Vladimir Malfoy II



A Noiva da Serpente



Capítulo Sete



Vladimir Malfoy II





"Err... não..." Ginny murmurou ao celular enquanto procurava no seu 'antigo' quarto o casaco castanho claro. Estava uma linda tarde, com o sol a se pôr dando um brilho rosa, e ali estava ela, toda excêntrica, dando as últimas instruções à sua secretária, Teresa.



"Eu disse que estou de saída." Ela disse apertando o celular entre o ombro e a cabeça, enquanto as mãos procuravam desajeitadamente a fivela do casaco. "Não, vou demorar um pouco antes de... sim!" Ela meio que gritou. Finalmente se fartando, atirou o casaco para o lado e segurou o celular com a mão esquerda.



"Olha Teresa." Ela começou com paciência forçada. "Tudo o que eu te estou a pedir é para dar as aulas que faltam que estão todas amontoadas ordenadamente nas minhas gavetas. Elas estão identificadas, não será difícil encontrar... não! Tu só tens de lhas dar!" Ela fez uma pausa e olhou para o relógio.



"Bem, eu não sei muito bem quando volto..." Ela disse depois da pausa. "Não, nada. Eu estou apenas na casa dos meus pais... não, eu não estou falida..." Ginny disse impacientemente começando a andar para a frente a para trás no quarto. Ela então parou em frente ao armário e suspirou.



"Teresa, eu tenho mesmo de ir. Apenas dá a porra das aulas e pronto, okay?" Ela disse e com aquilo, desligou rapidamente e deixou escapar uma praga audível.



"Qual é o problema?"



Ao ouvir a profunda voz, Ginny susteve a respiração e virou-se rapidamente só para ver o Ron olhando-a de modo sério.



"Más noticias do trabalho?" Ele perguntou entrando no quarto e fechando a porta gentilmente atrás de si.



"Não faças isso de novo." Ginny pediu com desagrado, a sua mão direita agarrando o peito e a outra mão atirando o celular para a cama. "E não são más noticias. Apenas dando umas instruções à minha secretária." Ela continuou, pegando no casaco.



"Oh." Ron murmurou e sentou-se na cama. Ele olhou à volta, os seus olhos verdes vagueando sem interesse desde o pequeno guarda-roupa castanho claro até à pequena secretária mesmo debaixo da janela.



Ginny olhou para ele, as sobrancelhas levantadas. "Ron?" Ela perguntou reparando no estranho silêncio do irmão. "Queres alguma coisa?"



Ron pestanejou e olhou para ela. "Er..." Ele começou.



"Sim?"



"Bem, Gin..."



"Sim, Ron?" Ela perguntou espantada.



"Sobre... sobre a outra noite." Ele continuou com ar sério. "Tu sabes, quando o Malfoy veio cá e tal--"



"Oh..." Ginny acenou com a cabeça, os seus olhos dilatando-se levamente.



"Vê, eu só queria pedir desculpas por me ter comportado daquela maneira e..."



"Não, não... está... está tudo bem, a sério." Ginny respondeu rapidamente, a culpa percorrendo-a de novo.



"Não, não está bem. " Ron disse teimoso. Vendo a determinação do Ron para continuar com aquele assunto, Ginny mordeu relutantemente o lábio e sentou-se ao lado do irmão. Ron deixou escapar um fraco sorriso e colocou a mão em cima da dela. "Gin, eu sei que... bem, eu serei honesto contigo, está bem? Eu só não entendo, a sério. Porquê o Malfoy?"



Ginny olhou para ele por um momento apenas para ver a preocupação óbvia sobrevoando os olhos verdes. Com aquilo, Ginny sentiu de novo aquela familiar sensação de estar doente, doente de culpa. Era mesmo de espantar por que é que ela ainda não se tinha habituado, depois de todas as mentiras e de toda a decepção que ela vinha criando nestas últimas semanas... e não era agradável. Ela sentia-se terrível.



"Bem, eu... não sei." Ela respondeu suavemente forçando um fraco sorriso. Abanou a cabeça devagar. "Eu suponho que é apenas destino. eu não planeei mesmo para que isto fosse assim desta maneira." Ela acrescentou o que era, em parte, verdade. Fora Draco que fizera todo o plano. Ela fechou os olhos um momento. 'Por favor, não perguntes se eu o amo... por favor não perguntes se eu o amo... eu não quero mentir de novo... eu não quero mentir mais...' Ela rezou em silêncio.



"Bem, o que se passa é que..." Ron começou, batendo ao de leve na mão de Ginny gentilmente. "Bill e Charlie estão certos. Não tem nada a ver comigo quem tu escolhes para casar desde que ele te faça feliz. Mas--" Ele fez uma pausa e olhou para baixo.



"Mas o quê?" Ginny perguntou.



"Mas... bem, eu sou o teu irmão mais velho e... e nós somos mais próximos comparando com o teu relacionamente com o Bill ou Charlie, ou o Fred e George... e eu não posso deixar de me sentir protector. Tu deves compreender isso, verdade?" Ele perguntou.



Quando Ginny acenou, Ron clareou a garganta. "O que se passa é que... Gin, tu és a minha irmã mais nova, aliás tu és a minha única irmã e eu... mesmo que estejas crescida e tudo isso eu não posso impedir de ficar preocupado e--"



"Eu amo-te, Ron." Ginny interrompeu suavemente. "Tu és o mais querido e carinhoso irmão que tenho e eu amo-te."



Com aquilo, Ron parou e sorriu gentilmente. "Eu também te amo, Gin. Eu, eu tenho mesmo mesmo muitas saudades tuas. Eu não te tinha visto desde que decidiste sair de casa e eu estou feliz por te ver de novo." Ele respondeu. Depois abanou a cabeça. "Eu não posso impedir de me sentir culpado, sabes. Eu não posso impedir de pensar que a única razão por que vais casar com o Malfoy é porque eu não passei tempo suficiente contigo ou... ou não tive uma conversa séria de irmão para irmã contigo. Eu estava sempre com o Harry e a Hermione planeando alguma coisa, sem dúvida, alguma coisa que nos levaria uma e mais uma vez ao escritório do Dumbledore e... deve ser provavelmente a razão porque tenho tantas saudades tuas, sabes. Eu não passei muito tempo contigo antes--"



"Ron, não." Ginny interrompeu-o. "Não digas isso. Harry e Hermione... eles são a os teus melhores amigos!"



"Mas tu és família." Ron acrescentou, abanando a cabeça.



"E nada mudará isso nunca." Ela disse. Depois suspirou e pegou na outra mão do Ron. "Ron, tu... não podes te sentir culpado porque-porque o meu casamento com o Malfoy não tem nada a ver contigo ou por estares sempre com o Harry e a Hermione. Foi a minha decisão, está bem? A MINHA decisão." Ela continuou, o que era de novo verdade. "E era eu que devia me sentir culpada, não tu..." Ela acrescentou silenciosamente para si mesma. "Mas... eu... a sério--" Ela abanou a cabeça e sorriu. "Obrigada... por te preocupares e por me amares assim tanto."



Com aquilo, a face de Ron iluminou-se. Ele virou-se para ela e beijou a sua testa suavemente. Ginny fechou os olhos. "Mas eu não posso prometer que vou ser todo simpático e querido para aquele fedelho sonserino, Gin." Ele disse sombriamente. Depois lembrando-se da Ginny e do casamento, a sua face carrancuda vacilou um pouco.



Ginny riu. "Ninguém está na verdade à espera disso." Ela disse, levantando-se e andando até à sua pequena mesinha do toucador. Sentou-se no banco e começou a pentear o cabelo ruivo. Para ela, o pensamento do Ron ser muito, muito simpático e amigo íntimo do Malfoy era como ver o Voldemort a dançar mambo, tomando golinhos de batido de frutas, rodeado de mulheres risonhas, divertindo-se numa pequena ilha calorenta algures nas Caraíbas. Era mesmo, totalmente... impensável.



"Mas como ele vai ser da família também..." Ron disse virando para ela. "Eu... eu... Bem, eu vou tentar o meu melhor para, sabes..." A sua voz apagou-se enquanto os seus olhos pousavam no reflexo dela significativamente, as mãos gesticulando estupidamente. "Tu sabes, eu... eu vou, tipo... er... ser civilizado e tal--"



Ginny encontrou-se a rir abafadamente. "Eu acho que sei o que queres dizer." Ela disse.



Ron acenou com a cabeça. "Sim, eu também acho." Ele respondeu. "Então, er... o... o Harry foi informado sobre isto?" Ele perguntou com cuidado.



Ginny parou de repente, o sorriso no seu rosto sardento murchando levemente. Ela guardou a escova devagar e virou-se para o irmão. Ela respirou fundo. "Eu... eu mandei-lhe uma carta." Ela respondeu finalmente.



Ron ergueu as sobrancelhas com curiosidade. "E ?"



