O último suspiro




   Ted havia passado aquela noite ali, na poltrona da sala comunal. Nem sabia quanto tempo tinha dormido, mas quando acordou viu que a sala estava completamente vazia e a luz dos raios do sol chegavam até seu rosto. O garoto se levantou, meio dolorido, dormir numa poltrona era realmente desconfortável... será que Victoire já tinha passado por ali? Que horas será que são? Decidiu fazer as perguntas para única pessoa que parecia disponível no local.


   - Espero que tudo esteja melhor agora com você – disse a Mulher Gorda quando ele perguntou de Victoire – ela provavelmente está almoçando.


   - Bem... valeu mesmo!


   Ele saiu em direção ao salão, pensando firmemente em falar com Victoire, antes que perdesse a coragem, tinha que falar com ela... era importante.


   Ela estava na mesa, não sozinha, a galera toda estava lá. Rony ao lado de Hermione, que falava com Gina. Rosa ao lado de Alvo, que por sua vez estava ao lado de Tiago, que tinha Victoire ao lado, que fala com Harry, na mesa sonserina uma garota cutucou Roran, ele deu as costas, pode perceber que Fred falava alegremente com Dominique e Molly, ambas o olharam quando entrou, lhe acenaram.


   Sorriu quando Victoire ergueu os olhos, teve uma recepção fria. Gina começou a enchê-lo de perguntas e Rony também, ambos perguntando onde ele se enfiara a noite toda. Hermione que só observava pareceu entender quando ele ficou quieto, lhe deu um sorriso e olhou para Victoire. Ele decidiu:


   - Vic, podemos conversar?... agora? – disse pondo a mão no braço dela.


   Ela se levantou sem falar nada. Gina e Rony trocaram um olhar com ele, já que ele não abrira a boca, Hermione se curvou e falou algo no ouvido de Rony que balançou a cabeça. Ele e Victoire foram saindo pelo salão, felizmente não estavam sendo olhados, muitos alunos iam e vinham preocupados com suas vidas, então ela parou um pouco antes da porta e virou para ele:


   - Ta me fala o que quer falar.


   - Aqui? – ele soltou sem querer.


   - É, aqui – ela disse seria – não dou mais nenhum passo sem deixar algumas coisas bem claras.


   Ela realmente parecia brava, ele suspirou contrariado, ali não era o melhor lugar, mas na pior das hipóteses, talvez ela evitasse brigar com ele um público, começou a falar, na verdade a pedir desculpas mesmo sem saber exatamente o que tinha feito de errado, até finalmente acontecer algo que não estava nos planos. Um Jorge estava entrando no salão e os viu, antes de passar por eles deu um deboche um tanto alto.


   - Dando em cima da Vic é... que feio... imagina se sua namorada Ana fica sabendo disso – e saiu rindo.


   - Cala boca Jorge – tentou concertar, mas a outra tinha ouvido.


   Jorge vendo que fez besteira com as palavras mandou no olhar um “desculpa” e saiu disfarçadamente em direção dos outros na mesa.


   - O quê? – ela balbuciou o encarando – O QUÊ? – gritou – você está... namorando e vem aqui...


   Tinha certeza que aquilo não era bom sinal, e aquele grito tinha chamado muita atenção.


   - Foi um erro meu, nem eu sei porque não te contei... mas eu não quero mais namo .. – tentou falar.


   Foi pior.


   - Cala a boca Ted! – ela disse com os olhos brilhando furiosa – seu... seu... IDIOTA! – e lhe deu um tapa bem feito na cara.


   Doeu. Doeu, porque não esperava a reação, e porque não esperava levar um tabefe daqueles, não na frente de todo mundo, ela girou os calcanhares e saiu imperiosa do salão.


   Ele ficou um tempo sem reação, até sair atrás dela, até porque não teria coragem de olhar para dentro do salão tão cedo.


   Pelo menos teve a dignidade de não gritar o nome dela pelos corredores, pelo jeito que ela corria devia estar furiosa mesmo, sabia perfeitamente para onde ela estava indo, ainda sentindo o rosto quente, ela tinha a mão bem pesada.


   - Victoire! – disse no corredor – Vic, pára, vamos conversar!


   Ela estava entrando pelo retrato, ele entrou logo atrás segurou-a pelo braço.


   - Me larga Ted! – ela disse bufando – Me larga!


   - Vic, pelo menos fala comigo! – disse nervoso.


   - Falar com você? E adianta? Você escuta? – ela estava vermelha.


   - Claro que escuto... – se defendeu.


   - Então por que não falou comigo antes?


   - Você não está entendendo! Eu não...


   - Então presta a atenção! – ela disse furiosa, mas chorando – EU NÃO MEREÇO ISSO!


   - Eu... sei – ele não queria que ela ficasse tão... alterada.


   - EU... Eu tenho... AH! QUE ÓDIO! Eu desconfiava, sempre desconfiei daquela...


   - Não fale assim! Isso não tem o menor... – ele já tinha ouvido aquilo antes, ela vivia dizendo que desconfiava dele estar saindo com Ana quando ele fazia o curso de auror, foi um dos motivos por ela ter se afastado tanto esse ano todo dele?


   - Você não se importa com ninguém! Você é um egoísta!


   - Vic isso ta me ofendendo!


   - É pra ofender! É pra doer! A verdade dói! – ela gritou – brinca com o coração dos outros.


   Meia dúzia de calouros e secundanistas tinham parado tanto na ida como na vinda para olhar, e tinha gente no corredor escutando, já que o retrato estava aberto.


   - Não fale isso! Na verdade você também não estava ajudando! – era verdade, se ela falasse com ele seria tão mais fácil.


   - Eu? Eu não estou ajudando? Sabe de uma coisa Ted? EU NÃO QUERO SABER! NÃO QUERO TE VER! ACABOU! EU... AH! – ela saiu para o dormitório.


   - EI! – disse indo atrás, parando na beira da escada vendo-a empurrar duas calouras que o olharam assustadas – VIC! DESCE! NÃO SE ESCONDE ASSIM! EI!


   - PARA DE BERRAR AÍ EM BAIXO! – foi à resposta – SEU CRETINO! NÃO QUERO ESCUTAR A SUA VOZ!


   Ele perdeu a capacidade de protestar, se calou, olhou em volta, com a cara suficientemente feia pra todo mundo se mandar, e a sala voltou a ganhar vida, a maioria saindo rapidinho.


   Sentou-se na poltrona em frente à lareira, mão no peito, correr daquele jeito o tinha cansado, estava sem fôlego, estava tão arrependido de ter aberto a boca que tremia, na verdade podia sentir, quando colocou as mãos na cabeça, podia sentir os braços amortecidos.


