Morgan Wilson




   Nem haviam almoçado, bem dois chás seguidos e ninguém sentia fome, o pior era a cara revoltada de Hermione que bufava sem parar reclamando que a ida em Salem parecia ter sido inútil e que ele devia ter contado que conseguia usar Akasha.

   Mas ele estava pensando em Alberto, sentiu algo estranho quando falou com aquele homem na prisão, parecia que estava sofrendo sozinho, que tinha sido condenado injustamente. Hermione depois de reclamar muito, mandara uma carta para Rony avisando-o para aparecer no Três vassouras às oito horas.


   Apesar do tempo estar muito corrido, quando Gina chegou em casa por volta das duas horas da tarde, com uma coruja enorme no braço, foi que as coisas pareciam ter ficado malucas de vez.

   - Não sei porque não me mandam correspondências pelo correio matinal do ministério! – disse ela quando entrou na cozinha – já voltaram! – exclamou quando viu os dois sentados na mesa.


   - A Morgan foi até rápida – contou Hermione num ar inquieto.


   - E como foi? – perguntou Gina virando-se para pegar o que a coruja trazia.

   Eles olharam ela pegar o grande envelope pardo e abrir, ela virou e deixou cair uma série de papéis no colo, pegou um que tinha GINA escrito bem grande e começou a ler, começou a engasgar de rir.

   - RONY! JORGE! Onde estão eles quando...

   - O que foi? – Hermione arregalou os olhos.

    CRACK


    Pelo jeito a coisa era em família, porque assim que eles apareceram, eles caíram na gargalhada. Os dois estavam segurando um bilhete igualzinho de Gina.

   - Poxa dá pra dividir a piada conosco? – disse Harry enfezado.

   - Mas você é parte da piada – disse Jorge.

   Um mau pressentimento. Rony começou a ler: Oi Rony. (OOOOIIIII CARLINHOS! – coro de Gina e Jorge).


  


    Bem esse pequeno malote é pra você distribuir no lugar da gente para as pessoas certas aí no ministério, por motivos óbvios estamos sendo discretos na organização do evento... Papai e mamãe estão tendo ataques de stress por causa da nossa decisão, mas vamos fazer mesmo assim, está na hora, bem, eu e Maya vamos nos casar...


(- Maya, quem é Maya?).


(- É a namorada do Carlinhos)


 ...mas mamãe disse que uns amigo seu, Simas e Lilá também estavam fazendo planos nesse sentido, e vamos fazer juntos o casamento...

(Aqui todo mundo riu...)

...tivemos uma pequena discussão por causa dos padrinhos... as garotas insistem que o Harry seja um deles... convença ele por nós...

(Ah... não... PADRINHO! – coro Rony e Jorge)

...não vai ser uma festa muito grande... umas trezentas pessoas no máximo...

(não coisa pouca... PADRINHO! CALEM A BOCA!)

Os outros nomes estão aí... CONVENÇA O HARRY, ou a Maya disse que vai fugir... e a Lilá também...

(PADRINHO! – Silencio.).


    - Até que enfim eles calaram a boca – disse Hermione destampando os ouvidos por causa dos coros.

    - Nem morto – disse Harry que sabia estar vermelho por causa da gritaria dos Weasley – de casamento? Não!

   - Mas as noivas insistem – disse Gina – pedido de noiva Harry.

   - Nem morto – repetiu.

   - Bom você tem muito tempo pra pensar – disse Rony – o casamento não tem data definida ainda, eles só estão organizando.

   - Nem morto.


   - Isso ta ficando repetitivo Harry – disse Hermione


   - É de se impressionar, Carlinhos casando! – disse Jorge quase dando pulinhos.


   - E a Lilá! – emendou Hermione satisfeita.


   - Não... não – continuava Harry.


   - Jorge, vamos voltar ao nosso posto antes que o Ted surte, a noticia já está dada – disse Rony – nos vemos de noite.


   CRACK


   Os dois sumiram. Hermione cruzou os braços, pareceu irritada com o marido por ele sequer ter dado um beijo nela. “O que essas duas tresloucadas estão pensando pra me colocar como padrinho...” pensava ele... sou padrinho do Ted, mas ser padrinho de casamento, eu nem tenho cara de padrinho...... que doideira, Simas e Carlinhos casando...


