Ação e Reação



Ação e Reação



Escutou a buzina ser apertada varias vezes seguidas após fazerem uma curva para direita em alta velocidade, lembrava de ter visto uma placa a poucos metros atrás que indicava que a velocidade máxima permitida era de 60km/h porém estavam a quase a100km/h. Do banco de trás podia ver as mãos de Tonks apertadas fortemente no volante e seus olhos fixos na rua. Em poucos minutos estariam no hospital se dessem sorte de nada acontecer antes.

Em suas mãos no banco de trás estava o corpo inconsciente de Gina, vê-la daquele jeito em seus braços sem poder fazer nada para ajudá-la era angustiante, e era exatamente por este motivo que não pedia a enfermeira para diminuir a velocidade, pois queria socorrer a ruiva o mais rápido possível.

Ao fazerem mais uma curva apertada Tonks havia entrado em uma rua movimentada, onde um pouco a frente havia uma quantidade considerável de carros parados, a mulher arregalou os olhos e pisou no freio com força.

Assim que viu a grande quantidade de carros não tão distante dele, em um ato impensado puxou a ruiva para mais perto a agarrando com mais força, se curvou sobre seu corpo esperando pelo choque. Ouviu os pneus derraparem pela rua diminuindo a velocidade aos poucos.

Quando o carro finalmente parou de vez o moreno voltou a levantar a cabeça para ver surpreso que por questões se milímetros não haviam batido na traseira do carro à frente, se Tonks estivesse demorado mais alguns segundos nesse momento teria acontecido uma desgraça.

-Oh, Deus! –Exclamou Tonks abalada, ignorando os olhares curiosos de todos na rua se virou abruptamente. –Vocês estão bem?

-Sim. –Falou o moreno com a voz vacilante, só naquele momento que percebeu o quanto sua boca estava seca e sua garganta queimava. –Tonks... O sinal.

A mulher se virou para frente e voltou a dirigir, porém desta vez com mais cautela, apesar da velocidade ainda ser maior do que a permitida. Quando estavam a algumas quadras do hospital ouviram uma sirene.

-Merda! -Exaltou-se Tonks sem parar.

-Tonks... Eles não ficaram nada felizes se nós prosseguirmos. –Falou Harry preocupado, depois seus olhos recaíram sobre a imagem de Gina. –Esqueça, faça o que for preciso.

No banco da frente à mulher apenas deu um leve aceno de cabeça enquanto seu pé alcançava o pedal do acelerador.

-Se segurem! –Gritou Tonks enquanto rodava o volante para entrar no estacionamento do hospital.

Ao fazer isso quase acertara um casal que saia com um bebê, mas por sorte divina não haviam acertado ninguém no percurso.

Tonks foi a primeira a saltar do carro, assim que fez começou a gritar por ajuda, mas não tinham tempo para esperar a maca chegar até eles. Com sua ajuda tirou a ruiva do carro e o moreno a pegou no colo e passou a correrem os dois juntos com Gina ainda inconsciente em direção a portaria, assim que entraram uma maca estava os esperando, só ouve tempo da enfermeira trocar um leve olhar de agradecimento ao porteiro.

Colocaram a maca dentro do elevador, mas quando Harry fez menção de adentrar o lugar foi impedido pela amiga, ele tentou se soltar, porém a porta se fechou antes.

-Não podemos segui-los. Iríamos atrapalhá-los. –Explicou Tonks ao ver o olhar aborrecido e interrogativo do moreno.

-Mas Gina precisa de mim! –Disse indignado.

-Acredite Harry. –Começou Tonks o abraçando. –Se fosse o melhor para ela neste momento eu seria a primeira pessoa a colocar você dentro daquela maldita UTI. Mas no momento só iria agravar.

A mulher afagou os cabelos do moreno e lhe arrastou para perto do elevador novamente, apertando o botão que sabia que levava até a pequena sala desconfortável em frente à porta da UTI, a mesma sala que poucas horas antes tinha aguardado por noticias de Sirius.
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Estava em seu intervalo, então não sabia dizer necessariamente quanto tempo passou sentado na pequena sala dos funcionários olhando pro seu maço de cigarros, que por enquanto permaneciam intocados.

Colocou os dois cotovelos na mesa enquanto apoiava a cabeça nas mãos, passando a fazer uma leve massagem no local, sentia como se fosse capaz de explodir a qualquer momento.

Imagens atormentadoras passavam em sua cabeça como pequenos flashes, isso só fazia aumentar a sua vontade de tragar um daqueles cigarros na sua frente, não que fosse realmente amenizar a dor ou qualquer outro sentimento que possuía, era apenas uma questão de hábito.

