A Busca




    A mulher fechou os olhos e deixou a mão cair na cama, não sabia se ela tinha desmaiado ou morrido, mas ele não queria ficar ali pra saber. Saiu do quarto sob o olhar de Morgan para descobrir exatamente onde estava, ficou impressionado com o lugar, sentiu uma leve saudade, depois ficou pensando há quanto tempo estavam ali. Largo Grimmauld nº12 . O lugar parecia morto, saiu para o corredor, palavras ríspidas eram trocadas num quarto ao lado, mas com vozes muito baixas.


   - Quero uma notícia!


   - Está tudo bem! Não se levante...


   - Pode ser pra você, mas vou me levantar!


   - Não vai não – disse Harry da porta olhando quem era.


   Draco Malfoy. Sabia que ele não ia tentar se levantar de novo, até porque se levantasse ia cair em seguida tamanha exaustão estampada na face, além do mais a companhia do lixado do Neville não o fazia bem algum. Sorriu ao ver Neville bem.


   - Minha mãe...


   - Sua mãe está viva – fez uma cara feia para o rapaz que tentou levantar – se a incomodar agora ela vai piorar, tem uma Fênix cuidando dela, é tudo que temos por enquanto, vou falar com Hogwarts, agora Neville, deite também, você está um lixo.


   O outro apenas encolheu o braço sangrento e esticou a pele lixada do rosto com uma careta.


   - Você não se olhou ainda uh, Potter? – disse Draco maldosamente.


   - Não. E isso não é da conta de vocês dois. Deitem – disse fechando a porta – é uma ordem.


   Olhou para a porta do quarto onde estava há pouco. “Não morra Narcisa”. Desceu devagar, aquele silêncio sepulcral na casa, a casa que não devia ficar vazia, descia com a mão no peito, doendo, muito, lá em cima uma ave lutando contra a morte, dois rapazes lutando contra seus orgulhos e ele lutando contra si mesmo.


   Tinha uma pequena pedra em mãos, preta, a mesma que ele recordava ter jogado na floresta quando era jovem. Segurou-a com força sorrindo. Será que podia usá-la para ver seus pais de novo...


   “Está em suas mãos...”.


   Precisaria de espaço, então a lareira brilhou, ambos se encararam, ele passou muito pálido, segurou-o pelo braço.


   - Estão bem. Os dois. – disse.


   Sr. Weasley o encarou como se não acreditasse, olhou a pedra, os olhos se contraíram. Harry indicou o quarto, ele prosseguiu, seguiu-o, quando iam entrar Neville abriu a porta.


   - Neville! – Sr. Weasley disse aliviado.


   O suficiente para o rapaz se assustar, apenas acenou que ia ao banheiro e saiu do quarto com a mão na cara sangrenta, Sr. Weasley esticou o pescoço, ainda tinha o mesmo semblante, mas os olhos se aliviaram.


   - Não devia ter feito isso Harry, foi muito perigoso – disse o ruivo.


   - Foi necessário.


   - E minha mãe? – Draco sussurrou lá de dentro quando entraram.


   - Muito ferida muito mesmo – disse mais para o homem que para o rapaz.


   - Desgraçados – Sr. Weasley sibilou antes de se virar.


   - Quero ver minha mãe, me levem até lá!


   - Fique deitado.


   - Não vou ficar deitando Potter – tanta teimosia que o outro tentou se levantar de novo e caiu no chão de joelhos.


   Suspirou.


   - Leve ele até a mãe dele, não estou tão bem para carregá-lo.


   - Quem os atacou Harry, Edgar? – perguntou o Sr. Weasley agarrando Draco e erguendo ele.


   - O pai dele, Lucio Malfoy.


    Se encararam, o loiro protestou com raiva.


   - Matem ele! Eu não tenho pai! Não tenho nenhum outro sentimento por ele além de ódio... – disse estendido nas costas de Arthur – apenas isso – os olhos inchados sobre as olheiras negras produzidos por uma sessão de Cruciatus.


   - O.k vá lá ver sua mãe, preciso falar com o Kin e a Morgan, e com você também Sr. Weasley, lá em baixo.


   Deixou os dois para trás indo ao banheiro ver Neville, ainda agarrado com a pedra.


   - Como está? – disse fechando a porta.


   - Detonado? – Neville gemeu desconsolado.


   Limpava o rosto sangrento com uma toalha úmida, a pele do rosto esfolada.


   - Isso está feio não? – comentou Harry


   Neville agarrou a pia com raiva.


   - Ela limpou o chão comigo! Que droga!


   - Você está vivo, leve isso em consideração.


   - Só porque aquela fênix estava comigo – disse limpando o sangue com violência, arranhando ainda mais a pele lacerada.


   - É o que eu vivo repetindo quando passo por essas situações, é uma questão de sorte... – pôs a mão no ombro do outro – tivemos sorte e estamos vivos.


   Sorriu, olhando-se no espelho, não tão pálido e arranhado quanto os outros dois, mas tão cansado quanto, coração disparado como se tivesse corrido quilômetros.


   Neville deu um sorriso triste e voltou a pressionar a toalha contra o rosto.


   - Não esfregue, deixe sangrar, se ficar esfregando não vai parar nunca. Depois desça, os três estão conversando.


   - O que havendo Harry, por que seqüestraram os Malfoy?


   - Isso é uma longa história e logo você vai ficar sabendo, vou descer.