  


   Hogsmeade, não tem a menor graça... não nessas situações criticas, lá era um lugar para se divertir, não para discutir assuntos sérios. Mas ele tinha que ir, para encontrar Morgan e obter algumas respostas. Acabou concordando com Gina em ir um pouco mais cedo para lá, para fazerem outra coisas antes de se encontrarem no três vassouras, até porque queria animar Hermione que parecia muito magoada com alguma coisa, talvez fosse por ele não ter lhe contado sobre seu dom Akasha, ele não gostava dele, era na verdade um incômodo, mas ela andava muito sensível ultimamente, e era uma questão de respeito com os sentimentos dela, mesmo os dele estando perfeitos com Gina.


    Iam ver as roupas do casamento “Eu confirmei que você vai ser o padrinho... então compra algo decente...” disse Gina, ele quase se enfiou no primeiro barril de torrão de barata que encontrou, mas ela confirmou que havia escrito dizendo que ele aceitara. Entraram na loja de roupas, e pela primeira vez teve a visão de que Hermione e Gina eram mulheres normais.

   - Verde – disse Mione.


   - Vermelho – repetiu Gina.

   E elas repetiram aquilo por bem uns sete minutos. Ele estava morto de tédio depois de dez minutos, mesmo olhando vestes a rigor para o casamento, a vendedora ainda dando palpite.

   - Em casamento só se usa preto ou azul... 

   Não que ele se importasse, roxo, amarelo com listras verdes, tinha que admitir estava idiotamente preocupado com o que Morgan falaria no três vassouras, será que o Alberto vai ta lá também?

   Ficou olhando as duas experimentando vestidos por um tempão, começou a vagar em seus pensamentos até sentir alguém lhe dar um cutucão.

   - Harry! Seu número? – perguntou Hermione.

   - Harry... Harry POTTER? – a vendedora deixou cair às roupas.

   - Você é meio lerda né não? – disse Gina que se aproximava.

   A vendedora tentou se conter, mas meia loja tinha a escutado falar.

   - Vou até o três vassouras... encontro vocês lá – disse saindo aborrecido enquanto os outros se organizavam para pagar as compras o olhando meio preocupados.

   As ruas de Hogsmeade um dia tinham parecido tão bonitas, agora eram só ruas, ele até pensou em ir até os três vassouras mas andava devagar, pensou em ir na Zonkos’s, mas desistiu, apressou o passo e entrou devagar no três vassouras, ia passando pela porta quando a voz conhecida lhe trouxe o primeiro sorriso.

   - Viva! Olhe quem vai nos acompanhar Hagrid – disse Morgan com a voz mais baixa e mais cansada que naquela manhã.

   Ela e Hagrid estavam de pé no balcão falando com Rosmerta, quando ia pegar uma cerveja Morgan pegou mais uma caneca de Quentão e lhe piscou o olho, ele sorriu e balançou a cabeça.

   Sentou-se na mesma mesa em que no terceiro ano ouvira falarem sobre Sirius, mal ainda por cima, Hagrid sentou-se a sua frente tapando a visão da porta, houve um reboar no céu.

   - Vai chover – escutou alguém comentar na mesa ao lado.

   - Bem eu disse que ele ia aparecer hoje – disse Morgan animada com sua jarra de quentão.

  - Eu ia é? – falou Harry.

  - Bom eu falei... que você vinha as oito horas para conversar comigo... mas pelo jeito chegou antes – ela sorriu.

  - Parece que vamos ter uma noite animada aqui enfim – comentou Hagrid – você, Rony, Hermione, Gina.


   Harry sorriu para o gigante, depois olhou para a mulher em sua frente que estava virando a jarra de quentão na boca.

   - Morgan você ta bem? – perguntou.

   - Eu estou sim – ela sorriu abatida. – não é pior do que o Lupin passava.


   - Conheceu Lupin?


   - Estudei junto... sua mãe... seu pai...


