O Acidente no Hogwarts Express



-Toca a acordar, rapazes!- anunciou Mrs. Weasley, abrindo os cortinados da janela artificial, deixando que uma luz atravessasse e inundasse o quarto de branco. Harry abriu os olhos, adorando que ainda faltasse cinco horas para ter de acordar.

Só que o grande problema é que já era a tarde e a más horas para que pudesse dormir mais um pouco, não tendo outro remédio que vestir a sua roupa e endireitar os óculos e agarrar a mala de Hogwarts para poisar na cozinha.

Mrs. Weasley estava bastante satisfeita, acariciando Ginny, que tentava a todo o custo separar-se da mãe, sem no entanto ser mal educada, e não estava nervosa com o tempo, coisa muito rara na vida de Harry.

-Senta-te Harry, penso que ainda tens torradas...-dizia a mãe de Ron, tirando um frasco de compota, da beira de Hermione.- Olha que a viajem será longa e terás muito que pensar. Sempre ouvi dizer que o sexto ano é mais fácil que o quinto.

-Ai sim?-perguntou Ron, distraído, barrando compota numa torrada e não acertando, por pouco, com o cotovelo na chavena do café.

- O sexto ano é uma espécie de bónus.-explicou ela.- Mas terão de estudar na mesma, só não tanto, pois os exames serão só para o ano.

Harry ficou pensativo. Cho ía ficar agora no seu último ano em Hogwarts. Só que o problema é que Harry já não sabia o que sentia por ela... E ao que parecia ela já estava a namorar com outro rapaz... Agora distraíasse com o livro de Hermione, que estava a pensar em levar para o comboio para ler.

- É óptimo poderem ter assim um ano em Hogwarts.-disse Mrs. Weasley, penteando os cabelos de Ginny com os dedos.- Só que ainda há muito para vocês se preocuparem... Acho que o Ron e a Hermione terão de continuar as suas tarefas de prefeitos, só que são diferentes...

- Ai é?-murmurou Hermione, distraida, lendo Al-Sorceria, uma História.

Logo depois ouviu-se um som de alguém a bater à porta.

-Já chegaram!-exclamou Mrs. Weasley, levantando-se de rompante, fazendo que sem querer deixasse cair Ginny no chão.

- Ai desculpa querida!-disse, ajudando-a a levantar.

A mãe de Ron desapareceu pela porta, deixando eles sozinhos.

- Quem é que será a estas horas?-perguntou Harry.
- Deve ser a guarda.

- Pois...-retorquiu Harry, um pouco triste.

E realmente Ginny tinha razão. Pela porta da cozinha entraram, cada um saudando-os, Tonks, Mundungus, Moody, Lupin, Sturgis, Bill, Mrs. Weasley e para seu grande espanto, Fred e George Weasley.

- Olá muitos bons dias.-anunciou Fred, fingindo-se muito importante.- Espero que os nossos consumidores estejam realmente satisfeitos para a longa partida a caminho de uma viagem longínqua...

Levantaram-se cumprimentando-os, mas foram logo interrompidos por Mrs. Weasley que disse:

- Bom, está na altura de irmos. Vamos?

Harry agarrou na mala e olhou em frente. Tinha a sensação de se esquecer da alguma coisa...

- Não queres levar, Harry?-perguntou Hermione, sorrindo.

Harry viu o retrato de Sirius que ainda continuava desabitado e pegou.

-Obrigado Hermione, bem me parecia que faltava alguma coisa...

- Bom, cheguem aqui, rápido!-pediu Mrs. Weasley, aproximando-se de um espelho bastante grande, com um ar novo.

- Mas eu já me penteei...-disse Harry ao Ron, confuso.

Ron respondeu-lhe com uma gargalhada.

- Então trás um pente, para mim também.-disse Ron, a rir-se.

- Que foi, Ron? Estás a endoidecer? Deste-te agora para ficares vaidoso?-exclamou Ginny, sorrindo, agarrando em Crookshanks, endireitando o seu distintivo de prefeita.

-Está tudo rapazes? Tem as malas prontas? Então agora vamos estrear este novo meio de transporte.-disse Moody.- Bom, eu estou a ver bem que o...bolas!-e reparou irritadíssimo que o seu olho estava de novo encravado.- Já venho!

- ‘Tão vamos!-exclamou Mundungus.- Quem vai primeiro?