   Deu duas palmadas no ombro do outro e saiu para o corredor, não prestou atenção nas palavras ditas no quarto onde a mulher estava, chegou na escada e foi recepcionado por um abraço forte e alguns beijos na testa.


   - Meu doidinho! Maluco! Minerva passou mal sabia? Na idade dela!


   - Gina... desgruda – sorriu apesar da dor que sentiu ao ter os braços esmagados entre o corpo da bruxa e a pedra que não largara.


  - Nossa obrigada pelo carinho – ela sorriu de volta.


  - O resto, Rony, Hermione, Ted, Jorge...?


  - Em encrencas por aí... muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, a fênix do Dumbledore apareceu e levou Neville, Hermione saiu atrás de ajuda, Rony e o Ted tentaram ir atrás de você, mas acho que não te encontram né? Quando fiquei sabendo por Minerva que você estava aqui, vim correndo, o Jorge ficou na escola... mas e aí como foi?


   - Vivos... todos – disse feliz.


   - Você trouxe aquela Malfoy velha pra cá é? – disse torcendo o nariz.


   - Não podia deixá-la lá... além do mais ela me deu isso – disse mostrando a pedra – a pedra da ressurreição Gina, um dos treze objetos do lago.


     A mulher olhou a pedra, os olhos se contrariaram. Harry sentiu algo estranho no corpo, uma coceira, em toda a parte, as poções que ele tinha tomado para ficar melhor faziam efeito, podia observar a pele nova na perna, ainda coçando, esticou a mão.


   - Não coce – disse Morgan da escada.


   Olhou-a.


   - Ta bem, mas coça demais – disse sorrindo.


   - Parece que a briga foi boa, você realmente estava mal.


   E estava mal mesmo, a roupa que usava ficara reduzida a trapos, ele observou Morgan sorrir...


   CRACK


   Mal teve tempo de se virar para ver o que era e foi pego por algo pesado que se chocou contra seu peito num abraço forte.


   - Idiota, idiota – disse Hermione lhe apertando fazendo suas costelas protestarem de dor – por que não esperou a gente?


   Ela o largou, parecia que ficara realmente preocupada.


   - Se a Mione não tivesse encontrado Kin e a Morgan você estaria em pedaços hein? – comentou Rony lhe dando umas palmadinhas no ombro.


   - Foi muita sorte eu ter encontrado eles, deduzi que já que a ordem voltou a se reunir, poderiam estar aqui no Largo – disse Hermione – onde está o Neville?


   - No banheiro, está bem, mas a Bellatriz deu uma surra nele.


   - Tentamos ir atrás de você quando o Neville sumiu com a aquela fênix – contou Ted se apoiando no sofá – não tivemos sorte... acabamos indo parar na lareira de uma trouxa velha.


   - Velha e caduca – emendou Rony – parecia não ter se impressionado com a nossa chegada, nos ofereceu biscoito e chá.


   Harry riu, sentiu Gina lhe apertar o braço.


    - Você e o Neville são dois idiotas do mesmo calibre – disse – deviam ter nos esperado, esta todo machucado querido.


   - Ah... claro... podemos esquecer que levei uma surra daquela Bellatriz? Pelo menos salvei os Malfoy e consegui a pedra como premio...


   - Podemos sim... – disse o Sr. Weasley descendo as escadas com olhos brilhantes na direção de Harry, Neville vinha logo atrás – temos algo maior para pegar no pé...


   Morgan deu um riso abafado, então o Sr. Weasley despejou.


   - Quem será o enorme cabeça de dragão que detonou algumas maldições e um CRUCIO ILEGAL recentemente?


   Harry olhou para cima, para Neville, depois fechou a cara.


   - AH... – disse irritado – pelo menos eu a acertei!


   A sala o encarou, Morgan lhe deu um safanão na testa.


   - Deu pra detectar o uso de maldições imperdoáveis... – disse o Sr. Weasley.


   - Mas a Bellatriz Lestrange enfiou um Avada em nós né Harry? – Neville gemeu pela primeira vez desde que saíra do banheiro – e me enfiou um monte de Cruciatus também...


   - Ah, mas a varinha dela não é uma das mais vigiadas do ministério... um tempinho atrás e você tava ferrado... na verdade... vai ter que dar explicações sobre isso... talvez eu consiga dar um jeito... mas em todo caso...


   - Isso vai ser o suficiente para fazer você se arrepender de ter ido me ajudar... – disse Draco aparecendo da escada também.


   - Você não devia estar descansando? – disse Morgan.


   - Não se preocupe – ele disse amargamente.


   - Podemos ir para a cozinha? Estou morto de fome – disse Harry – tem comida nessa casa?


   - Tem sim – respondeu Morgan quando todos levaram o comentário dele como uma ordem – acho que devíamos ter avisado você que estamos usando a velha casa dos Black novamente... afinal ela é sua...


   - Não tem problema – disse entrando na cozinha.


   - Monstro – chamou Gina.


   Num estalo um elfo velho apareceu na frente da mulher.


   - Chamou minha senhora? – perguntou já fazendo reverencia.


   - Poderia fazer alguma coisa pra gente comer? Qualquer coisa.


   - Sim minha senhora, Monstro prepara, Monstro gosta de estar aqui nessa casa – e saiu para o lado dos armários remexendo nas coisas.


    Morgan suspirou.


   - Accio cervejas amanteigadas – esticou a mão na direção da geladeira e varias garrafas vieram voando até a mesa.


   - Nos conte agora Harry, o que eles queriam com os Malfoy? – perguntou o Sr. Weasley.


