O verdadeiro Bartok





Os tímidos raios de sol que conseguiram atravessar a brecha que havia nas nuvens encontraram o rosto de Escórpio naquela manhã. O garoto estava debruçado no corrimão da torre de astronomia observando as montanhas com um olhar vazio. O vento soprava forte contra seu rosto e fazia os seus cabelos balançarem para todos os lados.


   Havia algo diferente naquela manhã, uma sensação de incômodo girava dentro de seu estomago. Fechou os olhos...


   “- O que está fazendo aqui?”.


   A voz soou em sua cabeça como se estivesse a alguns centímetros dele.


   “- Eu só estava...”.


   Aquela imagem e palavras vinham se repetindo em sua cabeça há semanas, era a ultima coisa que lembrava antes de acordar no meio daquela floresta. Queria saber o que acontecia no resto da imagem, estava intrigado, mas quanto mais forçava a lembrança mais doía à cabeça.


   Alguns passos soaram atrás dele, duas pessoas vinham andando para ali.


    -... se eu fosse você é claro – dizia a voz masculina.


    - Acho esse trabalho meio perigoso – disse a outra voz feminina.


   Escórpio virou o rosto para ver quem eram os recém chegados e viu uma Victoire e um Ted de mãos dadas.


   - Perigoso? Que nada, não existe coisa melhor no mundo do que ganhar dinheiro para ficar enchendo de porrada um comensal da morte!


   - Ted!


   - Claro que algumas vezes podemos sair de olho roxo, uns ossos quebrados, sem dentes...


   - Ted!


   -... mas cá entre nós Vic, nós arrebentamos eles antes – Ted soltou uma gargalha.


   - Alô... – disse Vic que não rira a Escórpio.


   O pequeno Malfoy apenas voltou olhar para as montanhas.


   - Garoto você não quer dar o fora daí, eu pretendia ficar namo... AI – Vic pisou no pé de Ted que soltou no mínimo uma dúzia de palavrões.


   - Vamos para outro lugar, deixe ele ai – sussurrou.


   - Se eu for você não pisa mais no meu pé?


    - Ah, pare de resmungar Ted – disse puxando o outro para sair da torre.


    Antes que pudessem tocar ao pé da escada os dois deram de cara com a pequena Rosa.


    - Ai está você Vic, estivesse te procurando a manha toda.


    - Eu estava...


   - Ocupada demais beijando o Ted? – Rosa riu.


   - Não eu... – começou Vic.


   - Ela estava sim – interrompeu Ted – ela não me larga nem para eu ir ao banheiro agora, deve ser meu charme é claro, sou irresistível – Vic olhou para ele – daqui a pouco vai estar me chamando de uon-uon igual àquela namorada do Rony dos tempos de Hogwarts.


 PÀ


   Vic deu um murro em Ted.


    - E você logo vai me chamar de “meu anjo” igual o tio Harry chama a Tia Gina! – retrucou a menina.


   - Meu anjo? – riu massageando o rosto – nem pensar, você está mais para meu chiclete.


    - O que você quer dizer com “meu chiclete” Ted Remo Lupin? – o rosto de Victoire se transformava num rosto ameaçador.


    - Ele quis dizer que você é gru...


   - Xiiiii – advertiu Ted saindo correndo.


    - Ted Lupin... volte já aqui!


    Rosa ficou impressionada, nunca tinha visto Ted sumir tão rápido de um lugar.


   - Ah ele vai ver – resmungou Victoire – me encontre na sala comunal Rosa, daqui uns dez minutos...


    - NÃO VAI ME ALCANÇAR NUNCA SE FICAR AI AMOR – gritou a voz de Ted longe.


   - Ainda está me provocando – Vic saiu correndo escada abaixo.


    Rosa riu observando a prima sumir.


   - Como conseguem ficar tão alegres? – perguntou Escórpio.


    A pequena Weasley até então não tinha notado a presença do outro ali.


   - Queria não me preocupar com nada também – continuou o garoto. – ser normal como os outros.


   - O que preocupa você? – Rosa se aproximou dele.


   - Tudo... tudo que está acontecendo me preocupa.


   - Acontecendo? – Rosa colocou os braços no corrimão também – o que está acontecendo de tão ruim?


