry! Estava a pensar no Harry, depois no Draco, e depois no Harry...! ”E isso não é uma boa ideia, Virgínia Weasley.” ela censurou-se. O que é que queria mesmo, afinal? Forçou-se a pensar sensatamente de novo e decidiu conduzir a sua vassoura de volta para a mansão. Pensar sobre aquelas coisas não estava a ajudar. O que ela devia fazer era voltar para a mansão, se arranjar, casar e passar alguns meses da sua vida miseravelmente. Bem, pelo menos iria ganhar 201 milhões de galeões como consolo. Ela pensou como estaria o Draco a encarar isso. ”Pensa nalguma coisa de útil para agora, sim? E não sobre dinheiro!” E com aquilo, franziu as sobrancelhas e forçou-se a pensar no seu casamento.



Iria ser a Senhora Draco Edward Malfoy dentro de poucos minutos. E de alguma maneira sentiu uma coisa doce-amarga. Surpreendentemente, não a assustou, matou ou chocou como antes. Na verdade, estava curiosa quanto ao tipo de vida que ia ter. Uma mistura relutante de medo e excitação percorreu-a ao pensar em casar com o Draco, começando uma completamente e diferente vida com ele. Depois de dois meses de beijos e conflitos e ironias, Ginny tinha chegado à conclusão que, apesar de ter tentado negar, lá bem no fundo ela não era diferente das outras mulheres que andavam em bando atrás dele. Mas então, não podia exactamente lhe chamar ‘andar em bando atrás dele’ (ela era muito diferente das outras mulheres quando o assunto era esse). Era só para ficar perto dele e não o ‘comer’ vivo. Na verdade, chocou-a um pedaço ao se dar conta que queria estar perto dele para o entender, assim como as outras mulheres também queriam. Queria descobrir por que é que ele era assim, descobrir o verdadeiro Draco. Inconscientemente, ele intrigava-a. Quem era o verdadeiro Draco? Ele não podia ser assim tão mau, ou podia? Ela apenas não acreditava que alguém fosse capaz de ser cruel sem uma razão. Sem que ela se apercebesse, uma leve bolha estava a crescer dentro dela por aquele homem. Mas dizer exactamente o que era aquela bolha agora, era impossível.



Pouco tempo depois, a grande janela do seu quarto apareceu à vista. Abrandando a vassoura, guiou-a até o pavilhão e saltou. Estava quase a entrar no quarto quando uma espécie de choro saiu de dentro. Olhou para cima só para ver a face horrorizada de Narcisa, olhando-a.



“O QUE ACONTECEU AO TEU VESTIDO?” Ela perguntou com uma voz tão esganiçada que quase fez tremer a cama de dossel no centro do quarto. Ginny olhou para baixo só para ver a roda do seu vestido sujo e enxovalhado, tal como tinha calculado. Ela mordeu o lábio para conter um sorriso.



“Rapariga tonta!” Narcisa censurou enquanto puxava Ginny para dentro do quarto. “Olha só para ti! Pelo amor de Deus!” Ela balbuciou ao forçar Ginny a sentar no toucador. Ginny franziu as sobrancelhas divertida, finalmente pronta para ajudar. Ela observou a mãe do Draco agitada à sua volta. “Todos preocupados! Todos nós! Já são 19h15! Draco está à espera, andando para trás e para a frente de preocupação! Onde estavas?”



“Er... eu... fui andar, sabe, para pensar.” Ginny respondeu enquanto Narcisa acenava a varinha à volta dela, ocupada.



“Ginny, querida, vais me perdoar se eu disser que não acredito que foste só andar e pensar, certo?” Narcisa disse enquanto observava o estado triste do vestido de noiva. O seu ar sério aumentou ainda mais quando os seus olhos prateados observaram a face de Ginny, que estava toda esborratada e suja. Narcisa quase desmaiou quando os seus olhos viram o cabelo de Ginny, todo despenteado com pequenas folhas e ramos saindo dele. Ela abanou a cabeça e virou-se. “Molly, encontrei-a!” Chamou de repente.



Com aquilo, Molly Weasley apareceu no corredor parecendo limpa para alguém que tinha acabado de andar de vassoura. Ela olhou para Ginny e franziu as sobrancelhas levemente. “Querida, isso não foi simpático, desaparecer assim dessa maneira.” Ela disse.



Ginny também franziu as sobrancelhas incrédula. Estava para responder, quando reparou no olhar entendedor da sua mãe. Entendendo, Ginny suspirou e baixou o olhar. “Eu peço desculpa, mãe, Sra. Malfoy.” Ela disse finalmente.



“Agora não é altura de pedir desculpas.” Narcisa disse ao abanar a varinha ali e acolá. “A sério, querida, eu sei que isto não me diz respeito e não tenho nada a ver se queres andar de vassoura à noite. Mas francamente,” ela fez uma pausa enquanto olhava a bainha se endireitar devagar, “não achas que agora não é o momento indicado para deambular?” Ela acabou finalmente. Suspirou satisfeita ao ver as partes rasgadas do vestido já direitas de novo. “Onde é que foste, afinal?”



Ginny, antes de responder, fechou os olhos enquanto Molly também acenava com a varinha, fazendo toda a sujidade do cabelo e da cara desaparecer. “Ao jardim.” Ela respondeu, abrindo os olhos e olhando para o seu reflexo.



“E...” Narcisa espicaçou, sem estar totalmente convencida.



Com aquilo, Ginny suspirou e olhou para baixo com remorsos. “O... o bosque.” Disse, finalmente.



“O bosque!” Narcisa exclamou. Ginny podia dizer que, mesmo com a sua voz suave e quase calma, Narcisa estava muito descontente com o que ela tinha feito. “Tu estavas a voar à noite pelo bosque?”



“Sim.” Ginny guinchou. De uma maneira ou de outra, Ginny não conseguia dizer a Narcisa Malfoy que não lhe dizia respeito se tinha decidido andar de vassoura como uma louca pelo bosque. Considerando o facto de que ela tinha feito toda a gente se preocupar, havia qualquer coisa dentro dela que não conseguia dizer aquelas palavras rudes e mal-educadas. E Narcisa tinha o direito de estar zangada. Tinha o direito de censurá-la porque tinha sido sua culpa.



“Em que é que estavas a pensar? Então é por isso... o estado do teu vestido...” Narcisa continuou, a sua voz desaparecendo enquanto Molly começava a mexer a varinha para rearranjar o cabelo de Ginny. “Não fazes a mais pequena ideia do quão perigoso é voar à noite no bosque?”



“Peço desculpa.” Ginny disse sensatamente.



Com aquilo, Narcisa suspirou. “Bem, o que está feito, feito está.” Ela disse. Olhou para Ginny primeiro antes de abanar a cabeça cansada. Quando Ginny se virou para ela e olhou-a nos olhos, deixou escapar um pequeno sorriso. “Okay, já estás arranjada.” Ela disse enquanto colocava carinhosamente uma mecha de cabelo da Ginny por detrás da orelha. “Só endireita a maquilhagem, está bem? Esperamos por ti no salão de baile.”



“Está bem.” Ginny disse, virando-se para o espelho de novo.