"Bem... bem, ele--" Ginny gaguejou. "Ele não... respondeu." Ela suspirou e virou a atenção de volta ao espelho. "Senti-me horrível, sabes. Ter de lhe contar aquela 'coisa' durante a época de Quadribol... Na verdade, ele voltou para a Irlanda completamente... completamente..."



"Feliz?" Ron perguntou.



"Bem, não feliz assim daquele FELIZ." Ginny disse significantemente.



"Confiante? Esperançoso?"



"Bem, qualquer coisa assim, sim. É mais tipo... mais tipo--" Ginny disse pensativa. Depois atirou as mãos. "Oh, maldição, eu não sei! Eu não sei até que ele responda!" ela choramingou. Sentiu-se mesmo miserável só de pensar na conversa que eles tinham tido no escritório.



"Mas prometes por favor considerar o assunto?"



"Eu prometo."



"Bem, tu não podes culpá-lo se ele não responder, sabes isso?" Ron disse.



Ginny suspirou e acenou. "Sim, eu sei." Ela respondeu cansada. Depois olhou para o reflexo do Ron. "Isso torna-me numa má pessoa?"



Ron sorriu suavemente. "Não, isso não te torna numa má pessoa, Ginny." Ele respondeu abanando a cabeça. "Como tu disseste, é destino."



Ginny acenou. "Sim, destinho." Ela disse concordando. "Destino? Fui eu ou estou mesmo destinada a viver o resto da minha vida infeliz e miserável com um certo miserável parvalhão com quem vou casar?"



"Está tudo bem, Gin?" Ron perguntou ao reparar no silêncio repentino.



Ginny saiu relutantemente do transe e virou-se para ele a sorrir. "Sim, claro. Eu estava só... er... pensando numa coisa." Ela respondeu.



"Oh, certo." Ron acenou com a cabeça. "Isso não é novidade... tu estás sempre a pensar nalguma coisa." Ele murmurou. Ginny lançou-lhe um olhar sério. Ron calou-se.



"Então, o Bill já se foi embora?" Ginny perguntou.



"Yeah, há um pedaço." Ron respondeu. "Normalmente é o Bill que vai embora primeiro. Mas surpreendentemente o Charlie, Fred e George ultrapassaram-no."



Ginny sorriu de modo discreto. "Provavelmente sente saudades da mãe e do pai." Ela disse, amarrando a sua cabeleira ruivo-brilhante num rabo-de-cavalo. Depois, virando-se de novo para o espelho, pegou num pequeno tubo de lip gloss rosa pálido e começou a colocar nos lábios. Depois levantou-se e rodopiou em frente ao seu irmão.



"Então que tal estou?" Ela perguntou mostrando a sua blusa e a saia caqui.



"Estás linda, Gin." Ron disse. "Claro que eu diria maravilhosa mas isso é para a minha Hermione, sabes." Ele acrescentou timidademente. "Qual a ocasião, já agora?" Ele perguntou.



"Oh, eu estou indo para uma coisa lá no orfanato e o Mal... Draco vem-me buscar e nós iremos jantar com a sua mãe e o seu avô." Ela respondeu, colocando o casaco.



"Oh, entendo." Ron disse. "Conhecer os sogros?"



"Bem, podemos dizer que sim." Ela respondeu, as mãos desajeitadas procurando a fivela do casaco e abotoando-a. "Onde está a Herm, já agora?" Ela perguntou.



"Diagon-All." Ele respondeu. "Com a Sylvia. Ela estava a falar sobre comprar bílis de cabra e um pouco de magnólia recortada ou raízes lilazes ou lá o que era." Depois encolheu os ombros. "Bastante desagradável, se queres saber." Ele disse, contorcendo a face com desagrado. "Agora que penso sobre isso... o que estará a Herm a planear, afinal?" Ele perguntou a si mesmo.



"Bem, provavelmente ela gosta de esvaziar coisas com uma Poção de esvaziar." Ginny respondeu. "Bílis de cabra e raízes recortadas de magnólia é para fazer a poção de Esvaziar." Ela respondeu com certeza.



"Tens a certeza?" Ron respondeu na dúvida.



Ginny pestanejou. "Meu querido irmão." Ela começou. "Estás a falar com a melhor em poções que Hogwarts já viu." Ela continuou.



Ron rolou os olhos. "Yeah, como queiras." Ele respondeu. Mas era verdade. Ginny era a melhor em poções lá em Hogwarts. As suas notas altas provavam-no (muito para desagrado do Snape... fora um grifinório e não um sonserino que tinha ganho os méritos mais altos). Ela era provavelmente a melhor depois do Severus Snape, o seu professor de poções. Não interessava o quanto Ron odiava aquele homem, ele tinha de admitir que Snape era o melhor quando se falava em poções, caldeirões e tal, considerando o facto de que tinha sido uma das poções do Snape que o tinha salvo durante a guerra. "Tu sabes muito bem que se o Snape te ouve--"



"Oh, o que ele não sabe não lhe pode magoar, de qualquer forma." Ela disse. "Então o que Sylvia encheu de ar desta vez?" Ela perguntou.



"Eu penso que foi a roupa interior da mãe." Ron disse, rindo à socapa quando encontrou o tamanho XXXXXXL das calcinhas e soutiens no topo da secretária da sua mulher naquela tarde.



Ginny franziu as sobrancelhas. "Eu não posso culpar a pequena Sylvia. No entanto--" Ela disse, olhando para ele em cheio nos olhos. "A sério, Ron... em que é que estavas a pensar? Por que é que tens uma Solução de Dilatação no teu quarto, hein?" Ela perguntou, dando-lhe um sorriso maldoso.



Percebendo o que Ginny queria dizer, Ron contorceu a face, ao ver que se tornava rosa. "A sério, Ginny!" Ele começou com descrença. Parou ao ver o sorriso endiabrado da sua 'pequena irmã'. Ele abanou a cabeça e foi até à porta. "Eu recuso-me simplesmente a ter esta conversa contigo." Ele disse.



"Ooh, touché!" Ela observou de modo sarcástico.



"Eu não... nós não precisamos disso! Eu não uso isso, se queres saber. São para os... vegetais--" Ron choramingou.



"Então por que é que está dentro do teu 'quarto' ? Quarto... vegetais... cozinha... entendes a relação?" Ela perguntou, rolando os olhos.



"Eu já te disse! É... nós não... foi a Sylvia e--" Ron gaguejou.



Quando Ginny lhe lançou aquele olhar eu-não-acredito-mesmo-em-ti, ele lançou as mãos ao ar. "Hey! Tu és a minha irmã mais nova! O que é que tu sabes dessas coisas afinal?" Ele perguntou resmungando.



Ginny riu por entre os dentes e foi até à maçaneta da porta. "Tu ficarias surpreso, acredita." Ela respondeu. Quando o Ron olhou-a sombriamente, ela esboçou um largo sorriso. "Oh, está bem! Eu acredito em ti! De qualquer forma, tu és alto e tu sabes o que dizem dos 'homens altos', certo?" Ela acrescentou maliciosamente. Depois sem mais palavras, ela pôs-se nas pontinhas dos pés e beijou o irmão na bochecha. "Deseja-me sorte." Ela pediu. Apesar deste casamento ser apenas um jogo, ela não podia impedir de se sentir nervosa e ansiosa por conhecer os 'sogros'. Teria Draco se sentido assim também? Ela encontrou-se a perguntar.



"Eu digo que te amo." Foi a única resposta de Ron.



Com aquilo, Ginny sorriu e desceu as escadas. "Vemo-nos depois!" Ela cantarolou. "E pai, onde quer que estejas! Não te atrevas a desmanchar o meu celular! Estou a falar a sério!" Ela acrescentou enquanto andava até à lareira. Depois pegando no pote cheio de pó de floo, posicionou-se em frente à crepitação do fogo.



"Cuidado, Ginny!" Molly disse da cozinha ao ouvir os paços rápidos da sua filha. "E por favor, agradece ao Draco as flores, querida."



"Eu agradeço, mãe! Adeus!" Ela respondeu. Então jogou o pó, fazendo um estrondo de cor esverdiada.



"Para o orfanato, por favor." Ela disse de modo alto e claro. E com aquilo, saltou para as chamas e desapareceu de vista.







*****



Draco cruzou as pernas e olhou pela janela da carruagem naquele mesmo dia. Então ele colocou os seus dedos cuidados na têmpora direita e observou o lento pôr do sol. Estava indo para o orfanato depois de receber a carta da Virgínia.



"Virgínia Weasley..." Ele viu a sua mente repetir. Deixou escapar um grunhido irritado e virou-se para a janela, puxando bruscamente as cortinas para tapar o bonito pôr do sol da sua vista. Na verdade, surpreendeu-o o facto de ter se encontrado a pensar nela e no seu comportamento da outra noite, durante dois dias inteiros, ontem e hoje.