   - Vingança, isso que eles queriam – rosnou Draco – queriam matar todos que não foram leal ao Lord das trevas no passado.


   - Devia ter esperado ajuda adequada, você se arriscou demais – o Sr. Weasley falou.


   - Ora... os dois não teriam muito mais tempo teriam? – falou Harry pensando na família a recém reunida – se bem que ainda não acabou, sei onde está seu filho Draco e vou resgatá-lo.


   Rony soltou um suspiro do outro lado, Harry franziu a testa para o amigo.


   - Achou que eu me negaria a ajudar Malfoy... ou qualquer um deles? Além do mais não deixaria ninguém passar pelo que ele passou sem tentar...


   - Sei que você não suportaria ver alguém passar pelo que passou... – ia começando o Sr. Weasley, mas foi interrompido.


   - Não suporto mesmo, não aceito...


   - Não pensou que poderia ser uma armadilha?


   - Pois é, não pensei.


    Morgan deixou um sorriso se plantar no rosto olhando-o, Harry riu...


   "Você realmente não se importa muito com as coisas, parece seu pai".


   "Não use telepatia na minha mente Morgan”.


     - Ah... bem... – a mulher riu da cara dele, os outros os olharam abobados.


   "É isso que alguns chamam de conflito de gerações”.


   "Gosto parecer com meu pai está bem?”.


   - Talvez – Morgan respondeu conciliadora.


   - Deve ser fascinante poder conversar assim, mas... poderiam compartilhar? Por favor? – disse Hermione que parecia ter entendido o que os dois faziam.


   Ambos se viraram para ela com uma expressão divertida, foi Harry que então começou a dar detalhes sobre o que acontecera, que tinha visto Draco ser torturado numa visão, que foi atrás dele para salvá-lo, falou da chegada de Neville com a fênix, o que fez Morgan ficar pensativa.


   - Algum motivo especial para Neville seguí-lo Harry?


   - Eu ia mesmo perguntar porque Fawkes o trouxe... – disse pensativo – talvez seja karma?


   - Talvez seja um reflexo... – disse a mulher – já ouvi falar em profecias reversas, e sombras... o Neville de certa forma partilhava um pouco de seu destino com você, ou ainda partilha.


   - Coitado... – Harry disse ignorando o real significado daquilo.


  CRACK


   Mais duas pessoas apareceram naquela cozinha, Kingsley e Ana Abbott, a esposa de Neville, que estava com olheiras enormes de tanto chorar. Os dois se abraçaram forte em alivio.


   - Ei Morgan, olha o que eu tenho aqui – Harry com um movimento rápido atirou a pedra para a mulher.


   - Uma pedra? – ela disse agarrando o objeto.


   - Não uma pedra qualquer – deu uma piscada para ela. Gina pareceu incomodada com isso.


   - Ah!


   - O Alberto vai gostar.


   - Com certeza.


   CRACK


   Mais duas pessoas, agora Marsden e Jorge.


   - Acabei de sair daquela ala hospitalar – disse Marsden – o jovem aqui me contou tudo.


   - Flitwick acabou de voltar para a escola – disse Jorge já se sentando – liberou o cabinete dele para aparatarmos para cá.


   - Logo voltaremos Jorge – disse Harry – temos muito trabalho pra fazer lá ainda.


   Nunca tivera lembrança da casa estar tão cheia de bruxos... ela estivera cheia quando os Sirius, Moody, Lupin e Tonks eram vivos e a ordem da fênix ficava hospedada ali, mas nem perto do que estava agora... Draco, Narcisa no quarto, Neville, Ana Abbott, Rony, Gina, Sr. Weasleys, Hermione, Kingsley... inclusive Gui que aparatou pouco tempo depois, Marsden e Morgan, que haviam discutido umas sete vezes antes de Monstro servir a comida... isso até pelo menos mais uns dez bruxos aparatarem no Largo, entre eles, Emmeline, Dédalo, e Mundungus Fletcher. Em resumo, gente demais para seu gosto.


   Terminou a refeição e saiu em direção da sala novamente esperando os outros antes de voltar para Hogwarts, colocou a mão na cabeça, Bellatriz estava malditamente irritada e enchendo sua paciência, sofrer com aquela dor na cicatriz era pior que o ataque em si pensou enfiando a mão na testa.


   - O que foi Potter? Pânico de multidão? Já começaram a pedir autógrafos? – disse a voz arrastada.


   - E você? Se escondendo por quê?


   - Sabe meus motivos... – Draco falou baixo.


   Se virou, sentindo-se nauseado, odiava essa sensação... o pior era a cara de Malfoy, não havia parte dele que não parecesse arrebentada... não fisicamente, mas de resto.


   - Eu disse uma vez... que você sempre foi enganado pelo Lucio, traído...


   - Me poupe de seu cinismo... Potter.


   - Não estou sendo... ah esqueça! – sentou-se – pare de ser mal agradecido, além do mais sei onde está seu filho e vou resgatá-lo.


   O rapaz revirou os olhos, olhou em volta a sala, localizou um objeto grande que pareceu de grande interesse pra si, se aproximou e abriu o piano...


   - Você teve medo de morrer quando foi seqüestrado por... por...


   - Greyback, Bellatriz e Lucio, mandados por Voldemort? – disse fechando os olhos ao sentir a cicatriz agulhar.


   - Potter! – Draco fechou o piano.


   - Prefere Lorde das trevas? Estou enjoado, por que ainda preferem você-sabe-quem?– perguntou irritadamente.


