O novo Ministro




   O novo lugar era enorme, lembrava um tanto a sala que ele tinha acabado de sair. As paredes eram brancas de cegar os olhos, a sala fazia um formato oval, o teto era tão alto que não se dava para ver o fim dele, provavelmente devia ser encantado. Fazendo um circulo na sala, havia uma arquibancada onde tinha vários bruxos e bruxas de vestes vermelhas e azuis escrevendo sem parar em pergaminhos. O chão era de mármore igual ao do hall de entrada, só que nesse havia um grande desenho de um dragão com asas abertas, do oposto de onde ele estava, havia uma falha na arquibancada onde havia apenas um trono alto com um bruxo sentado nele, um bruxo que ele passou a odiar assim que conheceu, Glover Wildsmith.


   - Harry eu quero que escute com atenção – Morgan se virou para ele e começou a falar baixo – vai dar tudo certo não se preocupe, esses bruxos da corte são tudo uns velhos que não estão nem ai com as coisas – ela olhou para os lados – quero que você beba uma coisa antes de começarmos...


   - O que? – deixou escapar ele.


   - Bem... na verdade é proibido, mas ninguém vai notar, já que nenhum bruxo aqui está com varinha, e sem elas eles não podem conjurar nada... e também todos passaram por aquele corredor la trás, ele é um corredor para identificar poções e objetos estranhos, mas eu consegui trazer uma poção...


   - Você contrabandeou uma poção aqui pra dentro...


   - Não é claro, as magias no corredor são muito fortes, até mesmo para mim... só que eu posso conjurar a poção pra cá, você passou pelo corredor, não vão desconfiar de nada.


   - Como você vai fazer isso se você não tem varinha?


   - Não preciso de varinha para fazer magia – disse ela fazendo um movimento com a mão e fazendo aparecer um frasco de uma poção dourada – poção Felix Felicis, para dar sorte – ela se aproximou bem dele, bem demais...


   - Tem certeza que vai dar certo? – perguntou agora que estava tão perto do rosto de Morgan que podia sentir a respiração dela.


   - A Felix felicis vai te ajudar – disse ela suavemente em seu ouvido e ele sentiu um arrepio estranho – se não der certo... – ela afastou-se dele e o encarou nos olhos.


   Harry nunca tinha reparado que Morgan tinha os olhos de cor violeta, apesar de não ser tão jovem... era tão... bonita, aquela pele branca macia, de feições delicadas, aquele cabelo vermelho... ela lembrava Gina...


   - Se não der certo conversamos depois – disse a mulher firmemente dando-lhe um sorriso – beba isso antes que alguém veja.


   - O.k


   Ele virou o pequeno liquido para dentro da boca na esperança que ninguém o visse, então começou a sentir aquela sensação de euforia em que tudo era possível, uma sensação de que ele poderia fazer qualquer coisa, qualquer coisa no mundo, se livrar de ser condenado nessa audiência era uma moleza em seu pensamento.


   - HEM HEM – resmungou Glover ao fundo.


   - Harry, por favor, para o banco ali no meio agora, antes que ele perceba algo – Morgan sussurrou em seu ouvido indicando uma coisa que parecia uma poltrona bem no centro do lugar.


   Seu olhar encontrou o dela suplicando para não deixar ele só naquele momento, ela deu um empurrão em suas costas e ele começou a caminhar para o meio do salão. Nenhum bruxo que estava em volta pareceu notar ele caminhando ali, continuavam a escrever mais e mais nos pergaminhos.


   Morgan caminhou para uma escada ao lado e subiu para se juntar ao resto dos bruxos. Quando Harry se sentou na poltrona e colocou seus braços apoiados nela, duas algemas envolveram seu pulso e duas envolveram seu tornozelo.


  - Que coisa é essa? – perguntou tentando se soltar.


   Agora todos os olhares do salão se voltaram para ele, olhares de superioridade, inclusive Glover. Ele encarou o homem, não ia deixar se intimidar por ele estava confiante.


   - Muito bem – disse Glover – o acusado tendo finalmente chegado, podemos começar, os senhores estão prontos? – perguntou aos demais bruxos.