“E não faças nada divertido de novo, está bem?” Narcisa disse andando até à porta. Molly tinha decidido se ocupar com o gato da filha. Quando um suave miau suou no quarto, Molly curvou-se e pegou no gato ao colo.



“Está bem.”



“E sê rápida.”



“Sim, obrigada.”



Uma vez sozinhas, Ginny virou-se para Molly e franziu as sobrancelhas com muito desaprovamento. “Eu não acredito que não tenhas dito nada!” Ela exclamou, levantando-se e andando pelo quarto furiosa.



“Porque haveria de dizer alguma coisa?” Molly perguntou, acariciando com os dedos grandes o pêlo branco do gato, fazendo-o ronronar de contentamento. “Ela não ia entender nada se eu lhe tentasse explicar.”



Com aquilo, Ginny parou e virou-se para a mãe. Apesar de tudo, ela sorriu. “Tu sabias sobre isto, não sabias?” Ela perguntou.



Molly virou-se para ela inocentemente. “O que é que queres dizer com isso?” Ela agora acariciava a barriga do gato.



Ginny abanou a cabeça e andou até à mesinha do toucador. Sentando-se cansada, olhou para o seu reflexo. “As vassouras estavam ali.” Disse, uma sobrancelha erguida.



“E isso não prova nada.” Molly disse, sentando-se na cama.



Ginny franziu as sobrancelhas. “Francamente mãe,” ela começou, “esperas mesmo que acredite que é ali que os Malfoy guardam as vassouras? Se esperas, então desculpa, eu não acho muito convincente.”



“Já pensaste em tudo?” A sua mãe perguntou. Ginny fechou os olhos por momentos ao ouvir o tom de voz da mãe, rico com preocupação e entendimento. Baixou os olhos.



“Sim.” Ginny respondeu suavemente. Virou-se para a sua mãe e sorriu exausta. “Era isso que querias que fizesse?”



“O que disse o teu coração?” Molly perguntou. Levantou-se finalmente e largou o gato. Ele correu para o seu sítio preferido, debaixo da cama.



Ginny pensou em silencio sobre as conclusões a que chegara há pouco, mordendo o lábio inferior. ”Eu quero entendê-lo. Quero descobrir o verdadeiro Draco. Ele não pode ser assim tão mau, pode?” Então, olhou para a sua mãe. “Eu vou casar com ele.”



Molly sorriu e andou até ela. Tirou uma pequena caixinha do bolso e pousou em cima do toucador. “Então, é altura de te dar isto.” Ela disse, abrindo a caixa, revelando um broche de uma rosa.



Os olhos de Ginny esbugalharam-se. “Mãe,” ela respirou com dificuldade ao pegar no broche da caixinha azul escura. “Isto... isto é muito bonito.” Ela falou efusivamente enquanto observava a rosa. Tinha o caule longo com apenas uma folha no lado esquerdo, curvado elegantemente para segurar as cinco pétalas. Era feito de ouro branco enquanto que as pétalas eram feitas inteiramente de rubis. “Onde é que arranjaste isto?” Ela perguntou olhando a mãe espantada.



Molly sorriu. “Do meu pai. A rosa é o brasão dos Aurelius.”



“Sim, mas porquê?” Ginny parou enquanto olhava o broche, o seu brilho cintilante vermelho e dourado quase a cegando. “Nós não sabíamos que tinhas algo assim tão valioso! Nós pensávamos que...”



“É dado tradicionalmente à mulher no seu dia de casamento.” Molly disse, olhando-o com olhos enevoados. “É uma antiguidade. Claro que eu devia ter dado à Fleur ou à Jane ou à Grace ou à Hermione, principalmente à Fleur que é a tua primeira cunhada, mas alguma coisa me disse que tinha de to dar. Além de que és a minha única filha, eu tinha esta sensação...”



“O avô não lho deu.” Ginny concluiu depois de um momento.



Com aquilo, Molly suspirou. Olhou para cima e respirou fundo. “Sim, o teu avô não mo deu. Na verdade, eu roubei-o da casa dele.”



“Porquê?” Ginny perguntou com ar sério.



“Para te dar.”



Ginny franziu ainda mais as sobrancelhas devido à resposta vaga. Molly, por sua vez, notou a expressão confusa e baralhada na face da filha. Por mais que ela quisesse esclarecer tudo, não conseguia. Como poderia ela responder abertamente se nem ela mesma conseguia entender o que fazer do broche? Tinha o roubado, sim. Mas porquê? Não sabia. Casar com o Arthur com ou sem o broche não fazia diferença. Desde que estivesse com o Arthur, nada mais tinha importância. E por que é que ela tinha tido todo aquele trabalho para roubá-lo da Mansão Aurelius debaixo do olhar de falcão do seu pai era inexplicável. Nem tinha conseguido vendar o broche mesmo quando eles tinham estado desesperados por dinheiro. Nem tinha conseguido dá-lo à Fleur ou à Jane ou à Grace ou à Hermione! Alguma coisa dentro dela lhe dizia que o pingente pertencia à Ginny, e ela nem conseguia entender porquê.



“Claro que eu espero que o uses um dia destes.” Ela disse. Foi obvio para Ginny que Molly queria mudar de assunto. “Mas por agora, creio que o Draco está à espera de ver o colar que te deu?”



Com aquilo, Ginny decidiu voltar a guardar o broche dentro da caixa. “Sim.” Respondeu enquanto abria uma das gavetas e tirava a caixa de veludo do colar. Tirou-o cuidadosamente e colocou-o à volta do pescoço, a sua corrente fria de ouro arrepiando a sua pele suave, o pendente da serpente olhando-a como costume. ”Eu vou mesmo fazer isto.” Ela pensou, enquanto Molly, por sua vez, colocava o véu e a tiara na cabeça de Ginny.



“Estás muito bonita, querida.” A sua mãe disse de repente.



”Estou mesmo?” Ginny pensou ao olhar para o seu reflexo. ”Dizem que todas as noivas são bonitas do seu dia de casamento.” Ela disse para si mesma enquanto tocava no tecido suave do véu. ”Sou uma dessas noivas?” Olhou de novo para o seu reflexo, mas o que viu desanimou-a. Através do leve tecido do véu, reparou nos seus olhos, tão pequenos e tão castanhos. Para ela, castanho era uma cor comum. Por que é que não podia ter verdes ou talvez olhos violeta? Bem, ela admitiu que iria ser bem estranho uma ruiva com olhos violeta, mas mesmo assim, outra cor seria mais bonito do que o aborrecido castanho. E por que é que ela não tinha aqueles olhos de coelho inocente que sempre admirara? Os seus olhos ‘aborrecidos’ observaram então o seu nariz, tão pequeno e arrebitado. Franziu as sobrancelhas descontente ao ver as sardas aparecerem por debaixo da maquilhagem. Também reparou que os seus lábios eram demasiado pequenos, o seu cabelo demasiado vermelho e a sua pele demasiado pálida... Considerando tudo, ela não era nada senão feia. Não tinha sido feita para um homem como o Draco.