   - Você acha isso divertido? Te faz achar mais esperto? – o outro enfiou o cotovelo no piano fechado.


   - Não... saber que ele foi humano diminuiu o medo... ou acha que eu não tenho medo? Como você teve? Medo de morrer é natural... até pra você Malfoy... ainda mais quando tem um cretino lhe... ah... desculpe.


   - Não se desculpe – Draco disse ainda olhando o piano.


   - De qualquer modo é seu pai.


   - Não houve um dia que eu não amaldiçoasse Lúcio Malfoy... por ser aquela criaturinha tão rasa de sentido... imagino muito aquela cara de decepção dele por não ter podido me matar... pobre Lúcio.


   - Achei que você sempre o admira-se...


   - Cala essa boca Potter! Você não faz a menor idéia! – ele disse dando-lhe um olhar frio – você não sabe o que ele fazia com a minha mãe, ela nunca se voltava contra ele... fraca...


   - Sua mãe é uma mulher extraordinária e forte, e você também é.


   Ele o olhou surpreso.


   - Pelo jeito você é um dos maiores mentirosos da história... – disse com um sorriso enviesado.


   - Não estou mentindo... mas te enfio um Cruciatus se espalhar que eu te elogiei.  


   - Acredito que faria isso, agora acredito – disse reabrindo o piano – sabe o que é irônico Potter?


   - O quê?


   - Meu guardião disse que eu seria salvo por você – retirou o feltro de cima das teclas.


   - Guardião?


   - Um tipo de serpente, meio fantasma – tocou duas notas graves – tem aparecido muito pra mim ultimamente, da conselhos, coisas do tipo.


   - Nunca vi esse tipo de coisa, guardião – disse sentindo outra pontada, essa sim mais dolorosa – parece ser legal.


   - Inveja Potter? – testou mais uma dúzia de teclas.


   Se calou... olhou para cima pensando, Dumbledore com certeza devia saber algo de guardiãs... talvez Morgan soubesse também... fechou os olhos...


   - Sem palavras? – continuou tocando.


   - Essa música é trouxa sabia? – disse de olhos fechados.


   - Bom, os trouxas tinham que servir para alguma coisa, não acha? – disse continuando a tocar.


   - Quando esse tal guardião fantasma começou aparecer para você?


   - Ontem é que não foi Potter...


   - Se não quer responder...– “caramba... isso dói!” sentiu a cicatriz e se levantou.


   - O que foi? Parece até que não gosta de música...


   - Sua música é o menor dos meus problemas...– disse sério – devia trocar de roupa, acho que gostaria de querer acompanhar a gente no resgate do seu filho.


   - Vidente agora?


   - Ora... não seja tão irritante – disse abrindo a porta da cozinha para apressar os outros..


   - Sabe alguma coisa sobre lua negra, Potter?


   O olhou.


   - Meu guardião disse que isso que o despertou.


   Lua negra era o que Alberfort tinha tido, algo que ele não tinha entendido naquela conversa...pensou e olhou o loiro seriamente.


 


   “- Tenho pena de você – disse o bruxo sumindo por um corredor – você foi forçado a andar nas sombras da vida. Abra os olhos, há sol pra iluminar as coisas... não existe uma lua negra pra sempre”.


   - Lua negra? – disse indo em direção ao corredor.


   - Lua negra é o período onde as trevas agem, o período onde criaturas como você abrem as portas.


   - Criaturas como eu?”.


 


   - Não sei nada sobre lua negra Malfoy, mas acredito que tenha algo a ver com escuridão...


   - Pensei que acharia isso – Draco riu – parte dessa escuridão vem de você – disse ele o olhando – cada um tem um guardião que o protege, mas eles só aparecem em casos raros, o meu apareceu pra mim, não sei porque ainda, não descobri... acho que o seu nunca apareceu para você, provavelmente ele tem medo.


   - Pare de brincadeira, guardiões... – riu – muito engraçado Draco, querer tirar com minha cara falando em guardião e escuridão...


   - Não estou brincando Potter... eu sinto, pude sentir quando você enfrentou Lúcio... você carrega essa escuridão com você.


   - Muito engraçado obrigado pelo aviso.– disse passando pela porta.


   - Se enganar, não vai salvá-lo! – disse o outro lá da sala – o que foi Potter, medo de assumir-se um bruxo das trevas?


   Deu meia volta e a despeito do que sentia de dor na cicatriz ergueu o outro pela camisa sem problemas.


   - O quê? Repita isso!


   - Medo de assumir-se um bruxo das trevas? Você não me engana Potter... já usa maldições imperdoáveis, magia das trevas...


   Apertou ainda mais a camisa naquele pescoço, “Mal-agradecido! Maldito! Devia deixá-lo morrendo!”.


   - Engula essas palavras Malfoy... engula-as agora...


   - Engoli-las não vai apagar a verdade... foi o que meu guardião me disse... você, Harry Potter, carrega as trevas consigo....e eu pude ver isso... o que vai fazer com ela é problema seu... mas eu estou avisando Potter....


   - Estão com algum problema queridos? – perguntou Morgan aparecendo da porta.


   - Estávamos conversando – disse largando o outro meio sem graça.


   Gina, Rony, Hermione, Jorge e Ted apareceram atrás de Morgan.


   - Estão prontos para voltar?


   - Estamos prontos para salvar o Draco Junior – ironizou Rony olhando feio para Malfoy – onde ele está?