    Escórpio riu.


   - Faz parte da família deles e não sabe?


   - Não estou entendendo.


   - Força das trevas Weasleyzinha – disse Escórpio – já ouviu falar de você-sabe-quem? Edgar Teobot?


   - Claro que já...


   - Pois então... eles estão agindo... estão querendo tomar o poder


   - Não, meu pai não vai...


   - Seu pai? – riu – eles não vão conseguir... é tarde demais – Rosa se calou olhando fixamente para o menino.


     Os pequenos raios solares não conseguiam mais atravessar as nuvens negras daquele dia. No portão de entrada do castelo Ted apareceu correndo com Victoire a seus calcanhares, os dois pareciam muito felizes e nem se preocuparam quando a grossa chuva começou a cair.


   - Não me leve a mal – disse Escórpio olhando os dois pombinhos aos beijos na chuva – mas está acontecendo exatamente como ele disse.


   - Ele quem? – perguntou Rosa interessada.


 


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      Ele girava aquele minúsculo quadrinho na mão há horas. Sim, aquele era o grande dia, o dia que Edgar tinha falado, tudo corria perfeitamente de acordo com os planos.


     Olhou para o quadrinho em suas mãos e deixou uma lagrima escapar.  Havia três pessoas acenando na foto felizes, um homem, uma mulher e uma criança. Apertou com força aquele quadro sabendo que a hora de sua vingança havia chegado.


    - Ele vai ver – disse com os olhos fechados – mãe... pai...


    Abriu os olhos e levantou de onde estava. Olhou o grande salão principal de Hogwarts cheio de pessoas, pessoas normais que não se preocupavam com nada alem de suas vidas.


    Não era hora de ficar pensando na vida, tinha que colocar o plano em pratica. Pegou um pergaminho dentro de sua mochila e começou a escrever. Escreveu pouco, o suficiente para Edgar entender.


   Uma coruja passou voando levemente solitária no salão, dando um mergulho para ficar fixa em seu ombro.


    - Não perca isso – falou colocando a carta na pata da coruja – ele vai ficar zangado se tiver algum erro – no verso da carta estava escrito apenas uma palavra para se identificar: Bartok.


   O jovem bruxo fez um leve movimento com sua varinha e a coruja em seu ombro se transformou um horrível morcego.


    - Toque na chave do portal como sempre fazemos minha querida.


    O morcego-coruja levantou vôo e saiu do salão principal.


 


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   - Você contou isso para o tio Harry? – perguntou Rosa boquiaberta.


   - E deveria? Acho que não – falou Escórpio – ele não fez uma profecia, apenas falou que um dia isso aconteceria, e está acontecendo.


   - Ta, mas você não ouviu dizer que talvez tenha alguém aqui dentro da escola passando informação para aqueles homens maus...


   - Não imagino quem...


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   - Já devemos agir?


   - Ainda não Avery – respondeu reabrindo o quadrinho – continue no seu papel de professor Zacharias, quando chegar à hora eu lhe aviso.


 


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   - Vou contar para o tio Jorge e o Ted agora mesmo – falou Rosa se virando.


   - São informações inúteis, não vai adiantar nada.


   - Vamos ver.


    A menina saiu descendo as escadas rapidamente deixando Escórpio sozinho.


 


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        E os dois ficaram ali, bem onde tinha ocorrido uma batalha de Quimeras contra comensais da morte. Hermione sentou ao pé de uma das arvores para se proteger da chuva observando o grande castelo cristalino.


    - Bonito não é – comentou Rony olhando o castelo também.


    - Aqui tem historia – disse a mulher analisando cada pedaço do lugar – Merlim viveu aqui... é exatamente como o livro diz.


   - Você andou lendo Avalon: Uma historia?


   - Muito engraçado Rony – falou seria – andei pesquisando apenas o lugar, ali é a torre Tor, onde Merlim fazia seus feitiços. – ela apontou – ele fez coisas magníficas lá dentro, coisas fora da nossa imaginação.


   - Muito legal – disse Rony olhando em volta.


   


 


     Morgan, Harry e Alberto caminhavam com passos leves para dentro da floresta. A chuva fria caia sobre seu rosto. A cada passo que davam o temido lago ficava mais perto, o pontinho de água que ele via ficava cada vez maior.