”Então e depois se ela era feia? Qual o problema?” Ela encontrou-se a perguntar de repente. Sim, qual o problema? Ia casar com um Malfoy de qualquer maneira, o que importava? De facto, levantou o queixo teimosa. Desejou ser feia para ser problema do Draco. Não queria agradá-lo de maneira nenhuma, quanto mais lhe oferecer uma bonita mulher rosada.



“Ginny, vamos.” Molly disse tocando-lhe no braço. “Está na hora.”



Com aquilo, Ginny levantou-se e começou a segurar nas suas saias com as mãos. Largou então o vestido, já pronta e direita, e segurou no bouquet de flores.



“O Draco está à espera.” Molly disse, conduzindo a sua filha. Ginny acenou e respirou fundo.



”Sim.” Pensou enquanto seguia a mãe pelo corredor e pela grande escadaria, com o seu longo vestido criando uma piscina de branco e seda atrás de si. ”Draco está à espera.”





********





“Eu acho que ela mudou de ideias.”



Draco virou-se só para ver Blaise sorrindo para ele. Tinha os braços cruzados à frente do peito, o seu vestido preto mal conseguindo conter o peito generoso, que estava a subir e descer provocantemente à frente dele. De todos os convidados, Blaise parecia ser a única que estava a usar preto. Os seus olhos estreitaram-se como fendas ao ver o sorriso arrogante curvar nos lábios dela. Considerando tudo, Blaise estava voluptuosa e irritante ao mesmo tempo.



“Virgínia não fazia isso.” Draco disse enquanto se obrigava a acreditar naquilo. Quando ouviu o risinho de Blaise, franziu as sobrancelhas e deu o seu melhor para esconder a preocupação que o atormentava. Onde estava Virgínia e por que é que demorava tanto? Estaria Blaise certa? Teria mudado de ideias? O que iria ele fazer agora? O que iria dizer à sua família e convidados? Teria ela o achado indesejável? Ou pior, teria fugido com o idiota do Potter? Só o mero pensamento o enfureceu. Então, só se lembrar de Ginny a beijar o homem-cicatriz durante a festa de noivado fazia-o desejar esmagadoramente bater no Potter de novo e de novo. Afastou o olhar de Blaise, em parte para esconder o desconforto a aumentar e também para olhar ansiosamente para as portas do salão de baile. ”Pensar em coisas estúpidas tornou-se um hábito nestes últimos meses.”



“O que te faz dizer isso?” Ronronou Blaise enquanto deslizava para mais perto dele, perto o suficiente para Draco sentir o peito dela a descer e a subir mas não perto o suficiente para as pessoas começarem a olhar chocadas e a falarem.



“Ela era uma grifinória. Não tem coragem para fazer uma coisa dessas.” Draco respondeu ao se afastar dela.



“Então tu achas que a tua noiva é do tipo ‘Mary Sue’?” Blaise perguntou, sem ligar às vozes curiosas à sua volta. Era óbvio que todos se perguntavam por que é que o casamento ainda não tinha começado, além de que a noiva ainda não tinha chegado. “isso seria aborrecido, não achas?”



Draco franziu as sobrancelhas. “Ela não é uma Mary Sue aborrecida, Blaise.” Ele disse friamente. ”Eu não a chamaria uma Mary Sue.” Ele pensou, lembrando-se de todas as vezes em que Ginny lhe tinha dito coisas maldosas. ”E eu tão pouco a chamaria aborrecida.” Ele acrescentou, lembrando-se de todas as vezes em que se tinham beijado. Depois, lembrou-se do sexo ‘aborrecido’ que tinha feito com a Blaise há um mês atrás. Claro que aquela mulher ainda o atraía de vez em quando, afinal de contas ele era um homem normal com necessidades normais. Mas quando se falava dela, a Blaise EM PESSOA, ela aborrecia-o mesmo de morte, ao contrário de antes. Draco engoliu um risinho. Blaise a chamar Virgínia aborrecida? Bem que podia se ver ao espelho primeiro.



“Oh meu Draco,” Blaise disse docemente. “Isso não era algo que eu esperasse de ti. Diz-me, já te esqueceste da nossa conversa de há dois dias?”



Draco suspirou. Por que é que Blaise não o deixava em paz? Agora não era o momento para aquilo. “Claro que não.” Ele respondeu com paciência forçada.



“Ainda bem.” Blaise disse. Depois franziu as sobrancelhas delicadamente. “Virgínia vai ganhar os 201 milhões de galeões?”



“Sim,”



“Ela já sabe?”



“Sim.” Draco olhou à sua volta, vendo as pessoas desassossegadas. A sua mãe estava com ar sério a andar no salão e a família de Virgínia estava a dar o seu melhor para descansar os convidados dizendo que Virgínia provavelmente ainda se estaria a vestir. O que o confundia ainda mais era o seu avô. Vladimir Malfoy II estava a sorrir como se soubesse que isto ia acontecer. ”Saberá?” Ele encontrou-se a se perguntar. ”Será que ele teve alguma coisa a ver com isto?” Depois, forçou estes pensamentos idiotas a desaparecerem. “No final de contas, era isso que o meu avô queria.” Ele acrescentou para a Blaise finalmente.



“Então por que é que ela não vai embora agora? Afinal ela já tem grande parte da fortuna!”



“Ela não pode.” Draco disse, sorrindo arrogante e sarcasticamente. “Desde que o meu avô respire, nenhum de nós pode tocar no dinheiro todo. O avô controla-o. Ele dá-me algum ocasionalmente.”



“Essa Weasley sabe disso?” Blaise perguntou.



“Não, só diz respeito ao meu avô e a mim.” Respondeu sem graça. Por alguma razão desconhecida, ele achou bem estranho ouvir a voz malcriada de Blaise chamar a sua noiva Weasley, como se ter Weasley no sobrenome fosse ridículo e ilegal. “Mas acho que a Virgínia sabe que é um contrato mágico, diferente daqueles contratos de assinaturas trouxa. O meu avô tem de estar morto e no túmulo antes de nós sequer pensarmos numa forma de gastar a fortuna.



Blaise suspirou desagradada. “Nesse caso, nós vamos namorar de novo quando tivermos 50 anos. Olha para o teu avô. Achas que ele parece que vai morrer?” Ela perguntou no tom de voz presunçoso que usava quando estava desagradada. Olhou para o homem mais velho e viu-o atirar Sylvia ao ar, sem se importar de todo com a atmosfera tensa à sua volta.



“Não deixes que a sua aparência te engane.” Draco disse sabiamente. “Estás a esquecer que o avô é meio-vampiro.”



Vendo que ele tinha razão, Blaise virou-se e sorriu. “Então o que tencionas fazer?” Ela perguntou.



Draco virou-se para ela, com uma expressão impenetrável. “Ter a minha parte justa.” Ele respondeu.



Blaise sorriu friamente. “E é aqui que o ‘plano astuto’ entra em acção?” Ela perguntou na expectativa.



Mas antes que Draco pudesse responder, um repentino arfar encheu o salão de baile. Olhou à sua volta só para ver as pessoas se virando para a entrada do salão. Franzindo as sobrancelhas, ele olhou também e viu Ginny, toda de branco, finalmente ali, de pé na entrada do salão, parecendo toda tímida e insegura. Os olhos de Draco esbugalharam-se levemente ao olhar para ela, toda a sua preocupação e ansiedade desaparecendo, sendo substituída por alívio e medo.