   - Na floresta proibida de Hogwarts...


   - NA FLORESTA PROIBIDA POTTER? – berrou Draco – pode ter acontecido de tudo com ele.


   - Não... tem o Firenze...


   - Harry, que Firenze o que – disse Hermione parecendo aborrecida também em receber a noticia assim – sabe como é aquele lugar!


   - Vamos para Hogwarts de uma vez – disse Gina – a sala do diretor está aberta para aparatação?


   - Está – disse Jorge.


   - Então...


   Draco simplesmente aparatou da sala.


   - Mas que idiota – rosnou Rony aparatando também.


   - Cuida da Narcisa Morgan – disse Harry.


   Os que restaram nem se olharam, apenas aparataram também. Apareceram na sala do diretor, estava vazia agora, pode ver Rony descendo as escadas, se virou.


   - Você, Hermione e Jorge vão ficar aqui no castelo, caso aconteça algo grave a gente dispara faíscas para o céu – disse Harry, os outros concordaram – Ted você vem comigo.


   E saiu sala afora com o afilhado correndo atrás de Rony. Saiu disparado pelos corredores da escola, já era de manhã, alguns alunos olhavam eles correndo espantados. Já estavam na escada do saguão quando conseguiram alcançar Rony, Draco pouco à frente.


   - VOLTEM! – berrou o loiro – meu filho, eu o salvo.


   - Nem morto cara! – respondeu Harry ainda correndo.


   - É meu filho, eu me arrisco por ele! – disse.


   - O mesmo perigo que ele ta passando, você também pode passar! – disse Rony.


   Harry nem pode acreditar nas palavras que saíram da boca do outro, mas também não pode deixar de expressar em como se sentia grato em ser Rony a falar aquilo, mas ele tinha razão.


   - Se fosse com vocês eu não ajudaria – retrucou Draco quando estavam entrando na floresta, Harry parou, encarou os três rapazes.


   - Vocês têm idéia do que podem encontrar nessa floresta?


   - Tem centauros – disse Ted.


   Rony balançou a cabeça, exasperado com a ingênua boa vontade.


   - Acromântula, por exemplo – ele disse.


   Harry pode notar que o amigo estava apavorado com a possibilidade de encontrar alguma.


   - Lobisomens, lobos selvagens... – disse Draco – e daí?


   Não houve mais protestos, se embrenharam floresta adentro. Olhando atentos em torno.


   - Alguém tem idéia de como encontrar o Malfoy Junior, ele pode estar em qualquer lugar não? – gemeu Rony.


   Harry tinha que admitir, tinham se afundado na floresta o suficiente para a luz do sol ser barrada pelas árvores no mínimo centenárias, sem nenhum plano para encontrar Escórpio, parou e sentou numa pedra mãos na cabeça.


   - Que foi? – Rony perguntou de modo apreensivo.


   No olhar do amigo havia uma pergunta, “a cicatriz ta doendo?”, mas felizmente não, outras coisas o atormentavam...


   - Ta sejamos inteligentes – disse Ted – se você é um comensal babaca, onde ia enfiar o Escórpio?


   Harry e Rony se olharam, não faziam idéia também, Draco parecia inquieto, desejou muito poder contar com algo mais que as varinhas.


   - Alguém conhece um feitiço de localização? – perguntou Draco – sei que existem.


   - Precisaríamos de algo que pertencesse ao seu filho – disse Rony.


   Os dois se olharam, o ruivo encolheu os ombros, Harry sabia bem que Rony conhecia um feitiço de localização porque ele e Hermione aperfeiçoaram muito suas habilidades anos atrás, mas não tinham nada que pertencesse a Escórpio, e não conheciam nenhum feitiço de localização diferente... tinham que continuar procurando, quando ele se levantou três flechas atingiram o chão próximo aos seus pés.


   - Fiquem quietos – disse baixo.


   Um grupo de centauros vinha, infelizmente ele conhecia o que vinha a frente. Era Agouro que os liderava.


   - Achei que tivéssemos concordado com Bartok que a floresta não seria mais invadida.


   Draco se adiantou, mas Harry o segurou:


   - Não era nossa intenção invadirmos, apenas procuramos um amigo que está perdido.


   Agouro pateou irritado.


   - Se perdeu? Perdeu? Então entrou!


   - Não! Não entrou – Harry disse firmemente – alguém o trouxe até a floresta e o abandonou.


   - Vocês não podem nos ajudar? – perguntou Ted.


   Harry somente olhou Agouro empinar, ele sabia o que vinha em seguida.


   - Nós não ajudamos humanos! Não somos...


   - Então não nos atrapalhe! – disse sério – achei que centauros eram criaturas sábias! Que ajudariam alguém perdido e provavelmente ferido! Mas não Agouro! Vocês demonstraram serem criaturas egoístas!


   Rony gemeu, Agouro retesou o arco.


   - Quem é você humano? Pra nos dizer o que somos?


   - Você não se lembra de mim Agouro? Há muito tempo atrás? Amigo do Firenze? Aquele que você ficou furioso por Firenze me salvar de Voldemort?


   Os outros patearam, Ted e Draco se arrepiaram, Rony começou a balançar a cabeça.


   - Sim, Firenze! O que serve de mula para os humanos!


   Ele e os outros se aproximaram, arcos prontos, pateando nervosamente.


   - Não! Ele faz a escolha dele, ele sim demonstra coragem! Agora nos deixe procurar nosso amigo! Não queremos mais nada! – disse firme.