   Começou a reparar mais na mulher, estava diferente, não estava igual quando ela aparatou da cozinha dele, estava machucada, havia uns cortes em suas vestes, os braços pareciam que tinham sangrado há pouco tempo...

   - O que... – ele queria saber, sua curiosidade foi crescendo quando via aqueles cortes, mas entendia que ela não devia querer falar sobre aquilo.

   - O que foi, parece inquieto querido? – ela riu.

   - Ah... bem... assustado em te ver machucada, o que houve?

   - Muito azar, uns imprevistos de ultima hora, mas antes de minha interminável preleção sobre minha missão azarada, vamos beber, porque o Hagrid ta ganhando a dianteira – ela deu um olhar para o outro que entornava a jarra.

    Brindaram e ele bebeu o quentão com eles, quente mesmo, fervendo após o segundo gole, ele sentiu todo o corpo aquecer, e ouviu o vento nas janelas.

   - Isso é sempre bom – Morgan estalou os lábios o olhando – você está incrivelmente pensativo hoje.

   - Isso é mais comum do que você pensa – ele respondeu.

   Ela riu. Hagrid parecia ocupado demais bebendo.

   - Então?

   - Então quê?

   - Morgan...

   - Está bem, está bem, eu e Marsden aparatamos de volta para Salem, Alberto contou que ele tem um dos treze objetos do lago... bem... ele disse que enterrou no meio daquele monte de gelo antes de ser condenado, eu estava me livrando de certas coisas, como criaturas potencialmente perigosas...ajudando na procura – ela sorriu para ele – então tive uma crise, de dor, muita dor, no meu braço, apesar de mais forte que de costume – Harry não estava entendendo – bem alguma coisa me chamava, eu tinha que ir...


   - Ir? – perguntou ele.


   - A dor no braço é uma ligação entre nós – disse ela – entre mim, e a coisa que... bem... está em Roma.


   - Roma? O que está em Roma, Morgan?


   - Isso não vem ao caso Harry, é assunto meu – disse ela.


   Assunto seu é? Deve ter alguma coisa muito boa lá, e o Edgar provavelmente sabe disso.


 


“Falou também sobre uma repentina aparição de comensais da morte em Roma, na Itália. Pelo que parecia, Edgar não estava só atrás apenas dos artefatos antigos de Merlim.


   - Posso não ter plena certeza, mas creio que tem muito a ver com... – Morgan olhou parou chão e não completou a frase, pareceu perder as palavras.


   - Morgan não diga bobagens, eles nunca iriam procurá-la – disse Marsden dando tapinhas das costas da bruxa – ainda mais em Roma!


   - É difícil não imaginar – disse ela meio rouca.”.



   É, talvez seja isso que os comensais querem, isso que Morgan está falando, da coisa.


  - Mas por que isso acontece, a dor no braço? – perguntou ansioso, se arrependeu ao ver a cara dela – desculpe, isso não é da minha conta.

   - Eu não tenho problema com isso Harry – mas ela olhou pela janela as gotas grossas de chuva martelando o vidro – é uma maldição mal rogada... é isso que acontece comigo, meu pai me amaldiçoou...

   - Seu pai?

   - Bem, eu tenho que dar uma passada no cabeça de javali – disse Hagrid se levantando – até depois...

   E saiu, Harry sabia que pela cara que fez, Hagrid não gostava da história, que com certeza conhecia.

   - Acho que ta na hora de eu contar um pouquinho da minha vida para você... – ela bebeu mais um gole – mas não é uma história bonita.
   Harry bebeu um pouquinho mais.

   “Acho que tudo mudou quando eu me formei como aurora, um ano depois de seu pai, eu era a melhor da turma... os instrutores nunca cansavam de me elogiar... mas havia um sério problema, meu pai..., minha família era idiotamente chegada a essa história de puro-sangue... minha mãe era uma boa mulher, mas muito tímida, nunca erguia a voz, incapaz de murmurar qualquer coisa contra meu pai, ele vivia a implicar com minha decisão... eu nem imaginava o motivo... no dia em que voltei para casa, após minha primeira missão, eu estava muito contente, minha irmã mais nova tinha me acompanhado, ela não era aurora é claro... bem, nós aurores prendemos alguns comensais, eu queria comemorar fui para casa, família sabe?... encontrei a casa revirada... meu pai havia se enfurecido, quase matou minha mãe... eu não sabia, mas ele era um comensal...”.