   - Ih... – Rony havia chegado ali na sala comunal, deu um sorriso analisando o lugar, depois se sentou na poltrona ao lado dele – o que foi isso?


   - Nossa Ted, deu pra perceber que a Vic estava furiosa com você, mas esse tapa... – começou Hermione que tinha entrado atrás do marido.


   - Não tem problema – disse infeliz ainda olhando para o chão – eu mereci.


   - Mas o que aconteceu? Tem algo haver com você ter sumido ontem à noite? – perguntou Rony.


   - Esse tapa não teve nada a ver com isso, eu passei a noite aqui dentro, passei porque a gente brigou sabe.


   - O Fred deu uns detalhes pra gente lá em baixo – contou Hermione.


   - E eu realmente mereci – suspirou os olhando.


   Os dois estavam obviamente curiosos.


   - Por que o tapa então? – perguntou Rony.


   - Porque o Jorge contou que eu estou namorando, e pelo que pareceu, ela acha que sou galinha e dou em cima de todas, que eu devia ter avisado ela que eu estava namorando – disse.


   - TED SEU ANIMAL! EU AVISEI! – gritou um Jorge entrando pelo retrato – falei ontem que se você encontrasse a Vic pra avisar que estava namorando senão ela ia ficar brava.


   - Eu ia contar se você não abrisse a boca antes...


   As orelhas de Ted estavam definitivamente doídas depois que os dois irmãos ruivos começaram a gargarejar reclamando... Hermione tinha sido incisiva, o xingara um monte e depois saiu indo consolar Victoire... "ela sim, merecia atenção..." segundo Mione.


   "Mulheres..." pensou.


   Se bem que o Rony não foi diferente da esposa, ele o xingou um monte, depois ficou impressionado, depois tirou muito sarro da sua cara, voltou a xingar, e depois... foi um repeteco de tudo até Tiago e Fred chegarem e lhe darem a linda notícia que meia escola comentando e que Dominique tinha acabado de descobrir o motivo.


   - E agora estão consolando a Vic – disse Tiago rindo – ou deveriam estar, porque eu vi Dominique correndo para falar com as amiguinhas da Corvinal...


   - Ted você ta Fud...! – disse Fred sem cerimônia alguma – já tinha boa fama quando estudava aqui e agora tem mais ainda!


   - E qual a novidade? – disse dando de ombros, os cabelos do garoto mudaram para vermelho, não era comum ver Ted mudando a cor do cabelo.


   - Agora me fala Ted... duas? – disse Harry que agora também estava ali na sala comunal para consolar o afilhado – como você consegue hein? Querer ficar com duas ao mesmo tempo!


   - A cala boca Harry, você também tinha boa fama com as garotas no seu tempo – debochou Rony – Cho Chang, Romilda Vane, A murta-que-geme, até conquistou minha Gininha!


   - Fique quieto UON-UON!


   - Não fale isso perto da Mione! – disse o ruivo olhando para o dormitório como se visse a esposa descendo as escadas.


   - Bom apelido ganhou no seu tempo, né Rony! – Harry riu.


   Ted estava se afundando ainda mais com a conversa dos dois.


   - Podemos mudar de assunto? – disse desanimado.


   Os dois rapazes se olharam e sorriram.


   - NÃO!


   Depois de um bom tempo finalmente largaram do seu pé e puderam voltar às conversas normais e patrulhar a escola naquele domingo chato, e isso que eles não pararam de fazer piadas, era quase noite e ele nem teve coragem de ir jantar, ia encarar o mundo obrigatoriamente na manhã de segunda, preferia ficar quieto até digerir a encrenca toda, Victoire foi outra que não deu sinal de vida, Ted nem imaginava o tamanho do fã clube dela até ver quantos garotos o olharam torto quando passou perto da sala comunal da Grifinória junto com Rony e Jorge.


   - Eu acho que logo logo alguém vai organizar seu linchamento – disse Jorge baixo.


   -Você não viu a reunião das garotas da Corvinal quando passei por lá no fim da tarde... bem... você ficou popular mesmo – disse Rony – foi engraçado.


   - Imagino... que maravilha – resmungou quando Dominique e Rosa passaram para sair.


   O engraçado é que Rosa voltou e chegou no lado dele:


   - Ela ta uma fera, mais passa, não se preocupe – ela sorriu, depois deu um beijo no pai e saiu junto com a prima corredor afora.


   Ted não entendeu.


   - Eu entendi direito? – perguntou Rony – sorte que a Mione nunca foi tão complicada.


   - Sei lá – disse ele – elas são doidas, vamos jogar Xadrez, estou realmente cansado de andar?


   Rony Aceitou. Foram para o salão principal e encontram Harry, com Gina e Hermione, os três estavam com uma cara...


   - Novidades? – perguntou Jorge vendo que o outro lia uma carta.


   - Uma carta de Kingsley – disse Gina.


   - Elphias Doge, Emmeline Vance e Dédalo Diggle foram parar no St. Mungus – contou Harry amassando a carta com raiva.


   - Eles estavam na patrulha na casa dos Malfoy – contou Hermione – foram encontrados agora pouco, por sorte estão vivos.


   - Descobriram quem foi? – perguntou Rony tirando os olhos do tabuleiro.


   - Edgar é claro! – disse Harry com veemência – quem mais seria?


   - O pior é que seqüestraram Narcisa – Hermione falou horrorizada.


   - Parece que a família Malfoy é muito importante para eles, pegaram Draco e Escórpio, e nenhum dos dois foram resgatado ainda...


   - Harry se acalme, eles estão bem... não faz muito tempo que você teve aquela visão do Edgar – Gina o abraçou.


   Ele ainda podia sentir sua cicatriz latejar de dor só de lembrar daquela visão que ocorrera por causa do sangramento. Na verdade sua cabeça toda estava doendo, as coisas estavam acontecendo rápido demais, há três dias atrás ele estava no seu quarto sangrando a beça pela cicatriz, havia desmaiado, tido uma visão de uma certa reunião de Edgar, quando acordou deu de cara com Morgan lhe contando que Hermione tinha presenciado uma profecia de Trelawney, mal tinha se levantado da cama quando viu que meia ordem da fênix se reunira na casa dele para discutir os planos de Edgar, tinham programado ir para prisão de salem falar com Alberto, o único que entrou no lago de Avalon e saiu vivo, para perguntar como entrar. Foram e acabaram tirando o bruxo da prisão, no mesmo dia Gina tinha chegado com a noticia de que Carlinhos ia se casar e que ele seria padrinho, foram para Hogsmeade comprar trajes, até porque Morgan queria encontrá-los lá mais tarde com Marsden, acabou sabendo um pouco sobre a historia de Morgan, teve ataque dos dementadores, Alberfort falando que sua mãe praticava artes das trevas, que à volta de Voldemort era inevitável já que a profecia antiga não tinha se cumprido, que ele tinha um grande poder em mãos e tinha que dominá-lo lendo o livro Potere Dominatore, que provavelmente ganhou de Trelawney, para derrotar Voldemort e acabar de vez com a alma dele, depois ficaram em Hogwarts e em menos de vinte quatro horas descobrem que Narcisa foi seqüestrada...


