Começo da tempestade




   - Você sabe o erro que cometeu, não sabe Lucio?


   - Milorde, não foi culpa minha... o Potter.


   - Potter...Potter... pare de jogar a culpa nele, você também errou!


   - Sei que errei...


   - Era pra manter Draco e seu filho presos aqui, não era pra trazer sua esposa para cá também!


   Lúcio estava incrivelmente envergonhado na frente de Edgar, pela sua incompetência de deixar Harry escapar com os dois prisioneiros dele, e ainda por cima perder a pedra da ressurreição.


   - Se nossos planos forem por água abaixo você vai ser o primeiro a ser punido – rosnou o bruxo jogando suas vestes para o lado e saindo aborrecido da sala – onde está Bellatriz? – perguntou ainda da porta.


   - Creio que cuidando de suas feridas.


   - Precisamos acabar com o Jinki dela para acabar de vez com essa ligação com o Potter – e bateu a porta.


 


   - Precisamos interrogá-lo assim que pudermos, ele sabe muita coisa.


   - Não vai interrogar meu filho Potter, eu decido isso.


   - Não seja burro Malfoy, poderemos capturar enfim quem está como espião aqui na escola.


   - Creio que isso vai ser meio difícil – disse Madame Pomfrey.


   - Por quê? – perguntou Harry.


   Estavam na ala hospitalar, Morgan tinha ajudado a levar o garoto para repousar, ele devia ficar em boa forma em dois dias segundo ela. Harry não perdeu a oportunidade de encurralá-la para perguntar as coisas que queria, “Preciso falar com você”, “Agora?”, “Tenho perguntas, não vai fugir, quero respostas”, “Pra que encher sua cabeça de coisas”, “Porque eu quero!”, “Está bem, está bem, me encontre mais tarde aqui na escola mesmo?”, “Pode ser, aonde?”, “Sala oval do terceiro andar?”, “Oval? Nunca fui lá”, “Use o pó de flu”, piscada de Morgan, Gina soltando muxoxo de desaprovação, “Oito horas”.


   - Parece que lançaram um leve feitiço da memória no garoto recentemente – disse a mulher.


   - E?


   - Talvez ele não se lembre das coisas perfeitamente, das que aconteceram recentemente.


   - Isso é permanente? – perguntou Draco.


   - Eu creio que não, aos poucos ele volta ao normal.


   - Ótimo – disse.


   - Ótimo – disse Harry também deixando seu fio de esperança de descobrir quem era o espião ir embora.


   Com o resgate de Malfoy bem sucedido, o jeito era ficar na escola trabalhando em patrulhamento de volta, mesmo totalmente arrebentando da noite passada estava de bom humor, até porque a certeza de que conseguiria algumas respostas com Morgan era algo que o fazia sorrir.


   - Sua cicatriz parou de doer? – perguntou Rony quando estavam almoçando.


   - Parece que sim.


   - Isso deve ser realmente chato – comentou Hermione girando os talheres nos dedos – ficar sentindo dor na cabeça sabe.


   - Você nem imagina quanto.


   - Pai... – chamou Gina que estava sentada ao lado do marido – pai...


   -... claro que nunca acreditei que trouxas roubassem os poderes mágicos de bruxos, isso é absurdo, conheci muitos bruxos extraordinários que vieram famílias trouxas – ia conversando o homem com Slughorn.


   - Pai... PAI!


   - Sua nora é um grande exemplo – riu o professor indicando Hermione quando Arthur finalmente olhou para a filha.


   - A mamãe esta tendo algum trabalho com a Lílian?


   - Sua mãe tendo trabalho com crianças? – ele riu – não mesmo Gina, esta tudo em ordem.


   - Tem certeza?


   - Absoluta.


   - Hum, está bem...


   Sr. Weasley revirou os olhos olhando atentamente a filha.


   - Você parece tensa.


   - Mau pressentimento apenas.


   Arthur apenas sorriu, Slughorn ao lado soltou uma gargalhada alta e quase se afogou com seu whisky de fogo, Ted parecia rir sem parar também ao lado do professor.


   -... já vi pessoas cometerem erros assim como você garoto... – Slughorn riu mais – isso me lembra muito aquele amigo de seu pai, como era mesmo...


   - O pai do tio Harry?


   - Não... o outro... ah... Sirius Black.


   - Verdade?


   - Ele não fazia exatamente as mesmas burradas que você é claro, mas ele fez dessa, namorar uma garota e ser caído por outra.


   - Não estou namorando mais.


   - Sei que não está Ted, mas naquele dia estava não? – riu tomando whisky – o Sirius era caidinho por uma de minhas mais fabulosas alunas, Morgan Wilson, já ouvir falar?


   - Já tive contados – minimizou o garoto.


   - Extraordinária ela... bem, enquanto Sirius era caidinho por ela, a Morgan era caidinha por outro bruxo.


   - Ah é? – disse Ted ligando sua própria situação.


   Ele gosta da Vic, que gosta do Roran...


   - Ela ficou com esse outro bruxo e o Sirius não gostou nada.


   - E o que ele fez?


   - Deu em cima da irmã mais nova de Morgan!


   Harry ao ouvir essa pronuncia se engasgou com a comida, Rony se apressou para acudi-lo dando varias bofetadas nas costas do amigo, definitivamente não conhecia a irmã de Morgan, mas ouvira ela falar da irmã, e pelo que parecia a irmã era uma pessoa muito esquisita.


   - Morgan também não gostou nadinha sabe, de ver ele dando em cima da irmã dela, conseguiu se vingar dele alguns meses depois no clube dos duelos.


   - Clube dos duelos? – perguntou Harry esticando o pescoço para ver o professor melhor.


   - Era uma competição bruxa que Hogwarts tinha antigamente – contou o Sr. Weasley – no meu tempo tinha muitos duelos incríveis.


   - Cortaram o clube dos duelos quando Você-sabe-quem entrou no poder, e o que parecia, o clube podia motivar alunos a seguirem o lado das trevas – completou Slughorn.


   - Bem que podia ter existido clube dos duelos no nosso tempo – Rony falou com a boca cheia – podíamos ter estuporado o Malfoy varias vezes.


   Draco não havia saído da ala hospitalar para almoçar.


   - Ou podíamos ter estuporado a Lilá... – disse Hermione baixo.


   - Sirius era o campeão de Hogwarts nos duelos para homens, e Morgan era a campeã para as mulheres – continuou Slughorn – chegou uma hora que se enfrentaram, muitos apostando na vitória do Black, os dois pareciam dispostos a se matar naquele duelo.


   - Parece que foi emocionante – disse Ted.