   Harry quase se engasgou, olhou-a, mas ela mirava o conteúdo da caneca.

   “Minha irmã fugiu, levando minha mãe, eu fiquei para tentar controlar meu pai, não queria lutar, era meu pai... meu pai... ele contou havia matado muita gente, muitas famílias, tudo por ordem do Lord das Trevas, então não tive escolha... lutei... por horas... no final estávamos acabados e ele... estava morrendo por minhas mãos... seu último suspiro foi para me amaldiçoar... idiota... ele não teve força para terminar a maldição... morreu... fiquei com essa cicatriz no braço, é algo que me liga com minha irmã mais nova... bem... tentei encontrar ela e minha mãe, mas era tarde, encontrei o corpo de minha mãe dois meses depois jogada num rio... foi algo chocante... eu amava ela de verdade... muito. Eu não acreditava em mais ninguém, nem na Ordem, nem em Dumbledore... por isso me afastei de tudo... carregava muita raiva no coração, ter perdido a família assim... pensei que minha irmã também estivesse morta.

   - Morgan... – ele sentiu muita tristeza vindo dela.

   Ela olhou com os olhos brilhando, sorriu com tristeza.

   “Então... um dia... me vi cara a cara com Voldemort... e consegui sobreviver... graças a Dumbledore e a Ordem... foi sua mãe que me auxiliou, eu estava à beira da insanidade... pior que um comensal, não conseguia parar de matar... via meu pai em todas as máscaras... lembrava da minha irmã... minha mãe... foi uma época negra, eu descobri que... ah Harry... eu também descobri que Severo era um comensal...”.

   - O Snape?

   Ela sorriu.

   “Eu era a melhor amiga de sua mãe, e Severo sempre pedia meu auxilio para... conquistar o coração dela... éramos bons amigos... ele a amava Harry... foi mesmo uma era negra... então um dia, alguém meu deu uma informação valiosa, falou onde estava minha irmã... que ela estava viva... e onde ela estava escondida... parecia que estava em Roma, nunca soube quem foi me passou essa informação... foi num verão... fui para lá junto com uns aurores, a pessoa que havia me dado à informação tinha tido que havia comensais da morte numa casa, e que nessa casa minha irmã estava aprisionada... entramos na casa dos comensais então, mas não havia nenhum lá... tinha apenas... crianças de uns quinze anos... então eles apareceram... os comensais vieram dos fundos, não sabíamos o que eles estavam fazendo ali tão longe, na Itália, mas e eu não pude evitar, nunca vi tanto sangue em tão pouco tempo, naquela salinha, foram feitiços pra todo o lado, pessoas sendo mortas... não sobrou ninguém... até as pequenas crianças morreram... senti pena, não queria matar elas, mas eram vinte comensais... e nós aurores éramos só cinco...eu ainda tenho pesadelos sabe...”.


   - Morgan...isso...