   Era algo realmente perturbador só de pensar que os Malfoy há essas horas podem estar sendo torturados, ou podem estar mortos...


   - Alô vocês.


   Neville vinha se aproximando da mesa deles.


   - Alô – disseram todos.


   - Achei que já tivessem...


   - Olhe isso Neville – Harry estendeu a carta.


   O outro leu, arregalou os olhos.


   - Narcisa a mãe do Draco Malfoy?


   - A família Malfoy inteira!E se não fazermos nada... AH!


   Sentiu a cicatriz latejar...


   Gritos de dor...


   Risadas histéricas...


   Coisas quebrando...


   Ele não estava mais no salão principal... estava em outro lugar, um lugar diferente... um quarto... havia alguém lá... com os olhos arregalados miravam a face do que o torturava.


   - Devíamos parar um pouco? – perguntou um jovem comensal ao lado de Lucio Malfoy.


   - Não – disse firme – mas pode sair se quiser. Afinal o Edgar vai demorar para retornar.


   O outro deu as costas. Lucio se pôs de pé, olhou em volta da sala decaída e vazia, olhou com raiva para a vítima presa que o encarava, olhou para a porta que se abriu e trocou palavras com Bellatriz que olhou o prisioneiro, Lucio balançou a cabeça e riu.


   - Não o olhe assim! Quero ter o prazer de fazer isso – olhou a pessoa presa na cadeira – há anos espero por isso. Além de que o Lorde espera que os traidores –  sublinhou a palavra – sejam punidos exemplarmente antes que ele volte.


   Bellatriz ia saindo parecendo nauseada, mas se virou para olhar o outro novamente. Lucio encarou a sua vítima.


   - E eu não pretendo parar até o Edgar voltar... entendeu? Ele é que tem piedade de você... Crucio!


   Os gritos recomeçaram... a dor o atingiu também, os gritos eram de Draco Malfoy...


  


   Caiu de costas ofegante, ainda atordoado pelo horror do que presenciara, ainda vendo Draco se contorcer, partilhando a dor com ele mesmo a quilômetros de distância, sentiu-se ser erguido, olhou quem o erguia.


   Era Neville, olhando abobalhado a cena a sua frente, atrás havia os gritos abafados de Hermione e Gina, que estavam com a mão na boca.


   - O que está havendo? – perguntou Rony se levantando.


   - É complicado de explicar... droga temos que fazer algo... – ele não estava com cabeça para pensar em contar o que tinha acabo de ver, só pensava em uma coisa... tinha que salvar Draco.


   Mas por onde começar?


   - Harry o que aconteceu... – ia começando Gina.


   - Vamos para a sala do diretor – ele cortou saindo correndo.


    Os outros trocaram olhares confusos, e correram atrás dele. Estavam quase chegando quando deram de cara com Minerva McGonagall na frente da gárgula.


   - Preciso falar com Flitwick urgente – disse Harry ofegante chegando perto da bruxa.


   - Sinto muito, mas o diretor não está – disse a profª. McGonagall olhando para trás e vendo os outros cinco chegando correndo também.


   - COMO ASSIM NÃO ESTÁ? – perguntou alto e irritado.


   Minerva olhou Neville que os acompanhara e disse baixo.


   - Coisas urgentes da Ordem, parece que o Flitwick recebeu uma carta da Kingsley agora pouco...


   - Eu sei, recebi também – disse Harry – mas isso não importa, preciso entrar ai e usar a lareira.


   - Vai sair do castelo? – perguntou Hermione – Harry pode nos dizer o que está acontecendo?


   Ele não deu ouvidos de novo, falou a única senha que ele sabia e por pura sorte deu certo, o gárgula girou revelando uma passagem. Ele subiu, sabia que podia salvar Draco... chegou a porta do gabinete e forçou a entrada... sentiu uma leve raiva de Hogwarts por apenas aquela lareira funcionar como transporte em casos de emergências como este.


   Chegou perto da lareira e parou, na verdade nem sabia pra onde ir... se concentrou então, queria invadir a mente de Bellatriz, sabia que podia... tinha que dar certo...


 


   “O Edgar não vai gostar nada desse sangue na casa dele” ouvi-se a voz de Bellatriz.


 


  


  - Isso! Casa do Edgar!


    Os seis que entraram na sala pouco depois dele e o olharam, sem entender a excitação.


   - Harry o que está havendo? – perguntou Neville sem entender o que via.


   - Draco está em perigo – disse puxando a varinha – um de vocês... Rony avise Kingsley, eles estão na casa de Edgar.


   - Espera Harry – disse Gina – não pode deixar o castelo, espere vamos com você!


   - É perigoso, vou sozinho – disse entrando na lareira com o pó de flu nas mãos que tinha pegado num vasinho ali do lado – CASA DOS TEOBOT!


   Antes da chama verde tocar seu corpo inteiro ele pode ouvir mais um grito de Gina em protesto. Saiu numa lareira numa casa escura, será que era ali? Não havia ninguém. Ele se levantou e caminhou lentamente, varinha na mão direita...


   Gritos... gritos longínquos, vindo de um lugar não muito longe dali. Era certo, não estava na a casa certa... saiu dali... aparatou para a rua e sentiu o brilho da lua cheia na sua cabeça. Estava numa rua, um subúrbio qualquer, um lugar meio abandonado, imediatamente foi atraído á esquerda, conseguindo ouvir os gritos, correu, entrou numa ruela escura, a frente um pequeno prédio de três andares. Havia urgência no ar podia farejar, havia dor, havia frio... muito frio.


   - A não dementadores – guinchou.


   E não eram poucos, surgindo das sombras, suficientes para Harry começar a sentir dor de cabeça, reviver gritos que não ouvia a um bom tempo, ergueu a varinha, na memória estava com os amigos naquela festa em Hogsmeade, com todos eles bem e felizes.


   - EXPECTO PATRONUM!


   O confiável patrono se pôs a galopar entre as figuras, infelizmente um conjunto muito grande, adoraria ter um outro patrono ao seu lado, o círculo negro apenas se fechava mais, o patrono a galope fazendo seu trabalho, estava com a respiração presa do frio...


   Uma outra forma prateada irrompeu na massa de dementadores, mas o bruxo em questão logo foi cercado, Harry e seu patrono retrocederam um pouco para ver o leão trêmulo cercar seu protegido que trazia uma fênix no ombro, estava muito pálido.