Ginny ali estava, os seus olhos castanhos viajando para a direita e esquerda. Mordeu o lábio ao sentir todos os olhos nela. Olhou à sua volta só para fixar o olhar no homem do outro lado do salão, olhando-a com aqueles olhos prateados brilhantes. Um suspiro inesperado escapou dos lábios vermelhos dela ao ver o seu ‘noivo’ ali à espera, lindo com a sua camisa branca, calças pretas e a pesada capa preta com a serpente prateada. Ao sentir a sua face quente, forçou os seus olhos para outro sítio qualquer e viu as pessoas da sua festa de noivado. Estava ali a sua família, os seus amigos grifinórios e Selena, sorrindo e acenando, e ainda os amigos e conhecidos de Vladimir... Engoliu em seco. Julgando pelos lugares desarrumados no enorme salão, ela tinha preocupado toda a gente. Mordeu o lábio nervosa.



“Por que é que demoraste tanto, Virgínia?” Uma voz soou, quebrando o gelo. Virgínia olhou e viu Vladimir com o seu pai andando até ela, sorrindo. Já o seu pai, estava pensativo. Quase imediatamente, muitos murmúrios de confusão e alivio surgiram no salão de baile.



“Virgínia?” Arthur disse normalmente ao chegar ao lado dela. “Explica-te.”



Ginny mordeu o lábio de novo antes de responder. “Eu... eu tive de pensar primeiro.” Ela gaguejou.



“Ah, um momento típico das noivas.” Vladimir disse rapidamente, com um aceno indiferente da varinha. “Coisa sem importância. Pelo menos apareceu, hein?” Ele virou-se para os seus convidados, todos esperando e parecendo inseguros. “Se todos se afastassem um pouco das cadeiras, por favor...” Ele parou e olhou na expectativa. Quando todos obedeceram prontos a ajudar, Vladimir segurou na varinha e com um simples aceno todas as cadeiras foram para o seu lugar ordenado. Depois, virando-se para Ginny, ele sorriu e piscou o olho. “Agora, vamos avançar com o casamento, sim?”



Ginny sorriu. “Obrigada.” Ela disse suavemente e Arthur Weasley ofereceu-lhe o braço. Ginny sorriu ao seu pai e aceitou-o.



“Estás pronta, querida?” O seu pai perguntou suavemente.



Ginny apenas acenou.



“Agora vais para o teu lugar, por favor?” Draco sibilou a Blaise ao ver o seu avô e o ministro a se aproximarem dele.



“Claro.” Blaise disse ao apertar levemente o braço dele. “Vejo-te mais tarde?”



“Sim.” Draco respondeu impaciente. Com aquilo, Blaise, juntamente com os convidados, sentaram-se de novo nos seus lugares e o Draco posicionou-se à frente.



Draco respirou fundo ao sentir o seu avô ficar ao seu lado em frente ao ministro. Quando tudo estava pronto, o desassossego superado, a orquestra começou a tocar a marcha nupcial. Ginny começou a andar, de braço dado com o pai, e a multidão levantou-se.



“Linda, não é?” Vladimir sussurrou para o Draco quando Ginny começou a andar até eles.



“Sim.” Draco respondeu sem nem pensar. Ele engoliu em seco ao ver a brancura primitiva do seu vestido de princesa. Na cabeça, uma pequena e delicada tiara segurava o véu longo feito todo de seda. No pescoço estava o colar de serpente que ele lhe tinha dado, olhando-o fixamente. Um estranho orgulho apoderou-se dele quando notou que ela usava o brasão da sua família, proclamando ao mundo a quem pertencia. Os seus olhos encontraram-se. Ela sorriu. Draco sentiu um sentimento engraçado e inexplicável percorrendo-o do peito ao estômago. Surpreendentemente, e pela primeira vez na sua vida, ele estava nervoso.



Quando Ginny chegou ao pé de Draco e Vladimir, respirou fundo, acalmando-se. Quando Arthur entregou a mão direita dela ao Draco, sentiu-se doente de nervosismo. Quando Draco pegou-a gentilmente, apertou-a e virou-se para o ministro, Ginny estava quase a ter um ataque cardíaco. Olhou para cima, vendo a expressão calma e inexpressiva de Draco e perguntou a si mesma quantas vezes teria Draco casado. Parecia que ele estava habituado! Bem, considerando o facto que o Draco era um íman de mulheres para todo o lugar que ia...



Quando a música da orquestra parou e os convidados se sentaram de novo, o ministro clareou a garganta e começou a simples cerimónia de casamento. Ginny ouvia apenas metade, a sua atenção noutro lado...



”Sra. Edward Malfoy.”



O nome soava uma e outra vez, como um disco riscado na sua cabeça. Franziu as sobrancelhas ao ouvir a voz do ministro desaparecer aos poucos, completamente... e antes que se desse conta, estava a encarar o Draco. Depois, ele estava a colocar a aliança no dedo esquerdo dela, e ela também colocou no dele, as suas mãos juntaram-se diante de uns cem pares de olhos atentos. Ela nem conseguia se lembrar para onde tinha ido o bouquet de flores.



Draco, por sua vez, sorriu para ela suavemente. Depois, para muita surpresa de Ginny, sentiu ele lhe dar um aperto reconfortante. ”Ele está a tentar acalmar o meu nervosismo?” Ginny não conseguia fazer nada senão olhar para ele carinhosamente. Para muito espanto dela, achou aquilo cativante. Olhou para ele de novo e esquecendo-se completamente que aquele era Draco Malfoy, deu um agradecido e genuíno sorriso.



“Virgínia, aceita Draco como seu fiel esposo, para serem um só corpo, uma só alma, a partir de hoje, no mal e no bem, na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, até que a morte vos separe?”



”As tão familiares palavras.” Ela pensou, distraindo-se de novo. Lembrava-se delas quando a Hermione tinha casado com o Ron, quando a Cho tinha casado com o Harry, quando a Jane tinha casado com o Percy... Era como se todos à sua volta estivessem a casar, encontrando alguém para amar... e depois com uma reviravolta do destino, ali estava ela, em frente ao homem que todos acreditavam que ela amava, tendo de responder à pergunta que ela tinha desejado tanto...



“Virgínia?” Draco perguntou de repente, forçando a mente dela a voltar. Ginny olhou para ele. Draco levantou uma sobrancelha interrogativamente.



“Oh,” ela disse, forçando o seu cérebro a se concentrar. Depois, sorrindo docemente, olhou nos olhos dele. “Sim.” Disse com a voz clara e suave.



Com aquilo, o ministro acenou e continuou a perguntar a mesma pergunta ao Draco.



“...na riqueza e na pobreza, na doença e na saúde, até que a morte vos separe?”



“Sim.” Draco respondeu, com voz alta e clara, sem desviar os olhos da face dela. Depois, para surpresa de Ginny, ele sorriu e piscou o olho. Levou todo o controlo de Ginny para conseguir não rir, estragando a solicitude da cerimónia. Na verdade, admirava-a ver como Draco ficava muito melhor a sorrir de orelha a orelha. Era uma expressão de criança, um rapaz sem preocupações ou problemas e naquele momento, Ginny desejou que o Draco sorrisse assim mais vezes.