   Ela deixou uma lágrima correr, limpou nervosamente, sorriu

   “ Foi então que decidimos sair procurando minha irmã, mas não tivemos tempo nem de sair daquela salinha... ela estava ali, estava escondida, tinha visto todo o massacre... ela estava adulta, muito diferente da ultima vez que eu a tinha  visto, fiquei feliz em vê-la... mas ela não parecia nada feliz... parecia estar chocada... eu não entendia... ela estava furiosa e eu sentia isso no meu braço... até aquele dia eu nunca tinha descoberto o motivo das dores na minha cicatriz... foi ali que vi que quando ela ficava furiosa eu sentia dor... ela estava com muita raiva... minha irmã não é o tipo de pessoa que se brinca... era tem um dom, o akasha também, e dominou ele quando estava na escola, dominou muito mais rápido do que eu... ela era muito forte e perigosa... se quer saber eu acho que ela é tão talentosa quando Dumbledore foi... é incrível... foi então que ela matou pela primeira vez, atacou um de nós com magia das trevas... matou na hora... tentamos conte-la mas ela não parou, matou mais, matou todos, de tão furiosa, não sobrou muito deles, ela os fez em pedaço... senti medo... estava com mais medo de estar frente a frente com ela, do que quando fiquei frente a frente com Voldemort... ela me atacou... eu era a melhor aurora do Inglaterra... estava sendo eleita para participar da Ordem de merlim primeira classe... lutei bravamente, mas sempre tentando não feri-la, era minha irmã... mas ela não me deu chance... seus talentos que vinham se desenvolvendo desde que ela era criança foram comprovados... fiquei arrebentada, eu ia morrer... estava ofegante, sangrando muito, tentei lançar um ultimo feitiço pra imobilizá-la, mas sem sucesso... ela se aproximou, ia me matar... disse que eu não devia ter matado as crianças... que eram amigas dela... percebi então que foi uma emboscada... tentei falar... mas o máximo que emiti foi o som...comensais... foi então que ela percebeu quem era... que era eu... arregalou os olhos pra mim... me analisou de ponta a ponta...  apesar de tudo acho que ela não estava pronta para me matar... não eu... a irmã dela... ela correu, fugiu da casa... e eu fiquei lá... desmaiei.”.


   Ela riu, bebeu.

   - Estou assustando você?

   O que ele podia dizer estava chocado, os relâmpagos pareciam ser apenas a dor dela se manifestando no céu, que chorava ruidosamente as lágrimas que ela não chorava, a vida dele era um mar de rosas comparado ao que ela acabara de contar...

   “Depois que me recuperei, entrei em crise de novo, estava furiosa com o lord, parecia que ele tinha armado uma emboscada para que eu e minha irmã se matássemos... mas ele fracassou... fui atrás de Voldemort, fui aonde eu imaginava poder encontrá-lo... lá coisas aconteceram... Dumbledore me salvou de novo, o que me levaram mais perto dele... ele sim tentou algo por mim... me ensinou a controlar as crises, isso acontece quando me enfureço... é quando uma loucura assassina toma conta de mim... começo a lembrar da minha vida e a matar tudo e a todos... é a marca da minha insanidade... então para não ferir ninguém com minhas crises me afastei... fiquei só trabalhando na ordem, nada de lutas com varinhas...”.

   - Morgan... isso é...  – ele começou e se calou.

   “E hoje minha cicatriz doeu... mal sinal... minha irmã... fui atrás dela... a encontrei... sim... sabia que o Edgar queria ela... não teria outro motivo para mandar comensais da morte em Roma... ele sabe que ela é incrível... afinal... ele era da ordem conhece toda minha historia... fazer uma aliança com minha irmã seria algo muito grave... me tiraria da jogada... ele sabe que neste momento sou a única que pode detê-lo, que eu sei muito bem o que ele pensa, ninguém o conhece melhor do que eu... já arruinei uns planos dele”.


   - Ele quer se aliar com sua irmã pra você...


   “Ele quer... mas não conseguiu... quase matei os comensais... minha irmã não deu ouvido pra eles... muita sorte, por isso estou assim... acabada do jeito que você está vendo, tive uma tarde muito chata”.


   - E onde ela está?


   - Por ai, minha irmã não tem moradia, ela sempre está andando e se mudando, não sei o que ela pensa, mas é bom saber que tenho um meio de achar ela – Morgan indicou a cicatriz – com o tempo aprendi a entrar na mente dela através disso... posso localizá-la, mas normalmente só faço isso quando ela está com raiva.


   - É mais ou menos a mesma ligação que eu tinha com Voldemort – comentou.


   Ela sorriu. 

   - Obrigado por escutar Harry... sinto muito por você saber disso, você já tem problemas suficientes... com a Edgar e sua família... admiro muito você, teve muita coragem em encarar aquela profecia quando era novo.

   Ele arregalou os olhos, ela sabia?

   - Como...

   - Sua mãe... um dia... ela me contou o motivo de vocês e dos Longbotton serem mais protegidos... ela precisava desabafar... estava com medo... era uma mulher forte sua mãe... creio que nós duas nos entendíamos bem. Dumbledore contou aos pais, só a eles e mais ninguém... para que se protegessem, isso sim é um peso terrível... imagino.