   Os outros três pareciam ter perdido a voz.


   - Não! Vocês devem pagar por sua intromissão! – Agouro disparou uma flecha que raspou no braço de Harry.


   - Agouro! Se não nos deixar ir será cúmplice de um grande mal! Deixe-nos procurar nosso amigo! – disse ele mais firme ainda.


   - Harry isso não é boa idéia – gemeu Rony.


   - Então me dê uma! – ele disse irritado.


   Os acompanhantes de Agouro recuaram assustados ao ouvir o nome Harry.


   - Harry! – gemeu Rony – pare com isso!


   Mas isso não importava, estava muito irritado com Agouro e tudo que desejava era afastá-lo, apenas uma questão de olhar muito feio e sentir sua magia, escutou Agouro gritar.


   - Voltaremos com outros, Potter! Nem você tem o direito de invadir nossa floresta!


   Harry respirou aliviado ao perdê-los de vista. Escutou Ted falar:


   - Caramba! O que...que foi isso?


   - Magia de pânico – disse ele – não aprendeu no seu curso de auror?


   - Eu não vi nada...– começou Draco – não vi você usar... – apontou a varinha.


   - Prática! – disse andando – vamos! Não temos tempo! Eles vão mesmo voltar e não quero estar aqui.


   Rony emparelhou com ele olhando-o feio, mas Harry não queria saber, se precisasse de censura teria arrastado Hermione com ele.


   - Isso foi um exagero... – ele sussurrou.


   - Isso também foi – disse mostrando o rasgão na veste.


   - Estamos perto do ninho daquelas aranhas não estamos? – perguntou Rony.


   - Acho que não – disse olhando em volta – não vejo nenhuma aranha.


   O outro respirou aliviado, mas Ted deu um berro.


   Ele acabara de ser erguido por uma estranha planta que se espalhava por entre um grupo de árvores mortas.


   - Isso é um visgo-do-diabo adulto? – perguntou Rony.


   - Acho que não... – disse Harry se afastando – não parece com um...


   - Difindo! Difindo! – começou Draco tentando em vão cortar o grosso caule da planta para libertar o outro.


   Isso estava ficando cada vez pior, Draco se aproximou e também teve o pé preso pela planta, enquanto Harry e Rony tentavam em vão evitar que a planta se enrolasse mais nos dois, escutaram os estralos por trás deles, Rony congelou no ato e ao se virar para ver o que era, deu um pulo tão exagerado para trás que acabou sendo pego pela planta.


   Harry estava encrencado, aquele irmão mais velho e crescido de Visgo-do-Diabo atrás, espremendo seus amigos, e duas aranhas crescidas a sua frente. Os outros chamavam por ele, tinha que fazer alguma coisa, as aranhas se aproximaram, pinças estralando irritadamente, Rony ainda conseguiu apontar a varinha, mas nenhum feitiço deu resultado... por um segundo se perguntou por que não estava se movendo, por que estava parado? O que estava sentindo? Aquela calma que foi lhe invadindo, até sentir uma certa satisfação, um sorriso lhe escapou dos lábios, ele ergueu a varinha contra as aranhas.


   - Impedimenta!


   Exatamente como antes, elas não pararam, mas estremeceram.


   - Estupefaça!


   Nada, elas estavam tão perto que ele se viu refletido nos oito olhos da mais próxima. Detonou muitos feitiços antes da segunda aranha tentar pular em cima dele.


   - Corre! Tio Harry Corre! – gemeu Ted quase sem fôlego.


   - Desculpem... – pensou antes de soltar a magia letal – RICTUS!


   Partiu a primeira aranha em duas, ela caiu estrebuchando nojentamente, a segunda finalmente foi bem sucedida e pulou em cima de Harry, então ele ergueu a varinha.


   - RICTUS!


   Foi banhado com a gosma fétida da aranha que se partiu estrebuchando de cada lado dele, pernas se mexendo ainda, levantou nauseado, virou-se para os outros e depois de uns três estupefaças a planta os soltou, os três detonaram a planta com alguns feitiços redutores.


   - Por que demorou? – gemeu Rony no chão.


   - Por que tinha DUAS acromântulas? – disse cínico.


   Ted e Draco olhavam as carcaças das aranhas embasbacados.


   - Caraca...– disse Ted coçando os arranhões que tinha no pescoço.


   - Não fez mais que a obrigação – disse Draco olhando para Harry completamente lavado com o conteúdo visceral da segunda aranha.


   - Limpar! – ele meneou a varinha irritado.


   Limpo, mas Rony começou a rir.


   - Quê foi? – perguntou irritado.


   Rony parou de rir na hora, fosse o que fosse ele devia estar com uma cara muito feia porque Rony ficou quieto e reclamou:


   - Não precisa ficar com essa cara!


   - Não? Não? – disse furioso – parem de agir como crianças! – gritou para Ted e ele que chutavam as pernas da carcaça de aranha – que droga, não estamos isso! – fez um gesto nervoso – de encontrar o Escórpio!


   - Relaxa ta! – disse Ted – vamos achar o Escórpio.


   - Claro...– resmungou Harry – depois que centauros e acromântulas devorarem a gente, nossos ossos vão se encontrar com ele... com certeza... – se calou ao ver a expressão de Malfoy.


   Saiu andando com os outros silenciosos atrás.


   Nada.


   Andaram até estarem tão embrenhados que não imaginavam como voltar.


   - Lindo lugar... onde estamos? – perguntou Ted.