   - Vou lhes dar algumas ordens antes de chegarmos – disse Alberto enquanto caminhava – aquele lago é um lugar perigoso, MUITO perigoso, podem acontecer coisas terríveis lá dentro, então não se impressionem se um de nós morrermos.


    Harry olhou para Morgan.


    - Eu sou o mais velho de vocês – continuou quando lago já estava quase à frente deles – se eu dizer para vocês correrem.... vocês correm, se eu dizer para me deixar para trás... vocês deixam... estão entendendo? – Alberto se virou.


   Os três estavam à beira do lago. Era um lago enorme, muito maior do que aquele de Hogwarts. As águas estavam rigorosamente calmas, parecia ser um lugar pacifico. Harry deu alguns passos para perto da margem...


   - NÃO SE APROXIME DAÍ HARRY – gritou Alberto puxando ele com força – está maluco!


   - Eu só...


   - Existe inferis nesse lago – disse Morgan cruzando os braços olhando a margem – posso senti-los.


   - Sim – falou Alberto – não só inferis, essa água ai está enfeitiçada.


   - Enfeitiçada? – Harry voltou a olhar o lago.


   - Já ouviu falar em poção do morto vivo? – o outro pegou uma folha molhada no chão – uma gota – se aproximou do lago com cautela e atirou a folha – e você morre – a folha se dissolveu.


   - Uma bacia de poção do morto vivo? – admirou Morgan impressionada.


   - Não exatamente – disse Alberto pegando três poções e distribuindo para os outros dois. – é algo parecido, coisa do Merlim.... abram as poções e bebam.


    Harry fez o que o outro mandou, a poção passou pegajosa por sua garganta, algo que fez seu estomago embrulhar.


    - Acredito que com essa poção podemos entrar no lago sem morrer – comentou Morgan.


   - Exatamente.


    - E como pretende passar dos Inferis? – perguntou Harry.


   - Com fogo é claro.


   - Não da pra usar fogo dentro da água...


   - Com fogo maldito sua mula – falou Morgan rindo.


   - Agora faz sentido – disse ele.


   - Vamos então.


    Alberto se adiantou, olhou para o lago, em seguida deu um mergulho perfeito. Morgan ao seu lado fez a mesma coisa e sumiu na escuridão da água. Harry olhou para o céu desejando voltar vivo, a água da chuva caiu sobre seu rosto, em seguida mergulhou também.


 


    Sentiu sua pele formigar quando água cobriu seu corpo. O lugar era realmente esquisito, Morgan e Alberto já estavam bem mais abaixo de onde ele estava, ambos usando feitiço cabeça de bolha. “Ptz você é mesmo muito burro Harry, como vai respirar de baixo d’água”. Agitou a varinha para executar o feitiço quando um braço agarrou ele.


   - Mas que merd...


   Um inferi segurou seu braço com força e tentou arrancar a varinha de suas mãos.


   - Sai daqui... estupefaça – o inferi foi lançado para longe.


     Depois de expulsar o bicho executou o feitiço cabeça de bolha. Mal conseguiu respirar quando mais uns cinco inferis apareceu e começou a agarrar ele, um dobrou seus braços sobre sua garganta. Harry tentava se libertar, mas outros apareciam e se agarravam nele.


   Começou a se contorcer para se livrar dos bichos, mas estava paralisado, eram muitos. Não estava conseguindo respirar com o outro apertando sua garganta, sentiu a varinha cair de sua mão quando viu...


   Uma luz vermelha vinha do baixo, a luz ficava cada vez mais forte, até que Harry pode ver que eram chamas, bola de chamas vinda de Morgan. A bruxa estava atirando para todos os lados acertando os inferis em cheio.


   Pode sentir o que estava em sua garganta cair, o oxigênio voltou, com uma das mãos conseguiu invocar sua varinha novamente, em seguida puxou contra outros inferis o mesmo feitiço de Morgan, lançou varias bolas de fogo contra eles. Sentiu alguém puxar seu braço, era Alberto, indicando para eles desceram. Mais uma bola de fogo e saiu descendo mais e mais, Morgan pouco atrás. O bruxo indicou uma caverna ao fundo e eles entraram lá.