Sentindo uma pontada e pegou um dos cigarros o levando a boca, olhou para os lados para ver se não havia nenhum enfermeiro do qual iria encher a paciência pelo seu ato, assim que se certificou que não tinha problema algum levou o isqueiro até a boca, mas antes mesmo que pudesse acendê-lo ouviu alguém escancarar a porta.

-Dr. Philipe! –Falou uma enfermeira em tom urgente.

-O que foi? –Pergunto irritado pela presença da mulher.

-A Srta. Weasley doutor. –Falou a enfermeira hesitante, porém esta frase chamou uma atenção especial do médico. –Ela esta inconsciente na UTI, parece que teve um novo ataque quando fugiu esta noite. -Philipe saiu da sala e passou a caminhar a passos rápidos, sendo acompanhado ainda por ela. –Dr. Mark está fazendo alguns exames enquanto eu não encontrava o senhor.

Philipe não respondeu nada apenas continuou seu caminho sendo cuidadosamente seguido pela enfermeira, pensou em Gina e nos ataques dela, podia dizer que estava até mesmo surpreso de não ter acontecido nada até agora, afinal sempre tinha tido ataques freqüentes. Não que gostasse disso, mas já havia aprendido que quanto mais demorava pior era.

Sentiu os músculos de seu semblante ficar rígidos formando uma expressão preocupada, algo lhe dizia que estava chegando na hora de agir, antes de entrar na sala onde sabia que a paciente estava fazendo exames se virou para a enfermeira que parou após esbarrar fortemente nele, recebendo apenas um olhar raivoso em troca.

-Comunique o que aconteceu a senhora Molly Weasley e peça que compareça o mais rápido possível.

Sem dizer mais nada entrou na sala no mesmo tempo em que a enfermeira corria para fazer o que havia mandado.
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Estava na mesma posição já fazia mais de uma hora, com as mãos enterradas nos cabelos rebeldes e a cabeça baixa, só podia acompanhar com os olhos os pés dela irem de um lado para o outro da sala, vez ou outra ela parava para perguntar se queria alguma coisa ou se estava se sentindo bem.

Em todas às vezes tinha respondido que estava bem, mas tudo isso não passava de uma mentira deslavada, sentia o corpo mais cansado e doloroso do que nunca, e o frio fazia com que tremesse fortemente por sua roupa estar se secando em seu corpo. Não havia duvidas que estava com febre mas não podia se dar por vencido antes de ter algumas notícias de Gina.

Ouviu o som de um celular tocar e Tonks começar a explicar a situação rapidamente, mas logo parou de prestar atenção quando ouviu uma porta se abrir, com um pouco de custo levantou sua cabeça para vislumbrar a imagem de uma mulher baixa, um pouco gorda de cabelos ruivos, seus olhos estavam vermelhos assim como toda sua face, que estava mergulhada em lágrimas, naquele momento um nó se formou em sua garganta ao vê-la daquele jeito, em sua frente viu os pés da amiga se congelarem e a voz falhar.

Apoiou-se no banco para se levantar, mas quando sentiu as pernas fraquejarem sentiu dois braços quentes lhe envolverem a cintura o ajudando a se erguer, olhou para o lado a tempo de ver os olhos de Tonks marejarem, porém se manteve forte. Tinha se preocupado tanto com Gina e com seus próprios sentimentos que havia se esquecido dos dela, provavelmente estaria tão ou mais culpada do que ele e mesmo assim não deixou de apoiá-lo em momento algum.

-O que aconteceu com minha filha? –Perguntou Molly se aproximando aflita dos dois.

Queria explicar o que havia acontecido, queria poder tirar a angustia do coração daquela mulher, mas não tinha voz e nem palavras que pudesse fazer isto.

Assistiu uma mão tocar levemente o ombro da mulher que logo se jogou nos braços do filho mais velho, só naquele momento que percebeu que não estavam sozinhos como pensara a princípio, atrás dela estavam os gêmeos, Rony e Gui, provavelmente não houve tempo dos outros Weasley serem chamados.

A porta da UTI se abriu e por ela passou Philipe, este se dirigiu até onde eles estavam parados.

-Senhorita Tonks, poderia me seguir ?! –Falou friamente, aquilo não havia sido uma pergunta e sim um intimado.

A enfermeira fez que sim com a cabeça e logo Rony segurou o moreno para que pudesse seguir o médico.

-Sra. Weasley eu voltarei em breve para conversar com a senhora. –Alertou o homem.