   - No começo sim, Morgan lutava para se vingar, por Sirius ter ficado com sua irmã, algo imperdoável para ela, e Sirius lutava por sua dignidade, pois foi alvo de muita curtição naquela época por ter perdido um partido como Morgan para um bruxo nada conveniente.


   - Que bruxo?


   - Severo Snape.


   Harry se engasgou novamente, deixou os talheres cair sobre a mesa fazendo um estardalhaço de barulho, ele não sabia se ria, ou se sentia pena de seu padrinho, era apenas algo estranho, sempre achou que Snape apenas amasse sua mãe.


   - Morgan massacrou o jovem Black, pena, perdi vinte galeões apostando nele – lamentou o professor – o pior é que Morgan nem namorou o Severo depois, terminaram pouco tempo depois, não sei porque... pareciam tão felizes.


   - Eu acho que sei porque – gemeu Harry.


   - Por quê? – perguntou Gina virando os olhos para ele.


   - Snape amava minha mãe não amava? A Morgan devia saber disso e terminou com ele pra ajudar os dois a ficarem juntos!


   -... talvez a Morgan não gostasse muito das atitudes dele, de um garoto que não seguia as regras...


   - Vai ver ela não gostava no narigão dele – chutou Rony.


   - O pobre Severo ficou arrasado, acho que não tinha ninguém nessa escola que ele amasse mais que Morgan...


   - Haham... cof cof... HAHAMM HUMM COF COF!! –  debochou Harry.


   Chegando o fim do almoço o Sr. Weasley se despediu deles dizendo para ficarem de olhos abertos para qualquer movimentação estranha que acontecesse na escola, enquanto ele e os outros membros da ordem de fênix continuariam a ficar atentos no lado de fora.


   - Fale com Malfoy, tente descobrir tudo que ele sabe, faça-o contar o que ele viu e ouviu quando foi seqüestrado pelos comensais da morte do Edgar.


  


   O dia na escola passou despercebido nos olhos de Harry, ele não estava prestando muita atenção nas coisas que aconteciam em volta, estava totalmente desligado do mundo apenas pensando em Edgar e no retorno do lord das trevas, pensava também na profecia que a professora Trelawney havia feito, no livro chamado Pottere Dominatore, que ensinava a dominar perfeitamente a sua força, e no espião que estava em Hogwarts. Mesmo sabendo que Escórpio tinha tido a memória alterada pelos comensais, não descartara a hipótese de perguntar ao garoto de quem ele tinha pegado a pedra da ressurreição que resultou no seu seqüestro.


   Já eram quase oito horas da noite daquele dia quando Harry se despediu dos outros para rumar a sala oval e encontrar Morgan, nem sabia se ela estaria lá, mas tinha que ir de qualquer forma. Usar a rede de pó de flu para sair em lareiras dentro do castelo era algo fácil, pelo menos não ia precisar ir a sala do diretor para fazer isso. Já estava em seu habitual quarto de Hogwarts com o pó de flu em mãos, olhando atentamente para a lareira, se aproximou e entrou gritando “Sala Oval”. Pensou que conseguiria sair honradamente, mas se estatelou no chão aos pés da mulher ruiva.

   - Olá Harry – ela disse ajudando-o a se levantar.

   - Ah! Podia ser melhor... desculpe – disse batendo a fuligem da roupa – não gosto de pó de flu.

   - Que nada. Sente-se – ela o indicou uma poltrona.

   O ambiente lembrava um tanto a sala comunal da Grifinória, só que era bem menor, sentou-se na poltroninha macia em frente à lareira, ela sentou-se na outra.


   - Perguntas? – ela perguntou.


   - Muitas.


   - Entendendo, você acha que eu tenho respostas – sorriu – talvez eu tenha algumas respostas, mas sabe, eu estava pensando em utilizar esse nosso tempo juntos para praticar melhor sua magia.


   - É necessário?


   - Se um dia pretende lutar com Edgar em pessoa tem que melhorar um pouco, não que eu não o ache um grande bruxo, mas aperfeiçoar técnicas é sempre bom.


   - Está certo então.


   Ela sorriu.

   - Antes de começarmos, acho que devemos conversar um pouco, Harry, porque é necessária muita confiança e um pouco de intimidade para fazer o que vamos fazer, afinal eu vou ficar guardando seu corpo para que você tenha liberdade para experimentar e desenvolver esse seu dom, eu não vou lhe dar aula alguma, muito pelo contrário.

   Ele a olhava meio intimidado, realmente, não conhecia Morgan Wilson perfeitamente, às vezes ele sentia um pouco de desconfiança dela, ela começou a falar: 

   - Quando eu saí de Hogwarts Harry era uma era negra, me formei aurora quando Voldemort estava no auge do poder, eu e alguns abandonamos a luta direta pela pesquisa de como destruí-lo, estávamos nessa busca quando você o derrotou pela primeira vez, isso é claro aconteceu depois daquele incidente com a minha irmã. Eu nunca voltei, continuei pelo mundo, bom, você deve saber um pouco, Kingsley me pediu ajuda, e eu vim ajudar, quero fazer o que eu puder para não ver Voldemort no poder de novo.

   Harry a olhou perplexo, sentia a sinceridade nas palavras, quase como se pudesse ler aquilo nos olhos dela, mas não tinha palavras.

   - Sua mãe foi minha parceira de estudo por muito tempo Harry, ela era uma bruxa poderosa, foi uma inominável muito respeitada.

   O coração dele saltou, sua mãe era uma inominável? Por que ninguém nunca tinha dito nada? Ele a olhou interessado.

   - Você não sabia? – ela corou – desculpe contar assim, mas eu tinha uma grande admiração por sua mãe.

   - Minha mãe foi uma inominável... – ele não perguntou, afirmou para si mesmo.

   - Ela teve que abandonar o ministério quando estava grávida de você, por algum motivo Voldemort começou a perseguí-los, mais do que isso eu não sei, estava no estrangeiro.

   Ele a olhava com interesse, podia ouvi-la por horas, queria saber muito sobre sua mãe.

   - Por isso quero que confie em mim, sei que é pedir muito, mas creio que temos o mesmo interesse, e os mesmos motivos para trabalhar.

   Ele concordou com a cabeça e ela sorriu, puxou uma xícara de uma mesinha ali do lado.

   - Que beber um chá comigo? Enquanto conversamos? Vamos nos conhecer melhor.

   Começaram pela cicatriz, ele contou que no passado tinha uma ligação com Voldemort do mesmo modo que ela tinha com a irmã, contou sobre os sonhos, às visões que ele tinha, sobre as aulas de Oclumência que tivera com Snape, ela contou que tinha estudado artes das trevas e lesionado em Durmstrang, mas nem por isso ele tinha que ter medo dela, falaram do passado, dos seus tempos em Hogwarts quando eram adolescentes.