Harry olhou para o espelho, e pensou que deviam estar de certo a confundir o espelho com uma porta de entrada. Desde quando é que os espelhos são meios de transporte? Só se foi noutra minha encarnação, -pensou Harry.

-Muito bem- disse Mrs. Weasley anseosamente, folheando as páginas do jornal Daily Prophet.- T 3, T 3...

-O que é Têtrês?-perguntou Harry, achando tudo cada vez mais estranho.-Não me digas que é outro meio de transporte...

- Então Harry!-ralhou Hermione, na brincadeira.- Terá ficado a tua cabeça em cima da cama?! T 3 é um tamanho do espelho. O maior é T5 com dois metros e oitenta centímetros.

- Áh, cá está! Basta escrever o nome de um local na parte branca do comando...-disse Mrs. Weasley pegando numa pena do bolso, escrevendo no comando Diagon-al. -Bom, isto já está ... e bater três vezes com a varinha. Alguém tem uma varinha?

-Eu!-disse Tonks bastante satisfeita e foi entregar rapidamente a Mrs. Weasley. Teria sido uma actuação brilhante por parte de Tonks, se não tivesse pisado o rabo de Croockshanks e caido por cima de uma cómoda.- Desculpem, podem continuar!

Enquanto Lupin a ia a ajudar (ia uma confusão naquela casa!) Mrs. Weasley bateu três vezes no comando com a varinha.

O comando estremeceu e disparou uma luz dourada para o espelho. Aos poucos, como se alguêm estivesse a espalhar tinta no ecrã, apareceu diante deles a a plataforma nove e três quartos, exactamente com os movimentos ao vivo, com as pessoas, animais e carrinhos, tudo a movimentar-se.

- E agora é passar por dentro dela...-afirmou Mrs. Weasley.- Bem, quem quer ser o primeiro?

- Eu não sei.-começou Harry.- Quando tinha quatro anos, o Dudley atirou-se para um espelho e saiu de lá todo magoado.

Todos se riram, enquanto Ginny se oferecia para entrar. Foi algo estranho. Ginny pôs um pé dentro do espelho, e ao contrário de se partir, atravessou pelo vidro, assustando um senhor já de idade que estava a passar nesse momento e só vira ali um pé a flutuar do nada. Continuou a desaparecer da casa de Lupin, e quando Harry deu por si, já ia a Ginny pela estação, com as malas nas mãos, à espera dos outros. A seguir foi a Hermione que tinha ficado mais encorajada depois de ver a actuação de Ginny.

O Harry foi a seguir e a todo o custo (tinha a mala e a gaiola da Hedwig nas mãos) enfiou um pé no vidro gelatinoso. Tinha a sensação de se estar a entrar dentro de uma piscina, só que não saber ao certo a temperatura da água. Quando começou a sentir-se estonteado, pois estava metade na casa de Lupin e outra metade na plataforma nove e três quartos, resolveu enfiar o outro pé e deu por si dentro da plataforma nove e três quartos, com o seu movimento e agitação, tão naturais desse dia.Olhou em volta e pegou num carrinho onde depositou as malas e a gaiola da Hedwig. Muito satisfeito viu mesmo à sua frente, coberta de fumo , o comboio de Hogwarts, o Hogwarts Express, vermelho escarlate, com todos os seus traços e a magia de já fazer Harry sentir na sua escola. Viu Ron a aparecer ao seu lado e logo a seguir Mrs. Weasley. Hermione e os gémeos Weasleys tinha-se lhes juntado. Só então reparou no enorme barulho que aquela estação sempre tinha.

-Bom Harry...-começou Hermione.- Er...

-Vamos ter de ir para a carruagem dos prefeitos...-continuou Ron.

- Está bem.-disse Harry, secamente. Tinha a secreta esperança de esse ano já não ser preciso.

- Mas voltamos rápido.-sossegou-o Hermione.

- Então até já.

- Até já, Harry-disse-lhe o Ron.- Adeus mãe.

- Adeus Ron, bom ano escolar. Adeus Harry! Ginny, levas a tua mala?

- Sim, mãe, está com a Luna.

- Pronto, então adeus.

Harry começou a andar calmamente, entristecido demais para poder falar. Era estranho, pois já sabia que Ron era prefeito à um ano e continuava a ficar triste com isso, apesar de já saber o motivo. Passou pelo Neville que estava com um ar preocupadíssimo, devia ter-se esquecido de alguma coisa.

-Harry, viste o meu alho dourado? Ou erva da vida?

- Não faço ideia.