   Ambos ficaram em silêncio, escutando a tempestade desabando lá fora, fustigando a fachada do três vassouras, mal percebeu que haviam acabado de beber, apenas que de repente o som pareceu voltar a ser ouvido e algumas pessoas entravam, eles olharam para a porta... Morgan riu.

   - Os outros chegaram enfim, estão só um pouquinho molhados...

   Harry riu também, molhados era elogio, Gina, Hermione e Rony (provavelmente encontrou elas no caminho), entraram tiritando de frio e molhados até os ossos, se aproximaram enquanto Gina secava as roupas de Hermione e essa tentava secar as de Rony que segurava umas sacolas. 

   - Uhevo – disse Morgan meneando a varinha.

   Os três estavam secos.

   - Poxa obrigado – disse Rony.

   - Quer agradecer? – ela sorriu – peça mais disso pra mim no balcão, uma jarra e várias canecas.

   - Pra que isso... – começou Hermione.

   - Isso é uma comemoração antecipada pela futura derrota dos planos de Edgar, a menos que você não concorde comigo senhorita Weasley.

   Hermione corou, eles riram, incrível como a tempestade parecia estar esfriando o clima, eles se chegaram agradecendo que alguém tivesse acendido as lareiras. Era cedo ainda, ficaram ali conversando, estavam esperando Marsden e Alberto, de repente surgiu Neville ainda mais molhado que os três outros estavam, Morgan e Harry trocaram um olhar, ela reparou que Neville era um conhecido deles e o convidou a sentar e beber. O local estava cada vez mais cheio, todo mundo tentando se secar e se aquecer.


   - Afinal, onde está o Marsden? – perguntou Rony que já virava sua quinta caneca.


   - Provavelmente armando alguma pra tentar esconder o Alberto – disse Morgan – ele não devia estar fora da prisão.


   Beberam.


   - Marcamos as oito não é – disse Harry olhando seu relógio – ainda faltam dez minutos.


   - Do que estão falando – perguntou Neville que estava de passagem por Hogsmeade para comprar antídotos para as plantas das estufas.


   - Assuntos da ordem da fênix, te explicamos melhor quando pudermos – murmurou Harry bem baixo – é segredo absoluto ouviu?


   - O.k


   - Impressão minha ou ta esfriando? – disse Gina.

   Harry também percebeu, algo ruim, frio, trocou olhares com os amigos e Morgan.

   - É estranho chover e esfriar assim nessa época do ano – disse Neville.


    Todas as janelas do três vassouras estavam embaçadas, Harry viu a jarra de quentão, então com uma certeza que odiou, sabia o que estava acontecendo, apenas apontou a jarra.

   - Morgan...olhe isso – passou o dedo a jarra de quentão parecia ter uma camada de gelo.

   - Que merda! – ela se levantou meio tonta.

   - Que foi? – perguntou Hermione ao vê-lo levantar também.

   - Dementadores – disseram Morgan e Harry ao mesmo tempo.

   - Rosmerta! – berrou Morgan – feche tudo! 

   - TODOS QUE SABEM FAZER UM PATRONO, PRECISO DE AJUDA – Harry começou a gritar.

   Lá fora dava para ver pessoas correndo, o som de gritos começou a ser ouvido, os amigos pareciam paralisados, alguns alunos de Hogwarts que estavam ali se levantaram.

   - Precisamos ajeitar o lugar – disse Morgan.

   - Vamos fechar as janelas lá de cima – ele disse com a varinha em punho.

   - Você não está pensando em...? – Rony disse puxando a varinha incrédulo.

   - Vamos enfrentá-los sim, se for necessário – disse ele disse subindo as escadas – ajude o pessoal a bloquear as portas e janelas.

   Mais berros, pessoas entrando brancas, gritando sobre os Dementadores, então tudo ficou muito silencioso e gelado, eles e mais alguns tentaram subir e fechar as janelas do segundo andar estavam indo bem até os vultos negros aparecerem do outro lado do vidro, impressão dele ou estando fora do controle do ministério, eles pareciam piores?

   - EXPECTO PATRONUM! – bradou ele e Morgan quando o primeiro Dementador passou por uma janela aberta. 