Ele não esperava mesmo que tudo resultasse assim tão bem, aliás, melhor do que ele tinha esperado... Não conseguia apenas esquecer aquela noite, a maneira como ele tentou dar o seu melhor, aceitando o concurso de bebida, e acordando...



Ele respirou fundo pensativamente e bateu com a varinha de maneira suave na perna direita enquanto olhava o lugar vazio à sua frente. Espantou-o mesmo ao se encontrar, na manhã seguinte, deitado no sofá com a cabeça no colo da Virgínia, a mão dela estrelaçada no cabelo dele. Ele não conseguia se lembrar exactamente o quanto bêbado estivera naquela noite. Nem se tinha lembrado o que tinha feito 'naquele' estado (deitado no sofá com a Virgínia). Ele bateu mais rápido com a varinha.



Aquilo era pior... ele parou. Não, não era pior, mas sim... incómodo. O que era pior era a maneira como ele tinha agido na manhã ao acordar encontrando-se no colo dela e vendo-a dormindo. Ele lembra-se claramente de ter pestanejado furiosamente e ter saltado rapidamente para uma posição sentado quando sentiu uma mão suave na sua cabeça e quando viu a face dela dormindo ao seu lado. O problema era que, ele podia ter apenas deixado um bilhete e ido embora logo de seguida. Mas não, ele não foi embora. Em vez disso, ele sontou-se ali e olhou quieto a face dela por uns momentos antes de escrever o bilhete, deixar umas flores e finalmente ir embora.



Até agora, não lhe tinha ocorrido por que é que ele tinha ficado lá só para vê-la dormir. Era mesmo bastante desconcertante reparar de repente que ele tinha na verdade querido ficar ali a olhá-la. Havia aquela coisa inexplicável que forçava os seus olhos na direcção dela.



Só não conseguia esquecer a maneira como ela estava naquela noite. Olhos fechados, fazendo as pestanas sobressaírem contra a pele branca cremosa. Na verdade, tinha o surpreendido ver que elas eram grossas, escuras e longas. E ela tinha um nariz... um nariz feminino e pequeno, tão diferente do nariz comprido e aristocrático da Blaise. E o seu cabelo ruivo era muito comprido e brilhante, com as pontas encaracoladas... era tão atraente que ele teve problemas em resistir à tentação de tocá-lo, para ver qual a sensação, saber o quanto suave e sedoso era. Considerando tudo, Ginny parecia um anjo naquela manhã, tirando a auréla e as asas, claro.



Ele deixou escapar uma praga e deixou a varinha de lado. Mas que raios estava a acontecer com ele? Primeiro, olhou-a dormindo. Depois encontrou-se repentinamente a pensar nela o dia inteiro. Não estava habituado a isso! Normalmente, depois de fazer sexo com a Blaise ou outra qualquer, ele só ficava na cama uns 5 ou 10 minutos e depois levantava-se. Se adormecesse era a mulher que o olhava com adoração e não o contrário! E ele não pensava nelas o dia inteiro! Bem, se ele pensasse, então seria sobre as 'coisas' que eles tinham feito na noite anterior e não na maneira como ela estivera dormindo. E o outro problema era que ele nem tinha dormido com a Virgínia Weasley! E ele tambem não fazia nem pensava aquelas coisas 'piegas'! Dormir no colo de uma mulher...! Tal pensamento era... Draco abanou a cabeça. Isto era tão enervante e incómodo... Fora por isso que ele tinha decidido não a ver ontem. Queria limpar a cabeça, convencer-se de que não era nada, para resolver as coisas, mas então... vejam onde isso o levou. Ele ainda se encontrava a pensar nela.



Abanou a cabeça e decidiu ignorar o sentimento inexplicável construindo-se dentro dele. Era só a coisa 'piegas' que o afectava. Ele convenceu-se. A coisa 'piegas' e também a família dela. Ele acrescentou precipitadamente. Nunca no raio da sua vida inteira ele tinha encontrado uma família tão louca como a dela, com os dois irmãos mais velhos (Bill e Charlie) que riam-se dos outros (Ron) juntamente com o par de gémeos, que na verdade tinham uma promissória carreira de destruir casas. De facto, talvez fosse só isso. Era só aquela nova experiência de defrontar a família dela. Caramba, era tudo menos ela. APENAS TUDO MENOS ELA.



"O orfanato, Mestre Draco." O seu cocheiro chamou de repente, destruindo os seus pensamentos.



Então, Draco levantou as cortinas da janela para ver o grande e maciço edifício do orfanato aparecendo vago e indistinto à sua frente. O castelo era pequeno comparado com Hogwarts mas mesmo assim era muito maior que a Mansão. Draco tinha ouvido dizer que ele fora usado como fortaleza militar na Revolta Camponesa. Ele observou a estrutura por momentos e reparou nas fimes torres feitas dos rudes tijolos que também revestiam as paredes do castelo. Sem dúvida que aquelas torres tinham sido usadas como torres de vigia anteriormente. De alguma maneira, a rugosa e simples estrutura daquele orfanato fê-lo lembrar dos castelos na Escócia. Depois os seus olhos abriram-se só para ver as grandes portas de ferro abrindo-se como se tivessem sexto sentido. Bem, provavelmente elas sentiram-no. Ele clareou a garganta.



"Avança." Ele ordenou.



"Muito bem, jovem Mestre." O seu cocheiro respondeu enquanto a carroagem parava diante das portas grandes e pesadas. Pegando na varinha e endireitando o casaco, Draco abriu a porta e saiu da carroagem. Olhando para o cocheiro, ele falou calmamente.



"Estarei de volta em quinze minutos."



Depois sem esperar nenhum momento, Draco andou até à porta, bateu duas vezes e desapareceu para o castelo.







*****




Ginny apertou o seu casaco enquanto andava silenciosamento pelo corredor do castelo, os seus sapatos fazendo sons contra o chão de pedra. Depois ao parar em frente ao escritório que partilhava com Selena, ela tirou a varinha e murmurou:



"Alohomora."



Instantaneamente, a porta abriu-se. Então, Ginny deslizou a varinha de volta ao bolso e entrou, vendo Selena ocupada a escrever alguma coisa. Sem uma palavra, ela andou precipitadamente até Selena e deixou cair alguma coisa em cima do pergaminho que Selena escrevia.



"Toma." Ela disse. "Paga a Gringgots e diz-lhes para resolverem--"



"Onde diabos conseguiste isto?" Selena murmurou, seus olhos esbugalhados ao ver a chave dourada do cofre de Gringgots. Ela pegou na chave e virou-se para Ginny. "Quanto é que está dentro deste cofre, se não for indiscrição, Ginny?"



"Um mihão de galeões." Ginny respondeu simplesmente, afastando-se dela e andando até à sua secretária. Deixou-se cair na poltrona sem se importar em despir o casaco. "Eu disse que conseguia o dinheiro, não disse?" Ela explicou, sorrindo largamente.



Selena franziu as sobrancelhas com uma mistura de confusão e espanto. Ela levantou-se e andou até Ginny. "Bem, sim mas como--" Ela parou e abanou a cabeça. "Como é que conseguiste... este dinheiro? Como--"



"Eu tenho as minhas maneiras, é só." Ginny interrompeu.



Com aquilo, o queixo de Selena caiu. "Tu não... tu sabes... por favor diz-me que tu não--"



Ginny contorceu a face com repugnância. "Claro que não!" Ela choramingou. "Caramba Selena! É isso que pensas de mim?" Ela perguntou, levemente magoada.



"Não, claro que não!" A jovem respondeu rapidamente. "Mas obviamente, não me podes culpar se--"



"Eu pedi um empréstimo." Ginny respondeu.



"Um empréstimo?" Selena repetiu.



"Yeap!" Ginny acenou com a cabeça, fazendo o seu rabo-de-cavalo balançar. "Pedi um empréstimo."



"A quem?"



Com aquilo, Ginny parou. "Bem... a..." Ela abanou a cabeça devagar. "A... a um amigo." Ela continuou de modo pouco convicente.



"Bem generoso é esse teu amigo." Selena disse. Depois ela suspirou. "Sério, Ginny, não consegues inventar uma melhor?"



"Tu não acreditas em mim?" Ginny perguntou. Quando Selena abanou a cabeça, ela franziu as sobrancelhas. "Olha, vai e paga a Gringgots e compra alguma coisa para o orfanato, está bem? Eu preocupo-me com as finanças e tal."



"O meu trabalho é me preocupar com as finanças, Gin." Selene disse, levantando uma sobrancelha.



"Não, o teu trabalho é te preocupares com os balanços mensais." Ginny respondeu de mau humor. Selena franziu as sobrancelhas com a resposta. Vendo aquilo, Ginny apenas suspirou. "Olha, desculpa mas eu não estou com paciência para discutir isto agora, principalmente quando tudo vai ficar pago e resolvido." Ela respondeu, sorrindo de modo fraco.