   - NEVILLE! O QUE ESTÀ FAZENDO AQUÍ?


   - VIM AJUDAR! – disse recobrando um pouco a cor.


   A fênix voou no outro ombro de Harry, reconheceu o peso morno na hora.


   - Fawkes...


   A ave emitiu uma nota muito grave de desalento.


   - A Fawkes me trouxe até você – disse o outro.


   - BELEZA, NEVILLE ANDA! – disse se adiantando, e olhando o prédio, no último andar alguém os olhava, olhava o prédio iluminado de baixo pela luz dos dois Patronos.


   - Se pensamos em chegar de surpresa... – lamentou puxando o outro para dentro do prédio escancarando a porta com seu Akasha e com sua varinha já investindo um:


   - ESTUPEFAÇA!


   Como previra, feitiço foi rebatido e retornou, mas ambos estavam preparados.


   -PROTEGO!


   Escudos iluminaram uns quatro jovens comensais que eles nunca tinham visto, não havia tempo de pensar, tomou impulso para dentro e despejou cada azaração forte que conhecia, Neville ainda dava o segundo passo para dentro quando o quarto caiu.


   - Podia ter me deixado um? – disse baixo aborrecido com Harry.


   - Não se preocupe – respondeu soturnamente – tem muito mais lá em cima, e temos que correr.


   Sentiu, segundo andar sala dos fundos, agora era muito palpável, podia ver, podia ver o rapaz amarrado na cadeira, olhando Lucio que interrompera a tortura ao escutar o alarme dado.


   -Vamos, precisamos chegar rápido – disse correndo.


   Neville acompanhando.


   - Estupore qualquer coisa que não esteja de azul como eu, eu vou estuporar qualquer coisa que não use uma jaqueta de couro – disse pulando degraus de dois em dois.


   - Certo – disse Neville olhando em volta.


   Não foi preciso repetir, apareceram mais dois bruxos, vestidos, mas sem máscara, não que estivessem pensando em olhar atentamente, apenas os estuporaram.


   - Corre – gemeu Neville.


   - Abaixa – agarrou o rapaz pela jaqueta e o tirou do caminho, não sabia porque mais usou um feitiço nunca tinha usado na vida – RICTUS! – o feitiço que tinha visto Bellatriz usar nas Quimeras.


   O feitiço derrubou as luminárias acertando outros três comensais que apareciam embaixo, se virou para cima e sentiu o deslocamento de ar no seu braço produzido por um feitiço vindo de cima, escutou Neville paralisar o comensal, olhou o rasgo no braço.


   -Valeu – disse se levantando.


   - De nada, vamos? – Neville respondeu.


   Subindo os degraus de três em três, atingindo o corredor do primeiro andar, entraram nele avistando algumas figuras, Harry só se abaixou, Neville se jogou no chão.


   Algo passou voando, era Fawkes que pairou em meio ao corredor, brilhando como nunca, iluminando o corredor, pura chama, fazendo os inimigos recuarem, o suficiente para Harry agarrar Neville e alcançar a escada para o segundo andar.


   - Corre!


   - Estou correndo... – gemeu Neville ainda olhando a luz do fogo no andar inferior.


   Meteram o pé no patamar desejado, foram recebidos exemplarmente.


   - AVADA KEDAVRA.


   - ACCIO PORTA!


   A porta de madeira foi arrancada das dobradiças pelo feitiço de Harry e explodida em pedaços e farpas, pela maldição imperdoável usada por Bellatriz.


   - Ora, ora, Potter – ela sorriu – não é mais aquele moleque magricela...


   - Gostou? Acho que vou ser a última pessoa que você vai ver... – ia erguer a varinha quando a mão o segurou.


   - Não – Neville a olhava com uma raiva imensa – deixa ela comigo.


   Bellatriz riu.


   - Longbotton? – ela riu ainda mais – não aprendeu nada nesses últimos anos? Sabe que não tem chance contra mim, vai acabar igual aos seus pais!


   Neville arreganhou os dentes num sinal tão grande de raiva que nem Harry teve coragem de evitar que se enfrentassem, apenas olhou a luz de Fawkes que surgira atrás.


   - Cuide dele – disse para a ave, elevou a voz para Neville ouvir – estou indo, cuide-se. PEGA ELA!


   Neville acena com a cabeça, mas ela apenas sorriu e ergueu a varinha, mirando em Harry que se afastava.


   - Melhor se preocupar comigo... – Neville disse sério.


   - Por que eu deveria? – ela perguntou com cinismo.


   - Porque eu odeio você... e vou te matar – ele respondeu investindo na mesma hora um feitiço.


   Outra se defendeu e já jogou outros contra ele.


   - PROTEGO!


   - RICTUS


   - PROTEGO HORRIBLUS, ESTUPEFAÇA!


   - PROTEGO...


   - ESTUPEFAÇA... RICTUS... RICTUS!


   Os feitiços começaram a destruir todo o lugar, Neville não atacava mais só com feitiços simples, começara a usar a mesma magia de Bellatriz, para o horror dela. Então os dois se olharam, ela riu...


   - CRUCIO!


   Neville se jogou, atirou outro com ela, a acertou... Bellatriz foi jogada para longe, ele se levantou investindo mais magias de todo o tipo de cor contra ela. A mulher aparatou atrás dele, automaticamente ele virou dando um murro na cara dela fazendo o nariz da outra se ensangüentar. Bellatriz arregalou os olhos com raiva e pulou no pescoço dele não se importando mais com a varinha ou magias... os dois caíram no chão e rolaram se esbofeteando escada a abaixo.


   Neville conseguiu se soltar das garras da mulher e deu um pontapé nela jogando-a para longe, se levantou investindo mais feitiços, ela defendeu e jogou um contra ele acertando seu braço que abriu um corte jorrando sangue.


   - É uma pena que vai morrer aqui Longbotton – disse Bellatriz atirando os cabelos para trás. O rosto da mulher estava cheio de sangue.


   - Vai sonhando – retrucou ele – ESTUPEFAÇA!


   Ela aparatou, ele se virou na mesma hora atacando de novo, ela defendeu e atacou ele também, ele aparatou atrás dela e acertou-a de supressa fortemente. Bellatriz foi jogada contra a parede com força... dessa vez com certeza ela tinha quebrado o braço pela força do impacto.


   Não deu outra, quando a bruxa se levantou ela segurava o braço esquerdo com a mão direita. Olhou Neville com mais raiva e atacou:


   - AVADA KEDAVRA!


   O jato de luz verde veio investindo contra o rapaz.


   - ACCIO.