- Está aqui, Neville!- disse Dean, entregando-lhe uma planta verde.- Por pouco ias sem ela!

- Olá Neville!- cumprimentou Seamus Finnigan, um rapaz dos Gryffindor.- Tudo bem, Harry?

- Vai-se indo...

- Olha que aqui o Dean não pode dizer o mesmo.

- Porquê?

- Porque... Er...

- Não precisas de dizer.- disse Harry.- Eu tenho que ir.

Mrs. Weasley continuava com a Ginny lá ao fundo, juntamente com Luna Lovegood e com outra rapariga pequena.

-Sim, mãe, concerteza.-respondeu Ginny.-Não vamos fazer nada de bom.

- Assim está melhor... nada de bom?

-Aaa, eu disse nada de bom?-começou Ginny.-Que cabeça a minha, queria dizer nada de mal...

- Sim, sim...-confirmou Luna, sorrindo e acenando com a cabeça.

-Bom, juízo nessa cabeça.-afirmou Mrs. Weasley.- E não te esqueças que estou muito orgulhosa que sejas prefeita. Vê lá se fazes tudo bem. Bom ano para vocês!

-Igualmente-responderam elas em uníssono.

Harry entrou dentro da carruagem. Ginny veio a correr ao seu encontro dizendo:

- Estás com uma pressa! Olha, depois dizes ao Ron que vou ficar numa carruagem coma Luna?

- Está bem. Então tchau!

- Até já Harry!

Sozinho no meio da carruagem, Harry resolveu pegar no livro que Hermione lhe tinha oferecido, as 1001 Curiosidades do Quidditch, e ler um pouco, enquanto olhava vagamente para os lados à procura de um lugar. Por fim, lá encontrou um lá ao fundo. Bastante absorto no livro, abriu a porta. E olhado em frente, Harry quase que ia saltando pela janela.

Mesmo à sua frente, uma rapariga bastante bonita, de olhos castanhos, estava semi-ajoelhada no chão, agarrada com as duas mão ao banco, uma de cada lado,e tremia, retorcia-se, e sacudia-se violenta e incontrolavelmente. O que parecia mesmo é a rapariga estava a meio de um ataque qualquer. Horrorizado com o que via, Harry recuou, pensando se deveria ficar a olhar ou chamar ajuda. Olhou para fora do compartimento. Não estava ninguém à vista a não ser uns alunos do primeiro ano. Só que a rapariga ainda continuava com a crise e se Harry não fizesse nada, a rapariga continuaria assim. Decidiu então optar por o único meio que tinha. Ajoelhou-se e colocou as suas mãos nos ombros dela e abanou-a. Nada! Olhou mais para ela e abanou-a de novo. Continuava igual. Bom, pensou Harry, o melhor será ir buscar alguma ajuda. E logo no instante em que Harry estava a pensar em ir a correr a toda a velocidade para o compartimento dos prefeitos, a rapariga voltou ao normal. Olhou para Harry, levantou-se. Harry retirou rapidamente as mãos dos ombros dela.

- Aaa... estás melhor?-perguntou Harry.

- Quem?- disse a rapariga.- Eu?

- Er... sim?-retorquiu Harry, pensando seriamente se estaria a ficar maluco. Então acabava de observar uma rapariga a ter um ataque qualquer e ela agora não sabia de nada!...

- Pois...-continuou a rapariga.- Bom, eu chamo-me Christine... Christine Wonder. E tu és?...

- Harry Potter.- disse Harry.

-A sério?- disse a rapariga, ligeiramente admirada.

Harry olhou para Christine e pensou como é que ela teria voltado ao normal tão depressa. Afinal, ela tinha tido o ataque à tão pouco tempo...

- Já estás melhor?-perguntou Harry.

- Estou.-respondeu a rapariga.-Refereste à crise que tive à pouco tempo?-Harry acenou com a cabeça.- Não sei se sabes mas sou epiléptica, ou melhor, tenho ataques epilépticos.

- O que é isso?-perguntou Harry sentando-se no banco.

- Olha, não sou a melhor pessoa para te explicar isso, mas vou tentar.-começou Christine, atirando o cabelo para trás.- A epilepsia é uma doença que vem de um problema funcional do cérebro. No início, eu ficava muitas vezes distraída. Sentia-me como se estivesse fora do mundo, e os meus pais e amigos achava que eu eu era muito mal educada ou que estava a gozar com eles. Eles nunca que suspeitariam que fosse uma doença. Só que agora tenho estes ataques de vez em quando.