"Oh, está bem." Selena disse, desistindo finalmente. "Apenas diz-me se houver algum problema, está bem?"



Ginny acenou e levantou-se. Andou até à janela do escritório e espreitou. Depois virou-se para Selena, que estava ocupada a tirar o novo pergaminho, sem dúvida para escrever uma carta para Gringgots. "Um homem com err... cabelo loiro, chamado Draco Malfoy... tu sabes... err... veio aqui?" Ela gaguejou.



Selena levantou o olhar. "Rapaz alto e loiro com uns espantosos olhos cinzentos?" Ela perguntou. Quando Ginny acenou, ela sorriu largamente. "Bem, não. Estás à espera dele?"



"Como é que o conheces?" Ginny perguntou em vez. "Tu andaste em Durmstrang, certo? Então como é que o conheces?"



"Oh bem... Ele é bem popular com as mulheres, sabes." Selena respondeu, mordendo o lábio inferior pensativamente. "Eu conheci-o uma vez em que o meu tio deu uma festa na sua Mansão, tu sabes, o meu tio que vive na Alemanha e bem, foi lá que eu o vi. Ele é tão bonito!" Ela disse suspirando.



Ginny Franziu as sobrancelhas ao ver os risinhos escapando dos lábios da jovem mulher. Vendo o olhar que Ginny lhe lançou, Selena abafou os risinhos e clareou a garganta. "Eu ouvi que ele era teu colega de escola." Ela disse num tom interrogativo.



A raiva acenou. "Nós andávamos em Hogwarts." Ela respondeu curtamente, afastando-se da janela. "Tu...acha-o err... bonito?" Ela não conseguiu resistir e perguntou depois de um momento.



Selena descontrolou-se. "Super Bonito!" Ela respondeu, os seus olhos azuis cintilando. "Ele é tão alto e tão bonito e suave... e a maneira como se veste.. ele é tão... sexy, sabes! Tão misterioso e--"



"Estás a te esquecer que ele desapareceu durante a guerra?" Ginny perguntou maliciosamente.



"Bem, sim eu não posso negar esse facto." Selena disse pensativamente. "Mas então, ele é na mesma bonito e charmoso. Ele provavelmente não se lembra de mim mas eu não o posso culpar, na verdade. Ele estava rodeado por dúzias e dúzias de bonitas mulheres e eu tinha 15 ou 14 anos naquela altura, não chamava a atenção..." Selena falava e falava para consternação de Ginny.



"Mas tens conscincia que o pai dele estava de combinação com o Lord das Trevas, certo?" Ginny insistiu ao ver o sorriso sonhador na face da outra mulher.



"Oh, Lord Shhhmord! Não interessa, a sério." Selena respondeu com um aceno de mão desinteressado. "De qualquer maneira era o seu pai e não ele... ooh... mais outra coisa para adicionar ao rapaz Mau-Mas-Sexy-de-Morrer." Ela acrescentou quase babando-se.



Ginny olhou-a, os seus olhos castanhos esbugalhados com o choque. "A sério, Selena... aquele homem é um... err... um--" Ela começou, a sua mão gesticulando no ar enquanto ela procurava uma palavra apropriada.



"Aquele homem é um quê?"



Ginny rodou rapidamente para ver Draco parado na entrada, com as mãos nos bolsos das calças, os lábios com o normal sorriso arrogante e indolente que ela tão bem conhecia. Ao ver Draco, Selena deixou escapar um pequeno e feminino gritinho agudo e levanta-se. Ginny franziu as sobrancelhas com muito desaprovamento ao ver a forma curvilínea de Selena andar até Draco.



"Você é... Draco Malfoy, estou correcta?" Selena perguntou timidamente, parando a uns poucos centímetros afastada dele.



"Sim." Draco respondeu suavemente, avançando para ela. Selena segurou a respiração ao vê-lo parar apenas polegadas afastado dela. "E você deve ser Selena Malthus?" Ele perguntou agradavelmente. "Cresceu para se tornar uma bela mulher, pelo que vejo."



Os olhos de Selena esbugalharam-se de surpresa e prazer. "Ele lembra-se de mim?" Ela pensou enquanto Draco segurava a sua mão, beijando-a levemente. "Ele lembra-se de mim!" Ela acrescentou, obviamente encantada. Deu uma risadinha quando Draco soltou finalmente a mão dela.



"Você vai, certamente cumprimentar o seu Tio por mim?" Ele perguntou.



"Cla...claro." Selena guinchou.



Ginny ficou ali, pestanejando com irritação. O seu corpo ficou rígido enquanto absorvia em silêncio a cena à sua frente. Como se atrevia ele? O seu cérebro gritou. Depois sem pensar, ela pegou no pesado pisa-papéis e empurrou-o fora da mesa de propósito. Fez um pesado barulho ao bater no chão. Draco e Selena viraram-se para ela, ambos com os olhos esbugalhados de surpresa.



"Err...vento." Ginny murmurou enquanto se dobrava para juntar o pisa-papéis e em parte também para enconder a sua face quente e ruborizada. "Deve ter deitado abaixo... o err--"



Draco olhou para ela, os seus olhos iluminando-se com imenso divertimento. Por um segundo, ele deixou os seus olhos percorrerem-na. Ela estava vestida de branco de novo, muito para seu prazer e desanimo. Prazer porque a sua aparência, apesar de simples e modesta, era mesmo muito sedutora. Ele não escapou a fina cintura e as pequenas e redondas ancas que a sua blusa escondia. E ele encontrou-se a pensar endiabradamente de novo, e depois sentiu desanimo porque ele iria pensar novamente nela uma e mais uma vez. Ele virou-se para Selena e sorriu. "Tem de desculpar a Virgínia." Ele disse andando até Ginny, que estava a pôr o pisa-papéis na mesa. "Ela está com ciumes." Ele acabou de falar ficando ao lado dela. Com aquilo, os olhos de Ginny esbugalharam-se.



"Eu com certeza não estou!" Ela gritou. Olhou para Draco, depois para Selena que estava observando-os com os grandes olhos azuis. "Eu com certeza não estou! Isso... isso é ridículo e--" Ela gaguejou de novo. "Então por que é que tiveste de armar uma cena deixando cair o pisa-papéis?" Uma pequena voz disse no fundo da sua cabeça. As sobrancelhas franzidas da Ginny acentuaram-se, mas ela ignorou.



"Ela é a minha noiva." Draco disse a Selena delicadamente. Os olhos de Selena esbugalharam-se com óbvio choque e desapontamento. "E ela está com ciúmes." Ele acabou de novo, irritando ainda mais a Ginny.



"Não!" Ela declarou profundamente.



Com aquilo, uma faísca de esperança passou pelos olhos da Selena. "Não és a sua noiva?" Ela perguntou.



"NÃO ESTOU COM CIÚMES!" Ginny disse através dos dentes rangendo. Por um momento, ela ficou a pensar por que é que ficara irritada com o não és sua noiva que a Selena tinha dito. Estava mesmo com ciúmes?



Selena virou-se para o Draco interrogativamente. Draco, por sua vez, sorriu e pisco-lhe o olho intencionalmente. Entendendo o significado, Selena sorriu de volta e virou-se para Ginny.



"Tu não enganas ninguém." Selena observou sarcásticamente. Ela andou alegremente até ao par e deu uma risadinha. "Mas a sério, está tudo bem. Quer dizer, eu sou demasiado nova para ele, de qualquer maneira."



Ginny deitava fumo.



Draco sorriu. "Bem, eu tenho a certeza que vais escontrar alguém que... te mereça." Ele disse pensativamente. Ele estava tão tentado a dizer "Vai encontrar alguém como eu." mas ao ver o olhar perigoso de Ginny, resistiu ao impulso.



"Posso ir ao casamento?" Selena perguntou esperançosamente, virando-se para Ginny e depois para Draco. "Por favor?"



Ginny olhou-a por um momento. A vontade da sua boca era dizer que sim mas surpreendentemente, ela sentiu-se tão rancorora que permaneceu em silêncio. Draco então clareou a graganta ao reparar no olhar subtil mas zangado de Ginny. Ele virou-se para Selena e sorriu.. "Claro." Ele disse suavemente. "Eu creio que o meu avô tenciona convidar toda a gente. Estará na festa de noivado, certo?" Ele acrescentou, levantando as sobrancelhas interrogativamente.



"Oh! Haverá uma festa de noivado também? E todos estão convidados?" Ela perguntou. Quando Draco acenou, Selena deu risadinhas encantada, batendo as mãos uma vez. "O seu avô deve ser tão rico!" Ela descontrolou-se.



O habitual comportamento calmo de Draco partiu-se com a pergunta. Ginny não perdeu o tremeluzir de aborrecimento que passou nos seus olhos. Aparentemente, Selena tinha tocado num ponto sensível.