    - Você conhece o Snape bem? – perguntou se lembrando do professor Slughorn contando os causos dos dois.

   - Tão bem quanto conhecia seu pai, Sirius, Pedro e Remo... eles conseguiam se detestar, não sei bem porque – ele sentiu que ela não fora totalmente sincera quando desviou o olhar.


   Conversaram por mais algumas horas, Harry começaram a conhecer Morgan Wilson bem e via que ela realmente aparentava ser uma grande bruxa. Depois de por volta de umas duas horas de conversa ela finalmente decidiu colocar em pratica algumas aulas para melhorar as magias dele.

   - O que você pensa do futuro, Harry? – ela perguntou.

   "Questões filosóficas?", ele pensou.

   - Como assim? Da situação atual?

   - Não, o que um homem da sua idade, normal, pensa do futuro? O que você quer da vida?

   - Normal? – aquilo escapara de seus lábios.

   Ela suspirou. Balançou a cabeça e sorriu.

   - Estou devaneando, é um defeito que tenho, vamos trabalhar? O que você pensa em se projetar?


   - Projetar?


   - Você ver algo acontecer num lugar, mesmo não estando no lugar.


   - Deve ser legal.


   - É muito útil, vamos começar com isso, projetar, vou te ensinar a ver seja lá onde você estiver.

   Havia uma chama brilhando naqueles olhos violeta que indicaram confiança para ele. Duas horas deitado no chão, tentando se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo, falhando miseravelmente, só sentia o frio que vinha das pedras do chão debaixo do tapete espesso de pele.

   - Você tem que se concentrar, não pense em ver, veja. Escolha algo para ver – ela disse sonhadoramente, lembrando a prof Trelawney, obviamente ela estava tão concentrada quanto ele, olhando as chamas da lareira sem vê-las.

   Esse era o problema, ver o quê? Tinha chegado à conclusão de que nunca ia conseguir fazer isso, mas ele tentava ver qualquer coisa sem sucesso, estava ficando com sono quando algo aconteceu.

   “... sua burra... – dizia o garoto olhando pela janela – senão deixe de enrolação”.

   "-Você é tem estado tão grosso – a outra falou infeliz, era Victoire, estava em alguma sala de Hogwarts, não sabia qual era”.

   - Eles estão brigando? – disse surpreso, pois o outro garoto era Roran, um bruxo, pelo que ele sabia, o melhor amigo dela. Harry não tinha presenciado a briga dos dois, e de Ted.

   "- Se é o que você diz – ele falou ainda olhando para fora”.

   - Quem Harry? – perguntou Morgan.

   "- Você não entende... é difícil pra mim... – ela falou olhando-o”.


  “-Mas é só escolher! – ele se virou irritado”.

   - Victoire e Roran...

   "-Pra você é como se fosse um doce, ou uma vassoura? Não pode ficar com esse então fique com aquele? – ela respondeu também irritada”.

   - Quem? – perguntou a bruxa de novo.

   Ele fechou a cara para ela parar de interromper sua concentração.

   "-Porquê? Pretende ficar com dois? – ele respondeu cinicamente”.


    - Que coisa estúpida para ele falar! – rosnou.

   "-E você diz que gosta de MIM! – ela falou ofendida".

   - Ela ficou ofendida seu idiota!

   "-Não! EU AMO VOCÊ! Por isso tenho CIUMES de você! – ele se aproximou dela".

   "-Mas eu... – ela olhou perdida”.

    "-Prefere o Ted? – ele falou tristemente".

   -Ah, eu sabia que ela gostava dele ainda!... – disse em triunfo.

   "Ela continuou chorando”.

   "-Decida. – ele deu um beijo na testa dela – nenhum de nós merece isso, pense, eu vou dormir, boa noite – ele passou a mão pelo rosto dela enxugando as lágrimas. Decididamente infeliz”.

   "Ela se encolheu num canto da sala e começou a chorar convulsivamente”.

   Ele sentiu a raiva mais compulsiva por aquele garoto, se sentou no chão horrorizado. Olhou para Morgan.

   - Parece que você viu mais do que queria...

   - Eu nunca mais...ah... aquele moleque vai se ver comigo – ele se levantou devagar.

   -Ô! Calma aí! – ela disse se levantando, estivera sentada ao lado dele o tempo todo – sem decisões precipitadas.

   - Decisões precipitadas? Eu acabei de ver o quanto existe gente idiota nesse mundo! – ele ficou com a boca seca – eu tenho que ir!


   - Não vai não, fique aqui, não vai interferir no assunto dos outros.


   Sentou-se novamente no chão irritado com aquele Roran, como podia ser tão grosso. Estava cansado de ficar ali, queria ir embora, não queria mais praticar qualquer outro tipo de magia.


   - Está bem, não vou – disse – mas você vai ter que me responder o que é lua negra.


   - Lua negra?


   - É!


   - Sinto Harry, mas não sei do que você está falando – ela disse.


   - Eu acho que sabe sim – insistiu.


   - Sei apenas que é o período onde as trevas consegue agir com mais liberdade, mas creio que não estamos em período de lua negra, esse período é algo raro de acontecer.


   - Entendendo... sabe alguma coisa sobre guardiões de bruxos?


   - Um pouco, cada bruxo tem um guardião que protege você, ele te ajuda nas horas mais difíceis, mas você nunca o vê, é raro as pessoas que viram seus guardiões, normalmente as que viram, morrem uns três meses depois.


   Sentiu um nó na garganta, a imagem de Draco Malfoy apareceu em sua cabeça. Estaria ele condenado à morte em três meses?

   - Me explique melhor o Akasha, Morgan, eu tenho usado magia sem varinha, mas nunca tinha ouvido falar que isso era possível. 

   - Você não nunca soube o que era um Akasha... bem a maioria não sabe... você teria que ir ao Oriente Médio, Egito, África-árabe para aprender sobre o Akasha... é uma definição teórica para a magia natural...

   - Como?

   - Aptidão mágica, você deve ter feitos coisas sem querer na infância...

   - Claro... – lembrando das coisas que fazia com seu primo.

   - Isso é o Akasha se manifestando, a magia que cada um tem, naturalmente... mas que perdemos quando aprendemos a usar isso – ela ergueu a varinha – na verdade a maioria dos bruxos fica tão dependente da varinha que não faz nada sem ela.

   - Percebi isso.

   - Mas a varinha é um instrumento, um parceiro, não tem o poder... senão qualquer aborto poderia pegar uma varinha e fazer a magia acontecer... – ela sorriu – então descobrimos que você não perdeu esse poder... em que você já usou o akasha?

   Ele lembrou com prazer da cara de Bellatriz caída no chão.