A seguir, o ministro levantou as mãos, colocando-as em cima da cabeça deles, mal tocando no cabelo. “E com o poder a mim concedido, eu vos declaro marido e mulher.” Proclamou. Depois, virando-se para o casal, sorriu e baixou as mãos. “Pode beijar a noiva.”



“Finalmente.” Draco não se conseguiu conter. Ao ouvi-lo, Ginny também não conseguiu aguentar mais o riso. A sua alegria aumentou ainda mais quando ele tentou, em vão, levantar o enorme véu duma só vez.



“Possas!” Ele disse um pouco alto quando se viu forçado a se dobrar enquanto ela o observava quieta. Ginny estranhou ver o Draco tão... tão cómico à sua frente. A multidão riu e aplaudiu divertidos quando Ginny se virou para o ministro, sorrindo para pedir desculpas mas sempre rindo da situação.



“Pronto.” Draco disse quando se levantou. Afastou o véu da face dela e depois colocou o delicado tecido atrás da cabeça dela, deixando-o cair para trás. “Sinceramente, aquele véu podia ser ainda maior.” Ele disse sarcasticamente. Depois sem mais uma palavra, Draco aproximou a face, sorriu carinhosamente, e beijou-a.



Ginny fechou os olhos quando sentiu o lábios suaves contra os dela. No meio dos aplausos das pessoas, ela deixou escapar um gritinho de surpresa quanto sentiu os braços do Draco à sua volta, levantando-a uns centímetros do chão. Naquele momento, Ginny quis acreditar que era tudo real. Que aquilo era o que ela vinha a sonhar desde que vira o Bill casar com a Fleur, parecendo tão felizes e apaixonados. Sem pensar, colocou os braços à volta do pescoço dele e aprofundou o beijo. Deixou escapar uma pequena lamúria ao sentir Draco beijando-a com a mesma urgência e sentimento.



“Senhoras e Senhores,” o ministro disse. “Sr. e Sra. Draco Edward Malfoy.”



Com aquilo, a multidão começou a bater palmas de novo, muito mais alto que antes. Quando Draco largou finalmente Ginny, eles viraram-se e sorriram para a grande multidão à espera de os felicitar, começando a andar de braço dado. Imediatamente, a orquestra começou a tocar uma musica mais alegre e os serviçais começaram a entrar, de varinha na mão. Pouco tempo depois, uma mesa de bebidas tinha sido colocada e litros e litros de champanhe e vinho sendo servidos. Imediatamente começou uma festa alegre de casamento substituindo a cerimónia solene.



“Ginny!” Hermione chamou de repente, no meio do barulho da festa. Ginny virou-se e sorriu. Então, inclinou-se e murmurou qualquer coisa no ouvido de Draco. Quando Draco acenou, ela sorriu e foi até Hermione.



“Felicidades!” Hermione desejou sem fôlego, dando-lhe um abraço.



“Obrigada.” Ginny disse quando Hermione largou-a por fim. “Onde está o Ron?” Ela perguntou ao olhar à sua volta.



“Ele está com os rapazes.” Hermione respondeu. Fez uma pausa e bebeu um gole do seu vinho. “Discutindo Quadribol e vassouras. Já agora, por que é que demoraste tanto?”



Ginny abanou a cabeça e sorriu. “Tinha de pensar.” Ela disse.



“Oh,” confirmou a outra mulher, compreendendo. Estava para falar quando um grupo de senhoras sorridentes e faladoras se aproximaram. Hermione olhou para trás de Ginny e viu Lavender, Parvati e Padma Patil e Selena a se aproximarem.



“Parabéns, Ginny!” Parvati e Lavender disseram ao mesmo tempo. Com aquilo, ouviram-se muitos risinhos.



“Humm...” Lavender começou, a olhar para Ginny e Draco, que estava a conversar agradavelmente com um grupo de senhores. “Eu tenho de admitir que casaste com um homem muito bonito, Ginny.” Ela disse, quase a se babar.



Ginny virou-se para Lavender e riu-se. “Casei, não foi?” Ginny disse, virando-se também para o Draco. “Nem sabes o quão ‘caro’ aquele homem é no mercado de casamento.” Ela brincou. Mas em parte era verdade, o homem valia milhões e milhões de galeões. As senhoritas riram-se.



“Já pensaste na tua noite de núpcias?” Padma perguntou de repente, sorrindo e fazendo as outras senhoras rirem de novo. A face de Ginny ficou imediatamente vermelha.



“Eu... eu...” Parou e olhou para o seu marido. Ao observar o seu corpo alto, as suas mãos macias, os seus lábios suaves, baixou os olhos rapidamente e olhou para as mãos. Sem querer, aquilo fê-la pensar. Como é que seria ele na cama? Como seria ter aquelas mãos e lábios sobre o seu corpo? Com aquele pensamento, a face de Ginny aqueceu mais do que nunca. Forçou aqueles pensamentos indecentes para longe.



“Com um homem daqueles em cima de ti?” Parvati disse, olhando na direcção de Draco. “Eu queria lá saber se ele é sonserino ou não!”



“E falando na tua noite de núpcias,” Selena começou. Estendeu um embrulho que Ginny aceitou sem nada dizer. “Nós pensámos em te oferecer alguma coisa, tu sabes, útil para hoje à noite.”



“Considera isso um presente privado,” continuou Hermione, aos risinhos endiabrados. “Podes não querer que o teu marido veja isso no meio dos presentes de casamento mais tarde.”



“O que é isto?” Ginny perguntou a rir.



“Apenas abre.” Elas aliciaram.



Abanando a cabeça, Ginny começou a rasgar o papel de embrulho. Então, um pequeno lamento escapou dos seus lábios ao ver a lingerie vermelha e sexy dentro da caixa. Ela olhou-as e abanou a cabeça. “Vocês são loucas ao achar que eu usaria algo... como isto...”



“Oh, claro que não.” Lavender disse sarcasticamente, rolando os olhos.



“Sabes as regras básicas da noite de núpcias, não sabes?” Hermione perguntou aos risinhos como uma louca. “Seduzir e conquistar. Tens de tentá-lo e para isso tens de usar algo... er... revelador.”



“Dizem que o vermelho é uma cor muito poderosa e provocativa.” Selena disse.



“Eu não... nem num milhão de anos...”



“Ora, ora, ora,” uma voz disse atrás dela. Ginny parou no meio da frase e virou-se para encontrar os olhos felinos de Blaise Zabini, os seus lábios curvados num sorriso maldoso. Vendo aquela sonserina, as gargalhadas morreram e um silêncio desconfortável instalou-se no grupo. Hermione olhou para ela como se fosse uma experiência científica falhada e as outras senhoras ficaram silenciosas e estranhas. Era óbvio para todas que Blaise Zabini e o Draco Malfou tinham uma ‘coisa selvagem’ antes dele casar com Ginny.



“Felicidades, Sra. Malfoy.” Ela continuou, dando ênfase ao ‘Sra. Malfoy’.