Philipe já estava distante quando Tonks soltou um profundo suspiro e se virou na direção de Harry.

-É melhor você tirar esta roupa Harry, não queremos agravar ainda mais a sua situação. –Falou preocupada, antes de qualquer resposta a enfermeira se virou e seguiu o doutor.
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Ficou esperando durante algumas horas o garoto voltar, porém este não parecia disposto a fazer isto tão cedo, ao olhar o relógio e ver que já tinham se passado horas se viu na obrigação de alertar Lilian, esta como o esperado ficou desesperada pelo sumiço do filho dizendo que estaria no hospital em alguns minutos.

Com certeza iria entrar em contato com Hermione, afinal a jovem era capaz de saber melhor onde Harry poderia ter ido.

Por longos minutos ficou fitando o teto na esperança que a qualquer momento Harry fosse adentrar aquela porta e perguntar de maneira enfurecida o que ainda estava fazendo ali. Entretanto nada disso aconteceu para o seu desespero.

Ergueu-se da cama e foi até a sacada, dali dava para ver o quarto de Ginevra que permanecia igualmente vazio, o que só fazia aumentar a sua preocupação, onde estaria aqueles dois com este tempo?

Cansado de ser o incompetente de toda a história saiu do quarto em direção ao corredor enquanto andava seus olhos passavam minuciosamente por todos os lugares possíveis, parando na figura cabisbaixa de Ninphadora Tonks entrando em um consultório qualquer acompanhada de um médico.

Incapaz de pensar no que estava fazendo caminhou em direção ao consultório sem chamar a atenção para sua presença.

“O que você esta fazendo? –Gritava a consciência de Lupin tentando pará-lo. –O melhor para vocês dois seria não se verem nunca mais, por que se torturar e machucá-la de novo?.”

Estava tendo uma grande luta interna, sabia o que era certo, mas era egoísta demais para aceitar a hipótese de nunca mais vê-la de novo, era angustiante esta idéia para que pudesse admiti-la, então tentava se enganar como naquele momento onde lutava para se convencer de que tudo não passava de um gesto de preocupação de sua parte sobre os adolescentes sumidos.

A porta parecia estranhamente distante, pelo menos não se lembrava de ter alguma vez demorado tanto assim para atravessar aquele corredor.

Logo que parou em frente à porta, com a mão erguida para bater na porta escutou a voz elevada de um homem.

-Desculpa? –Perguntou claramente incrédulo por algo que ela havia dito. –Um pedido de desculpa não mudara o fato de suas ações terem sido impensadas e que neste momento uma paciente esta sofrendo graves conseqüências por isso.

-Eu assumirei as conseqüências de meus atos. –Respondeu uma voz feminina, que logo identificou sendo a de Tonks.

-Esta foi a atitude mais profissional que eu vi você ter até este exato momento. –Falou ainda irritado. –Sinceramente Tonks, estou decepcionado com a sua falta de profissionalismo.

-Posso conviver com isto. –Disse Tonks com a voz firme.

Lupin pensou em bater na porta e interromper aquela discussão antes que a mulher botasse o cargo dela em risco de vez, mas algo nele parecia ter a necessidade de saber melhor o que estava se passando antes.

Pode ouvir o som de alguém esmurrar algo com um urro de raiva.

-Que bom Ninphadora. –Falava o médico com a voz carregada de amargura, mesmo assim ainda se podiam ouvir os resmungos pequenos vindo de Tonks. –Daqui para frente você terá mesmo muitas coisas das quais terá que aprender a conviver. Como o seu talento de por tudo a perder por não conseguir pensar como uma adulta que é!

-Eu sei disso. –Falou a voz de Tonks baixa, com certeza o que aquele médico tinha dito havia a afetado mais do que merecia. –Não preciso que me lembre disso. –Nesse momento sua frase havia soado mais como um pedido do que provavelmente ela desejava.

-Pois não é o que parece! Que droga Tonks! –Exclamou o homem nervoso. –Você lutou tanto para estar aqui, que eu não te entendo...

-Philipe...

As mãos de Lupin tremeram e sentiu o coração se contrair dentro de seu peito, aquele pedido triste o forçou a se lembrar dos olhos entristecidos dela enquanto tentava cuidar dele. Se ouvisse novamente a voz dela falhar, ou alguma coisa parecida iria interrompê-los.

-Você por acaso tem as reais dimensões do que isto significa? –Perguntou com a voz cansada.

-É lógico que tenho! –Disse Tonks em um sussurro cheio de dor.