   - Estamos, sim senhor – respondeu uma voz ansiosa que Harry reconhecia. Era de Matthew Marsden, ele estava sentando quase ao lado de Glover.


   Harry olhou para Marsden, esperando algum sinal de ajuda, ou de alguma coisa que ele devia dizer antes, mas não recebeu nenhum.


   - Audiência Criminaria do dia vinte e cinco de janeiro – anunciou Glover com voz ressoante – para apurar violações de ajuda para a fuga de prisioneiros em Azkaban, incluindo Edgar Teobot o mais perigoso de todos no presente momento, cometidas por Harry Tiago Potter, residente na rua Oxford Street, número cento e sete, Londres, Grande Londres.


   “Inquiridores: Glover Mordred Wildsmith, líder da suprema corte dos bruxos e chefe da Ordem de Merlim, primeira classe, Matthew Uther Marsden, chefe do Departamento das Leis da Magia e membro honorário do Conselho da Ordem de Merlim, Morgan Willans Wilson, subchefe da Ordem de Merlim, testemunha de defesa, Dedalus Kevin Diggle, Esbrica da corte, La...”.


   - Testemunha de defesa também, Morgan Willans Wilson – interrompeu Morgan se levantando e deixando cair o pergaminho que ela estava escrevendo em cima da mesa.


   Os outros bruxos que estavam no lugar começaram a murmurar uns cons outros, todos os olhares se concentraram agora em Morgan. Alguns pareciam aborrecidos, outros ligeiramente receosos. Harry viu Marsden abafar uma risada, era tudo planejado. A mulher que só tinha subido ali do lado para escrever num pergaminho, agora estava descendo para ficar junto a ele.


   - Mas que palhaçada é essa? – perguntou Glover calando os murmúrios – não estava em nossa ficha...


   - Mas agora está – interrompeu ela – e eu sou uma testemunha.


   - Você não estava com o Potter...


   - Verdade? Você estava lá para saber chefe? – ironizou ela – eu estava lá sim e ajudei Harry a não morrer.


   - O Ministro contou tudo para mim quando...


   - Pedi para ele não revelar minha presença – disse ela – afinal, causaria um alvoroço.


   Harry começou então a sentir o efeito da poção, e algo em sua cabeça começou a dizer que ele devia concordar com tudo que Morgan dissesse, mesmo sendo uma grande mentira.


   - Pensei que a senhora ia fazer parte do conselho – disse Marsden tentando parecer normal.


   - Se enganaram então – ela agora tinha chego bem ao lado de Harry – acusações?


   Antes que alguém pudesse falar algo, a porta de trás se abriu e os dois bruxos grandalhões estavam trazendo Dedalus Diggle.


   - As testemunhas então já estão presentes – começou Glover com um olhar ameaçador a Morgan, a mulher apenas sorria para ele calmamente. Ela era uma pessoa realmente difícil de se intimidar – podemos começar, as acusações são as seguintes:


   “Que ele intencionalmente, deliberadamente e com plena ciência da ilegalidade dos seus atos, entregou não só a um, mas a todos os prisioneiros de Azkaban, uma varinha para causar uma fuga em massa e deixar toda a culpa no Ministério da Magia, no dia quinze de outubro às quinze horas e dezessete minutos, o que constitui uma violação gravíssima ao parágrafo F do Decreto de Restrição À Prática de Magia em prisões, de 1324, e também a seção 13 do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional dos Bruxos”.


   “O Senhor é Harry Tiago Potter, da rua Oxford Street, número cento e sete, Londres, Grande Londres?”, perguntou Glover, lançando a Harry um olhar penetrante por cima do pergaminho.


   - Sim – disse ele confiante.


   - O senhor recebeu o aviso do Ministério que não podia entrar em Azkaban com qualquer tipo de objeto que ajudasse os detentos?


   - Sim senhor.


   - E ainda assim entrou com milhares de varinhas escondidas?


   - Não senhor...


   - Tento a plena consciência que isso poderia causar uma fuga em massa? – continuou ignorando a ultima resposta de Harry.


   - Senhor eu não...


   - Sabendo... – ia começando Glover de novo.


   - Você lutou com Edgar em pessoa sozinho? – interrompeu Marsden vendo que o outro estava indo longe demais.


   - Lutei, claro – disse.