“Obrigada.” Ginny disse com firmeza, enquanto Blaise ignorava o olhar sinistro de Hermione.



“Não se importam que vos roube a Virgínia? Só por um instante.” Depois sem esperar pela resposta, Blaise colocou o braço por cima dos ombros de Ginny e conduziu-a para longe das suas amigas. Sozinhas, ela virou-se e sorriu.



“Eu sei qual o teu lindo esquema, Virgínia.” Disse, de repente. Ginny virou-se para ela e arfou de surpresa. “Mas não te preocupes. Eu não vou dizer nada ao sacana do velho que o Draco chama de avô. Alem de que Vladimir não ia acreditar numa mulher como eu, faço isto pelo teu marido.”



“Desculpa?” Ginny perguntou horrorizada.



O sorriso malcriado de Blaise aumentou. “Draco contou-me tudo, querida.” Ela disse com a voz cheia de veneno, mas delicada ao mesmo tempo. “É que sabes, nós, eu e o Draco, temos estes ‘entendimentos’. Claro que sabias antes de concordares com este...” ela parou e olhou-a dos pés à cabeça. “Contracto.” Terminou.



Com aquilo, Ginny não conseguiu dizer nada. Surpreendentemente, uma angústia apoderou-se dela ao olhar para a mulher à sua frente. Claro que Blaise era o tipo de mulher que Draco gostaria de ter como noiva. Ela era linda e estonteante. Tinha todo o ar de sofisticação. Virou-se para o Draco e de novo para Blaise, para se dar conta que ela era o tipo de mulher para o Draco. Blaise era ideal para ele.



Blaise soltou um risinho. “Tem cuidado, garota.” Ela disse ao reparar no ‘olhar’ que Ginny tinha lançado ao Draco. “Não alimentes as expectativas. Draco torna as raparigas como tu mães uma vez por mês. Bem, a não ser que tu saibas o que ‘fazer’ para prevenir tamanho desastre, o que eu duvido...” ela deixou a sua voz pairar no ar.



A dor tornou-se imediatamente em raiva quando Ginny viu o sorriso pretensioso na face de Blaise. Depois sem uma palavra, ela sorriu picante. “Eu não vejo nenhum problema nisso.” Ginny disse ao levantar a mão direita. “Desde que esta aliança esteja aqui, não vejo o que tens tu a ver com isso.”



O sorriso na face de Blaise transformou-se numa expressão carrancuda. Os seus olhos estreitaram-se. Vendo a reacção de Blaise, Ginny sorriu ainda mais. Depois a morena deu um risinho malcriado. “Não abuses, Weasley.” Ela disse perigosa. “Draco Malfoy não gosta de garotas como tu. Ele casou-se só por causa do testamento, não te esqueças disso.”



“Oh, a sério?” Ginny disse friamente. “No meu caso, é bem normal. Mas o teu...” deixou a frase pairar enquanto olhava Blaise da cabeça aos pés. Deu um risinho maldoso também. “Bem, ele também não gosta de garotas como tu. Sabes porquê? Porque se ele gostasse, então serias tu que estavas aqui, usando este vestido e com esta aliança no dedo, e não eu.” E com aquilo, Ginny virou-se e afastou-se dela, deixando a outra mulher olhando-a incrédula e furiosa.



”Grande erro, Weasley.” Blaise pensou. Os seus olhos estreitaram-se com malícia ao ver Ginny andar até Draco, e Draco lhe segurar a mão e beijá-la à frente de toda a multidão barulhenta. Momentos depois, Draco desculpou-se, deixando a sua noiva sorrindo como se fosse tudo verdade. ”Vais ter o que mereces algum dia. E eu vou ser aquela que te vou dar.”



Depois, endireitou o vestido e saiu do salão de baile.





********





”E que tal agora?”



“Perdeste o juízo? Agora não é uma boa altura!”



“Eu quero-te agora! Eu quero-a morta agora!”



“Mas não em frente desta gente toda!”



“Está bem! Tu ama-a!”



“Não, eu não a amo.”



“Prova-o! Mata-a!”



Tensão... silêncio...



“Não, eu tenho planos. Volta para a festa, antes que alguém suspeite. Eu vou já lá ter contigo.”






********





Ginny estava sentada sozinha na cama do Draco, mais tarde naquela noite, à espera dele. Cerrou os dentes impaciente, enquanto tirava o véu e a tiara. O fogo brilhava alegre no quarto. É bom que haja um outro quarto aqui dentro, ela pensou.



Depois da festa, a multidão tinha começado a cantar, gritar e aplaudir para o Draco levar a Ginny para o quarto, para choque de Ginny. Claro que não lhe escapou o exaltamento e furor ‘sugestivo’ da multidão liderada por Vladimir, que aplaudia mais alto que todos. Depois, para sua surpresa ainda maior, Draco pegou nela ao colo facilmente e começou a andar até à grande escadaria, com grande aplauso e entusiasmo da multidão atrás deles.



“Espera, eu ainda não atirei o meu bouquet.” Ginny disse quando eles chegaram à porta do quarto deles, por fim.



“Dá-mo.” Draco disse sem se incomodar em pô-la no chão. Depois, sem mais uma palavra, ele tinha pegado nas flores e atirado para as pessoas em baixo. Selena apanhou-o.



E ela riu com um prazer genuíno.



Ele também se riu e abriu as portas.



E agora, ali estava ela, sozinha e à espera.



Suspirou e decidiu se levantar. Andou devagar até à secretária robusta ao pé das enormes janelas. Percorreu com os dedos a mesa feita de carvalho. Abriu uma gaveta só para ver um monte de pergaminhos, tinteiros e o brasão da família arrumados ordenadamente dentro. Ela não estava à espera de ver o quão... arrumado Draco era. Abanando a cabeça, fechou a gaveta e olhou para a estante dos livros, depois para a grande cama de dossel com cortinados de veludo. Nunca lhe tinha ocorrido que Draco fosse um leitor assíduo. Vendo as filas e filas de livros volumosos...



“Procurando alguma coisa em particular?”



Ginny olhou para o Draco que já estava no quarto. Ela estava tão embrenhada nos seus pensamentos que nem o tinha ouvido entrar. Ele olhou-a durante um pedaço antes de começar a andar casualmente até à cama, tirando a capa e colocando-a ao lado.



“Onde... onde estavas?”



Com aquilo, Draco olhou-a severamente. “Tive de arranjar o quarto do avô.” Ele respondeu com rancor.



“Oh,” Ginny disse, segurando o riso. Quando Draco viu aquilo, suspirou impaciente e zangado. “Lembrei-me de o ter convidado.” Ginny acrescentou.



“O que me faz mesmo...”



“Oh, vá lá, Draco!” Ginny exclamou, jogando as mãos ao ar. Ela andou até ele. “Não entendes que ele está a ter problemas com a canalização, ou lá o que é? Não podia ficar lá e levar com água na cara e...”



“Não, tu convidaste-o de propósito para me irritar.” Ele interrompeu, levantando-se. Ele olhou para ela, com a face contorcida de desagrado.