-Ai é?-murmurou Harry, mais calmo. Estava cheio de medo que fosse acontecer o ataque outra vez à rapariga.- Tu não és de Hogwarts, pois não?

- Não, vim de Beauxbatons. Vou entrar agora para o sexto ano, sou dos Ravenclaw.

- Ravenclaw? Então vens para Hogwarts?

- Sim. Espero que tudo corra bem neste ano. O ano passado foi uma enorme confusão, com os NPFs à porta.

- É verdade... ainda bem que já passaram. Que carreira vais escolher?

- Vou para curandeira, e tu?

- Auror.
- Bem me parecia. Tens tanto jeito para combater as Trevas. Bom, segundo me contam.- concluiu ela, pegando uma revista que tinha.- Eu prefiro curar pessoas. É óptimo saber que uma pessoa sente-se muito melhor por nossa causa, não achas?

- Sim, claro. Eu cá prefiro as trevas... quer dizer, lutar contra elas.-disse, tentando rodear a gravidade do que tinha dito.

- Bom, és um rapaz cheio de sorte... Encontraste o Quem Nós Sabemos não sei quantas vezes e conseguiste sempre escapar.

Harry não sabia o que dizer perante aquele comentário. Mas ela decidiu continuar a conversa:

- Eu cá não tenho essa sorte.-prosseguiu.- Por alguns... acontecimentos passados.

-Vejo que gostas de ler.-disse Harry, tentando desviar o assunto.

- Só revistas...-comentou ela.- E tu deves adorar Quidditch.

- Sim, claro.-disse Harry, contente por poder falar de um assunto que o dominava.- Sou seeker e capitão da equipa de Quidditch dos Gryffindor, em Hogwarts.

- Ai sim? Eu cá não pratico Quidditch, mas adoro os jogos da Liga Francesa. Os meus pais são ingleses e têm como equipa os Puddlemure United. Como eu não conheço mais nenhuma também tenho essa. E tu, qual é a tua equipa?

- Chudley Cannons.-respondeu Harry, disparando logo na primeira equipa que pensou, pois na verdade não tinha nenhuma..

- Deves ter sofrido muito segundo conta o meu pai... Os Chudley Cannons andam com uma onda de desespero. Acabaram de chegar ao quarto lugar da liga e por pouco perdiam contra os Wanderers.

- Pois é...-disse Harry. Ele nunca tinha pensado como é que não poderia ligar nenhuma à taça inglesa e como é que a rapariga poderia saber mais que ele. Lamentou não ter nada mais interessante para dizer, mas isso foi desviado quando Harry ouviu uma voz e virou-se para ela. Cho Chang estava do outro lado da porta.

- Olá.-disse Harry.

- Olá Harry.- respondeu ela.- Por acaso não viste o...
Harry reparou que o olhar de Cho ia direitinho à Christine, e bastante abalada, saiu sem nada dizer.

- Quem é ela?-perguntou a rapariga.

- Cho Chang. Foi minha...

- ...namorada?-respondeu ela, sorrindo.- Tem um nome bastante estranho. Ela é chinesa?

Harry encolheu os ombros. Agora que Cho tinha vindo falar com ele, estava outra vez zangada com o que via. Mas Harry não tinha culpa nenhuma. Só se tinha sentado à frente de uma rapariga, na mesma carruagem e conversado...

- Harry, voltamos!-anunciou Ron, muito feliz.- A Hermione anda com uma trabalheira por causa do Wilfred, mas volta daqui a pouco. Sabes o que aconteceu ao...

Ron olhou aparvalhado para a rapariga que estava na carruagem. Aquele olhar fez lembrar quando Ron tinha ficado a olhar para Fleur Delacour, quase que hipnotizado.

-Eu... tenho de ir.-disse Christine levantando-se e levando a revista. Ron continuou onde estava e teve de ser Harry a tomar a atitude de lhe pisar o pé para ver se ele acordava.

- Quem é ela?-perguntou Ron, depois de se sentar.

- Christine.

- Não é uma veela, pois não?

- Desta vez não.-disse Harry a sorrir.- Só se pintou o cabelo.

- Mas... ela não é de Hogwarts...

- Vem para Hogwarts.-explicou Harry.- É dos Ravenclaw.

Nesse momento, Hermione entrou, com um ar bastante cansado.