   - Impressionante – disse Marsden tentando intimidar os outros conselheiros.


   Alguns bruxos e bruxas ao redor começaram a murmurar em concordância, outros franziram a testa e sacudiam a cabeça.


   - A questão não é a magnitude em sua coragem em enfrentar um bruxo como tal – lembrou Glover mal humorado – alias, quem é Edgar para o grande Harry Potter, o bruxo que enfrentou o Lord das Trevas quando tinha apenas dezessete anos de idade.


   Os que tinham franzido a testa havia pouco agora murmuravam em concordância com ele.


   - Fiz isso pra impedir a fuga de Azkaban, porque alguém deu uma varinha para eles – disse em voz alta, antes que alguém pudesse interrompê-lo. – e não fui eu, foi Andrew! – a poção Felix o ajudava a lembrar o nome das pessoas também, queria falar mais, mas a poção dizia que era pra ele ficar quieto.


   - Andrew? – exclamou Marsden como se ele não soubesse da historia – que você quer dizer com isso, Andrew é um funcionário indicado pela Ordem.


   - Quero dizer que ele tinha entregado uma varinha pro Edgar antes de eu chegar lá – disse sentindo a energia em seu corpo – e vi ele entregando mais varinhas para os outros prisioneiros que fugiram!


   - Ah – disse Glover olhando os membros da corte a toda à volta com um sorriso antipático – sim, sim... é uma bela história...


   - Não estou entendendo, Andrew? – repetiu Marsden. Morgan ali do lado estava abafando uma risada olhando para Glover.


   - Não está Matthew? – respondeu Glover sorrindo agora – deixe-me explicar. Potter andou pensando que se soltasse os prisioneiros e ele mesmo os capturasse depois, daria realmente uma bela reportagem de capa. Funcionários indicados pela Ordem são de inteira confiança, é apenas sua palavra e nenhuma testemunha, é obvio que está mentindo...


   - Não estou mentindo – disse em voz alta abafando mais um surto de murmúrios entre os membros da corte – eu vi com meus olhos o bruxo entregando as varinhas, e o Edgar já tinha uma quando cheguei lá... ele me atacou...


   - Basta – disse Glover, com uma expressão de grande superioridade no rosto – lamento interromper o que certamente seria uma historia muito bem ensaiada...


   Morgan soltou uma exclamação, os membros da corte tornaram a fazer silencio.


   - Se o senhor quer saber mesmo chefe, existiu uma testemunha que presenciou Andrew fazendo tal ato – disse ela – alem de Harry.


   As barbas de Glover se contrariam, ele pode ver a raiva crescer no bruxo. O homem encarou Morgan por alguns momentos, dando impressão de que estava tentando se controlar, e disse:


   - Receio que não tenhamos tempo para ouvir mais besteiras, Morgan – disse claramente – quero cuidar desse caso sem delongas.


   - Posso estar errada – disse Morgan agradavelmente -, mas tenho certeza de que, pela Carta de Direitos da Suprema Corte dos bruxos, o acusado tem direito a apresentar testemunhas para a defesa de seu caso, não? Não é essa a diretriz do Departamento de Execução das Leis da Magia, senhor Marsden?


   - Com toda a certeza – disse ele.


   - Está certo, está certo – retrucou Glover – onde essa a pessoa?


   Harry olhou de Morgan para Dédalo confuso, havia mais uma testemunha?


   - Lamento o atraso dela – disse Morgan apontando para a porta que se abriu revelando um bruxo.


   Ele levou um susto com este bruxo. Sim... conhecia ele, mas não tinha imaginado que...era incrível... nunca pensou na possibilidade de que aquele homem podia ser a maior testemunha de todas. Bem ali, entrando sob a forte guarda dos aurores, estava nada menos do que o bruxo que o levou a Azkaban, o bruxo que conduzia o barquinho, Harry nem sabia o nome dele, mas estava muito agradecido por ele estar ali.


   - Procuramos obter o máximo de informação sobre o incidente – agora Dédalo começara a falar – procuramos falar com todas as pessoas que sabiam que Potter ia para Azkaban, e falar com todas que estavam em Azkaban no momento, contudo não obtivemos tanta sorte com os depoimentos, com exceção desse bruxo aqui.