   - Quase estuporei Bellatriz...

   - Isso eu queria ver – ela riu – acho que está na hora de você ir, senão sua esposa vai acabar se aborrecendo com você, as próximas semanas vão ser duras! Alberto está preparando as poções para que a gente entre no lago, esteja preparado.


   Concordou se dirigindo até a lareira e pegando o flu.


   - Não vá arranjar encrenca com ninguém – advertiu ela.

   Ele apenas sorriu.   


   - Morgan...

   Ela o olhou.

   -Obrigado por estar nos ajudando.


   E entrou na chama verde da lareira.


 


   Saiu na manha seguinte torto de sono, contou tudo pra Gina sobre a reunião que tivera com Morgan, a esposa não parava de lhe perguntar cada detalhe do que tinha acontecido, o que o deixou satisfeito.


   Ao decorrer da semana percebeu que o vinculo de Rony e Hermione estava cada vez mais ligados, estavam enfim parando aquelas malditas discussões? Os dois sempre sumiam noite afora do castelo, ou iam para Hogsmeade.


   Victoire parecia realmente chateada, não falava com Roran, Harry sempre que podia lançava olhares assassinos para o garoto. Ted não tinha desistido de conseguir o perdão da bruxinha, mas estava sendo uma missão difícil, ela parecia realmente decidida a não falar com ele.


   Umas três semanas depois, depois de terem improvisado uma mini festa para Rony no três vassouras, ele descobriu que lamentavelmente a mente de Escórpio tinha sido alterada, e não tinha como ele descobrir quem era o espião na escola, mas ainda assim continuava confiante de que o garoto recuperasse a memória qualquer hora e entregasse o espião. Draco Malfoy saiu de Hogwarts meio inseguro em deixar seu filho sozinho, mas decidiu ficar mais perto da mãe para acompanhar a recuperação dela.


   Kingsley mandara uma mensagem para eles, para que fizessem patrulhas até mesmo dentro das salas de aulas dos alunos, para que eles observassem os alunos de maiores talentos e fizessem uma lista para a ordem da fênix com os nomes, que eles iriam investigar.


   A patrulha na aula de Transfiguração foi especialmente interessante, os alunos iam começar a estudar transformação humana, começaram de modo simples, mudanças superficiais na aparência, Harry viu Victoire se avaliando no espelho com olhos castanhos como os de seu pai e os cabelos louros, as meninas adoraram a oportunidade de trocar as cores de cabelo... uma garota da lufa-lufa lhe lembrou Tonks quando ao tentar ficar ruiva ficou com o cabelo roxo e espetado... no final Rony, que tentou  imitar o exercício de transfiguração para passar o tempo, ao lado de Harry e Hermione, acabou fazendo uma pequena confusão ao tentar deixar a esposa loira.


   - Deixa eu tentar! – falou Rony.


   - Nem morta! – Mione retrucou olhando-se com cabelos negros e lisos.


   Ele sorriu marotamente e apontou a varinha para ela:


   - Glamoure


   Mas Mione se desviou pulando para trás, o feitiço acertou em Harry que estava distraído vendo uma amiga de Victoire deixar os próprios cabelos verdes...


   - Harry! – disse Hermione pondo a mão na boca.


   - O que aconteceu? – ele perguntou ainda ignorando o resultado – Rony o que você fez?


   - Devia ficar loiro... – disse o amigo tentando não rir.


   - Diz que não fiquei que nem o Malfoy... – ele falou para Hermione, se imaginando com aquele cabelinho.


   Ela lhe virou o espelho, ele não agüentou e começou a rir, haviam muitos fios prateados entre seu cabelo negro, parecia diferente... lembrava a aparência do velho Remo Lupin, na verdade bem mais grisalho que Lupin.


   - Fios brancos – disse a profa Minerva olhando para ele – sempre soube que você não tinha conseguido dominar a arte de transfiguração, Sr Weasley, mas creio que você lembra do que eu disse sobre cabelos brancos aqui na aula?


   "Não diga que ficam permanentemente!" Harry pensou olhando os dois, até era engraçado agora, mas não pretendia ficar assim para sempre.


   - É que devia ser loiro... – Rony falou meio envergonhado.


   - Vai ficar assim por uns três dias... – ela suspirou – bem pelo menos não foi à cabeça toda – disse se virando para uns alunos da Lufa-Lufa que tinham conseguido fazer os cabelos da colega virarem lã...


   - TRÊS DIAS! – ele disse se olhando no espelho de novo.


   Hermione e Rony fizeram um som de riso.


   - Vem cá que vou fazer você ficar com a metade da cabeça branca! – disse ele apontando a varinha para Rony, que se escondeu atrás de Hermione.


   Foi a sensação do almoço.


   - Freqüentando o mesmo cabeleireiro do papai? – perguntou Jorge.


   - É sim, que por acaso é seu irmão – disse cortando seu bife.


   Ted e Jorge foram encher Rony.


   - Sabe que ficou legal? – disse Gina espiando por cima de um livro.


   Hermione fez um novo som de riso, ele a olhou:


   - Ah! Imagine se fosse com você...


   Ela parou de rir na hora. O interessante foi ver a cara de Hagrid, quando eles saíram naquela tarde para supervisionar a aula que agora era lá fora.


   - Tem algo estranho com você hoje Harry – ele disse o olhando fixamente.


   - Talvez porque ele pareça ter envelhecido um pouquinho? – disse Hermione.


   Hagrid estalou os olhos e falou indignado.


   - O que aconteceu? Quem te azarou assim? Quem foi o covarde miserável...


   Ele e Hermione apontaram para Rony, que ficou vermelho até a ponta do nariz. Hagrid ria aos montes depois de informado do incidente.


   - O que será que é tão especial que Hagrid andou planejando? – perguntou Hermione depois que a sessão de risos havia terminado e o gigante parecia empolgado falando com os alunos – ele esteve falando sem parar isso, que a aula dessa semana seria diferente.


   - Desde que não sejam explosivins – disse Harry cruzando os braços observando a aula do amigo enquanto ficava atento a todos os alunos talentosos.


   Hagrid, no entanto levou os alunos ao picadeiro que certa vez abrigara os hipogrifos, e os cavalos da madame Máxime.


   - Ele não vai repetir os hipogrifos vai? – perguntou uma aluna da sonserina ao longe.


   Ele, Rony e Hermione caminharam ao longe também observando. Não era hipogrifo, Hagrid entrou com cinco cavalos, muito bonitos, mas que pareciam comuns.


   - Cavalos? – murmurou Hermione.


   - Então turma o que acham disso? – sorriu Hagrid.


   A turma não pareceu se interessar.


   - Alguém sabe que animais são esses? – ele repetiu mais animado.