- Aquele Wilfred deu-me a volta à cabeça. E depois o Malfoy ainda queria atacar-me pelas costas. Er... O que tens Ron? Estás a sentir-te mal? Engasgaste-te?

- Bom, foi apenas um choque visual.-respondeu Harry.

- Choque visual?-murmurou Hermione, muito pouco satisfeita.

- Uma espécie de hipnotismo.-continuou Harry.- Que uma ilusionista provocou.

Hermione ficou calada e bastante irritada disse que ia vigiar os corredores, saindo, quase partindo os vidros da janela.

Por volta do meio-dia a habitual mulher do carrinho de comida abriu a porta do compartimento e perguntou se eles queriam alguma coisa. Harry saltou do seu lugar e escolheu um pouco de tudo, o que alias era o que sempre fazia. Pagou com algumas moedas de prata e sentou-se outra vez no seu lugar.

-...e a Al-Sorceria desde aí é habitada sobretudo por múmias.-continuava Hermione a explicar tudo o que tinha conseguido saber sobre o Egipto, depois de se ter acalmado um pouco.

Harry não sabia porquê mas estava cheio de curiosidade sobre a visita ao Egipto que ia realizar nesse ano. Abriu o pacote de feijões de todos os sabores da Bertie Botts e mordiscou um feijão amarelo torrado.

-...e se não fosse o Nilo todo o Egipto era só deserto.-disse Hermione sabiamente.

-Óh Hermione, como é que sabes isso tudo?

-É óbvio, não é? Comprei Al-Sorceria, Uma História.

-Que diabo é Al-Sorceria?-perguntou Harry.

-É a escola de feiticeiros do Egipto.-respondeu prontamente Hermione.-E esse livro faz parte de uma colecção.

-Que deve ser uma seca...-murmurou o Ron, para o Harry ouvir. Este riu-se e disse:

-Já venho.-disse Harry levantando-se.

-Onde vais?-perguntou Ron.

-Digamos, a um sítio privado.-disse Harry a sorrir.

-Ah, sim...

Harry saiu do compartimento e dirigiu-se à casa de banho que ficava ao fundo da carruagem. Atravessou por vários compartimentos, ansioso pela chegada à tão esperada escola de Hogwarts de Magia e Feitiçaria.

Só que mal tinha posto o pé na entrada da outra carruagem, quando foi repentina e violentamente projectado para a frente caindo no chão duro e frio do comboio. Se não se levantasse rapidamente seria por certo engolido por uma onda de malas e vidros partidos que agora caiam dos compartimentos. As malas tinham, de certo, caido para a frente e partido os vidros...

Harry entrou dentro de uma carruagem vazia e espreitou pela janela. Estavam mesmo no fim de uma ponte bastante grande, e o comboio estava aos poucos a virar para o lado. Harry saiu a correr e recuou até à porta do último compartimento daquela carruagem e consertou os seus óculos partidos, com a varinha.

A maioria dos alunos já tinha saido dos compartimentos, olhando para todos os lados para ver o que é que se estava a passar. Alguns estavam ligeiramente feridos, por terem levado com as pesadas malas em cima da cabeça. Alguns mesmo estavam inconscientes, tendo de ser alguns prefeito a transportá-los para longe dali.

E tinha-se passado apenas um minuto depois do acontecimento, já estava todo o comboio em pânico, pois todos precipitavam-se para as portas que estavam fechadas e atropelavam-se uns aos outros sem no entanto ter consciência para onde iam.

- Silêncio aqui!-gritou um chefe de Turma.- As portas dos compartimentos abrirão-se daqui a bocado. Peguem em tudo o que vocês tenham e cuidado com os vidros!

Harry já ia pela multidão de alunos, tentando chegar ao seu compartimento o mais rapidamente possível, o que se ia tornando cada vez mais difícil pois o comboio estava a desnivelar-se cada vez mais da linha férrea.

Com muitos “com licenças” Harry lá ia tentando passar pela multidão de alunos. Por fim, lá encontrou a sua carruagem onde Hermione e Ron iam com as suas malas e também com as do Harry.

- Estão bem?-perguntou Harry, olhando para eles e agarrando nos seus malões.

- Tu não...- comentou Hermione, olhando para Harry, que estava com uma enorme dor de cabeça.

Ernie Macmillan gritou para todos sairem do comboio, enquanto ajudava alguns alunos mais feridos a sairem. Quando finalmente Harry, Ron e Hermione conseguiram sair, tiveram de correr a sete pés até fora da ponte, de modo a que não corressem perigo. Só que visto que estavam todos cheios de malões, foi muito mais complicado...