“Eu não fiz isso!” Ginny respondeu. Bem, apesar de ser em parte verdade... “Esta mansão tem 15 quartos e eu não vejo qual a lógica de dizer na cara dele que estamos lotados!”



“Oh, tu fizeste de propósito, Virgínia.” Draco disse. “Eu consigo ver isso perfeitamente em ti.”



“Está bem!” Ela disse exasperada. “Pensa ou diz o que quiseres!”



“Sabes que isto é guerra, não sabes?” Ele disse em tom áspero.



Com aquilo, Ginny parou. “O quê?” Ela perguntou. Quando o Draco sorriu apenas, os seus olhos castanhos brilharam de raiva. “Vamos lá ver.”



“Está bem!”



“Está bem!”



Os dois pararam e olharam-se mutuamente. Então, Ginny clareou a garganta. “Onde está o meu quarto?” Ela perguntou.



Com aquilo, um sorriso apareceu de novo na face de Draco. Mas era um sorriso completamente diferente e a Ginny não gostou dele. Bem, falando sinceramente, ela sentiu-se quente e fervendo mas...



“Tens a certeza que queres passar a noite sozinha?” Draco perguntou naquele tom de voz sedoso e suave que fazia os sinos tocarem na cabeça de Ginny. Os sinos de aviso aumentaram ainda mais quando Draco andou um passo até ela, diminuindo o espaço entre eles até que ela conseguisse sentir o calor do corpo dele chegando até ao dela. Então, teve uma ideia.



”Queres guerra, hein? Então é o que vais ter.” Ela pensou a olhar para ele. Sorriu docemente. “Na verdade, mudei de ideias.” Ela disse, colocando os braços à volta dele.



Os olhos de Draco esbugalharam-se ao ver o movimento ousado e corajoso e ao ouvir o tom de voz lento e arrastado que saiu dos lábios dela. O que tinha acontecido ao mundo? Meu Deus! Ele não sabia que ela era capaz de agir assim! Ele tinha sempre visto Virgínia como uma pessoa formal e às vezes tímida e... ”Agora não é altura de pensar nessas coisas, Draco Malfoy!” O seu corpo gritou ao sentir o corpo pequeno de Ginny fazendo pressão e as mãos dela fazendo uma coisa ‘interessante’ no peito dele. Ele riu mentalmente. Naquele momento, Draco jurou que ia conhecê-la melhor. Mas entretanto... ele colocou os braços em volta da cintura dela.



“Lembras-te, Virgínia?” Murmurou roucamente, colocando os lábios no pescoço dela. Ginny jogou a cabeça para trás quando Draco começou a dar beijos suaves e molhados no seu pescoço. “Tal como eu prometi...”



“Eu sei,” ela disse sem fôlego quando as mãos do Draco foram para as suas costas para abrir o fecho do vestido. Ela colocou os braços à volta dele e pressionou ainda mais o corpo. Depois, reunindo toda a sua coragem, levou os lábios à orelha dele e mordeu-a levemente.



Draco gemeu de prazer ao sentir os dentes dela roçarem a sua pele. Com aquilo, ele puxou-a gentilmente para a cama, Ginny deitou-se devagar, olhando-o com aqueles grandes olhos castanhos e inocentes. “Tu nem sabes quanto tempo esperei por...” Ele também se deitou e estava para colocar o corpo por cima do dela, quando Ginny levantou-se abruptamente.



“Espera, eu... eu esqueci uma coisa.” Ela disse. “Draco, querido, onde estão as minhas coisas?”



“Virgínia!” Draco exclamou com impaciência, rolando para o lado. “Volta para a cama!”



“Não, eu... preciso daquela... coisa.” Ginny disse, levantando-se. Draco sentou-se finalmente, com a face cheia de incredulidade.



“Que coisa?” Ele perguntou maliciosamente. Ele olhou para ela um pouco só para ver o cabelo todo despenteado e quase sem vestido e aquilo fê-lo ficar de novo com calor.



“Aquela... aquela coisa de mulheres.” Ginny disse embaraçada. “Não precisas saber. Onde estão as minhas coisas?”



“No teu quarto.” Ele respondeu. Quando Ginny olhou para ele com aqueles olhos suplicantes, ele suspirou derrotado. “Pronto, eu deixo-te ir buscar aquela... coisa, ou lá o que é que vocês mulheres lhe chamam...” Ele disse levantando-se e andando até à parede.



“Obrigada.” Ginny disse enquanto o seguia. Depois arfou de surpresa quando Draco empurrou a parede sem fazer barulho e uma passagem secreta deu entrada para outro quarto.



“Isto é o teu quarto, já agora.” Ele disse. “Eu modifiquei o meu quarto com outro quarto dentro para ninguém suspeitar. Claro que essa parede ou porta só pode ser trancada com magia.”



“Brilhante.” Ginny comentou ao andar até o quarto invisível. Depois virando para o Draco, sorriu docemente. “Eu preciso dum pedacinho de privacidade.”



“Para quê? Não vais precisar dele para mais tarde.” Ele resmungou.



“Por favor?” Ela perguntou. “Volto já.”



Com aquilo, Draco suspirou. Mulheres e os seus hábitos estranhos... “Está bem. Privacidade.” Ele disse saindo do quarto dela. Depois de alguns minutos, Ginny voltou só para fazer os olhos de Draco saltarem das órbitas.



Ela estava ali com a sua camisa da noite ‘modesta’ e toda branca, com a alça esquerda caindo descuidadamente do ombro, com o cabelo solto em cascata pelas costas. E a cor da pele tinha mudado para cor de mel, devido ao fogo. Ela olhava-o com os olhos semi-cerrados e segurando uma... uma garrafa de...



“Que tal estou?” A sua voz era picante.



“Linda.” Draco disse sinceramente, levando-a imediatamente para os seus braços, as suas necessidades latejando mais que nunca. Ele já tinha querido dizer aquela palavra há pouco. Foi como se a tivesse visto pela primeira vez e ele não conseguiu evitar sentir a tão falada magia... durante a cerimónia, até mesmo na festa! Na verdade, aquilo tinha-o surpreendido. Nunca tinha querido tanto alguém assim em toda a sua vida! Era espantoso e chocante ao mesmo tempo. Quando ele estava para a beijar, Ginny colocou as mãos no peito dele e afastou-o um pouco.



“Achas-me linda?” Os seus olhos esbugalharam-se levemente ao sentir contra si o golpe de desejo latejante. Ela sorriu mentalmente.



“Sim.”



“Então,” Ela disse, entregando-lhe a garrafa que estava a segurar. “Acho que se te der isto vai mostrar a minha apreciação.”



Draco olhou para a garrafa só para entender que era algum tipo de mistura trouxa... Depois, entendendo o significado indecente, ele virou-se para a Ginny, de queixo caído. “Oh vá lá!” Ele exclamou ao ver Ginny andar até ao seu próprio quarto.



“Boa noite, Draco.” Ela disse alegremente. “Usa-o bem.”



“Virgínia! Tu...”



“E se tu tentas usar magia negra para entrar no meu quarto...”



Draco olhou-a furioso. Mas mesmo que... oh, a dor...