   A caverna era muito mais escura que o lago. Aberto fez o feitiço lumus com a ponta de sua varinha e os conduziu para mais adentro. Nadaram por mais alguns metros quando chegaram num local onde podiam emergir.


   Os outros dois mal saíram e já tiraram suas cabeças de bolha. Harry fez o mesmo. O novo lugar parecia uma grande sala subterrânea, repleta de rocha para todos os lados, a água escorria em torno do local, era obvio que aquilo era apenas um casulo no meio do lago.


   - Se chegamos vivos aqui – disse Alberto olhando em volta – estamos bem.


   - Imagino – comentou Morgan – se para entrar foi isso, não quero imaginar o resto.


    - Onde está a tal Dama do lago? – perguntou Harry olhando para si mesmo. Estava um tanto arranhado por causa dos inferis.


   - Não tenha pressa – disse o outro bruxo – ela vai aparecer a qualquer momento... ARRRE...


   Uma forte luz surgiu no meio deles. Uma luz que os deixava completamente cegos. Harry não sabia o que estava acontecendo, ficou esperando o pior, mas não sentiu nada. Aos poucos sua visão foi voltando ao normal, estava vendo meio embaçado, havia alguém ali na frente deles.


    - Bom dia viajantes – disse uma voz feminina ecoante.


    Harry conseguiu ver o que era. Era uma mulher flutuando. Parecia um fantasma e ao mesmo tempo parecia viva. Suas vestes eram inteiramente branca, seu corpo parecia emitir luz no local, as pele macia deixava qualquer um hipnotizado.


  - Olá... – disse Alberto – Morgana Le fay.


  - Está é Morgana? – perguntou Morgan impressionada – ela parece tão poderosa.


   - O que fazem aqui viajantes? Estão atrás dos objetos sagrados? – Morgana não parecia ter um ar gentil.


   - É isso, pegar os objetos antes dos homens maus... – começou Harry.


   - A mesma historia de sempre – cortou-o a fantasma – por que não me deixam em paz? Por que não deixam os objetos sagrados aqui? Já basta que dois não estão mais em meu poder, esses objetos são muito perigosos em mãos erradas.


   - Se eu precisasse de sermão teria trazido minha mãe comigo – rosnou Alberto apontando a varinha para ela – não estamos dispostos a sair daqui sem os objetos...


   - Corajosos – riu Morgana analisando cada um dos três calmamente – e quais vocês querem levar?


   A fantasma fez um movimento e onze objetos apareçam flutuando em volta dela. Harry olhou atentamente cada um, eram objetos normais na visão de uma pessoa, não pareciam nada especial.


    - Querem a Âncora? Ela simboliza a segurança – Morgana apontou – ou talvez a Chave que simbolizada a solução, quem sabe a Coruja de madeira simboliza o ver da totalidade, com ela você pode ver o consciente e o inconsciente – os objetos iam passando diante de seu rosto branco – também tem a Estrelas de cinco pontas que simboliza a evolução, e essa outra a Estrela de seis pontas que simboliza a proteção, usava contra inimigos visíveis e invisíveis – Harry, Alberto e Morgan observavam atentos cada objeto que passava – tem a Ferradura que simboliza sorte, melhor que uma poção temporária não é? – ela riu.


   “Lua, doce lua que simboliza a magia e os mistérios, Moeda... usava para atrair dinheiro, uma Roda... ciclo da existência... do renascimento...” as coisas iam passando e Morgana ia se divertindo “Quem sabe a Espada de Excalibur força, poder, vitória, superação, tudo que um bruxo quer... ou” o outro que vinha flutuando era o mais especial, um caldeirão velho, sabia o que era, tinha ouvido os comensais da morte comentando sobre ele. “ O Caldeirão de Clyddon Eidin, o mais valioso de todos que tenho aqui, sem ele os outros objetos são meros artefatos.” Ela riu. “Infelizmente a pedra da ressurreição e a Taça da união não estão mais comigo”.


   - A taça fui eu quem peguei – sussurrou Alberto para Harry.


   - Desculpe, disse alguma coisa? – perguntou Morgana os observando fazendo os objetos voltarem a sumir.


   - Disse que quero todos... todos os objetos... – respondeu num tom ameaçador.