Ginny engoliu os risinhos ao notar a calma forçada do Draco. "O que é que se passa com este rapaz?" Ela encontrou-se a perguntar enquanto Draco lutava com grande esforço para parecer suave e nada afectado. Naquele momento, ela prometeu a si mesma descobrir tudo sobre a relação de Draco com o avô, que era obviamente má. Não faria mal usar um pouco daquilo contra ele, pois não?



"Er... Draco, querido..." Ginny começou enquanto tentava manter uma cara séria. "Eu penso que... nós deveriamos ir andando?" Ela perguntou.



Draco virou-se para ela de modo sério. "Sim, o Avô deve estar à nossa espera agora." Ele disse. Depois virando-se para a Selena, ele sorriu. "Foi muito bom vê-la de novo, Sra. Malthus."



"Oh, digo o mesmo." Selena respondeu. Assim, Draco inclinou a cabeça e passou por elas. Ginny virou-se para Selena e sorriu.



"Até depois." Ela disse.



"Oh, estou tão feliz por ti." Selena disse com um aceno. "Manda uma coruja e conta-me tudo, ok?"



Ginny acenou enquanto Draco abria a porta e gesticulava para ela passar primeiro. Uma vez fora, Ginny virou-se para Draco, sorrindo, o sentimento desconfortável de há pouco já completamente desaparecido.



"Detecto fruta azeda aqui?" Ela perguntou enquando andavam lado a lado, indo até à saída do orfanato. Ela sorriu-lhe feliz antes de sair pelas portas de carvalho.



"Pareces tão feliz." Draco murmurou enquanto o cocheiro abria a porta da carruagem para eles. Ele afastou-se para deixar a Ginny entrar primeiro. Ele seguiu-a e fechou a porta gentilmente. Ele sentou-se à sua frente e sorriu. "Feliz por me ver finalmente?" Ele perguntou de propósito.



"Oh, tu podes me provocar o quanto quiseres." Ginny disse com um sorriso largo enquanto a carruagem movia-se devagar afastando-se do orfanato. "Mas eu asseguro-te que nada nem ninguém consegue estragar esta noite encantadora. Nem mesmo tu." Ela acrescentou.



"E por que é isso?" Ele perguntou, tirando o seu relógio de bolso. Abrindo-o, ele deixou escapar uma praga e fechou-o de novo.



"Só a maneira como estavas na outra noite vale a pena." Ela disse simplesmente. Com aquilo, Draco levantou o olhar e olhou-a de maneira cortante. Ginny encontrou o seu olhar e sorriu com prazer.



"Bem, eu só espero que o teu comportamente animado dure até conheceres o meu avô." Ele respondeu finalmente, enquanto guardava o relógio de bolso.



"És tão antiquado." Ginny respondeu.



Draco levantou as sobrancelhas interrogativamente. "Desculpa?" Ele perguntou.



"O relógio de bolso." Ela explicou. "Alô?? Estamos no século XXI e tu continuas a usar um relógio de bolso? Não poderá o rico Draco Malfoy comprar um Rolex ou assim? Ou foi o grande e mau avô que não lhe quis comprar um?" Ginny perguntou de maneira desagradável.



"Este relógio de bolso é do século XVII." Draco respondeu pacientemente. "Além do que pertenceu a uma longa geração da família Malfoy, o valor deste relógio é superior a uma dúzia de Rolex juntos. Agora diz-me, porque quereria eu um Rolex em vez deste?" Ele acrescentou calmamente.



Com aquilo, Ginny franziu as sobrancelhas e deixou o assunto de parte. Ela pôs o queixo na mão direita e olhou pela janela. Draco, por sua vez, olhou para ela. Os seus frios olhos cinzentos observaram relutantemente a sua blusa branca e a saia caindo solta. Não escapou as pernas graciosas que apareciam fora da saia, e para sua imensa surpresa, ele começou a respirar com dificuldade quando o calor e excitação familiar apoderaram-se dele. Considerando tudo, Virgínia parecia tão frágil e inocente. Se ele não a conhecesse tão bem, não se atreveria a pensar que aquela mulher frágil e inocente era também teimosa, violenta e de mau temperamento. Só de pensar na combinaçao das suas feições fora do comum, o calor aumentava ainda mais. Também o vazia pensar... por que é que ela era ainda virgem? Ele então levantou as sobrancelhas. Estavam no seculo XXI! Havia ainda tal coisa? Mesmo assim, virgem ou não, ele tinha finalmente chegado á conclusão que Virgínia Weasley não era o tipo de mulher que se rendia tão facilmente. Reflectir sobre isso fez o seu desejo aumentar mais ainda. Domar uma mulher como ela seria um prémio para ele, que ele tinha a certeza que não seria muito fácil. Ela seria a sua vitória.



"Desculpa, mas a tua mãe não te ensinou que é feio olhar fixamente?"



Draco pestanejou e virou a sua atenção para a sua face. Ginny estava com um olhar sério, mas ele não deixou escapar o tremeluzir de intriga gravado nos olhos dela. Sorrindo, ele tirou a varinha.



"Sentindo-se de repente consciente?" Ele perguntou suavemente.



"Bem, não." Ginny respondeu, a sua voz já tremendo de nervosismo. Draco estava olhando-a de novo. E ela nunca se sentira tão... tão... "Não... olhes para mim assim." Ela disse numa voz fraca. Ela odiava completamente quando o Draco olhava para ela daquela maneira. Era como se ele estivesse a tentar despi-la mentalmente. Mas então, lá no fundo ela sentiu outra coisa. Prazer? Excitação? Medo?



Draco olhou-a nos olhos e viu as emoções contraditórias. Então ele colocou a ponta da sua varinha em cima do joelho direito dela, fazendo pequenos e lentos círculos com ela, olhando-a de maneira quente. Ginny respirava com dificuldade mas não fez nada, continuou olhando, o seu ritmo cardíaco aumentando, a sua face ficando quente. De repente, ela sentiu-se toda calorenta e febril.



"Então Virgínia." Draco falou de modo lento e arrastado. Ele inclinou o corpo para cima dela, ficando só polegadas afastado da face dela, devido à pequenez da carruagem. "Estás nervosa?" Ele perguntou suavemente.



Ginny engasgou-se. "Um... um pedacinho." Ela gaguejou. "Sentiste-te assim também? Quer dizer, na outra noite?"



"Por que é que perguntas?"



Ginny arranjou a coragem para encolher os ombros. "Eu não sei." Ela respondeu suavemente enquanto que Draco começava a avançar para ela. "Só queria... queria começar uma conversa... civilizada."



Com aquilo, Draco riu por entre os dentes. "Acredita, conversar é a última coisa que nós queremos agora." Ele disse e com aquilo, agarrou-a e começou a beijá-la.



Ginny abafou a sua surpresa, mas mesmo assim, deixou que o seu corpo tomasse conta da situação, perdendo finalmente a luta. Ela fechou os olhos e abriu os lábios, deixando a língua dele se encontrar com a sua. Envolveu-o com os braços e começou a passear a mão pelo cabelo dele, pelo seu pescoço, pelas suas costas... Depois daquele primeiro 'encontro', Draco nunca mais a tinha beijado assim e ela ficou chocada ao aperceber-se que tinha sentido saudades.



Draco deixou escapar um gemido de prazer ao sentir as mãos sedosas dela passando pelo seu cabelo, pelas suas costas... Os dedos dela... aqueles pequenos dedos... pareciam borboletas, agitadas gentilmente e acariciando-o de modo sensual... Sem hesitar mais, Draco levantou-a e colocou-a no seu colo, as pernas dela, uma de casa lado do seu corpo. Ele apertou os seus braços à volta da cintura dela e começou a lhe beijar o pescoço, as orelhas... Ela deixou escapar um pequeno choro. Draco sorriu. Ela era sensível ali.



Ginny respirou com dificuldade quando o odiado prazer subiu pelo seu corpo. Ela atirou a cabeça para trás quando sentiu os lábios dele no seu pescoço, agarrando-o com as mãos desesperadamente. "Por favor... não... não!" Ginny disse sem respiração quando os lábios do Draco encontraram o lóbulo da orelha e começaram a beijá-lo implacavelmente enquanto as mãos na cintura dela começaram a desabotoar o casaco. Então, ela sentiu 'alguma coisa' aumentar contra ela. Deixou escapar uma pequena lamúria, colocando as mãos na camisa dele, puxando-a com força e desajeitadamente. Ela notou que parecia imperativo ter o mínimo de roupa entre eles.



Draco sorriu de novo ao sentir a urgência dos movimentos dela. Ele desejava-a! Ali e agora! Ela estava a fazer todo o tipo de lamúrias e arfadas, fazendo-o completamente ciente do seu corpo, gritando por ela. Esquecendo completamente a situação, as suas mãos foram até à blusa dela e começou a desabotoar, um por um, até estar aberta perante ele, mostrando o delicioso ritmo do peito dela no soutien beje. Ele estava para tirar a roupa interior dela quando de repente, sentiu os solavancos da carruagem diminuir.