   Harry estranhou a animação de Hagrid com animais tão comuns até entender que eles não deviam ser comuns. Pela primeira vez viu que nem Hermione ao seu lado parecia saber o que era.


   - Ninguém? Então preciso de um voluntário...


   Harry viu o tal Roran, pular a cerca.


   - Ótimo Roran! Você já tem experiência, se aproxime devagar daquele negro, o Ônix.


   O animal, no entanto não esperou Roran se aproximar, trotou até ele e o encarou.


   -Oi Ônix – disse baixo.


   O cavalo de um negro brilhante se abaixou para que ele montasse, Harry lá de cima matou a charada.


   - Pode subir Roran, ele é bem manso.


   - Posso voar com ele? – Roran disse montando.


   Houve uma série de exclamações, como se ele tivesse falado algo estranho, mas Hagrid disse sorrindo:


   - Claro que pode!


   - Vamos – ele disse batendo de leve os pés no flanco do animal, segurando de leve na crina.


   Duas imensas asas negras surgiram como se nascessem na altura das patas dianteiras, o animal empinou e alçou vôo, muito mais suave que um hipogrifo, Harry escutou Hermione falar ao seu lado.


   - Pégasus! São pégasus!


   - São sim! – ele disse – são bem raros.


   - Nunca tivemos aula com pégasus no nosso tempo – comentou Rony.


   Então o cavalo alado disparou e deu uma volta pelo castelo retornando para pousar suavemente no picadeiro, Roran deu umas palmadinhas no pescoço do animal e desmontou no mesmo instante as penas soltaram do corpo caindo graciosamente e sumindo antes de chegar ao chão.


   - Muito bem! – disse Hagrid – vinte pontos para a Sonserina.


   Os alunos se animaram, os Pégasus pareciam ser muito mais calmos que os hipogrifos, mas se recusaram terminantemente a dar uma volta pelo castelo como fizera Ônix, apenas Victoire, que também montara o cavalo negro pode dar aquela "voltinha".


   - Como você percebeu que eram Pégasus? – perguntou Rony a Harry.


   - Não sei, chutei.


  


   Ao final da aula, Hagrid os convidou para tomar uma xícara de chá no final da tarde, que era para Gina, Jorge e Ted irem também. Fim da tarde, lista de alunos talentosos estava ficando cada vez maior, Gina contara que havia um aluno da sonserina do quinto ano que era muito estranho para o gosto dela, Ted e Jorge supervisionavam o sexto ano.


   O pior não foi à onda de alunos estranhos que estavam invadindo a mente deles, um mais improvável que o outro para ser espião de Edgar, a coisa mais curiosa que aconteceu foi quando saíram para visitar Hagrid, como haviam prometido, quando chegaram próximos a porta escutaram uma conversa no mínimo curiosa, Harry teria dado tudo para estar com capa de seu pai e entrar sorrateiramente do que ficar ali escutando.


   - No ministério... – dizia alguém.


   - Sem cooperação de Burdock Clagg, eu não posso fazer nada – dizia a sonora voz de Morgan.


   - Mas ele vai cooperar? – falou Hagrid.


   - Claaaarooo! – disse Morgan – do mesmo jeito que cooperou ano passado.


   - Devemos confiar nele, ele é mais esperto que aparenta – falou o terceiro.


   Morgan riu, Hagrid deu um assobio.


   - O ministro mandou esperar.


   - Se ele mandou, deve saber que eu não vou esperar muito tempo – disse Morgan – não sou do tipo que gosta de esperar.


   - Não há motivo para nos apressarmos, ele não vai sumir...


   Os seis se olharam, era a voz de uma quarta pessoa, SNAPE! Mas Snape estava morto... como era possível?


   - Sinto seus motivos para não apressarmos a coisa – retorquiu Morgan.


   - Você sequer veio pra cá com o intuito de trabalhar nisso... – ele falou – você quer sua mãe isso sim...


   - Parem vocês dois... – disse o desconhecido – vocês terão a chance de acertarem as contas depois.


   - Se o Arthur desconfiar que vocês estão atrapalhando as coisas no ministério por motivos pessoais... – disse Hagrid rindo.


   - Não tenho nenhum interesse em remexer no passado – falou Snape.


   - Mentiroso Severo... grande mentiroso – retorquiu Morgan.


   - Você voltou em busca de vingança Morgan – ele falou baixo.


   - Preocupado com isso?


   - Nem um pouco.


   Morgan riu.


   - Mentiroso...


   - Controle-se Morgan! – advertiu o desconhecido.


   Risos, ela apareceu na porta segurando um quadro:


   - Eu vou indo, obrigado pela bebida Hagrid, vamos a Hogsmeade um dia destes, não se preocupe querido, eu sei me controlar, às vezes... e você Severo, fique bem quietinho ai no seu quadro senão posso acabar derrubando ele no lago sem querer – ela se virou rindo.


   Desapareceu rapidamente encarando o quadro em suas mãos, caminhando para o castelo. Era isso, o quadro de Snape existia... mas o que eles estão fazendo com o quadro?


   - Espero que ela não estrague tudo. Estou indo Hagrid.


   - Eles não se odeiam de verdade – disse Hagrid – tem motivos, mas não se odeiam...


   - Comensal e auror? Sempre comensal e auror, duvido que ela não jogue o quadro dele no lago a longo prazo. Conheço a má fama de Wilson.


   - Eu os conheço, arrancariam os corações do peito e jogariam fora por Harry, bom o Snape já fez isso não é – riu – esses dois sempre foram assim, conheço-os da época que eram alunos... Wilson tem a cabeça no lugar.


   - Certo, suponho que Arthur tenha a mesma opinião, tenho que ir mesmo, você vai fazer o que pedimos Hagrid?


   - Sem dúvida, vou fazer sim.


   - Então até.


   - Até.


   O desconhecido devia ter usado a lareira de Hagrid, o fato é que aquela conversa deu-lhes o que pensar, Harry esperou mais um pouco e foi bater na porta, Hagrid abriu como se esperasse ver alguém de volta, arregalou os olhos:


   - Harry! Rony! Mione! Gina! Ted! Jorge! O que estão fazendo aqui?


   - Você nos convidou para visitá-lo, mas parece que você já teve visitas hoje –disse Harry.


   - Como? – ele disse assustado, olhou para os lados – entrem, entrem!


   Olharam e viram várias garrafas vazias que Hagrid empurrou da mesa para uma caixa, nervosamente, alguém bebera tanto quando o meio-gigante e eles imediatamente perceberam quem.


   - O que a Morgan estava fazendo aqui? – perguntou Rony sentando.


   - E o quadro do Snape? – perguntou Harry.


   - E quem mais estava aqui hein? – perguntou Hermione.