   - Ousado – a fantasma se adiantou, Harry e Morgan deram um passo atrás – vou lhes entregar os objetos se passarem pelos meus desafios... ah... eu virarei fã de vocês casos saiam vivos – e dando uma gargalhada ela voou para dentro de uma rocha.


   Tudo ficou escuro novamente, os três bruxos estavam com as varinhas erguidas apontando para o nada.


   - Fiquem atentos – disse Alberto – conheço os truques dela.


   - O que acha que ela vai tramar? – perguntou Morgan olhando em volta.


   - Não faço... AAAAAAAAAHHHHH


    O chão a seus pés cedeu e os três caíram. Já esperando o baque no chão, o que Harry sentiu foi uma leve rocha que mais parecia um escorregador levando-o para um outro lugar, Morgan seu ao lado gritava sem parar. Eles foram descendo cada vez mais, até que enfim os três caíram numa câmara.


    - Fiquem atentos – advertiu Alberto levantando – não estamos sozinhos – ele apontou para frente.


   Harry abriu os olhos para ver como era o novo lugar. Viu que nessa câmara havia um céu, um céu tempestuoso e vermelho, ergueu-se com uma estranha sensação, agitou-se, olhou em volta, o vermelho intenso de tudo, como se usasse uns óculos coloridos perante os olhos, raios e relâmpagos completavam o céu funesto.


    Passos. Escutou alguns passos ao fundo do local. Duas pessoas estavam se materializando, aos poucos uma sensação estranha foi subindo pelo seu corpo até ele ficar chocado com o que via.  Foi um segundo que pareceu uma vida, eles saíram da penumbra e sorriram docemente, estenderam os braços e correram em sua direção, ele estava tão chocado que não se moveu, porque para ele, eles eram muito reais.

    -Estamos te esperando querido...

    Seus pais chegaram até perto de si, Lílian passou os braços em torno dele tão rápido que ele mal percebeu, escutou algo ao lado, mas não se importou, o contato era real, havia cheiro, cabelo, pele... nada iria forçá-lo a acreditar que não eram seus pais que o estavam abraçando.

   - Mãe... pai – ele disse baixo.

    Lílian sussurrou em seu ouvido.

   - Querido! Você ta comigo... ta tudo bem... vem comigo...


   - Fica com a gente – disse Tiago sorrindo.

    Ele a abraçou forte, como tinha desejado aquilo... sua vida inteira, desde que era criança, como pedira para tê-los de volta

    - Venha comigo... – voltou a dizer Lílian.

    - Eu... vou...

    - O mestre está esperando... ele quer ver você com a gente...

    Harry afastou o rosto, algo meio que o despertou, mas os olhos dela pareciam limpar toda dúvida de sua cabeça.

    - Você vem comigo, querido? Comigo e com seu pai... de verdade? Pra sempre?

    - Eu... – ele apenas queria olhar para os olhos dela para sempre.

    - Nós podemos ficar assim para sempre se quisermos, o mestre vai deixar a gente ficar junto... – ela sorriu encantadoramente.

   Ele sorriu e abraçou-a mais forte, claro que queria... era isso que sempre desejara, ia aonde fosse pra ficar com eles um pouco mais.

    - O mestre quer você com a gente... você não quer? Ele nos trouxe de volta... só para agradar você... sua família... eu... é só você ficar com a gente... 

    Harry nem estava ouvindo apenas apertava-a com força, era ela... ela estava viva... eles estavam vivos.

    - Ele quer que você se una a ele... ele lhe dará o que você desejar... ele lhe dará o que quiser... como nós... e nós seremos os bruxos mais felizes do mundo, ninguém mais irá morrer, nem sofrer... e tudo ficará bem...

    Harry agora podia ouvir os amigos o chamando, sim, porque as palavras dela o despertaram, eles não podiam alcançá-lo por algum motivo. Harry apenas olhou o teto triste, porque não podia ser verdade? Se o que sua mãe lhe dissesse fosse verdade, se ele pudesse parar tudo, se aquilo interrompesse a futura guerra, se desistir fosse a resposta, se pudesse parar com aquilo e ir embora com eles, mas não era verdade, não era uma opção.

   - Harry! – gritava Morgan longe – é uma armadilha! Não são eles!