   Um cômodo da casa se pos na frente dele e explodiu com a magia da mulher. No instante seguinte ela estava na frente dele lançando outro feitiço, este fez um estrago enorme da sua barriga abrindo cortes... e ele foi jogado contra a parede também. A dor lancinante invadiu suas costas... mas Neville não ia desistir... não mesmo... não ia se dar o luxo de perder pra ela... não para Bellatriz Lestrange. Ele se levantou, ela arregalou os olhos em desespero agora.


   - RICTUS – urrou com a maior raiva do mundo!


   A bruxa não teve tempo de se defender, o lampejo a certou no ombro e ela foi jogada para trás... mais sangue para todo o lado... urros de dor de Bellatriz...


   - Vai pagar por tudo... AH


   Um feitiço pegou Neville de supressa e ele foi arremessado contra a parede de novo batendo seu braço esquerdo. Yaxley havia aparecido, correu para ajudar Bellatriz.


   - Mate o Longbotton – ela ofegou se pondo de pé.


   Neville corajosamente se pós também. Dois contra um... quem se importa, se esse era seu fim ia morrer lutando com honra, não ia desistir nunca, afinal, era filho de Franco e Alice Longbotton... ia honrar o nome dos pais. Em desespero bufando até as orelhas pulou em cima dos outros dois comensais fazendo-os cair no chão...rolaram novamente, Neville socando sem parar, não sabia se estava acertando Bellatriz ou Yaxley... mas sabia que antes de morrer ia causar um bom estrago naqueles dois, Fawkes deu um mergulho atrás daquele bolo.


 


   Quem venceu? Harry não estava lá para saber, havia cheiro de dor e morte no ar, pesado, sabia que Neville devia estar bem, ele era corajoso...  além do mais estaria bem com Fawkes, ela poderia tirar ele dali caso houvessem problemas, estava tão perto que podia sentir o sangue escorrendo dos pulsos do outro, ou seria uma lembrança, cheiro de sangue no ar... “Que eu não esteja atrasado... não...”.


   Meteu o pé na porta, entrando na sala com porta e tudo, o que foi sorte, pois se tivesse usado um feitiço teria sido pego, ambos os bruxos ignoraram a porta e tentaram atingir a entrada.


   Lucio simplesmente rebateu o feitiço de Dolohov, que desaparatou.


   - DOLOHOV! – vociferou Lucio.


   - ESTUPEFAÇA! – Harry atacou.


   Dolohov aparatou ás costas de Harry, que atacava o outro, escutou o outro gritar seu nome, e quando bradou, feliz em terminar um serviço incompleto escutou o som.


   - Estu...


   Harry não estava mais lá. Dolohov parou o feitiço na metade.


   - PANIS DELUDE! – urrou Harry do outro lado da sala.


   Estava praticamente ao lado de Lucio e daquele lado surgiu um dementador que deslizou frio atrás de Dolohov que tentou em vão clamar por um patrono.


   Enquanto isso Lucio adiantava-se para Harry.


   - MACULATE!


  As trevas que saíram da varinha do outro avançando como um polvo na direção de Harry que acabara de invocar a ilusão perfeita de um dementador, tentou usar um escudo, foi inútil, ficou envolvido pela escuridão.


   - Finite delude – Lucio apontou a varinha para o falso dementador que já se preparava para beijar Dolohov – IDIOTA – se virou para a névoa negra onde Harry estava preso – olhe a que ponto chegamos... – sibilou observando o contorno dele caído – olhem o famoso Potter caído de joelhos na minha frente...


   -RICTUS! – urrou de surpresa Harry.


   Lucio teve que desaparatar, no mesmo momento a névoa se dissipou. Dolohov se ergueu olhando a cara que o perseguia há muito tempo. A face de Harry totalmente concentrado numa luta.


   - Avada Kedavra. – bradou Dolohov.


   Ignorado novamente, a maldição explodiu contra a parede, Harry não estava lá, Dolohov deu um salto ao sentir que o rapaz já estava ao seu lado.


   - CRUCIO.


   Dolohov caiu berrando.


   O som de palmas, Harry desviou o olhar serenamente, apesar do outro continuar berrando.


   - Quem diria, quando Bellatriz me contou achei sinceramente que era mentira... – disse Lucio com a varinha encostada na cabeça de Draco que ainda estava amarrado e ferido demais até para se mover – mas Harry Potter, o paladino de Dumbledore não se importa mesmo em usar certa maldição.


   Sorriu, olhou a situação.


   - Contra certas coisas não – respondeu.


   - Certo, mas se veio pegar essa coisa aqui – enfiou a varinha com força na cabeça de Draco que soltou um gemido, mais de raiva que de outra coisa – então é melhor largar essa varinha.


   Se encararam por alguns segundos, Harry jogou a varinha no chão, sem saber ao certo o que estava fazendo. Dolohov soltou um suspiro, mas ainda ficou tremendo no chão exausto.


   Draco revirou os olhos em desaprovação ao ver Harry abrir mão da varinha. Lucio sorriu, apontou a varinha para Harry.


   O que estava sendo esperado, um gesto de mão e a cadeira onde estava Draco deu um tranco a frente, assustando Lucio, no mesmo instante Harry convocou de volta sua varinha desaparatando.


   - Mas que...


   - ESTUPEFAÇA! – Harry bradou as costas do comensal.


   - IMPEDIMENTA! – Dolohov gemeu ainda de joelhos.


  Lucio desaparatara e o feitiço de Dolohov quase atingiu Harry.


   - PROTEGO! – Harry se defendeu com a varinha ao mesmo tempo que se esforçou em puxar a cadeira de Draco para perto evitando que Lucio novamente o pegasse.


   Se encararam , dois contra um.


   - Avada...


   A luz da chama impediu que Dolohov completasse a maldição e fez Lucio cobrir os olhos, no mesmo instante Harry usou um difindo para liberar o outro da cadeira, Draco caiu molemente de joelhos no chão, Harry não teve tempo para apará-lo, estuporou os dois bruxos distraídos pela súbita aparição da fênix.


   - O que houve? – disse olhando a ave – e Neville? – tentou erguer Draco, que gemeu de dor ao tentar ficar de pé sozinho.


   Fawkes soltou um canto feliz... ele talvez tenha entendido... ou não... levou em hipótese que Neville estava bem.


   Draco deu um bufo irritado, mas abriu bem os olhos e suspirou agarrando a camisa de Harry.


   - Minha mãe! Acha ela! Ela está aqui também!


   Havia urgência no pedido, medo nos olhos do daquele que era sonserino, medo do pior.


   - Fawkes! – disse se levantando – leve-o para longe daqui... para um lugar onde esteja seguro e com cuidados.