- Larguem as malas e corram!-ordenou um delegado de alunos dos Ravenclaw.-Accio Malas!

Foi um acto bastante heroico por parte do delegado... Por pouco ia sendo soterrado pelas mais de mil malas... Isso se ele não tivesse tido a inteligência de atirar a sua varinha para bem longe!

- Vocês estão bem?-perguntou Ginny, aproximando-se deles.

- Sim.-respondeu Hermione.- A Luna?

-Teve de ir ajudar a irmã a acalmar-se. Vocês por acaso viram... Ah, olá Colin!

- Olá.-respondeu o rapaz.- Olá Harry! Estás bem? Acho que não...-disse Colin Creveey, olhando para ele.- Viram por acaso o delegado dos Gryffindor?

-Porquê?-perguntou Ron.

-Tenho de o ajudar... sou o novo prefeito, não sabiam?-perguntou Colin, mostrando o distintivo.

- Parabéns.-disse-lhe Harry.

Um rapaz bastante alto aproximou-se deles.

- Granger, tens de vir.-disse o rapaz.- Pelo menos tem de ir dois prefeitos dos Gryffindor comigo.

-Eu vou!-ofereceu-se cheio de emoção Colin Creveey.

- Então rápido!-e Colin e Hermione seguiram o delegado, que ia rapidamente dando-lhe ordens.

Harry e Ron sentaram-se em cima de uns rochedos, vendo a actividade dos prefeitos na tentativa de tirar a maioria dos alunos do comboio.

- O que achas que aconteceu?-perguntou Harry a Ron.

- Não faço ideia.-respondeu o amigo. E depois, erguendo o olhar pensativo e seguiu o olhar ao longo do comboio e olhando mesmo para o fundo da linha férrea, mas nada viu pois estava dentro de uma floresta.

- Parece que algo aconteceu à primeira carruagem.-disse Ron.- Mas não se vê nada...

Um homem já idoso, ladeado por um senhor que devia ser o condutor do comboio, conversavam, olhando para os prefeitos e para examinar a dimensão dos estragos que tinham ocorrido no comboio. Pareciam ,contudo não estar assim tão preocupados com o problema.

E talvez aqueles velhos tivessem um pouco de razão do modo de como estavam a agir. Passado pouco tempo, um homem bastante gordo veio a correr em direcção a eles com um ar bastante preocupado.

- Pelas barbas de Merlin! O que se passou aqui?

- Talvez é melhor não te contarmos.-disse o condutor.

Harry desviou o olhar. Por todo o lado podia-se ver dezenas de alunos que, agora já salvos, passeavam pelo campo e alguns prefeitos a enviar cartas a Hogwarts. As malas de todos os alunos estavam acumuladas numa enorme montanha de malões que se achava enconstava a algumas pedras.

- O que aconteceu?-perguntou Dean Thomas, aproximando-se.

- Não sabemos.-respondeu Ron.

- É mesmo estranho o que está a acontecer.- comentou Seamus, olhando para Harry.- Achava que Dumbledore reforçaria o comboio agora que andam a passar-se coisas estranhas.

- Realmente.-concordou Harry.- Não sei o que se anda a passar.

Isso era um assunto bastante complexo para ser compreendido naquele momento. Tudo o que foram capazes de ver é que o homem gordo que tinha chegado à pouco tempo não estava a fazer grande coisa para acabar com o problema.

-Obrigado.-disse Richard, olhando de lado para Harry.- Que maçada. O que se passou aqui?

- Houve um desabamento de pedras em cima da linha do comboio e fomos contra ela. É uma sorte ninguém estar ferido.

berdade... E o que vamos fazer com esta canalhada?

-Vê lá aquem chamas canalha.-sussurrou Ron, sorrindo.

-Não faço a mínima ideia. Ali um aluno mandou uma mensagem para Hogwarts e acho que vamos receber a resposta dentro de pouco.

-É. O Dumbledore disse que binha rapidamente. Não sei o que é que se passou.

-Como é que chegaste tão cedo?

-Apanhei um botão de transporte.-respondeu calmamente Richard, olhando para o relógio.

-Então o Dumbledore deverá também apanhar...

Richard encolheu os ombros, o que lhe deu um ar de corcunda e foi lá para a frente falar com os prefeitos. Conseguia-se ver Hermione mesmo lá ao fundo com um ar muito estranho, com Colin Creevey bastante entusiasmado com o facto de já poder ajudar como prefeito.