Após aquela frase Lupin escancarou a porta e entrou no consultório sem dizer nada, chamando a atenção deles para si, os olhares confusos o encaravam na esperança de alguma explicação, que teria que ser muito boa, coisa que não tinha, naquele momento sua mente começou a trabalhar em busca de uma, qualquer uma.

-O que...

Não pode terminar a pergunta por que naquele momento a sua supervisora, Samara, havia acabado de entrar pela porta ainda aberta, esta deu um olhar raivoso para os três, depois com falsa superioridade jogou em cima da mesa um envelope, após isso o rosto dela se contraiu em um sorriso cínico.

-Ninphadora Tonks, a partir deste momento você não trabalha mais neste hospital. –Ao dizer isto a enfermeira sorria cruelmente.
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Os cabelos ruivos e castanhos lhe cobriram em um abraço apertado, sentiu todos seus ossos serem esmagados em um forte abraço duplo, os cabelos das duas mulheres em sua face fazia com que tivesse uma grande dificuldade em respirar assim como enxergar algo além de fios ruivos e castanhos, mesmo com tudo isso ainda foi capaz de escutar as risadas baixas dos gêmeos que estavam estranhamente calados no outro lado da sala.

-Er... Mãe? Mione? –Chamou as duas, no que foi claramente ignorado por elas, respirou profundamente e voltou a tentar. –Mãe?! Mione?! Vocês estão me esmagando! –Protestou por fim.

Finalmente a reclamação sutil algum efeito, já que ambas se afastaram envergonhadas.

Hermione deu um passo para trás enquanto Lilian segurava as lágrimas nos olhos, esta passou a olhar o filho atentamente em busca de algum machucado ou algo que fizesse a doença dele piorar, com grande desagrado o sentiu tremer violentamente e vislumbrou as roupas coladas ao corpo, abriu a boca para reclamar, porém este se ergueu fitando o rosto do médico que acabara de adentrar o recinto.

-Sra. Weasley? –Chamou com a voz cautelosa, viu a mulher ruiva com o rosto lavado em lágrimas se virar na direção do médico. –Será que a senhora poderia me acompanhar?

A mulher se levantou com a ajuda de seu filho Gui, que caminhava ao seu lado, sobre os protestos da mãe.

-Fique aqui! –Ordenou com a voz fraca.

Philipe se virou em direção a eles.

-Talvez seja melhor ele acompanhar a senhora.

Depois disso a Sra. Weasley não protestou mais, quando passaram por ele sentiu vontade de perguntar sobre Gina, mas sabia que aquele médico não iria dizer nada a respeito do estado dela por não ir com sua cara.

Vendo o se afastar sentiu falta de Tonks, naquela hora a enfermeira já deveria estar de volta.
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A Sra. Weasley estava com o rosto escondido no peito do filho que mexia em seus cabelos flamejantes carinhosamente, com o olhar fixo em um ponto da mesa do médico a sua frente, era visível que estava a segurar as lágrimas que insistiam em querer sair.

Na frente deles estava Philipe, o médico ainda segurava os resultados dos exames nas mãos com um ar pesaroso, nessas horas sentia vontade de largar a carreira, o desespero nos olhos dos pacientes e familiares era angustiante para ele.

Esperou pacientemente a mulher se recompor de seu estado de total desespero, quando esta o encarou dando alguns pequenos soluços sentiu seu coração falhar uma batida

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Seus olhos estavam inchados e vermelhos, e pareciam carregar uma profunda tristeza neles. Com passos vacilantes a assistiu se aproximar e agarrando a sua camisa branca enquanto fazia isso pode reparar que suas mãos tremiam furiosamente enroscadas no tecido. A mulher estava desolada em sua frente.

-Philipe, Você é médico, talvez...

Fechou os olhos sentindo a dor daquelas palavras como grandes facadas em seu peito. Com o enorme nó que tinha se formado em sua garganta foi capaz apenas de balançar a cabeça de maneira negativa.

Não teve coragem de abrir os olhos depois daquilo, sabia que tinha acabado com qualquer esperança que ela tivesse e isso o fazia se sentir o pior ser do mundo, para que servia seu diploma se não podia salvar a todos, o mundo era injusto demais para que pudesse aceitar.

Sentiu as mãos da mulher soltar sua camisa ao mesmo tempo em que ouvia passos se aproximar deles, provavelmente alguém tinha vindo em auxilio dela, tentando consolá-la naquele momento doloroso, coisa que não era capaz, não agora que nada mais fazia sentido, não quando uma parte dele estava morrendo.
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-Doutor?! -Chamou Gui, percebendo sua distração.

Piscou algumas vezes seguidamente e balançou um pouco a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos para longe.