   A ave pousou no ombro do rapaz que sumiu numa chama, Harry olhou em volta, pensando em como acabar com aqueles dois imbecis caídos, apenas os imobilizou, encontrar Narcisa Malfoy, ironia da vida, mas ela salvara ele uma vez também.


   Correu até sentir o cheiro, era mais forte que o do filho, mais sangue... virou para a direita, o cheiro mais forte que o do rapaz, ele estava correndo rápido sentindo o tempo se esvair.


   -AQUI! – disse para si mesmo dando um pontapé na porta.


   Mal reconheceu a mulher, amarrada em cruz com os braços abertos de tantos cortes de onde se viam pequenos fios que guiavam o sangue agora seco para vasilhas no chão, as roupas rasgadas mal cobriam o corpo magro e fraco, se aproximou devagar, ela parecia prestes a desmanchar, não havia sinal de vida.


   Muito devagar se aproximou imaginando como soltá-la sem feri-la ainda mais, usou um feitiço para levitar, e soltou as amarras, fez ela deslizar devagar para o chão.


   - Me deixem pra trás – ela gemeu sem abrir os olhos – salvem meu menino...


   - Draco está a salvo – disse jogando sua camisa sobre ela – está á salvo.


   Ela abriu os olhos devagar.


   - Eu sei quem é você...


   - Fique quieta, por favor...


   - A pedra... estou com o aquela pedra.


   Harry voltou a olhá-la, ela sorria.


   - Estou com a pedra – ela riu – eles não recuperaram...


   Suspirou, ela não devia estar bem, parecia delirante, a mulher lhe estendia algo, uma pedra preta, quando sentiu.


   -CRUCIO!


   Arqueou-se, enfiou as unhas nos braços nus, aquela dor horrível dos ossos entrando em chamas... mas não soltou um grito, percebeu a bruxa atrás se arrastar e parar a maldição.


   - Peguei você Potter...


   Esticou a varinha com ódio e Bellatriz foi lançada do outro lado do corredor com um baque. Ergueu-se ofegante corpo ainda sentindo agulhadas doloridas, antes que ela levantasse apontou a varinha, ela sorriu e ergueu também.


   - AVADRA KEDRAVA! – urrou ela.


   - RICTUS – urrou ele.


   As duas maldições se chocaram produzindo uma luz verde cegante caiu no chão com os olhos fechados sentindo o sangue escorrer pelo braço. Não estava sentindo quase nada do seu corpo...


   Harry abriu os olhos sobressaltado em tempo, viu que Bellatriz lhe apontava a varinha com a maior expressão de felicidade.


   - REDUCTO! – ela bradou.


   Ele se jogou para o lado, rolando no chão a tempo de escutar a o lugar onde estava explodir.


   - Mas o quê? – disse Bellatriz vendo o rapaz rolar – você e o Longbotton dão muito trabalho! – ela riu.


   Ele riu também. A bruxa não estava lá grande coisa, se arrastava para andar, as vestes negras estavam quase totalmente rasgadas deixando o corpo dela bastante exposto, havia sangue quase em toda parte do corpo, principalmente no braço esquerdo, que parecia estar quebrado.


    - Vamos aos bons modos, lhe cumprimentei hoje? – gemeu se erguendo – boa noite! – disse pensando em como sair dali vivo com Narcisa.


   Não estava nem um pouco em condições de aparatar... bem que Fawkes podia voltar logo.


   - Procurando isso? – ela sorriu mostrando a mão – minha irmã Narcisa ia te dar não ia? A pedra da ressurreição... garotinho impertinente aquele meu sobrinho, roubou a pedra do Bartok! Você a quer Potter? – estendeu para ele.


   - Bondade sua – sorriu – ACCIO PEDRA DA RESSURREIÇÃO!


   - ESTUPEPAÇA!


   Mas ele tinha se enfiado por baixo de uma mesa que havia ali, a pedra foi pelo outro lado e chegou em sua mão, ele a segurou firme, depois revidou.


   - ESTUPEFAÇA


   - CRUCIO!


   - PROTEGO!


   Ele correu e saiu pela porta, usou o feitiço do escudo contra um novo estuporante que estava do lado de fora. Mais dois o atacaram, ele mexeu a varinha sem saber ao certo o que fazia, mas escutou que por sorte rebateu outros dois feitiços... estava cercado.


   - Pegamos você... – disse um comensal, este encapuzado.


   - PROTEGO MELLIUS! – urrou.


   Tinha que se controlar, tinha que vencer, tirar a mãe do Draco desse lugar. O que fazer? São tantos... o escudo de fogo Mellius dele bloqueou um lado do corredor, Bellatriz a suas costas reapareceu e o atingiu no ombro com algum feitiço, enquanto ele revidava o ataque do comensal que restara no corredor, quando sentiu a dor e bateu contra a porta do outro lado, se perguntou onde estava o resto do pessoal uma hora dessas... se estavam bem ou preocupados com ele... e o Neville?


   "Não é hora, pense em você...”.


   Correto, entrou pela porta, um quarto vazio, haviam portas laterais, estava correndo, apenas para manter a maior distância de si para Bellatriz e o outros, mas também em procura de outra alma viva que pudesse ajudá-lo.


   - Onde está todo mundo? – perguntou a si mesmo – será que o Rony não foi avisar o Kingsley, pô... casa do Edgar.


   “Talvez tenham ido parar naquela casa que ele saiu antes de chegar no prédio”.


    Não era possível que o tivessem abandonado... não fariam isso... não estava sonhando... não estava?


   Entrou num corredor por trás de três comensais para ver a cara preocupada de Kingsley, estuporou os comensais pelas costas.


   - Harry! – ele gritou chamando-o. – o que está havendo?


   Os dois pareciam perdidos naquele lugar ali, deviam ter lutado bastante também.


   - Missão de salvamento, família Malfoy – respondeu ofegante – tirei o Draco daqui, mas a Narcisa ta lá trás, ta muito mal.


   - Você está ferido! – exclamou Morgan atrás de Kin.


   - Não temos tempo! – disse Harry – temos que salvar a...


   Ele foi interrompido por uma magia particularmente forte, que abriu um rombo no chão jogando cada um dos três para longe no meio do corredor.


   - Peguem o Potter! – sibilou Bellatriz cambaleando com seu braço quebrado – matem os outros dois!


   Harry se ergueu para ver cinco comensais erguerem as varinhas.


   -NÂO! – gritou – PROTEGO MELLIUS!


   Uma parede de luz avermelhada se ergueu entre eles e os feitiços, Harry ergueu a varinha... Bellatriz o olhava com fúria.


   - Esqueçam os dois... Peguem o Potter! Matem... matem, dane-se o que acontecer!


   Ele olhou os dois que pareciam surpresos com a barreira vermelha que se erguera entre eles e o mundo, e então disse encarando a bruxa.