   Hagrid os olhou, balançou a cabeça e disse.


   - Abelhudos é o que digo, cansei de dizer que vocês são as criaturas mais enxeridas desse mundo, desde pequenos...


   - Ta já sabemos – disse Hermione – você vai contar pra gente não é? Trabalhamos no ministério, temos direito de saber.


   - Não – disse Hagrid distribuindo cervejas amanteigadas pra eles.


   - Qual é, o que a Morgan está querendo no ministério? – disse Rony – meu pai sabe e não contou pra gente!


   - O quê? – ele olhou para Rony – o que vocês sabem dos estudos dela?


   - Ahá! Ela está estudando algo no ministério! – disse Hermione – mas ela foi expulsa de lá!


   Agora Harry também olhava para Hermione.


   - Ah, eu pesquisei ela sabe... – explicou para o amigo.


   - Ela não foi, bem... foi...– disse Hagrid – bem não... é complicado e não é coisa pra ficar se falando por ai.


   - Qual o mistério, ela está estudando algo no ministério, tem a ver com uma certa pessoa? – Harry olhou para Hagrid – ou estudo de certa inominável?


   Hagrid o olhou incomodado.


   - Inominável?


   - Tipo minha mãe...– ele disse sério – que trabalha no departamento de mistérios.


   Agora eram Rony e Hermione e os outros dois que o olhavam.


   - Ela comentou é? – disse Hagrid.


   - Por que ninguém me contou?


   - Ah... bem... eu não sei de muitos detalhes...


   - A mãe do Harry era uma inominável? – perguntou Hermione surpresa.


   - Bem, acho que era, eu não sei, ela trabalhava no ministério, seu pai não gostava nadinha...– Hagrid parou com aquela famosa cara "não devia ter dito isso".


   - Não gostava? – ele perguntou.


   - Bem, vocês não têm que se meter nisso – ele disse se levantando pra pegar uns biscoitos – assuntos do departamento de mistérios, ficam no departamento de mistérios, creio que já sabem disso, trabalham no ministério.


   - Então me diga – disse Rony sorrindo – por que o quadrinho do Snape estava aqui também?


   - Não é da conta de vocês, se o Arthur quiser lhes contar depois ai tudo bem, mas não vou contar o que me pediram para ser segredo.


   Fez-se um silencio na cabana, Hagrid parecia nervoso.


   - Morgan era uma boa aurora, exagerada, mas boa, fez seu trabalho e teve o descanso merecido, não incomodem as pessoas com essa curiosidade – Hagrid olhou para Harry – tem coisas que todos querem esquecer.


   Ele pareceu falar de si mesmo, a conversa abrandou falaram de quadribol, das aulas até ficar bem tarde.


 


   Os dias foram passando como o vento, a tensão naquela escola parecia cada vez maior com a aproximação das provas de fim de ano. Para Harry, era outra coisa que o deixava atencioso, o prazo de dois meses que Alberto tinha dado para ficar pronta as poções estava chegando ao fim.


    Morgan não havia aparecido no castelo nas ultimas semana, coisa estranha para ele, Hagrid se recusava a dizer o que ela estava fazendo no departamento de mistérios. Ted continuava sua habitual tentativa de reconciliação com Vic, mas sempre sem sucesso. Rosa e Alvo começaram a ter aulas particulares na biblioteca com Hermione para entender melhor o conteúdo lhes dado. Jorge, Ted e Rony estavam encarregados de separarem as fichas dos alunos que eles suspeitavam ser espiões de Edgar.


   Foi quando Ted começou a retirar as fichas que Rony fizera, para que mandassem para a ordem e investigassem as famílias das pessoas, havia fichas de todos os aluno, desde de sonserinos até alunos da Grifinória, inclusive alguns de seus familiares, como Victoire, as fichas eram absurdamente detalhadas, ele sorriu, quando encontrou a ficha de Vic, analisou ela de cima abaixo, a mesma caiu do meio das que ele estava organizando, ele olhou.


   Sorriu.


   No outro dia pulou da cama cedo no sábado, única criatura a fazer aquilo, correu para o salão principal e ficou esperando certa pessoa aparecer, até se entediar.


   Passado umas duas horas de espera ele viu a pessoa que ele aguardava tão ansiosamente entrando no salão seguida por Rony. Ele estendeu a ficha de Victoire para Hermione, dedo marcando o lugar que ele queria que ela lesse.


   - Caiu a ficha? – ele sorriu.


   A outra sorriu também e sentou na mesa a frente dele.


   - Entendi... finalmente você vai provar que essa cabeça serve pra mais coisas que mudar a cor do cabelo...


   - Ótimo, devo entender que não é uma idéia idiota afinal?


   - Se você está planejando organizar uma festa... – ela concordou com a cabeça – meu Deus Ted... você é capaz de pensar afinal!


   Ele tomou a ficha da garota.


   - Vocês adoram me xingar, não?


   - Só um pouquinho... – ela riu – e ás vezes você merece por se parecer tanto com seu padrinho – ela se endireitou e o olhou.


   - Falando nele, preciso falar com ele... se vai ser uma festa... tenho que ir a Hogsmeade, comprar as coisas, comprar um presente... entende? Acho que o tio Harry pode me ajudar.


   -Você pode ir até lá a hora que quiser...


   - Ta esse não é problema... – ele disse a olhando – eu não entendo nada de festas...


   - Ah, é fácil, é só se lembrar das festas de aniversário... – ela olhou.


   - Preciso de sua ajuda, de vocês dois.


   - Ta certo! – ela sorriu.


   - Mione eventos e promoções – debochou Rony.


   - Eu ouvi festa? – Jorge vinha se aproximando da mesa – está pensando em fazer uma festa meu caro Ted, eu posso ajudá-lo nisso, você quer uma festa, ou uma FESSTAAA de arromba?


   - Não sei se a Vic iria gostar de uma festona no meio da semana, você sabe como ela é...


   - Por isso mesmo! – riu Rony – vamos agitar nossa garota! Ela ta precisando, anda com um humor de cão... digo, de coruja raivosa!


   - Nem me fale – disse amargo – às vezes acho que ela vai me azarar pelas costas!


   - Ela não faria isso, mas é verdade, ela ta exagerando, mas você vai acabar com esse mau-humor... – Jorge sorriu marotamente – tenho certeza!


   Gina quando soube da idéia da Ted se empolgara com a festa, ela e mais duas alunas do sétimo ano, que gostavam da Vic, mais Harry, Hermione, Jorge e Rony o ajudaram, conseguiu uma promessa de que os elfos mandariam pra torre um enorme bolo, e iria pagar por ele, pra que Mione não o acusasse de explorar os coitados.