   - Harry acorda! – berrava Alberto – eles são falsos!


   As palavras entraram em seus ouvidos, mas foi um rosnado lhe chamou a atenção. Um enorme cão negro como um urso estava saindo do fundo da câmara. O cão se aproximava de um riacho que ele não lembrava ter visto. Era ele. Sim, não podia ser outra pessoa.


   -SIRIUS! – chamou soltando sua mãe.


   Andou até a beira do riacho, o vermelho intenso de tudo e o ar pesado o deprimiam, um ar quente, úmido e pesado que trancava a respiração, obrigando-o a respirar de boca aberta e com esforço.


   - SIRIUS! Sou eu...


   O cão continuou a rosnar arrepiado, apesar de ter sentado.


   - Sirius! SOU EU HARRY!


   Com certeza estava muito diferente do padrinho devia lembrar, o cão entortou a cara para o lado confuso.


   - Sirius... você não me reconhece? – se agachou na frente do cão.


     Um ganido e o cão pulou em cima, balançando o rabo. Sentiu-se erguer do chão pelo animago.

   - HARRY! Porquê entrou aqui? – disse com a voz rouca seu padrinho.


   Seus pais se aproximavam também.


   - Merd..! Merd! – gritou Morgan – HARRY SUA MULA!


   - Ouvi quem eu acho que ouvi? – perguntou Sirius – pelos elogios deve ser a Morgan.


   - Harry...HARRY... O QUE? ALBERTO VOCÊ TAMBÉM... CARAMBA!


   O outro bruxo estava ajoelhando sobre os pés de uma pessoa nova que havia aparecido.


   - Ela continua com esse palavreado delicado – comentou Sirius – você vem com a gente Harry? Vamos para um lugar melhor? – seu padrinho sorriu e saiu do chão levitando.


   - Eles nos quer querido – disse Lílian.


   - Vamos para um lugar melhor – falou Tiago.


   - HARRY NÃO! – Morgan voltou a gritar dessa vez erguendo a varinha.


   Sirius do alto viu que a bruxa ia investir e começou a descer numa queda livre e acabou caindo praticamente em cima dela, que deu um berro de susto.


   - PUTA que pariu... BLACK!


   - Ah... valeu a pena esperar tantos anos pra cair assim em seus braços Morgui – ele sorriu debaixo da cabeleira.


   - ORA SEU CACHORRO! Sai de cima! – ela o empurrou e ficou de pé.


   - Me lembre de agradecer ao Harry por isso – disse Sirius olhando divertidamente para a cara roxa de Morgan.


   - HARRY... ALBERTO... ACORDEM, NÃO VÊEM QUE ELES SÃO APENAS ILUSÕES? – berrou a bruxa.


   - Ah Morgan... aquela ali não é... – Lílian apontou para trás da bruxa ruiva.


   Morgan virou-se para ver, e caiu.


   - Sua mãe Morgan... ela está aqui também – disse Lílian – você não acredita?


   - Mãe... – a bruxa estava ajoelhada.


    Os três estavam totalmente dominados pelas ilusões, Harry não se importava em ficar perto dos pais e de Sirius, Alberto chorava ao pé de um outro homem, Morgan chorava aos pés da mãe. Ao alto deles bem escondida, estava Morgana rindo sem parar, do lado dela alguns Dementadores ficavam girando.


   - Isso queridos fiquem com seus passados, se entregue a eles, dêem suas almas para eles – ela indicou para os dementadores desceram um pouco – faça-os reviverem seus passados sombrios.


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    Totalmente encharcados. Ted não se importava, a única coisa que ele queria naquele momento era curtir cada segundo com Victoire. Os dois estavam deitados no meio do gramado olhando para o céu chuvoso.


    - Nunca mais quero brigar com você Ted – disse a ruiva.


    - Não mais – disse o outro observando um morcego solitário sobrevoando o castelo.


    O morcego deu a volta numa das torres do castelo e desceu num mergulho para entrar no salão principal, passou despercebidamente por todos e pousou no ombro de seu dono.


    - Tão rápido – comentou o bruxo pegando a carta.


    O morcego se transformou numa coruja novamente e levantou vôo. O rapaz abriu a carta e a leu.


    - É, está na hora – disse se levantando.