   - Vão ter que correr pra me pegar!


   Correu... correu o máximo que pode, subindo as escadas a cada três degraus, apenas para manter aquele grupo o mais longe de... seus amigos... mesmo agradecido em saber que Kin e Morgan estavam ali não estava disposto a arriscar a vida deles.


   Correndo... correndo, cada vez mais alto, mais rápido, impulso, queda...


   Gemeu.


   Tinha que se erguer, levantar, mas a perna fora ferida, haviam risos vindo da escada, tinha que se levantar, correr, mais... forçou-se a levantar e rilhou os dentes se concentrando em andar rápido, arrastando a perna ferida, tendo a certeza que não poderia lutar com os cinco de uma só vez... sabia porque se sentira exaurido desde que rolara naquele chão evitando a magia da morte, seu coração parecia querer saltar para fora do peito.


   - AERUS! – alguém gritou de trás.


   Sentiu seu corpo ser erguido novamente, caiu no meio do corredor, a perna latejou horrorosamente, voltou a se erguer.


   - Desista Potter! Pegamos você! – gritou um comensal, voz conhecida...


   - NUNCA! – berrou com fúria ao se jogar além das portas, sabendo que chegaria ao telhado, sair era a única coisa que importava, mesmo que dali não houvesse saída... não houvesse mais nada. E Narcisa? Que Kin e Morgan estejam cuidando dela... confiança...confiança...


   Dois passos vagos e ele sentiu o vento nos cabelos, um pouco frio, mas ele também não estava exatamente agasalhado... apenas de calça e camisa, ambas rasgadas... fechou os olhos e se virou, as risadas o despertaram.


   Bellatriz saiu, os cabelos negros se espalharam no vento, tão horrenda, toda quebrada ensangüentada... aquela cara de raiva... braço balançando feito uma marionete...


   - Potter, Potter... então? Pra onde vai correr agora? – ela ergueu a varinha.


   Ele deu mais dois passos para trás, ergueu a varinha também, nervosamente passando os olhos de inimigo a inimigo.


   - Desista Potter, e não iremos feri-lo, muito.


   Riram.


   - Que foi Bellatriz... – disse maldosamente – desistiu de me matar? – disse olhando-a e andando para trás.


   O sorriso dela desapareceu, seu olhar tremeu.


   - O Edgar está querendo você a um bom tempo, mas ele lhe quer vivo, por sorte não especificou em que grau...


   - Então seria uma desgraça se eu morresse não?


   - Não se movam! – ela ordenou aos outros – Potter é meu! Minha presa! – ela disse quando os outros fizeram menção de usar as varinhas – agora pare de andar para trás como um covarde e me enfrenta Potter!


   Mas ele sorriu, riu quando subiu um degrau, riu ainda mais da cara de Bellatriz.


   - Eu realmente não estou em condições de desaparatar direito Bella... – olhou para baixo – seria um risco, mas também não sei voar sem vassoura.


   - Vai se matar Potter? Me daria esse gosto? – ela riu nervosamente.


   - Não... vou dar esse desgosto a Voldemort quando ele regredir – riu ainda mais.


   Deixou o corpo cair para trás, escutou um grito agudo e vários estalos de desaparatação...


   Podia se deixar cair, mas não era sua intenção, apontou para as próprias costas e berrou:


   -AERUS!


   O feitiço do vendo saiu da varinha. O vento o elevou novamente como uma pluma, embora a queda no telhado tenha sido desajeitada, estava ali, inteiro e bem... apesar de ter corrido um risco sério, sentia a perna boa bambear também, se arrastou até a entrada.


   - Cretino! ESTUPEFAÇA... CRUCIO!


   Se não tivesse se jogado no chão e rolado para o lado não teria escapado do ataque, se ergueu olhando uma Bellatriz que exibia aquele olhar insano que tanto odiava.


   - Que foi Bellatriz? Não está feliz por me ver... vivo? – disse se levantando sublinhando o vivo.


   - Desgraçado! AVADA... – ela tremeu convulsivamente ao parar a maldição.


   Tempo suficiente para ele investir.


   - ESTUPEFAÇA! – ele atacou jogando a outra pra longe.


   Correu, correu para dentro de volta, Bellatriz ainda estava estendida no chão, mas outros estavam aparatando. Desceu escada abaixo sob uma chuva de feitiços, meio sem controle cambaleou e escapou de todos.


   - RICTUS, RICTIUS – gritou irritado contra os comensais que voltaram a segui-lo.


   Desviou de um feitiço feito por uma Bellatriz que se erguia mais furiosa ainda. Ela nunca morre?


   Sentiu um calafrio quando escutou uma movimentação atrás dele, foi quando aconteceu... sua vida passou diante de seus olhos quando mais ou menos uns quatro feitiços das trevas o acertaram.


   Foi jogado contra o chão com violência, bateu a cabeça na parede mais próxima. Dor... seu sistema nervoso foi invadido por dor, uma dor crua, sangrenta, real, sentia o cheiro do próprio sangue, da própria carne...não sentia nada em seu corpo até piscar e respirar fundo, sentiu mais dor, não conseguia raciocinar direito. Apenas apertou a varinha na mão direita, estava ali, a ergueu devagar, estava inteira... um milagre, visto que sua mão sangrava esfolada, deixou a mão cair sobre o peito, sem coragem de se mover... apenas escutou os gritos e as gargalhadas atrás.


   - Tsc, Tsc, se ela vai nos matar... – disse um homem. – e o Edgar também.


   - Esse vai ser o menor de nossos problemas se ele não estiver com aquela maldita pedra – respondeu outro.


   - Levantem essa coisa! – disse o terceiro.


    Não, iam ver que ele ainda estava vivo, iam torturado... mais dor... seria melhor se tivessem completado o serviço... não... não mesmo, não era assim, tinha que pensar, lutar, dar um jeito, não ia ficar ali caído, por mais quebrado que estivesse, apenas tinha que dar um jeito... que ilusão pensou francamente, sentia que uma das perna estava irreparavelmente ferida, assim como com certeza algumas costelas, ele nunca conseguiria fugir.


   Mas tinha sua varinha... tinha sua vontade, e abrindo os olhos quando os comensais viraram seu corpo.


   - Vamos ver o que restou... QUE MER... – gritou o comensal.


   Não, Não era um Harry quase morto, era um rapaz se pondo de pé, com a coragem e a determinação de nunca desistir. Os três comensais foram estuporados, apesar de inicialmente ter desejado matá-los mesmo, pensou ainda olhando em volta, o lugar estava vazio apesar de tudo, apenas e os comensais caídos, sorte, não sabia se teria tanta força pra estuprar mais...se virou mancando...


   - ESTUPEFAÇA!


   - PROTEGO – se defendeu automaticamente.