   - Longe... muito longe – disse Draco chutando uma árvore.


   - Impedimenta! – disse Rony aborrecido detendo um tronquilho que avançara para Draco – Harry! HARRY! Vamos parar! Vão achar a gente mais cedo ou mais tarde.


   Aquilo era a pior ofensa que podia acontecer a sua abalada dignidade, não, não e não ponto final... não ia ser resgatado da floresta depois de ter ido resgatar alguém! Nem morto! Questão de honra, depois dessa ia parar de agir como dono da verdade, como cara que pode tudo... mas tinha que achar o Escórpio, fora provocado, desafiado, ferrado e tinha que ir em frente, até porque prometera a Narcisa que o acharia


   -PÔ! PÁRA DE ANDAR VOCÊS DOIS! ESTAMOS CANSADOS! – berrou o ruivo.


   Ele e Draco se viraram, Rony e Ted não tinham fibra, na verdade, não estavam tão preocupados porque era o filho de Malfoy, porque se fosse o deles com certeza estariam andando sem parar, dois enormes caras e estavam com cara de madame que quebrou o salto.


   - Ótimo! Sentem e descansem... eu to indo! – disse Draco andando.


   - Ta – disse Ted alto irritado – podemos saber pra onde?


   - Pro inferno! – falou ainda mais alto.


   Os três se olharam, Ted e Rony levantaram, e lá se foi um bom tempo em que andaram sem rumo, Harry ainda olhava o chão à procura de sinais, mas nada, começou a vagar em pensamento, Alvo... Lílian... Tiago... Gina... quanto tempo estavam ali? DEUS! Gina devia estar morrendo de preocupação, que hora pra pensar nela, olha como era a vida...


   - Harry...


   Pensando na Gina de camisola...


   - Harry...


   Nas pernas de Gina...


   - HARRY!


   -O quê? Inferno! – disse se virando.


   Ted e Draco apenas se calaram, mas como Rony conhecia o humor do amigo apenas fez um gesto para que calasse a boca, o que ele fez a contra gosto.


   Ali por perto havia murmúrios, lamentos... alguém chorando.


   - Alguém está chorando...– falou Rony baixo – será...


   Harry e Draco já estavam correndo na direção dos lamentos...


   - Eles não cansam? – perguntou Ted olhando-os com cara de cansado.


   - Não... – disse Rony se arrastando.


   Era um lamento triste, longo, infeliz, Draco começou a sentir um aperto no peito, parecia à infelicidade tomando voz, olhando para Harry, no entanto era como se o outro não sentisse nada, ele só corria, cada fibra dedicada a encontrar Escórpio, era incansável quando enfiava algo na cabeça.


   Draco estacou com o coração doendo, não de cansaço, mas porque ouvir aquilo era horrível, era como ouvir alguém morrendo... de tristeza.


   Mas Harry continuou correndo, aquele som o motivava, era como se sinalizasse o fim de uma busca, então se viu numa estranha clareira com árvores mortas, todas cobertas com estranhos pingentes cor de barro com aparência de pingos, deles saiam os lamentos, mais do que isso Harry sentia como se fossem falas a muito conhecidas dele, mas ele olhou a figura encolhida no meio da clareira, e sentiu um alívio parcial, ali estava Escórpio, era ele sem dúvida nenhuma, pelo menos parecia inteiro, se aproximou para ver que o garoto estava soluçando, muito machucado, espancado com certeza, mas nada grave...


   - Escórpio...


   Escutou bater de asas, lamentos, choro pontuado pelos soluços do garoto.


   - Escórpio...


   Os lamentos eram horríveis dolorosos e estavam fazendo Escórpio se sentir pior, era isso que o mantinha ali afundado em uma dor que transparecia pelos olhos, Harry conhecia essa dor, era dor de alguém que sofria muito sem demonstrar, dor que já vira em muita gente, sentou do lado do garoto e olhou o céu, coalhado de aves magras e negro-esverdeadas, Harry conhecia aqueles bichos estranhos, mas não lembrava do nome deles, alguns pousaram em volta deles, Harry pode ver ao longe, que Rony parara na borda da clareira com os olhos cheios de água e mais atrás um Ted desajeitado tentava afastar um Draco que parecia ter se agarrado no outro para chorar em seu ombro, dor, mas a dor não era só por causa daquelas pobres aves elas também pareciam infelizes e o céu nublado acima era a coisa mais desesperançada que podia haver, um deles pousou no ombro de Harry e começou o seu lamento, era uma ave estranha, mas que tinha sua beleza, Harry esticou a mão para acariciar as penas oleosas da cabeça da ave que parecia soluçar também.


   - Acorde Escórpio – disse alto – sua avó, seu pai e sua mãe estão chorando por você!


   O outro fungou.


   - Você não está escutando-os? Devia lembrar da voz deles... eles estão preocupados com você!


   Escórpio suspirou fundo e dolorosamente.


   Harry se pos de pé e sem se perguntar o motivo apenas olhou em volta e ergueu a varinha.


   - EXPECTRO PATRONUM!


   As aves se refugiaram em seus ninhos pendurados nas árvores mortas, mas o ar reaqueceu e Escórpio finalmente se sentou, ainda olhando para frente fixo no nada.


   O patrono prateado pateou em torno deles orgulhoso investindo contra o que pareciam ser fiapos de nevoeiro que estavam formando uma linha no lugar, Escórpio pareceu voltar à realidade, olhou em volta enxugando o rosto, mas parecendo muito pálido e doente.