   Olhou para mesa do salão principal e fez um sinal para Zacharias que havia chegado à hora.


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    Todos os comensais estavam reunidos do lado de fora da casa e nem se importaram se os trouxas iam achar algo estranho nisso.


   O grande dia havia chegado, Bellatriz passava por cada um dos comensais arrumando suas vestes delicadamente.  


   - O lord das trevas não vai gostar de ver vocês desarrumados desse jeito na sua presença – falou ela ajeitando com prazer o manto de Greyback.


    - É melhor não tocar nas minhas vestes de novo Bella – rosnou o ele – cuide da sua vida.


   - Uh, porque esse mau humor Fenrirzinho – debochou ela passando pro comensal ao lado – não está feliz com o grande dia?


   - É melhor que toda essa historia de conto de fadas seja verdade Bellatriz – Edgar saiu da casa já utilizando a tradicional mascara de comensal – você não vai gostar nada se algo der errado, nem aquele moleque.


   Alguns comensais da fila se entreolharam incomodados com o comentário do Edgar.


    - Não se preocupe querido – disse Bellatriz – TUDO... vai dar certo.


    - É o que eu espero... vamos!


    CRACK


    O estalo de uma dúzia de comensais da morte ecoou pela rua. No instante seguinte todos eles apareceram num lugar totalmente desabitado. Estavam num campo enorme rodeado de grandes montanhas, a chuva caia fria sobre suas mascaras de prata. Bellatriz foi à primeira soltar uma gargalhada sombria.


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   Ele caminhava lentamente em direção do sétimo andar. Era isso que queria, depois de tantos anos, tantas coisas que teve que passar, agir dentro do castelo de Hogwarts por anos e não ser capturado, usar magias imperdoáveis na pessoa para conseguir seu objetivo.


 


   “- Posso jurar que acabei de ver aquela sua namorada Mancouver no meu banheiro falando sozinha...


   - Ela não é minha namorada...– se apressou a dizer Ted – foi, não é mais.


   - Isso não me interessa – disse a fantasma – mas ela anda trazendo objetos muitos estranhos pra lá sabe – Murta deu um mergulho no chão e sumiu.”


 


  Fazer o que ele pedia, o que ele mandava a qualquer custo...


 


      “ Ted deixou seus pensamentos sumirem no momento em que a porta do banheiro da Murta se abriu e de lá saiu sua amiga Emilia Mancouver. Ela segurava alguma coisa na mão e falava sozinha.”


 


   Quase fora pego no dia em que tentou fazer nascer seu primeiro basilisco...


 


“   - OVOS E RÃ, O QUE ESSES ALUNOS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO!


   Com a audição aumentada ele ouviu a voz da professora McGonagall que estava no extremo do corredor e vinha caminhando falando com Murta.”


 


    Sim, ele era o responsável por todas as mortes daquela escola, fora ele o tempo todo...


 


Há dois anos atrás aconteceram alguns desaparecimentos misteriosos na escola, todos os alunos que haviam desaparecido foram encontramos mortos sem nenhum vestígio em lugares diferentes. Harry fora o encarregado de investigar esse assunto, mas nunca conseguiu encontrar a pessoa que matara os alunos.”


 


   Matou o professor Baker...


 


 “- Mais um corpo Potter – disse ela – o professor Longbotton acabou de encontrar a beira da floresta negra.


   Harry viu a si mesmo sair correndo em direção a professora com a cara mais seria do que jamais vira antes.


   - Mais um aluno? – perguntou enquanto passava por ela.


   - Um professor...


   - Professor? – exclamou ele se virando pra ela quando estava quase atravessando a porta do grande salão junto ao Sr. Filch.


   - Do professor Baker – respondeu a professora.”


 


   Matou Erlian...


 


 “  - Não...por quê? O que eu te fiz... – ia dizendo o garoto no chão se arrastando contra uma árvore.


   - É um mero sangue ruim... inútil...venho querendo fazer isso a muito tempo


   - Não


   - Avada Kedavra – a luz verde saiu da varinha do vulto e acertou em cheio o garoto.


   As veias do braço de Harry se contrariam de raiva ao ver aquilo.”.


 


   Matou centauros...


 


   “E dando mais uma gargalhada de deboche virou as costas para o bruxo para ir embora.