-Desculpe. –Pediu no mesmo tempo em que tentava ajeitar os pensamentos confusos. –Voltando ao que eu estava dizendo a Srta. Weasley teve uma crise mais forte desta vez, felizmente conseguimos reanimá-la a tempo. Mas do jeito que o caso vem se agravando conforme o tempo vai passando. –Nesta hora as lágrimas voltaram a tomar conta da face da mulher. –Não vejo outra alternativa senão convocar uma cirurgia de emergência. –A boca de Gui abriu e fechou algumas vezes sem nada emitir. – Estou tentando fazer o que é melhor para Ginevra. –Falou deixando finalmente transparecer o quanto aquilo era difícil para ele também. –Não sei se poderemos contar com a sorte da próxima vez.

-Meu Deus, a minha menininha não...

A voz dela voltou a falhar assim que o choro novamente não pode ser segurado.

-Mas você mesmo nos disse que é muito arriscado. –Falou Gui aflito.

Philipe naquele momento reconheceu a angustia nos olhos deles o deixando repentinamente com a boca seca.

-Entendam, eu não faria isto se não fosse necessário. –Começou a dizer Philipe tentando permanecer com a voz firme. –Os tecidos de Ginevra estão cada vez mais frágeis se não agirmos agora irá ser mais perigoso a cada minuto que se passa.

Os dois se entreolharam ainda inseguros, aquela era com toda certeza a decisão mais difícil que teriam que tomar em toda a vida. A sra. Weasley semi-cerrou os punhos em seu colo, sua cabeça estava baixa e algumas lágrimas escorriam pela face.

-Quais as chances? –Perguntou Gui com a voz embargada.

-Uma em duas.
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Passou a última meia hora explicando a Hermione e sua mãe o que havia acontecido para estarem ali, omitindo alguns detalhes que apesar de importante para ele ainda assim era dispensável, como, por exemplo, o beijo que os dois tinha trocado antes dela desmaiar. Algo o dizia que era melhor assim já que no lado oposto da sala estavam três ruivos que absorviam cada palavra que dizia.

Depois de descobrir sobre o estado de Gina sua mãe ficou instantaneamente se manteve mais calma, parando de berrar com ele por causa de sua aparência lamentável, por mais que estivesse certo de que ela ainda guardava para si o desejo de arrastá-lo até o quarto, aonde iria o obrigar a se manter confortavelmente quente.

Mesmo a oferta sendo muito tentadora ainda assim não era forte o suficiente para arrancá-lo dali sem que antes soubesse que Gina estava melhor.

-Então Gina esta neste momento lá dentro por que você teve uma atitude impensada? –Perguntou Rony com o rosto tingindo perigosamente de vermelho.

Pensou em responder algo para o ruivo que ainda se aproximava, mas sua voz parecia tê-lo abandonado, estava a cogitar a idéia de se levantar, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento Hermione se postou a sua frente de maneira protetora, provavelmente não achava que fosse capaz de se defender sozinho.

-Não foi culpa do Harry o que aconteceu com a sua irmã, Ronald. –Respondeu Hermione o encarando seriamente.

-É lógico que é. –Respondeu elevando a voz, os gêmeos se entreolharam e se aproximaram do irmão, cada um segurou um de seus braços tentando o impedir de cometer alguma burrice. –Gina em todos estes anos nunca ousou em desobedecer às ordens médicas e agora que você apareceu na vida dela, é o que mais faz!

Fez menção de dizer algo, entretanto novamente quem tomou a frente da conversa foi a amiga.

-Já passou pela sua cabeça oca que Gina tenha decidido viver um pouco a vida ao invés de ficar se lamentando no ombro do irmão mais velho? –Perguntou com os olhos fixo aos dele, como se estivesse a desafiá-lo.

O ruivo se soltou de maneira brusca do irmão e voltou a se aproximar perigosamente de Hermione no que o moreno se levantou pronto para proteger a amiga caso precisa-se.

-Viver um pouco? –Repetiu incrédulo. –Oh, deve ser bastante divertido visitar um cemitério e passear de maca em uma UTI. –Respondeu com um sorriso mordaz.

-Bem mais do que ficar chorando e esperando ter um novo ataque. –Falou Hermione tentando se acalmar.

Lilian olhou de um para o outro chocada com as barbaridades que estes estavam falando sobre o estado da pobre ruiva.

-É melhor os dois se acalmarem. –Falou Lilian se intrometendo, pela primeira vez na discussão.

Rony olhou para a mulher por um momento tentando se controlar, porém sua cabeça ainda fervia com as respostas da garota. Mantinha seu olhar duro ficou fixo nas irís castanhas dela.