    Ele, Gina e Jorge deram uma escapada e foram até Hogsmeade para fazer outras compras na tarde de domingo e voltaram a escapar na quarta feira, véspera da festa, apesar da garota ainda o tratar com frieza ele não se aborrecia, estava esperançoso e um pouco nervoso, porque não decidira ainda o que ia fazer para por na cabeça dela que estava arrependido, que realmente a queria de volta, porque queria, nunca sentira tanta falta de alguém, uma falta diferente.


   Acordou na manhã do aniversario de Victoire. Estava tudo praticamente pronto, ir patrulhar ás aulas seria um verdadeiro sacrifício, se arrumou e estava pronto, saiu sorrindo antes que Rony o perguntasse no café da manhã.


   - Animado hein?


   - Ansioso – sorriu.


   - Não sei como ainda pensa em dar uma festa pra ela, você gosta de sofrer –disse Jorge – faz tempo que ela passou dos limites.


   - Ta, eu sei que ela ta exagerando, mas eu pisei na bola, mesmo – disse olhando para janela, feliz com o bonito dia que se estendia pelo castelo.


   - Bom, na pior das hipóteses até meia noite você vira abóbora – riu Rony – porque se ela não gostar da idéia, com o humor que está, ela vai te azarar.


   - Não – sorriu – eu sei que vai dar certo – disse feliz – eu sei que hoje a gente se entende.


   Quantas vezes isso acontecera? Já devia ter aprendido, felicidade era apenas um prenuncio. Ted apenas tinha desejado bom dia quando a garota passou pela grande mesa do salão, ela se virou e o olhou friamente.


   - Só hoje! Só hoje Ted SUMA! Só hoje me deixa em paz! Finja que não exista e desapareça da minha frente! Só hoje tenha a decência de não aparecer na minha frente! – se virou e saiu atrás das garotas que tinha saído rapidinho ao lembrar que ela andava nervosa.


   - Vic! – Gina exclamou e saiu correndo atrás dela.


   Foi pior que ter levado o tapa no salão principal, porque até ali ele não duvidara que iriam se reconciliar, mas ali, naquela hora, ele ficou com medo, medo real de já a ter perdido.


   - Ah... Ted? – perguntou Harry ao seu lado.


   Ele olhou o padrinho e balançou a cabeça.


   - Vamos trabalhar... eu tenho um monte de coisas pra fazer e quero fazer um pesquisa na biblioteca antes do almoço – disse sério saindo.


   Porque pensar no assunto não ia fazer doer menos.


   - Ted – disse Gina sentando ao lado dele no almoço – quer cancelar?


   Ele olhou a ruiva.


   - Não! Nunca! Já ta tudo acertado... e o pessoal já ta sabendo, deixa rolar, na pior das hipóteses a comida vai ser boa...


   Mas o que não contou pra ninguém o dia todo, só falou pra Gina cinco minutos antes.


   A sala comunal estava arrumada com ajuda dos elfos domésticos, com muito jeito, a maioria estava nos dormitórios esperando, seria um aniversário lindo pensou olhando o bolo de três andares com duas velas especiais feita por Jorge, Rony tinha dado um jeito de arranjar uma reunião para Victoire, para que ela falasse com a professora McGonagall na sala dela, que prometera ficar para os parabéns, ele disse baixo para Gina.


   - Estou indo.


   - Pra onde? – perguntou a ruiva sem entender.


   - Só não me procurem ok? Curtam a festa – disse saindo pelo retrato.


   - Mas vai perder a festa! E a Vic? – perguntou a ruiva.


   Mas Ted somente sorriu, antes de sumir embrulhado na capa que pedira emprestada pra Tiago. Porque por dentro estava com medo, não queria estragar o aniversário dela, mas já não sabia se queria estar lá, já achava que uma festa, num lugar cheio de gente, não era mais o lugar para conversar... então resolvera atender o pedido da garota, talvez tivesse errado em tentar falar com ela aquelas semanas todas, talvez ela realmente não gostasse dele a um bom tempo, e apenas não dizia com todas as letras, ele devia ter sido mais paciente, não ter ido a biblioteca todas aquelas vezes só para vê-la, talvez não desse mais, talvez tivesse feito alguma coisa que ainda não entendera... então ia atender ao pedido dela, afinal não se recusa um pedido de aniversariante, não compareceria a festa. Iria voltar de madrugada, não tinha sorte com festas mesmo.


   Sentou-se na murada da torre, o vento espalhava as mechas menores do cabelo, gostava do vento, sentou-se olhando as estrelas e deixou o tempo passar, não gostava de ficar sozinho.


   Um certo pássaro negro piou triste na murada, Ted assobiou em retorno.


Mas não era o mesmo agoureiro daquela floresta proibida, esse apenas abriu as asas magras e saiu voando.


   - Eu tinha asas, mas cortaram – disse sem pensar.


   Sentiu o vento no cabelo.


   - Eu sabia cantar... mas esqueci.


   E reaprender era difícil, mas conseguiu soltar a voz quando a noite já virava madrugada, apesar de cantar baixinho.


   Passos ás suas costas o interromperam, se fosse aquela Pirraça ia mandar uma azaração pra nunca mais incomodar ele, mas então reconheceu, os passos, o cheiro... era ela.


   - Ted... – chamou baixo Victoire.


   Ele a olhou, ela parecia constrangida.


   - Por que não ficou? – ela perguntou


   Não conseguiu falar, preso nos olhos dela.


   - Eu...


   - Eu só estava...–começou a falar.


   Mas a garota olhou em volta, olhou para ele e se virou para a escada.


   - Você só queria ficar sozinho não é?


   - Não...


   - Você nem se deu ao trabalho de ficar – ela disse – estou perdendo tempo aqui.


   Aquilo doeu.


   - Eu...


   - Tchau... – ela disse saindo.


   - Não vejo mais você faz tanto tempo... que vontade que eu sinto... de olhar em seus olhos, ganhar seus abraços... é verdade, eu não minto... e nesse desespero em que me vejo... já cheguei a tal ponto... de me trocar diversas vezes por você... só pra ver se te encontro... você bem que podia perdoar... e só mais uma vez me aceitar... prometo, agora vou fazer por onde... nunca mais perdê-la.


   Victoire parou no meio do caminho para baixo, o olhou, mas ele não a estava olhando, ela voltou devagar.


   - Ted – chamou.


   Ela chegou na frente dele, ele sorriu, mas não podia disfarçar, ele estava chorando, ela estendeu as mãos e enxugou as lágrimas teimosas, agora ela também chorando, ele não queria a fazer chorar, mas talvez ela agora tivesse entendido, a puxou devagarzinho e abraçou, ficou quieto abandonado no abraço, sentindo a garota tremendo.