   - Levanta – disse Harry estendendo a mão para ele – estamos te procurando a um tempão.


   - Eu... eu estou vivo... eu vi tanta coisa...


   - Vivo... parece que sim – disse num sorriso debochado puxando o outro com força – vamos... seu pai está aqui também, ele está bem!


   Escórpio olhou para Harry como se quisesse crer que alguém pudesse sorrir, ele tinha passado por coisas ruins e isso estava marcado nas feições dele, mas o olhou firme.


   - Ande, quanto mais rápido andar, mais rápido vamos chutar quem te enfiou nessa, e mais rápido você vai ver sua mãe, e sua avó.


   Escórpio pareceu acordar e perguntou timidamente.


   - Meu pai não está aqui não é? Não brinque com isso...


   - Quem disse que estou brincando?


   O garoto olhou além e localizou Draco, que tinha parado de chorar agora e voltado à realidade. Foi algo inevitável, o encontro de um pai com o filho, ambos bens finalmente, se abraçaram forte como se fosse a primeira vez na vida que fizessem isso, um abraço de alivio. Harry andou e deu um tapinha nas costas deles, fazendo sinal para saíram da clareira, Escórpio estava estranhamente silencioso, mas parecia melhorar a cada passo até poder falar que não sabia quem o tinha levado ali, só se lembrava de homens encapuzados. Trocou um olhar exasperado com Harry... ele ia perguntar assim que pudesse, de que aluno da escola ele tinha roubado a pedra da ressurreição.


   - Credo Harry, manda esse bicho pra lá! – gemeu Rony apontando para o ombro do outro.


   Os outros dois olharam, no ombro de Harry continuava empoleirada uma daquelas aves agourentas.


   - Cara eu acho essas fênixes Irlandesas uns bichos muito chatos! – disse Ted.


   - Foram eles que salvaram Escórpio – Harry protestou.


   - Não mesmo! – Escórpio protestou num soluço – quase me enlouqueceram!


   - Se não houvesse agoureiros a sua volta você seria presa fácil pra qualquer animal que o farejasse... – disse sério – por pior que tenha sido Escórpio você está vivo.


   - Cala boca Potter – rosnou Draco. Ele riu, viu que o loiro tinha voltado ao seu estado normal definitivamente.


   A pássaro soltou um pio fino e lamentoso que fez Ted se arrepiar e andar mais à frente, mais uns minutos e Harry assobiava de modo tão agourento quanto a ave, mas ao contrário dos outros o lamento da ave não lhe dava aquela sensação de tristeza e sim um estranho conforto.


   Rony pouco à frente, Draco apoiava o filho em seus braços, à frente todos Ted ia empunhando a varinha e Harry atrás com o pássaro parecia alheio ao grupo.


   Um trote lhes chamou atenção, Ted estacou e se viram cercados por quinze centauros com arcos prontos para disparar.


   - Agora. O que vão fazer? – gritou Agouro.


   - Olá Magoriano – disse Harry que vinha mais atrás.


   O centauro mais velho se virou para Harry que vinha no fim do grupo, olhou para ele, para a ave em seu ombro.


   - Por que invadiram a floresta? Achei que tínhamos feito acordo com Bartok!


   - Não conheço o tal Bartok, mas viemos para cá porque um amigo estava ferido – acenou para Escórpio – só viemos auxiliá-lo.


   - Por que atacaram os centauros?


   - Não atacamos ninguém... – a ave piou lamentosa – nos defendemos sim, mas não atacamos ninguém.


   - Vocês pretendem partir agora? – o centauro o olhou firme.


   - Se puder nos indicar o caminho mais curto em direção ao castelo, com muita gratidão nos retiraremos da floresta, nosso amigo precisa de cuidados.


   O centauro pateou e indicou.


   - Sempre em frente naquela direção, mais rápido e seguro.


   Agouro empinou.


   - Eles desrespeitaram o acordo! Devem...


   - Eles vieram em paz e em paz partirão, não os incomodaremos.


   - Muito obrigado – disse Harry empurrando os quatro que estavam estáticos.


   Deixaram Agouro furioso para trás, e continuaram a andar.


   - Eu estou cansado! – reclamou Ted.


   - E eu? Estou com bolhas no pé! – disse Rony furiosos pisando torto.


   - Nem quero ver o comitê de recepção que está nos esperando – disse Draco – a maioria provavelmente pra você Potter.


   Não precisaram esperar, meio metro a frente irrompeu uma coluna com cerca de oito pessoas que seguiam alguém. Os quatro se encolheram. A ave piou agourenta e bateu asas nervosa no ombro de Harry. Eram professores, Hermione e Gina, à frente Morgan e Flitwick.


   - Apressadinho como sempre não é – riu Morgan – vejo que são competentes pelo menos.


   - Melhor levarmos o Sr. Malfoy para dentro – disse Flitwick indicando Escórpio.


   Hermione passou e se atirou nos braços de Rony. Harry parou uns segundos e sob o olhar de Gina pegou a ave e dispensou com um assobio triste que foi respondido antes dela se afastar. A mulher chegou e o abraçou também.


  Ele olhou para Morgan, tinha muitas perguntas para fazer a ela, perguntas sobre o Alberto, sobre lua negra, sobre o tal guardião de Draco, sobre muitas coisas que estava martelando sua cabeça, e ele sabia que a mulher tinha experiência, tinha confiança de que ela respondesse pelo menos metade de suas perguntas.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.