-Você deve estar certa, afinal quem sou eu para discutir com alguém que sabe tanto não é mesmo?! –Seu sarcasmo atingiu a morena de maneira dolorosa, mesmo assim retribuiu o olhar com a mesma intensidade. –Sabe... pensando por esse lado acho melhor dar uma arma de presente a Gina, para que esperar não é mesmo.

A morena finalmente deixou seus sentimentos transparecerem quando ficou boquiaberta com a resposta dele, Lilian o olhou escandalizada, os gêmeos por sua vez bufaram de pura raiva e arrastaram o irmão até o outro lado da sala o jogando em um banco qualquer sem cuidado algum.

Harry permaneceu calado olhando a figura de Rony, escondendo seus sentimentos que borbulhavam dentro dele.

Naquele momento a Sra. Weasley e Gui adentraram a sala, a mulher ainda inconsolada abraçou os três filhos fortemente antes de começar a balbuciar algumas palavras sem sentido nenhum para eles.

-Mãe deste jeito eu não estou entendendo nada. –Reclamou Fred ainda a abraçado.

A mulher voltou a tentar explicar, entretanto só saíram pequenos lamentos. Gui se aproximou da mãe e beijou sua fronte com carinho, tentando passar forças que nem ele mesmo possuía.

-Gina terá que ser operada. –Comunicou aos irmãos que deixaram se esparramar no banco as suas costas. –Mas primeiro ela terá que aceitar isso.

Após terminar de dizer isto Philipe apareceu pelo corredor sendo acompanhado por uma enfermeira que carregava em suas mãos firmemente uma bandeja. Esta estendeu um copo de plástico em direção a Sra. Weasley, que a olhou de maneira desconfiada.

-É um calmante, irá te ajudar. –Explicou a jovem no que Gui aceitou e empurrou em direção a mãe.

O olhar de Philipe passou por todos os ruivos e depois parou na figura deprimente que o moreno se encontrava, revirou os olhos e girou nos calcanhares se aproximando dele, o examinou ali mesmo chocado por ainda permanecer consciente.

Harry sentia suas pálpebras cada vez mais pesadas, o cansaço queria vencê-lo, porém não podia permitir Gina ainda estava lá dentro e teria que fazer uma operação, tinha que ter forças, mas as vozes se tornavam cada vez mais longe e seus olhos já não obedeciam mais o seu desejo de ficar abertos, estava sendo vencido e se amaldiçoava por isso. A última coisa que ouviu antes de se entregar foi Philipe soltar um xingo frustrado.
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Olhava distraidamente para fora da janela, odiava todos aqueles olhares de pena em sua direção, o vai e vem de médicos e enfermeiras, a péssima mania deles de entupi-la de remédios.

Desde que tinha acordado só conseguia pensar no beijo que havia acontecido entre ela e o moreno, se culpando por ter desmaiado em seguida, provavelmente deveria ter o deixado desesperado com sua atitude. Bateu levemente na testa se xingando mentalmente de burra.

-Gin... –Disse a Sra. Weasley chamando a atenção da ruiva. –Como esta filha?

Molly se sentou ao lado da filha e começou a passar as mãos por seus longos cabelos, seus olhos vermelhos e inchados denunciavam que esteve chorando muito antes de entrar.

A ruiva suspirou profundamente sentindo seu coração se encher de tristeza, os olhos brilhantes por causa das lágrimas das mães já tinha dito tudo o que precisava saber.

-Estou bem. –Garantiu a ruiva forçando um sorriso, mas logo seu olhar caiu no enorme aparelho que monitorava a batida de seu coração. –Pelo menos, na medida do possível.

A Sra. Weasley abaixou a cabeça por alguns segundos, tentava achar forças para garantir que tudo ficaria bem, mas antes teria que convencer a si mesmo disso. Olhando para sua menininha naquela cama de hospital lutando para viver do mesmo jeito que Arthur tinha feito antes era desesperador.

Sem que ela percebe-se Gina passou a observá-la em silêncio, sua mãe sempre tinha sido sua fonte de força, onde nos momentos mais dolorosos podia se apoiar e chorar em seu colo, mas naquele momento era como se a antiga ferida da morte de seu pai estivesse sido aberta novamente e agora sangrava insegurança, insegurança sobre o seu próprio destino.

Sentou na cama com um pouco de dificuldade, queria poder olhar direito nos olhos da mãe e passar confiança assim como ela tinha passado em todos estes anos de dificuldade. Viu suas mãos segurarem com força o tecido de sua blusa, sem pensar duas vezes envolveu as mãos dela com as próprias, fazendo a atenção dela se virar para si.