"A Mansão Malfoy, Mestre Draco." O seu cocheiro anunciou.



Draco parou bruscamente enquanto Ginny voltava à realidade. Ela olhou para baixo só para se encontrar no colo do Draco na mais... provocativa e estimulante posição, a sua blusa bem aberta em frente dele e as mãos dela na camisa de Draco, tentando sem sucesso desabotoá-la... Draco olhava-a com óbvia irritação e desapontamento e sem conseguir acreditar na repentina interrupção. Pestanejando e sacudindo-se de volta à realidade, ela deixou escapar uma praga, levantou a mão e deu uma bofetada com força na face de Draco.



"Seu... seu..." Ginny começou saindo do seu colo e sentando-se afastada dele. Ela abotoou precipitadamente a blusa e endireitou a saia, olhando-o com muito ódio.



Draco, por um momento, olhou para ela chocado ao sentir a dor fina na bochecha. Ela... tinha-lhe batido! Nunca na sua vida...! Com aquilo, os seus olhos escureceram enquanto arranjava o colarinho, a sua raiva aumentando. "O que..." Ele parou e respirou fundo, acalmando a fúria dentro dele. "O que é que foi isto?" Ele começou.



"Ainda perguntas?" Ginny respondeu furiosa. Depois empurrando a porta, olhou para ele zangada. "Nunca, mas nunca mais faças isso ou eu juro que te mato!" Ela ameaçou antes de descer da carruagem furiosa.



"Já não ouvi isso antes?" Draco respondeu duma maneira desagradável. Mas aquilo não serviu para nada visto que Ginny andava até à entrada da Mansão sem poder ouvi-lo. Praguejando alto, ele desceu também da carruagem e andou até ela precipitadamente, massajando gentilmente com a mão a bochecha dorida.



Ginny parou em frente à porta e virou-se para ver Draco caminhando até ela. Olhou para o lado quando ele se colocou ao seu pé. Draco bateu levemente na porta duas vezes e esperou.



"Pára de te enganar." Draco disse de repente, sem olhar para ela. "Tu também querias." Ele acrescentou, enquanto a porta se abria para mostrar o mordomo fantasma do seu avô, Fields, que fez uma vénia educada perante eles.



Ginny olhou para aquela forma transparente em choque. Nunca tinha visto um mordomo fantasma! Aquilo era mesmo... incomum. Depois, ao ver o braço estendido do fantasma, indicando para entrarem, Ginny deu um passo em frente, seguida de perto por Draco. "Eu não vou ter esta conversa contigo." Ela sibilou enquanto seguiam o mordomo pelo hall de entrada do castelo mal iluminado, indo até à sala de jantar.



Então, Fields virou-se para eles, aceitando os casacos. "Mestre Malfoy sugeriu que esperassem por ele na sala de jantar." Ele disse num tom baixo e triste que gelou Ginny por dentro. "O jantar será servido dentro de momentos." Ele continuou. Quando o Draco acenou, Fields afastou-se.



Draco clareou a garganta. "Tanto que tu--"



"Oh, cala-te!" Ginny disse cansada.



"Não, tu--" Draco começou calmamente, os olhos estreitando-se friamente. Sem dúvida que aquilo seria o inicio d ima nova briga entre eles. Ele estava para abrir a boca, quando uma terceira voz surgiu no hall.



"Draco, és tu?"



Ele virou-se e viu Narcisa Malfoy andando até eles. Ginny acenou com a cabeça enquanto que Draco substituia o olhar frio por um de calma civilizada.



"Mãe." Draco disse andando até ela. Ele sorriu e colocou o braço por cima dela. "Eu gostava de lhe apresentar Virgínia Weasley, a minha noiva. Virgínia, a minha mãe." Ele disse.



Com aquilo, Ginny forçou-se a sorrir. "Boa noite, Sra Malfoy." Ela disse educadamente, inclinando a cabeça levemente. Ao ver a forma delicada de Narcisa Malfoy, o seu simples vestido preto caindo gentilmente até ao tornozelo, Ginny entendeu imediatamente a quem Draco saíra. Ela tinha olhos prateados e um fino cabelo loiro... como o Draco. E a maneira como se movia, graciosa e delicadamente, de novo... como o Draco. Ela não podia negar o facto de que Draco era delicado, suave e tranquilo. Até a sua pele translúcida... suave e clara, era da sua mãe. Agora, olhando-os lado a lado, Ginny pensou que se ela nao o conhecesse iria achar que eles fariam um lindo casal.



Narcisa ficou delicadamente surpresa. "Oh céus!" Ela exclamou andando até Ginny. "Uma Weasley?" Ela perguntou, os seus olhos cinzentos surpresos. Ginny olhou para ela e acenou. Narcissa sorriu. "É tão bom conhecê-la finalmente." Ela disse agradavelmente, para surpresa de Ginny. "Então como estão o Arthur e a Molly, querida?" Ela perguntou, levando Ginny para uma cadeira, deixando o Draco parado ali, olhando para elas com a testa enrugada.



"Oh, eles estão bem." Ginny respondeu.



"Ainda bem." Narcisa disse. "Então e o--"



Logo ali, a portar abriu-se. Narcisa, Draco e Ginny olharam para ver a grande forma de Vladimir Malfoy II entrar na sala de jantar, os seus pesados passos fazendo o nervosismo de Ginny enrolar. "Boa noite, boa noite!" Ele exclamou.



Draco clareou a garganta e acenou subtilmente a Ginny para se levantar e andar até ele. "Avô," Ele começou quando Ginny se colocou ao seu lado. "Gostaria que conhecesse a minha noiva, Virgínia Weasley." Ele disse cordialmente.



Ginny deu um pequeno sorriso, a capacidade de falar parecia ter desaparecido, o acidente na carrugem também já esquecido. Vladimir deixou os seus olhos pretos percorrerem a face dela, depois as roupas e voltando à face de novo. A única coisa que ela tinha reparado no Vladimir Malfoy era a incomum cor da pele. Ele parecia tão pálido, na verdade, muito muito pálido. A única coisa que Draco tinha dele era a grande altura. Quando os olhos castanhos de Ginny encontraram os dele, ela nao conseguiu deixar de notar uma suavização. Ela inquietou-se levemente ao senti-lo olhando-a bem... Ignorando, juntou toda a sua coragem e abriu a boca. "Um prazer, Sr. Malfoy." Ela disse agradavelmente.



"Sim, sim..." Vladimir murmurou enquanto tirava finalmente os olhos dela, andando até ao seu lugar, na cabeceira da comprida mesa.



Draco acenou. "Certo." Ele murmurou e andou imediatamente até Ginny e afastou a cadeira para ela. Ginny sentou-se delicadamente e esperou que Draco ocupasse o lugar vazio ao seu lado.



"Então, Virgínia." Vladimir resmungou enquanto um criado servia o vinho. "Está por acaso relacionada com Moira Aurelius?" Ele perguntou ao levantar o copo do vinho.



Ginny acenou. "Sim. Er... ela era a minha avó." Ela respondeu. "Como... como é que sabe, posso perguntar?" ela acrescentou, franzindo as sobrancelhas levemente.



"Humm... cabelo ruivo." Vladimir disse distraidamente. Então, ele tomou um gole do seu vinho. Depois virando os seus olhos pretos para o Draco, clareou a garganta. "Diga-me, o que fez uma garota querida como tu gostar do desgraçado do meu neto?"



Os olhos de Ginny esbugalharam-se enquanto olhava rapidamente para a expressão prestes a explodir do Draco.



"Des... Desculpe?" Ela gaguejou, a pergunta apanhando-a desprevenida.



"Oh, tu entendeste!" Vlad exclamou.



Ginny pestanejou enquanto os criados serviam-lhes o jantar. "Bem, eu não posso negar o facto de que o Draco é um desgraçado, de vez em quando." Ela começou. Com aquilo, Narcisa deixou escapar uma pequena arfada, enquanto Draco dava o seu melhor para sorrir de modo agradável. Muito bem, ela está a se vingar, ele pensou um pouco zangado.



"Mas eu não estava à procura do homem perfeito, para lhe dizer a verdade." Ela disse. "O Draco é querido e charmoso quando quer. Ele é o ideal para mim porque nao existe o homem perfeito. E eu nem me importo com as patifarias dele, posso muito bem controlá-las." Ela declarou sem deixar de sorrir.



Com aquilo, Draco deixou escapar uma risada quase inaudível. Ele estava prestes a acabar o seu vinho quando Ginny disse aquilo, e ele encontrou-se a apertar os lábios para o impedir de cuspir o vinho e rir. Ginny? Controlá-lo? Isso era realmente absurdo!