   - Eu... – ela começou.


   Se afastou e colocou o dedo nos lábios dela.


   - Suas palavras machucam... mesmo quando você não quer... você está magoada comigo... mas eu também estou com você.


   Ela concordou com a cabeça, suspirou.


   - Eu te amo Vic, muito. Eu te dei motivos pra duvidar, mas eu me arrependi, amargamente.


   - Eu fiquei com tanta raiva de você – ela disse baixo – mas na verdade, eu fiquei com medo de que você estivesse brincando comigo, saber a verdade não ajudou...


   Ele segurou o rosto dela:


   - Que verdade?


   - Você gosta da Ana...


   - Gosto.


   Ela o encarou.


   - Como amiga como irmã e não tem um momento em que eu não tenha raiva de mim mesmo por fazer o que fiz – disse a abraçando forte – mas, Vic, você preferia que eu mentisse? Em nenhum momento eu pensei em mentir pra você.


   - É que você é tão difícil de entender Ted... – ela suspirou.


   - Desculpe – suspirou.


   - Às vezes, não dá pra entender...


   - Mas a gente se completa – sorriu a olhando – você não sente que eu te amo? Eu te amo sim. Muito.


   A beijou, como podia viver sem beijá-la? Mil Anas, um milhão de veelas, todas as mulheres do mundo e todas as deusas do universo, não valiam um beijo dela.


   - Eu senti falta do seu abraço... – ela disse – eu gosto tanto de você! Tanto!


   Não eram mais necessárias palavras enquanto se beijavam, matando um pouco da saudade que tinham, até porque palavras machucam e enganam, e beijos eram muito melhores. Mas ele tinha uma coisa no bolso, que carregava consigo há vários dias e então a olhou:


   - Eu tenho que lhe dar seu presente...


   - Mas eu abri o presente, os dois – os olhos brilharam – eu li o cartão... me desculpe! – ela o abraçou – namorado! Você é meu namorado... não duvide... desculpe!


   É que num acesso de raiva ele comprara dois presentes e colocara no cartão:


Um presente é de amigo... outro de ex-namorado... é que eu não sei mais se sou qualquer um dos dois pra você...


   - Sou mesmo? Você quer mesmo namorar comigo? – perguntou na outra orelha dela.


   - Quero – ela o olhou.


   - Então eu tenho outro presente – puxou a caixinha – não sei exatamente o que significa, foi idéia da Hermione...


   Abriu a caixinha e tirou o anel, uma aliança de compromisso, colocou no dedo dela.


   - Ted é lindo.


   Ele sorriu e mostrou a mão, onde estava a dele.


   - Só pra você saber... prometo, agora vou fazer por onde... nunca mais perdê-la.


   Se abraçaram de novo, sobre as estrelas... felizes por estarem juntos de novo.


   Pena que alguém asmaticamente subia a escada.


   - Onde minha querida? Esses garotos encrenqueiros, na torre?


   - Filch! – gemeu Victoire – temos que sair daqui!


   - Vá – disse – pegue a capa volte. Tudo que você não precisa é ser pega aqui comigo!


   - Mas... – ela o olhou.


   - Eu posso andar a noite no castelo, faço patrulha esqueceu...


   Ela sorriu, jogou a capa por volta do corpo e saiu andando bem rápido. Filch apareceu na torre, Norrra ao lado,


   - Noite Filch.


   - O que faz aqui?


   - Pensei ter ouvido coisas estranhas, mas vejo que não havia nada por aqui, pode ficar tranqüilo.


   Sorriu para o zelador, mesmo com a interrupção, estava feliz... muito feliz.


 


   À volta do namoro de Ted e Victoire foi um triunfo para todos que ajudaram o garoto na festa. Tiago e Fred não perdiam a oportunidade de dizer, “Eu já sabia” sempre que viam os dois, até Dominique parecia ter aprovado a volta deles. Rosa parecia satisfeita em velos juntos finalmente, apesar dela gostar muito de Roran, que volta e meia a ajudava nos deveres, ela preferia mil vezes Ted. Roran por sinal parecia que tinha levado uns dez cruciatus, ficou uma cara horrível quando viu os dois juntos, e nem falar com a garota falava mais. O que levantou o humor dele foi que a Sonserina tinha conquistado a taça de quadribol daquele ano, ultimo jogo os sonserinos golearam a lufa-lufa ficando assim na frente da grifinória.


   O prazo para a poção de Alberto ficar pronta estava chegando ao fim, e a tensão de ter que entrar no lago de Avalon vinha aumentando a cada dia. Morgan não tinha mais dado sinal de vida desde daquela visita com Hagrid, à ordem continuava a investigar quaisquer movimentação suspeita que Edgar fizesse, mas pelo que parecia o bruxo estava totalmente pacífico, o que o deixava realmente preocupado, pois ele podia estar tramando alguma coisa.


   Uma semana depois do aniversario de Victoire, que foi em dois de maio, o dia esperado chegou. Morgan, Harry e Alberto iam se enfiar dentro do lago da morte para encontrar os objetos que faltavam, para destruí-los e acabar totalmente com as chances de Voldemort voltar. Hermione e Rony iam os acompanhar até os terrenos da escola de Avalon para caso acontecesse algo inesperado, ficariam de vigia fora do lago. A nova diretora foi forçada a ceder o código da escola para o ministério a pedido de Marsden. Ted e Jorge continuariam a ficar Hogwarts vigiando as coisas, o resto da ordem estava programado a convocar os alunos que estavam na lista dos mais talentosos de Hogwarts, que podiam ser espiões de Edgar.


   - Nervoso Potter? – perguntou Alberto quando haviam passado o armário do código e aparecido nos terrenos de Avalon.


   - O que você acha? – respondeu – boatos dizem que ninguém voltou vivo...


   - Estamos com o Alberto, vai dar tudo certo – encorajou-o Morgan.


   - Tomem cuidado vocês – advertiu Kingsley – ficarei no ministério, tenho assuntos de ultima hora para ser resolvido.


   - Vê se não vai bater as botas Harry – disse Rony rindo.


   Mas não foi uma piada recebida bem, naquele dia o céu estava estranhamente coberto de nuvens negras, todas carregadas de água pronto para desabar a qualquer momento.


   - Estou com mau pressentimento – disse Hermione pegando no braço de Rony.


   - Boa sorte – Kingsley desejou antes de voltar para o armário e desaparecer.


   - Vamos andando – disse Alberto indicando a floresta – essa floresta é bem pacifica, quando antes terminarmos de fazer o que viemos fazer... melhor.


   Harry olhou para o céu, sentiu medo, um medo diferente. Mais um rugido no céu e a água desabou em cima deles quando começaram a caminhar em direção do lago.

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