-Vai ficar tudo bem. –Falou Gina tentando transmitir segurança.

Os olhos da Sra. Weasley brilharam intensamente e em um impulso abraçou a filha.

-Eu sei que vai minha filha, estamos juntas nisso. –Falou Molly, depois de muito afagar os cabelos da filha se afastou alguns centímetros e ficou a fita-la.

Gina ficou levemente desconfortada com o olhar da mãe.

-O que foi mãe? –Perguntou se remexendo desconfortada.

-Nada. –Disse desviando o olhar para as mãos da filha ainda enlaçada nas suas. –Apenas estou admirada o quanto você cresceu nesses dias...

A garota também olhou para suas mãos apertando levemente as da mãe. Aquela frase fez com que se lembra-se do moreno, graças a ele tinha descoberto a alegria de viver e ter um motivo para lutar, não que antes não tivesse, mas agora ela simplesmente não poderia desistir, não enquanto pudesse sonhar com uma vida feliz, uma vida em que Harry estaria ao seu lado.

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios dela sem que percebesse, porém Molly percebeu com um sentimento de esperança.

-Não teria algo que você gostaria de me contar? –Perguntou fitando a face da filha com atenção.

Gina corou furiosamente enquanto olhava para a mãe boquiaberta no que esta riu.

-Na verdade tenho sim... –Confessou no que explicou de maneira envergonhada o que tinha acontecido, a Sra. Weasley escutava cada detalhe em silêncio vez ou outra escapava alguma pequena exclamação, mas logo tratava de se desculpar e pedir para prosseguir.

-Foi isso o que aconteceu. –Terminou de dizer Gina olhando de maneira ansiosa a mãe que permanecia calada.

-Não irei te enganar Ginevra. –Começou a dizer Molly no que Gina soltou um pequeno muxoxo. –Eu estava preocupada que isso fosse acontecer, não sabia se seria o melhor se envolverem, mas pelo visto vocês realmente se gostam não é mesmo?

Gina confirmou com um aceno tímido.

-Então pode deixar que eu irei conversar com seus irmãos para que a cena do natal não se repita. –Falou com um pequeno sorriso.

-Quer dizer que ...

-Que irei sempre apoiar qualquer coisa que lhe deixar feliz. –Respondeu a Sra. Weasley, no que a ruiva pulou em seu colo a abraçando fortemente.

Depois de algum tempo a garota se separou dos braços da mãe e a olhou com duvida.

-Eu terei que fazer a operação ?! –Perguntou insegura.

O olhar pesaroso voltou aos olhos da matriarca que a encarou com tristeza, porém suas mãos ligadas transmitiam uma força que nem uma das duas dispunha no momento.

-Seria o melhor a se fazer, mas não vou obrigá-la a nada agora.

-Irei fazer! –Falou Gina decidida. –Preciso arriscar mãe... Eu quero viver...

As duas voltaram a se abraçar fortemente, não importava o quanto teriam que lutar porque se estivessem juntas, mãe e filha se apoiariam e no final sairiam ganhadoras.

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N/A: Céus, como posso pedir desculpa por isso???
Eu não tinha idéia de como terminar este capitulo, para mim com certeza foi o pior de todos, eu fiz toda uma programação sobre o que irei escrever, mas acabei me lendo a série Twilight o que me fez ficar totalmente envolvida com a história, tanto que perdi a inspiração para terminar de escrever esta fics, mas fiquem tranqüilos eu posso demorar um pouquinho(duas semanas) como já virou praxe, mas não irei desistir da fics...
O capitulo saiu curto, mas o motivo foi exatamente um FALTA DE INSPIRAÇÃO...
Eu sinceramente gostaria de ter escrito algo melhor, e peço minhas humildes desculpas por este final, vou fazer o possível para não demorar no próximo capitulo.
Obrigada a todos que comentaram.

Respostas de Comentários

Carol potter:
Primeiramente quero dizer que fico feliz que vc esteja gostando da fics, sobre o fanfiction eu devo confessar que também acompanho varias fics lá, mas quase nunca comento *envergonhada* .Sobre a probabilidade de Harry morrer é tanto quanto o da Gina ou de qualquer outro personagem, lógico se ainda houver mais mortes. Na verdade eu só falo estas coisas para deixarem vcs curiosos, afinal eu já sei desde o principio o que irei fazer na fics, mas devo confessar que os seus pedidos de “NÃO MATE ELES OU SENÃO EU TE MATO” Me deixam bem balançada e vivo a pensar qual seria o melhor final para fics, por mais que eu já tenha um pronto na minha cabeça. A morte de Sirius me deixou deprimida também... Não queria matar o cachorrinho, mas ele precisava morrer =/ Que bom que vc gostou mais deste capitulo, afinal eu sempre procuro tentar me superar a cada capitulo. Que bom que vc gosta de drama, pq acho que muitos estão querendo me matar neste momento, confesso que eu só gosto de escrever, eu fico incrivelmente abalada quando leio um drama então procuro não machucar muito meu pobre coração. Obrigada pelo comentário.