   O bruxo agora estava lado a lado com Harry, ele deu um sorriso discreto em agradecimento, Morgan ficou olhando para Dédalo esperando ele prosseguir, mas quem falou foi Glover.


   - Nome completo? – perguntou em voz alta.


   - Simon Elliott Parslow – respondeu o bruxo firmemente.


   - Quem o senhor é exatamente? – perguntou Glover arrogantemente.


   - Sou funcionário do Ministério, mas contratado pelo senhor – disse o bruxo – meu trabalho é ficar de guarda no cais ou transportar bruxos de lá, para Azkaban, em outras palavras, o barqueiro – seu tom pareceu ameaçador.


    Glover ergueu uma das sobrancelhas, pareceu meio tenso com esse comentário.


   - Muito bem – disse Marsden quebrando o silencio – qual a sua história?


   - Meus superiores me disseram que estavam trazendo um bruxo muito perigoso para Azkaban naquele dia, o Teobot, e que Harry Potter iria interrogá-lo – começou a falar Simon – era de tarde, por volta de umas quinze horas, meu turno, quando soube que eu que levaria o Potter para Azkaban.


   “Fiquei honrado é claro, levar Harry Potter em meu barco...”.


   - O senhor fez vistoria nele? – interrompeu Glover – para saber se ele não estava levando nenhuma varinha, ou objeto das trevas para a prisão, beneficiando assim a fuga dos prisioneiros?


   - Não senhor...


   - Então não temos mais o que conversar...


   - Fique quieto! – mandou Morgan impaciente com as interrupções.


   Na segunda fila, um bruxo atarracado, com um bigodão preto, aproximou-se para cochichar ao ouvido de sua vizinha, uma bruxa de cabelos muito crespos. Ela riu e concordou com a cabeça.


   - Prossiga – mandou a bruxa, encarando Glover como se manda-se ele ficar bem quietinho.


   - O que aconteceu quando você deixou Harry na ilha de Azkaban? – perguntou Marsden.


   - Avisei que ele deveria voltar até as quatro e meia, para que pudéssemos chegar na chave do portal a tempo – disse Simon – e quando o Potter saiu do barco, falei pra ele que eu o esperaria ali.


   Harry forçou a lembrança de leve...


 


‘Era estreito, devia ter uns cinqüenta centímetros no máximo. O barco parou na beira da ilha.


   - Chegamos – disse o bruxo saindo do barco, deixando Harry e Rony saírem – esperarei aqui, volte no máximo até às dezesseis horas e trinta minutos, para chegarmos à chave do portal a tempo.


   - Está certo – disse Harry olhando o próprio relógio...’


 


   - E depois? – perguntou Marsden agora fazendo anotações num pergaminho.


   - Fiquei ao lado do barco esperando, não demorou muito quando comecei a perceber a confusão. Os prisioneiros estavam saindo correndo de dentro de Azkaban, os aurores começaram a reagir atacando eles, um bruxo conseguiu afugentar uns quatro aurores sozinho, foi então que vi o Andrew entregando varinhas para os prisioneiros, entregou varias e varias, para todos.


   “Potter apareceu um pouco depois e começou a ajudar os aurores, Andrew depois de ter dado as varinhas para os bruxos veio até meu barco e mandou eu levar ele para o cais, me recusei, então ele me estuporou... não me lembro de mais nada depois disso, acordei no St. Mungus”.


   - Então Andrew estava com varinhas – riu Glover ironicamente – acredito que você não o confiscou também quando ele foi trabalhar aquela manhã?


   - Na verdade, eu confisquei senhor – disse Simon abrindo um sorriso – e ele estava carregando varias varinhas consigo...


   - Deixou-o passar com as varinhas? – interrompeu Marsden.


   - Andrew disse que era para os aurores, deixei passar, mas marquei no registro que ele entrou com varinhas...


   - E o registro está aqui – disse Morgan agora tirando um papel do bolso – aqui diz todas as pessoas que foram para Azkaban no dia quinze de outubro, diz também como estavam suas vestes, como estavam à aparência de seu cabelo, tudo – ela começou a passar os dedos no documento – aqui está, Andrew, seis e vinte da manhã, usando vestes pretas, cabelos muito bem arrumados, carregando consigo uma bolsa de pele de briba cuja dentro havia quarenta varinhas, aparentemente para os aurores.