- Desculpe, mas precisaba de outro prefeito.-ouviu-se uma voz.

Harry virou a cabeça e, bastante espantado, deparou-se com Richard, o homem que tinha conhecido na loja dos Weasleys, e que, quase implorando, lhe pediu um autógrafo.

- Está bem, eu posso ir.-ofereceu-se Ron, empunhando o distintivo no peito.

Afastaram-se deixando Harry sozinho. Dean e Seamus já se tinham ido embora, e Harry ficou sem ninguém para poder falar. Olhou relutante para Ron e começou a passear pelo campo.

Pensou em pegar nas 1001 Curiosidades do Quidditch, mas viu que não tinha vontade nenhuma de ler. Olhando para o céu (que estava a ficar bastante enublado), lembrou-se da Hedwig que nunca mais lhe tinha trazido cartas dos seus amigos. Aborrecido com a expectativa de ter de ficar sozinh odurante bastante tempo, sentou-se junto a uma árvore e ficou a olhar distraidamente para o Expresso de Hogwarts, que era agora puxado com cordas invisíveis por todos os prefeitos e chefes de turma de Hogwarts. Era um trabalho complicado pois o comboio era enorme e o poder das “cordas” produzidas pelas varinhas dos prefeitos eram muito fracas. O comboio parecia não querer erguer-se, lançando alguns vidros pela ponte a baixo, produzindo um som agudo. Mas vidros que caiam... mais sons agudos que se ouviam... Mais complicada era a situação produzida pelo comboio... mais sons ouvidos por Harry... E quando o comboio finalmente se parecia endireitar, um som agudo e forte ouviu-se com tanta nitidez, que agora Harry percebeu que o som vinha de trás de si e não das carruagens nem dos seus vidros mutilados...

Harry olhou então para trás e viu, para seu grande espanto e horror, uma coruja bastante ferida, no meio dos arbustos e de algumas árvores, enfiada entre silvas que lhe estavam a magoar imenso. Só que o problema, é que a coruja era...

- Hedwig?-murmurou Harry levantando-se, devagar, em direcção ao matagal.- És tu?

Se ela estava a responder, a resposta ainda estava no segredo dos deuses. Agora, o que Harry Podia constatar era que Hedwig continuava presa nas silvas e, ao fazer pressão para se libertar, estava a magoar-se ainda mais. Harry nada dizia, aproximando-se dela, pisando ervas e folhas secas e afastando ramos de árvores que lhe fazia frente.

Bastante espantado com o que acabava de ver, verificou que ela estava com uma pata amarrada à árvore e que era impossível, se Harry já lá tivesse chegado, tirá-la dali sem usar magia. Hedwig não estava nos seus dias de sorte... e Harry também não...

De repente, acompanhado pelo rosgaçar da capa no solo, uma moca acerta em cheio na nuca de Harry, e este desmaia, perdendo os sentidos...



- ...mandou, claro, fazer uma revisão ao local, sem distúrbios, mas o burro do Brutus esqueceu-se por completo de aparecer sem se fazer notar por ninguém. Claro que teremos de ser cautelosos ou estamos prontos a perder tudo.

- Espera, que temos ainda tempo!

- O McNair já foi buscar o camponês?

- Não faço ideia...

-Pois bem, deixa o Senhor das Trevas ouvir-te e nem saberás o que te poderá acontecer. Sabes que o Malfoy já partiu para a Escócia, não é?

- Claro, ele deixou uma runa escrita à pressa, debaixo da estante. Espero que ninguém a tenha entendido...

-Claro que não, só se já a pegaram...

Com todas as partes do corpo a doerem-lhe, Harry, abriu lentamente os olhos, sob a poeira que se elevava. Encontrava-se dentro de uma cave bastante antiga, cheia de poeira e aranhas. Havia algumas tochas presas nas paredes de pedra, que iluminavam a sala, deixando observar as correntes que se estendiam pelo tecto e que seguravam alguns candelabros bastante velhos, mas já sem uso. Era também possível ver uma grande porta de madeira, com uma pequena janela no alto, donde, imaginava Harry, deviam estar as pessoas que falavam. Harry não se lembrava de nada nem como estava ali. Mas, olhando atentamente para alguns vidros partidos encostados ao lado da porta, foi-se lembrando aos poucos do comboio, da Hedwig e da moca. A partir daí já não se lembrava de nada do que lhe tinha passado.