   - Saiam logo daqui! 

   Ele empurrou Neville para o andar inferior onde outros alunos da escola mais velhos tentavam clamar por seus Patronos para evitar que os Dementadores entrassem pelas janelas cerradas, haviam gritos assustados, mas o pior era ali, onde ele e Morgan estavam, parecia nevar, pois a chuva que entrava pela janela aberta congelava ao redor deles, vários Dementadores tentavam entrar, mas não podiam passar pelo Patrono de Harry, nem pelo veloz Patrono de Morgan, ambos sentiam as mãos congelarem ao manter as varinhas erguidas, os óculos dele começaram a embaçar.

   - Harry recue – disse Morgan quando já eram vários os Dementadores.

   - Não – ele disse firme.

   - Temos que recuar... nós dois não vamos dar conta...

   - Não podemos recuar Morgan.

   Estavam enregelados, ela deu um passo a frente, o pequeno Patrono dela parecendo um neon prateado, para cada Dementador expulso, mais três entravam pelas janelas que cediam a pressão rachadas pelo gelo.

   - EXPECTO PATRONUM! – Harry escutou as costas.

   Um leão, um cão e um falcão prateados passaram por eles ajudando a afastar os dementadores, ao seu lado se postou Marsden, para o alivio dele, e Rony, ao lado de Morgan se postou Neville.

   - Que tal Morgan? – disse Marsden.

   - Digamos, que fico te devendo essa – ela falou séria.

   - Vou cobrar – disse o homem sorrindo.

   Harry se deu ao luxo de olhar para trás, para baixo, alguns bruxos adultos conseguiam manter seus patronos, chegou a ver dois garanhões trotando por ali, juntamente com um cisne e uma lontra, havia outros e a coisa lá embaixo estava mais controlada, em cima não.

   O sorriso da Marsden não se manteve por muito tempo, eles resistiam, mas estavam cansando, Harry nunca imaginou quanto tempo podia durar um Patrono nem que podiam existir tantos Dementadores, Marsden foi o primeiro a cambalear, olhos cheios d'agua.

   - Vai pra trás! – disse Morgan disse séria – você não está acostumado!

   - Não se preocupe comigo...

   Mas o bruxo desmaiou, viu Neville dar um passo para trás antes de desabar, Harry começou a escutar ao longe os gritos tão familiares.

   - Recuem! – falou Morgan.

   - Não – falaram Harry e Rony.

   Cão, Veado e Colibri de Morgan se mantinham embora fracos, até um som alto atrás deles anunciar um novo patrono, este novo e gigantesco, tinha forma de um águia e cortou o ar se chocando com os dementadores.


   - Marsden não me deu varinha – disse o bruxo dono do patrono – mas achei uma ali no chão.


   - Obrigado – disse Harry ofegante – quem...


   - É bom te ver de novo Potter, Alberto, estou em um outro corpo, me disfarçar sabe.


   Os três olharam agradecidos pela ajuda do bruxo, foi então que duas enormes formas prateadas, que antes de alcançá-los já os cobriam com suas luzes claras, um grande gato e um lobo passaram por eles, ao lado de Morgan apareceu a profa Minerva, olhando para Marsden no chão, e Ted, que falou sério.

   - O ministério já esta aqui!

   - Finalmente! – disse Morgan.

   Eles puderam relaxar, os Dementadores batiam em retirada, Harry, Rony e Morgan sentaram no chão exauridos, ela os olhou, abriu um sorriso, então puxou um coro de risadas nervosas.

   - Boa – ela olhou para Alberto – faz tempo que não me divirto assim.

    Alberto puxou Marsden, enquanto Morgan e Minerva puxaram Neville para um dos sofás do segundo andar, a luz do sol começou a entrar pela janela.

   - Vocês estão bem! – Hermione apareceu para abraçá-los.

   - Como estão todos embaixo? – perguntou Rony tentando achar os irmãos.

   - Bem... depois que Gina e Jorge conjuraram aqueles cavalos... ficamos bem. – disse a esposa se atirando nos braços dele.

   - Ah, foram eles... – disse Harry.

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