Kamy Potter: Realmente suas hipóteses podem ajudar muito, eu sempre fico atentada quando me dão algumas como a sua *.* Sobre o Remus e a Tonks eu fiz uma história até que interessante sobre os personagens, porém iria tirar o foco do H/G então eu tentou tentando explicar tudo isto o mais breve possivel. Mas devo dizer que também fiquei com raiva do lobinho. O acidente eu fiz para explicar mais a ausência de James e explicar a presença de alguns personagens, principalmente seus comportamentos. Vc não sabe o quanto é bom saber que esta gostando da fics, Acho que não demorei tanto não é?! Obrigada pelo comentário.

Ingrid: No capitulo anterior eu quis mostrar o quanto as pessoas fazem grandes burradas tentando fazer o que acha ser melhor, e que quase nunca é. Este capitulo teve ainda mais revelações, acho que foi menos triste ou não? *pensativa* Enfim, tenha esperança as coisas podem melhorar. Digamos que este Remus é uma cara amargurado e burro, mas eu dou um jeito nele! *abafa* Realmente nós escritores somos pessoas malvadas que sempre pensam em parar o capitulo na hora X em todos os capítulos, pelo menos eu sou, então fique calma por que vc sentira ainda mais vontade de me matar. Fico feliz que vc tenha mudado de idéia sobre ler a fics e agora esteja gostando dela, isto me deixa realmente feliz. Professores são pessoas ainda mais maléficas que nós escritores, mas me dei férias e se depender de mim só irei vê-los mês que vem. Graças a Deus!!! Obrigada pelo comentário.

Tonks & Lupin: Deu para se controlar? Que bom, não gosto de fazer os leitores chorar, apesar de às vezes ser inevitável escrever umas cenas tristes, este capitulo não é feliz , mas também as coisas estão começando a entrar nos eixos. Prometo que o próximo capitulo terá cenas felizes!!! Obrigada pelo comentário.


Guta Weasley Potter: Eu sempre do risada com os seus comentários, juro que fui fazer caminhada ontem dando risada do “assassina dissimulada”, que bom que estou perdoada. Que bom que vc não chorou, sou uma pessoa malvada mas nem tanto, Eu entendi sim o que vc quis dizer, e fico realmente grata por tal elogio, e lógico que feliz também, por que eu sempre procurei fazer com que o leitor sinta a emoção da cena. Gostou do beijo H/G? Eu escrevi ele para tentar me redimir depois de tudo que eu fiz, sem falar que eu estava desesperada por um cena desse jeito. Espero que tenha gostado deste capitulo. Obrigada pelo comentário.

Yumi Morticia voldemort: Fico feliz que esteja gostando da fics. Espero que este novo capitulo não tenha te decepcionado. Obrigada pelo comentário.

•´¯♥¯`• Ju Silveira •´¯♥¯`•: ahauahauahauahua ri muito com o seu “olhe lá o que vc vai fazer com a Gina heim” , como pode ver eu AINDA não fui maléfica, pelo menos não muito. Crepúsculo é maravilhoso, me apaixonei por ele, estou ficando meio doida com esse negócio de vampiro e bruxo, mas fazer o que neh?! xD Estou escrevendo uma fics pós-eclipse, e talvez seja por isso que me encontro tão perdida... se vc quiser ler é só me dizer que passo o link do meu perfil na fanfiction.net, já que meu Nick lá eh diferente. ^^ Obrigada pelo comentário.

Bianca Evans: Fico feliz que esteja gostando da fics, peço desculpas por este capitulo um tanto quanto decepcionante, mas prometo fazer melhor da próxima vez. Fui má em terminar o capitulo anterior naquela parte neh? Bom pelo menos não fiz isto desta vez. Obrigada pelo comentário.

Maria Lua: Peguei muito pesado com os personagens foi? Bom a Gina não morreu como pode ver, pelo menos por enquanto, prometo fazer o próximo capitulo mais feliz para compensar as lágrimas ^^ Obrigada pelo comentário.

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