Com muito esforço Harry levantou-se. Conseguia ver agora metade de uma carroça enfiada na terra, quase a cair aos bocados. Não fazendo ideia do que ia acontecer a seguir Harry levantou-se e aproximou-se da porta.

-... já deve estar quase a chegar. O Snape disse-me à bocado onde ele tinha ido e já ficamos a saber.

- Bom, se tal acontece o melhor é esperar. Não prometo nada, mas acho que daqui a nada está aí.

- E depois é bom ter cuidado com o miúdo. Nã opode fugir antes do tempo, não te esqueças.

Harry, imaginando de quem estavam a falar, permaneceu ondeestava tentando ouvir o resto da conversa.

- ... sem esquecer que o Brutus pensa que sabe tudo mas é um idiota perfeito. Nele eu não confio.

- Não digas parvoíces que não é hora para tal. O melhor é pensarmos bem no que vamos fazer. Olha, vamos entrar para ver se está tudo bem lá dentro.

Aflito com a perspectiva de descobrirem Harry ali encostado à porta, ele recuou apressadamente, mas, sem querer, escorregou e caiu em cima de um vaso, o que fez um estardalhaço enorme.

A porta abriu-se bruscamente e Harry viu, para seu grande espanto, o condutor do comboio e outro homem, que tinham um ar bastante ameaçador.

- Amarra o rapaz enquanto eu chamo alguém.- gritou o condutor, enquanto o outro homem, sacou a varinha e apontou para Harry. Harry, vindo que estava a ser ameaçado, deu um forte pontapé na canela do homem, mas o que não impediu de ser amarrado com cordas produzidas pela varinha e caido ao chão com um grande estardalhaço.

- Querias fugir, meu pequeno cretino?-sorriu o homem, apesar de ter levado um pontapé no joelho.- Achas que consegues derrotar os súbditos do grande Senhor das Trevas? Hum, tens muito que aprender...

Sem saber o que lhe iam fazer Harry esperou, espectativo na esperança de lhe acontecer algo de mal. O homem ao seu lado tinham um ar de profunda satisfação, e parecia que já sabia qual era o futuro da cena - pois bem, parecia que não.

- SOCORRO!- ecoou um grito em toda a cave da masmorra. Parecia que era o condutor do comboio que se tinha metido em apuros.

- Oh, não!-balbuciou o homem e foi a correr, saindo pela porta.

Harry tentou mexer-se tanto para conseguir desamarrar-se, mas os nós eram demasiado bem apertados. Até que...

- Alohomora.-ouviu-se uma voz sussurrada, vindo do outro lado da porta. E, olhando bem em frente, com toda a poeira a elevar-se no ar, Harry viu triunfante, entrar um prefeito dos Gryffindors para o vir salvar - ou pelo menos assim parecia...

- Fica quieto por favor.-pediu o rapaz aproximando-se de Harry.- Evanesco.

E as cordas desapareceram. Harry agitou os braços triunfante e levantou-se.

- Fica aqui com ele por favor.- disse o rapaz olhando para a porta.- Eu já venho.

- Está bem.- disse a segunda voz. Quando o rapaz desapareceu, outro prefeito entrou pela porta. So que... não era um prefeito... era uma...

- Cho?-exclamou Harry, admiradíssimo.- O que fazes aqui?

- Vim... bom, viemos cá salvar-te.-disse ela, sem olhar para Harry.- Estás bem?

- Sim.-respondeu Harry aproximando-se dela.- Desde quando é que és chefe de turma?

- Desde este Verão.-disse ela, fingindo ver se as suas unhas estavam totalmente bem cortadas.

- Ai é? Bom, eu fui nomeado capitão da equipa de Quidditch dos Gryffindors...

- A sério? Parabéns.-disse ela, sem mostrar lá muito entusiasmo.

- Porque não olhas para mim? Tens medo?- perguntou Harry, já perto de Cho. Esta, virou-se lentamente e fitou Harry de olhos semi-cerrados.

- Não.-respondeu ela.

Harry não respondeu. Olhava para os olhos dela, tentando perceber o que se passava detrás daquele olhar. Ela fazia o mesmo. De repente, uma pedra caiu do tecto e acertou no ombro de Cho. Esta quis tocar no seu ombro, mas Harry foi mais rápido. Olhou atentamente para os olhos de Cho e, sob a escuridão da cave, Harry a beijou.

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