“Isto é tão patético.” Ele murmurou, virando-se para ela não ouvir. “Eu nem vou fazer sexo na minha noite de núpcias!”



“Não, tu és patético. Eu vou para a cama.” Ela disse. “Boa noite. Parece que marquei mais um ponto!” E com aquilo, Ginny caminhou à vontade para o seu quarto, fechando a porta com um feitiço. ”Seduzir e conquistar uma ova!” Ela pensou sombriamente, instalando-se no seu quarto. ”Eu prefiro muito mais seduzir e DESTRUIR, obrigada.”



“Boa noite.” Ele respondeu sarcasticamente. Uma vez sozinho, jogou-se na cama. Vendo que ainda tinha a garrafa na mão, soltou um lamento desgostoso e jogou a garrafa para o lado. Ela bateu na secretária e aterrou no chão, fazendo um barulho pelo quarto.



“Porra!” Ele disse em voz alta.





********





Ela suspirou quando sentiu os lábios dele no pescoço dela. Sem pensar, ela jogou os braços à volta dele e colou o corpo mais ainda.



“Oh Meu Deus...” Ela choramingou, sentindo os lábios dele navegarem até ao peito dela. Ela arqueou o corpo para sentir o movimento lento e sensual da língua dele contra os seus seios, lambendo-os carinhosamente.



“Por favor...” Ela implorou, com as mãos no cabelo dele. “Por favor... não... oh...”



Depois frio, o calor delicioso do corpo dele tinha desaparecido.



Ela ficou deitada, sem se mexer...




Ginny abriu os olhos, tinha as sua mãos no seu peito. Engoliu em seco e engoliu também arfadas de ar ao sentir o batimento descontrolado do seu coração. Sentou-se e olhou à sua volta.



Estava sozinha.



Olhou para baixo notando os botões de sua camisa da noite intactos. Então, tinha sido tudo um... sonho? Franziu as sobrancelhas e levou a mão às bochechas. Um sonho? Só um sonho?



“Mas foi tão real...” Ela murmurou. Tinha mesmo sentido o beijo, os lábios no seu peito, o quão bom tinha sido... Ela sentiu tudo, ela sentiu-o...



”Ele!” O seu cérebro gritou. Os seus olhos foram logo para a ‘porta’ separando o quarto de Draco do dela. Ela olhou para lá suspeitosamente.



“Porquê...” Ela parou. Mas estava sozinha e tinha usado alguns feitiços e...



”Olá? Ele sabe magia negra!” O seu cérebro gritou. Mas mesmo assim... ela não tinha provas. Não podia entrar rapidamente pelo quarto dele e ordenar que ele parasse com tudo! Aquilo ia fazê-la parecer estúpida. E além disso, naquele mesmo instante, ela não queria entrar no quarto dele e encontrá-lo deitado usando apenas os boxers. Ela tinha medo do que poderia encorajá-la a fazer. Apenas se lembrar do beijo que ele lhe tinha dado já fazia Ginny se dar conta do quão difícil era resistir-lhe. Na verdade, tinha custado toda a sua força de vontade para ter estado ali com aquele ‘controlo’! Mas tinha-a feito pensar: se o Draco tentasse de novo, meu Deus, ela ia de certeza ceder.



“Há apenas uma coisa a fazer.” Ela pensou enquanto pegava na almofada, cobertor e varinha. Depois sem perder mais nenhum minuto, desaparatou para outro quarto.





********





“Eu não consigo.” Draco disse ao se deitar na sua cama nessa noite. Tinha acabado de estar no quarto de Ginny usando magia negra para destrancar a porta. E de alguma maneira, vê-la ali deitada, tão inocente e vulnerável, era mesmo difícil de suportar. E piorava tudo só ouvir os seus suspiros de prazer.



”Foi culpa dela que te conduziu até aqui.” Uma voz fininha disse no fundo da sua cabeça. ”Tu quase que a tiveste ali, idiota!”



“Não, ela é a tua mulher e não uma prostituta barata que estás habituado a comer, Draco.”
O seu cérebro argumentou.



Ele suspirou e colocou as mãos por detrás da cabeça, olhando pensativo para o nada. Na verdade, mais cedo, antes do casamento, tinha-o surpreendido ao se ter encontrado segundo antes com pensamentos sobre o casamento. Era o que ele tinha querido em primeiro lugar, certo? Mas há pouco, quando ele se vestia, estava a ter dúvidas quanto ao casamento. Ele estava mesmo a pensar no que era certo e no que era errado, sobre o que iria fazer Virgínia feliz e ele feliz. E a realização chocante era que as dúvidas eram sobre o casamento e não sobre a Virgínia. Desde quando é que ele pensava nas outras pessoas sem ser só nele? A sua face escureceu por momentos quando um nome há muito esquecido apareceu dentro da sua cabeça. ”Esquece-a, Malfoy.” Ele brigou consigo mesmo. ”Já foi há muito tempo.”



Depois, ele tinha pensado na Virgínia e na nova vida que eles iriam começar como marido e mulher. Surpreendentemente, o pensamento tinha-o excitado. Honestamente falando, Virgínia era como uma golfada de ar fresco, uma pessoa completamente diferente na sua vida. Ela era uma mulher muito, muito diferente, uma mulher que ele não conseguia entender, o que era uma coisa rara. Na verdade, ele sempre se orgulhara de entender as mulheres muito melhor do que elas se entendiam. Ele sempre soubera o que cada mulher queria e o que cada mulher queria ouvir, mas com Virgínia... Ele abanou a cabeça. Parecia que tudo o que ele fazia ou dizia estava sempre errado! De alguma maneira, ele não conseguia agradá-la e estava a começar a se tornar frustrante e ao mesmo tempo um desafio. Bem, ele achava que era isso. A força irresistível que sentia era o desafio. Depois, pensando no incidente da garrafa, aquilo fê-lo rir. Desde quando tinha ela aprendido a fazer aquilo? Era engraçado, espantoso e irritante ao mesmo tempo. E o casamento ia ser muito, muito interessante. Mas então, ele não podia ignorar o sentimento inexplicável dentro do peito sempre que ela estava por perto e a quase-loucura que sentia quando pensava no beijo que ela tinha dado ao imbecil do Potter!



Com aquilo, levantou-se e vestiu o robe. Estava a ficar um fracalhote e odiava-se por isso. Mas então, alguma coisa dentro dele lhe dizia que não estava certo entrar e ‘fazê-lo’ mesmo estando claro que ela também queria. E o seu corpo implorava. Mas... inferno, não era diferente duma violação! E além disso, Virgínia era uma mulher que merecia ser tratada com respeito. Ela era uma garota muito meiga e gentil e bonita, tão diferente da Blaise ou... ele parou. O que lhe estava a acontecer? Logo ali, uma força desconhecida revirou-se no seu peito, e naquele momento, ele sentiu-se com medo, assustado.



Draco levantou-se e vestiu a sua veste. Precisava andar. Precisava pensar, resolver as coisas. Precisava duma bebida... qualquer coisa! Tudo menos vê-la. E com aquilo, ele andou atabalhoado até fora do seu quarto, fechando a porta com força.



Fim





Próximo Capítulo: O retrato na parede

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