Ao ouvir, Vlad acenou com aprovação e riu por entre os dentes. Narcisa suspirou aliviada, enquanto Draco olhava para Ginny e sorria. "E o que é que te faz tão confiante?" Vlad perguntou depois de um momento. "Até eu tenho dificuldade em controlar este maldito rapaz." Ele acrescentou como se o Draco não estivesse ali.



Ginny franziu as sobrancelhas ao olhar para o Draco pelo canto dos olhos. Ela estava surpreendida por reparar que o comportamento calmo e suave do Draco estava quase a rebentar, o que era muito estranho. Era muito raro que Draco mostrasse as suas emoções e ainda mais raro mostrar-se 'obviamente' zangado ou irritado. Parecia que o único que conseguia irritar e provocar Draco daquela maneira era Vladimir Malfoy II. Ela não conseguia acreditar que o Draco estava ali sentado a aturar tudo sem reagir. Não era nada dele!



"Bem, eu suponho que já me habituei." Ela respondeu finalmente. "Eu não posso negar o facto de que vou casar com um bruto." Ginny sorriu e virou-se para ele. "Desculpa lá, querido. Sem ofensa." Ela disse tão carinhosamente que ia quase vomitando.



Draco, por sua vez, sorriu de volta. "Sem problema." Ele abservou sarcasticamente.



Ginny sorriu e virou-se para Vladimir de novo que estava observando-os, como que fazendo um exame minucioso, com os seus olhos pretos de falcão. "Mas a sério, Draco é um bruto querido e encantador." Ela terminou.



"Tu estás bem ciente de que estás a usar ironia aqui, certo?" Vladimir disse enquanto colocava o guardanapo no colo.



"Sim, claro" Ginny respondeu sem perder a calma. Ela desdobrou delicadamente o seu guardanapo e colocou-o também no seu colo. "Mas é isso que faz este casamento mais excitante, não lhe parece?" Ela perguntou e para seu espanto, sorriu e piscou o olho maliciosamente a Vladimir. Vladimir, por sua vez, olhou para ela, com os olhos esbugalhados enquanto Draco e Narcisa esperavam, segurando a respiração. De certeza que alguma coisa assim tão... tão... ousada não era correcta... não era correcta quando se falava com o Mestre da família Malfoy. Era muito, muito...



"Em que raios estava ela a pensar?" O cérebro de Draco berrou. "Fazendo uma coisa destas!"



Mas então, gargalhadas roucas e altas encheram a sala de jantar. Draco virou-se para o seu avô para vê-lo a abanar a cabeça de riso. Ele também reparou que Vladimir estava a olhar para Ginny bem afectuosamente e com diversão. Era simplesmente... inacreditável.



"Tu és uma garota bem diferente, estou a ver." Vladimir exclamou. "E lembras-me tanto a tua avó." Ele acrescentou silenciosamente para si mesmo.



"Bem, sou eu." Ginny suspirou. "A irreverente Ginny."



Com aquilo, Vladimir riu por entre os dentes, enquanto eles começavam a refeição, conversando agradavelmente. Ele perguntava-lhe de vez em quando, variando o tópico entre economia, política, coisas pessoais como quem eram os seus pais, os seus irmãos, que idade tinham e o que os pais faziam... Apesar de Ginny achar o interrogatório um pouco aborrecido, (ela também achou estranho um Malfoy estar assim interessado nas coisas trouxas) ela cedia-lhe sempre um sorriso com covinhas e tentava responder às perguntas educadamente.



Por outro lado, Draco ouvia com divertimento. Surpreendentemente, ele não estava com disposição para falar ou tomar parte na conversa alegre e informática sobre as novas leis do Ministério da Magia, sobre a segurança da comunidade trouxa (que Ginny respondia bem razoavelmente visto que Percy trabalhava no Ministério). Apesar do seu avô pedir a sua opinião de vez em quando, Draco encontrou-se a fechar a boca e a ouvir com muito divertimento a maneira como Virgínia respondia inteligentemente a tudo o que o seu avô perguntava.



Na verdade, espantou-o descobrir o quão rápida a Virgínia conseguia se adaptar ao comportamente maldisposto do avô. E pelos vistos, só de ver os olhos castanhos da Ginny brilhando de alegria, era sem dúvida que ela estava a se divertir imenso. Ele também não podia deixar de reparar que o seu avô estava a rir e a sorrir mais e mais e naquele momento, Draco soube que tinha marcado pontos. Fora o charme, encanto e inteligência de Virgínia que lhe tinham garantido a herança.



"Eu ouvi dizer que trabalha no mundo trouxa?" Vladimir perguntou enquanto cortava habilmente o bife com a faca.



"Sim, senhor." Ginny respondeu educadamente. "Eu ensino História trouxa."



"Ah, sim, História trouxa." Vlad disse. "Fascinante... Eu estive outrora interessado na cultura Egípcia. O meu faraó preferido de todos era Hatshepsut. Ele era o melhor da 18ª dinastia." Ele abanou a cabeça pensativo. "Espantoso! Ele era o melhor homem para faraó!"



Com aquilo, o sorriso de Ginny vacilou um pouco. "Hatshepsut era uma mulher." Ela disse suavemente.



Vladimir parou de repente enquanto Narcisa se virava para ela e depois para o velho homem medrosamente. Draco forçou um sorriso e acotovelou a Ginny. "Querida, eu tenho a certeza que Hatshepsut era o que--" Talvez ele estivesse errado... oh, por que é que ela tinha de dizer aquilo agora? Ele pensou.



"Uma mulher?" Vladimir interrompeu. Ginny acenou relutantemente. Parecia que Vladimir Malfoy II não estava habituado a ser err... corrigido. Bem, já estava na altura de alguém o fazer. "Ele era um homem, garota! Eu digo-te, ele era um Faraó, e os Faraós são todos homens!" Ele disse em voz alta.



Com aquilo, Ginny encontrou-se a franzir as sobrancelhas. "Desculpe, mas eu ensino História trouxa e não concordo, se não se importa." Ela disse claramente.



Draco clareou a garganta. "Virgínia, eu penso que--"



"Diga lá, então!" Vladimir desafiou, ignorando completamente Draco. "Vá, garota, diz lá!"



Ginny clareou a garganta. "Hatshepsut era a mulher Faraó do Egipto." Ela começou. "Ela pertencia à 18ª dinastia de Faraós, filha de Thuthmose I e Aahmes. Quando o seu pai morreu, o seu meio-irmão, Thuthmose II, ascendou ao trono. Ele era novo, aparentemente mais novo que Hatshepsut. Devido a isso, Hatshepsut começou a governar e eles governaram assim o Egipto juntos. Foi depois de alguns anos que ela se proclamou Faraó."



"Isso é lixo!" Vladimir respondeu. "Então por que é que em todos os seus quadros... ele parece um homem?"



Ginny acenou com a cabeça. "Bem, isso é verdade." Ela respondeu. "Hatshepsut tinha esta maluquice sobre ser um homem. Ela queria que todos a considerassem igualmente forte que mandou todos os seus retratos serem pintados com ela de barba. Ela ainda preparou a sua filha para ser um príncipe e não uma princesa." Continuou enquanto colocava um pouco de bife na boca.



"Com... com licença." Vladimir disse levantando-se de rompante. Depois ele saiu da sala de jantar deixando os três olhando-o com confusão.



"Onde é que ele vai?" Ginny perguntou aos dois à sua frente. Draco encolheu os ombros e Narcisa olhou com desaprovação.



"Provavelmente foi verificar nos seus livros." Ela respondeu apenas. Depois de um momento, Vladimir regressou para a sala de jantar e de mau humor sentou-se.



"Eu fui lá acima ver." Ele resmungou. Ginny levantou as sobrancelhas. "Eu, eu suponho que tens razão." Então ele sorriu e olhou para ela cheio de diversão. Depois ao se virar para Draco, franziu as sobrancelhas. "Considera-te sortudo por ter uma mulher tão inteligente, rapaz!" Ele riu enquanto acabava o bife.



"Sim, avô." Draco forçou-se a dizer. Bem, aquilo era uma coisa! Vladimir Malfoy II a admitir que estava errado? O que é que se estava a passar com o mundo?



"Então, Sra Weasley." Ele disse, finalmente se levantando, um sinal para o fim do jantar, bem, pelo menos para ele. "é uma jovem muito bonita, encantadora e inteligente... Bem, não tão inteligente visto que escolheu casar com o meu neto..."



Ginny sorriu educadamente.



"No entanto, eu acho-a encantadora de qualquer maneira, virada para a perfeição, e eu fico feliz ao anunciar que não tenho nada contra o vosso casamento, independentemente de quanto absurdo eu o acho." Ele continuou. "Vejo-a na festa de noivado, e tu." Vladimir rugiu virando-se para Draco. "Tu, rapaz, vejo-te nos preparativos para o casamento?"



"Sim, avô." Draco respondeu.



"Eu levo Virgínia amanhã ao Beco Diagonal para o vestido de noiva e tudo o mais." Narcisa apoiou.