   - Avada Kedavra.


    Instantaneamente o Centauro caiu no chão morto. Uma risada fria soou do lado do bruxo, que caminhou lentamente até o outro morto.


   - Você está ficando bem eficaz com essa magia – disse a voz fria.


   - Já testei ela em muitos alunos – respondeu o bruxo gentilmente, em seguida dando um pontapé na cabeça do Centauro – mestiço imundo.”


 


    Mal sabia que a pedra que tinha encontrado no meio da floresta negra no meio do seu segundo ano em Hogwarts mudaria sua vida. Mal sabia que aquela pedra era a famosa pedra da ressurreição dos contos que tanto ouvira de sua mãe contar quando era pequeno. 


   Sim, era por isso que conseguia ver sua família. Aquela pedra trazia projeções dos mortos, da sua mãe, do seu pai, de qualquer um que ele queria ver. Mas por que? Por que precisava viver num mundo de projeções?


   A resposta voava em sua cabeça há tempos. Fora culpa daquela desastrada confusão que o ministério cometera, daquela confusão que Harry Potter participou, aquela em que os aurores de Potter acabaram matando seus pais pensando ser comensais da morte.


   Um trauma logo na infância, aconteceu bem na sua frente, um choque para vida toda. Teve que morar em um orfanato até ser recrutado para Hogwarts, o lugar onde ele achou a solução. Se tornou grande, o melhor aluno da escola, fez amigos incríveis, até amou alguém...


   Fora no dia em que ouviu historias vinda de seus amigos sobre um tal de você-sabe-quem que seu mundo mudou. Era um bruxo das trevas temido mesmo estando morto há quase duas décadas.


   Sempre usava a pedra da ressurreição para ver seus pais, mas naquele dia foi diferente. Seus amigos disseram que você-sabe-quem odiava Harry Potter, tinham algo em comum, ele também odiava Harry, será que a pedra poderia projetar Lord Voldemort?


   Sim ela podia. Desde então Voldemort começou a mandar em sua mente, fez ele se tornar magnífico, ensinou feitiços que jamais imaginava que existia, deu conselhos de como acabar com Harry Potter, mas sempre queria algo em troca... Matar.


   As coisas ficaram ainda melhores quando encontrou uma certa cobra no meio da floresta negra certa noite. Era uma cobra diferente, de duas faces, essa cobra carregava uma outra alma, uma semi-alma. Era Bellatriz.


   Esta tinha muita intimidade com Voldemort, e contou algo muito interessante sobre treze objetos que podiam fazer ele voltar, coisa que ouvira dos centauros enquanto estava em forma de cobra.


   Voldemort ficou muito interessado com a oferta de voltar a viver e começou a passar instruções para nós dois, daquele dia em diante eu seria conhecido como Bartok, e Bellatriz teria que voltar a ter um corpo para juntar todos os fieis em sua regressão, foi então que ela se apossou de Edgar, a sensação do momento daquele dia.


    - Ainda não sei se devo – falou sozinho quando já estava quase no sétimo andar.


   Sair e entrar do castelo constantemente era uma tarefa difícil, feita graças a uma chave do portal que ele mesmo havia criado.


   - Não é a hora para ficar refletindo sobre sua vida – resmungou fechando os olhos.


   Era hora de dizer adeus a Hogwarts, fazer o que tinha que ser feito para Voldemort voltar, mesmo tendo que trair seus amigos. Olhou a carta que sua coruja havia trazido novamente.


 


   Pegue o ponto fraco de Potter, ele não vai abandonar a família quando souber o que aconteceu.


 


   Tinha chegado onde queria, hora de colocar seu plano em pratica. Aproximou-se da mulher-gorda e falou.


   - Poderia chamar o Alvo pra mim?


   - Poderia saber por que? – perguntou a mulher gorda.


   - Uma surpresa para ele – respondeu.


   - Eu adoro surpresas – disse a mulher saindo do quadro que estava para um dentro da sala comunal.


     Trair? Por que estava pensando em trair seus amigos? Não era coisa para se pensar, já havia feito isso antes quando matara seu melhor amigo Erlian aquela noite.


   - Oi Roran, queria falar comigo? – Alvo saiu da sala comunal.

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