   Um escudo bem colocado evitou o ataque de Bellatriz, ela estava ali no meio da daquele lugar, daquela sala o observando no escuro.


   - Você é malditamente resistente Potter!


   - Suas palavras Bellatriz – disse apertando a varinha – você também nunca morre.


   - Mais virão, só tenho que esperar – ela sorriu – Edgar logo vai chegar também, você não vai ter chance contra ele.


   - Diga-lhe que estou sem vontade de vê-lo – retorquiu – ESTUPEFAÇA!


   Ela desaparatou, apareceu atrás dele.


   - EXPELLIARMUS! – investiu a bruxa.


   Sua varinha voou.


   - Desgraçada – disse dando passos para trás.


   - Não seja mal perdedor Potter, vamos brincar um pouquinho... – ela sorriu – CRUCIO.


   Dor, mais dor... ossos quebrando... cabeça rachando... olhos girando sem parar... estava doendo tanto que não conseguia gritar...


   - Maldito Potter! – ela disse.


   Se sentiu jogado para longe, sua face se chocou contra o chão... estava tão morto que nem tinha doído tanto.


   - SPHINX! – bradou a bruxa, feitiço estranho...


   Soltou um urro de dor apertando o lugar onde umas pequenas flechas mágicas penetrara em sua carne, gemeu. Bellatriz riu, se aproximando.


   - Eles estão vindo, acabou Potter!


   Largou as flechas e deixou os braços guiarem a mão batendo fortemente contra o chão. Sentiu algo na sua mão... um fio de esperança... virou-se, a olhou, viu a bruxa parar de sorrir, estendeu a mão com sua varinha novamente e com toda raiva gritou:


   - RICTUS!


   Bellatriz desaparatou, ele pode ver toda a extensão do que fizera. Podia escutar o tremor no chão, um rasgo na parede atingiu a tubulação de água, do buraco à água começou a sair molhando todo o chão e os comensais inconscientes. Ele olhou abobalhado para a própria varinha, se ergueu, ainda alerta.


  Alguns sons de aparatação foram suficientes para ele apontar a varinha até reconhecer os rostos, um deles particularmente querido.


   - Harry! – ela correu para ele.


   Morgan Wilson parecia muito bem.


   -Por quê demoraram, onde estavam? – ele perguntou tentando sorrir.


   Mas os outros não estavam sorrindo.


   -Vamos – disse Kingsley – aqui não é seguro.


   Foi Morgan que o amparou, a última coisa que sentiu foi algo quente queimar seu ombro.


  


    Acordou, ainda era noite, não sabia onde estava. Virou-se para se levantar e acabou cambaleando e caindo no chão. Ficou caído ali por um tempo, se virou, apoiou-se no estrado da cama, ergueu-se.


   - Isso foi muito imprudente. – disse Morgan da porta.


   Sentou com as pernas tremendo, impossível ficar de pé, olhando a figura inerte de Narcisa sobre uma outra cama perto da dele. Sabia que ela precisava de cuidados urgentes...


   Fawkes apareceu no quarto, se aninhou no colo de Narcisa ainda adormecida, olhos fixos em Harry.


   - Ela está morrendo – Morgan comentou tristemente – tentamos todo o tipo de poção, magia... mas o máximo que conseguimos foi isso que você esta vendo.


   - Fawkes vai ajudá-la.


   Lhe ajudará...


   - Harry Potter – suspirou Narcisa.


   - Hã?


   - Harry Potter... por favor... venha aqui... preciso de ajuda.


   Ajudar pode ser um trabalho difícil quando ambos estão quebrados, se levantou com a ajuda de Morgan, olhando fixamente a mulher que estava morrendo a sua frente, lábios já azuis. Mal chegou perto da cama dela e o braço de Narcisa segurou o pulso dele, foi como se Harry tivesse saído de seu corpo, começou a ter uma visão.


  “Não é uma escolha entenda... Escórpio sabe de tudo”.


  “Ele roubou a pedra da ressurreição do Bartok!”.


  “Trago-o até mim, e traga Draco também”.


  “Tem certeza, Lucio?”.


   “Já tomei minha decisão”.


   “Mas eles podem desconfiar...”.


   “O Edgar vai deixar, e o Lord das trevas vai ficar satisfeito em ver que acabei com certos traidores, quero Narcisa também! Vou matar todos, torturá-los antes se possível”.


   “Bartok se encarregará de Escórpio, vai pegar Zacharias Smith também, professor de Hogwarts”.


   “Você vai fazer isso? Mesmo? Pra quê?”.


   “Porque eu quero há honra que pague uma vida”.


   “Draco será pego saindo do Ministério”.


   “Daremos um jeito na Narcisa não se preocupe”.


    Mais uma onda de luz, novas vozes...


   “ISSO! LEVA ele embora Lucio! VOCÊ não se importa com ele! Não o vê! Não o ama!”.


   “Vou voltar... querida, estou como espião...”.


   “Você cuida dele pra mim? Do nosso filho?”.


   “Vou cuidar muito bem dele...”.


   “Mate Draco e Narcisa”


   “E o menino?”.


   “Deixe-o ter uma morte lenta e dolorosa, leve-o daqui e atire ele bem fundo na floresta proibida daquela escola maldita, ele não vai escapar de lá, os centauros farão o resto”.


   Gosto amargo de entender o que ocorria. Memória nova, recente, perfume de bode expiatório nas costas dela. Quantos pagam por serem diferentes, Draco fora condenado assim como a família Malfoy toda, por Lucio...


  - Harry Potter – ela abriu os olhos frios – então você sabe a verdade.


  - Você é burra, por que voltou a confiar no Lucio? – disse se afastando um pouco.


  - Acha que eu não devia? – ela agarrou-o pela calça – você não daria ouvido a pessoa que você amou a vida toda?


   - Não sei – disse evasivo.


   - Mas se você estive no meu lugar, você confiaria?


   - Talvez. – disse desanimado – não estou no seu lugar para te dar conselhos.


   - Você salvou Draco... – ela sorriu – salve meu neto também... você sabe onde ele está...


   - Desde quando...


   - Desde ontem, sozinho naquela floresta...


   Fechou os olhos, suspirou, ainda na tênue linha entre a vida e a morte, tênue.


   - Está com aquela pedra? – ela perguntou.


   Harry confirmou com a cabeça.


   - Parece que é muito importante, foi por isso que queriam matar meu neto Escórpio... parece que ele roubou de um espião deles da... escola – ela fechou os olhos de novo – salve-o... não deixe eles vencerem... confio em você... Harry Potter...


   Estendeu a mão para ele sorrindo, Harry a segurou pensativo, sentiu pena daquela mulher, soltando o último suspiro da vida bem a sua frente.

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