"Muito bem." Vladimir disse acenando com a cabeça. "Desculpem se tenho de acabar este encantador serão. Eu adoraria tomar o café convosco mas tenho de me retirar." Ele acrescentou. Depois virando-se para Ginny, ele sorriu, pegou na mão dela e beijou-a levemente. "Um prazer conhecê-la, Virgínia."



"Boa noite, Sr Malfoy." Ela disse.



Vladimir acenou a cabeça. "A partir de agora, chama-me Avô." Ele ordenou.



Com aquilo, Ginny sorriu. "Sim, avô."



"Ah, assim já gosto mais." Vladimir disse. "Vamos conversar um dia destes?" Ele perguntou, levantando as sobrancelhas interrogativamente.



"Claro." Ginny respondeu.



"Excelente, excelente!" Vladimir disse com um gesto delicado da mão. Então, ele virou-se e andou até à porta. "Desejo-vos uma boa noite."



"Boa noite, pai." Narcisa respondeu educadamente.



"Boa noite, avô." Draco respondeu ao mesmo tempo.



Depois de um momento, Narcisa levantou-se. Vendo aquilo, Draco levantou-se imediatamente. "Eu penso que já atingi o meu limite." Ela disse rindo suavemente. "Cuida da Virgínia, querido." Ela acrescentou. Depois virando-se para Ginny, ela sorriu. "Desculpa, querida, mas penso que a excitação desta noite me tenha deitado abaixo. Estou tão cansada."



"Oh, não, não, por favor não se preocupe." Ginny disse rapidamente. "Eu fico bem." Ela assegurou-lhe,



"Nós acompanhamos-lhe até ás escadas." Draco ofereceu. "Já acabaste, Virgínia?" Ele perguntou, olhando para o bife metade comido.



"Sim." Ela respondeu, levantando-se também. "Já estou satisfeita."



"Muito bem, então." Narcisa disse, virando-se e andando até à saída, seguida de perto por Draco e Ginny. "Por que é que vocês os dois não vão até à sala e tomam o café ou chá?" Ela sugeriu enquanto atravessavam a sala.



"Sim, mãe." Draco murmurou ao parar em frente à grande escada de madeira da Mansão. Narcisa virou-se para o casal e sorriu. "Boa noite, querido." Ela disse dando um pequeno aperto no braço do Draco.



Draco acenou com a cabeça. "Boa noite, mãe."



Narcisa sorriu e virou-se para Virginia. "Foi muito bom conhecê-la finalmente." Ela disse.



"Igualmente." Ginny respondeu sorrindo.



"Não esqueça que amanhã vamos ao Beco Diagonal, está bem?" Narcisa disse enquanto subia as escadas devagar. "Mande-me uma coruja amanhã de manhã."



"Assim farei." Ginny disse, olhando a figura bonita de Narcisa. "Boa noite." Ela disse. Depois, eles ficaram ali sozinhos. Draco virou-se para ela.



"Vamos até à sala tomar café?" Ele perguntou.



Ginny ficou ali e olhou para ele. "Eu não quero ficar sozinha contigo." Ela disse desagradavelmente, a cena da carruagem voltando à sua mente com toda a força. "Eu vou para casa, se não te importas".



Draco riu abafadamente sem alegria. "Pára de fingir e faz a ti mesma um favor, Virgínia." Ele falou de modo lento, arrastado e arrogante. "Eu prometo-te, vais achar bastante bom também."



"Contigo?" Ela provocou. Depois abanou a cabeça. "Duvido."



Os seus olhos estreitaram-se perigosamente e ele aproximou-se. "Não me digas que não gostaste." Ele irritou-a. Depois parou. "O Potter é melhor homem?" Ele perguntou cruelmente.



Com aquilo, os olhos de Ginny esbugalharam-se. "Como te atreves?" Ela disse num tom de leve ameaça.



Draco sorriu arrogantemente. "É só uma simples pergunta que exige uma simples resposta." Ele disse de modo sombrio. "O Potter é melhor homem?" Ele repetiu.



Com aquilo, o temperamento de Ginny estalou. Ela levantou a mão e estava para levá-la à cara de Draco, mas ele era rápido. Ele levantou a mão e segurou o pulso dela, impedindo-a, os seus dedos apertando tanto o pulso que uma ferida vermelha começava a aparecer.



"Larga-me!" Ginny ameaçou, a sua voz sibilando.



"Apenas sim ou não, Virgínia." Ele disse, sem largar o braço dela.



Ela olhou-o. Forçou-se a dizer: "Sim, o Harry beija melhor que tu!" só para insultá-lo mas surpreendentemente nada saiu da sua boca. Ela não conseguia dizer sim, mas também não podia dizer não. Só apenas a maneira como as mãos dele a tocavam... a maneira como ela unia-se a ele, o seu corpo implorando... O seu lábio inferior tremeu. "O que... o que eu faço com o Harry não é da tua conta." Ela respondeu.



Draco riu. "Imaginei que fosses dizer isso." Ele disse. Depois para o choque de Ginny, ele levou lentamente o pulso dela aos lábios e beijou ao de leve a ferida vermelha que ele tinha causado. "Não vai magoar ser honesta, sabes." Ele disse arrogantemente depois de Ginny ter arrancado o braço da mão dele.



"EU ESTOU A SER HONESTA!" Ela disse indignada.



Ele sorriu. "Eu não acredito em ti." Ele respondeu. Depois sem dar oportunidade à Ginny para responder, clareou a gargante. "Fields!" Ele chamou.



"Sim, jovem Mestre?" Fields respondeu imediatamente, flutuando até eles. Como se lendo a mente deles, entregou-lhes os casacos.



"Prepara a carrugem." Draco ordenou.



O mordomo fantasma acenou com a cabeça. "Muito bem, senhor." Ele respondeu flutuando para fora do seu alcance. Uma vez sozinhos, Ginny virou-se para o Draco furiosa.



"Eu disse-te, não quero ficar sozinha contigo." Ela disse tirando a varinha. "Eu desaparato, se não te importas."



"Está à vontade." Draco disse apenas. "Desejo-te uma boa noite, Virgínia."



E com aquilo, Virgínia olhou-o sombriamente antes de desaparecer da sua vista.







*****







"Digo-te, Fields!" Vladimir disse naquela noite enquanto se preparava para se deitar. "Eu gostei daquela garota!" Ele exclamou enquanto trepava para a enorme cama.



"Muito bem, Mestre Malfoy." Fields respondeu enquanto puxava habilmente os cortinados de veludo.



"Aquela garota tem fibra moral... e um carácter...!" Ele disse ao deitar a cabeça na almofada. Fechou os olhos e respirou fundo. "Lembra-me alguém que outrora conheci, Fields." Ele acrescentou suavemente.



"Mais alguma coisa, Senhor?" O fantasma perguntou depois de pegar nas botas de Vladimir.



"Não, é tudo." Vladimir respondeu bocejando.



"Muito bem, Senhor." Fields respondeu flutuando para longe da cama. "Tenha uma boa noite, Mestre."



Vladimir deu uma roncadela como resposta. Quando ele sentiu a quietura do quarto, sorriu levemente.



"Finalmente te vi outra vez, Moira."






Fim




Próximo capítulo: Harry Potter e o Colar da Serpente






N/A: Como devem ter reparado, eu inseri alguns factos de história... e eles são verdade. Hatshepsut foi mesmo uma faraó mulher na 18ª dinastia. E sim, ela tinha os seus retratos desenhados como um homem, tendo uma barba também. Ela morreu muito misteriosamente. Ninguém sabe se ela foi assassinada, simplesmente sumiu e todos os arquivos daquele tempo foram destruidos, só alguns sobraram...



Sobre Narcisa Malfoy, eu não tenho a certeza se ela é uma querida, mas aqui na fic, eu decidi fazê-la uma mãe amorosa depois da morte do Lucius. Não foi mencionado no Harry Potter, foi por isso que escrevi a minha versão... e eu também não sei se ela é assim fisicamente. De qualquer forma, é tudo. Obrigada por lerem!



N/T: Olaaa!! Há quanto tempo, hein?? *risos* Mas bem, finalmente o capítulo para vocês lerem... espero que tenham gostado... =)) E pelo amor de deus, não comecem a perguntar quando é que o próximo fica pronto... porque eu não sei...! Mas vou fazer os possiveis para não demorar a mesma eternidade... Obrigada pela vossa paciencia, por todos os emails que me mandaram, os comentários... eu faço os possiveis para responder!! E este capitulo é para a Veela, que betou esta coisa enorme numa NOITE só!!! Super fast, esta querida. Ela é que me ajuda sempre e me motiva... haha! Fiquem bem, mais uma vez as minhas desculpas e os meus obrigadas! Isto é para vocês, que como eu, deliram com o Dracooo e a Ginnyyy! =P
Cheers,
Vanilla

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