   Matthew Marsden mirou Morgan em silêncio, Harry viu que ele queria dar um grande e largo sorriso para ela. Glover não olhava para ela agora, mexia nos seus documentos, então finalmente, ergueu a cabeça e disse, um tanto agressivamente.


   - Foi isso que você viu então? – perguntou para a testemunha.


   - Foi o que aconteceu – disse Simon.


   - Não é uma testemunha muito conveniente – disse com altivez olhando os bruxos ao redor – a memória desse bruxo pode ter sido alterada...


   - Não sei – disse Marsden – ele parece perfeitamente bom...


   - Alterada? – repetiu Dédalo – alterada para depor a favor do Potter? – o bruxo passou a mão no documento que Morgan segurava – esse registro foi feito quase oito horas antes de Potter chegar lá, de Simon ter conhecimento do que o aguardava naquele dia... que levaria Harry Potter para Azkaban para um interrogatório – Dédalo estava a ponto de explodir – E O SENHOR VEM ME DIZER QUE ALTERARAM A MENTE DELE PARA DEPOR A FAVOR DE POTTER E CONTRA ANDREW?


   - Se acalme – cochichou Morgan – estamos indo bem.


   - Ah, não acho que queiram que algum de nós acredite que esse documento é verdadeiro não é? – caçoou Glover.


   - Podemos provar isso se quiser – disse Dédalo – que tal uma dose de Veritaserium?


   Os bruxos e bruxas ao redor começaram a murmurar em concordância.


   - Sabe que não usamos poções aqui dentro não é? – disse Glover ligeiramente nervoso – até porque temos encantamentos suficientemente bons para impedir a chegada de tal...


   - Não precisamos passar pelos encantamentos para trazer a poção aqui – disse Morgan tentando ser modesta.


   - Conjurando com uma varinha, mas ninguém aqui tem uma tem? – ele riu, mas parou quando viu Morgan balançar os dedos em provocação.


   - Eu realmente lamento ter esse dom – disse ela, e então conjurou um pequeno frasco de poção – lamento ainda mais ter sempre essas poções preparadas em casa, para casos de emergência.


   O bruxo se contraiu olhando para o pequeno frasco na mão de Morgan, o silencio agora era absoluto, e só foi quebrado por uma bruxa a direita que se levantou.


   - Por favor? – disse Glover com uma voz tremula.


   - Tenho certeza que devo ter compreendido mal o que o senhor disse, Dédalo Diggle – começou ela. Era a bruxa mais velha que Harry tinha visto na vida – mas me pareceu por um átimo que o senhor estava sugerindo que a culpa de todo esse incidente tenha sido causada pela Ordem de Merlim, já que nós que contratamos as pessoas que trabalham para Azkaban...


   - Você não entendeu mal – interrompeu Morgan grosseiramente – foi Glover que colocou Andrew naquele posto, me lembro muito bem, eu disse para não colocar ele, mas a insistência por aquele bruxo foi iminente, por que Glover, você tem algum vinculo com ele?


   - Não tenho nada...


   - Não acusaríamos você se você não estivesse perseguindo o Potter assim – disse Dédalo.


   - Não estamos aqui para discutir de quem é a culpa, estamos aqui para discutir sobre o crime que Harry Potter cometeu – disse Glover começando perder a cabeça.


   - Naturalmente estamos – disse Morgan se ponto na frente – contudo não temos que discutir o crime de Harry, porque ele nem existiu, foi tudo invenção da sua cabeça para voltar à sociedade contra ele.


   - Eu... isso... não – atrapalhou-se Glover, mexendo nos documentos à sua frente – eu... quero terminar isso hoje.


   - Podemos terminar isso facilmente – indagou Morgan erguendo o frasco – apenas de permissão para a testemunha beber e veremos se Andrew foi quem cometeu e crime, ou se foi Harry, acredito que você não se importaria não é... já que quer terminar isso hoje... não quero que você cometa uma decisão injusta!


   - Decisão injusta uma ova! – rugiu Glover – foi ele quem pediu permissão para tirar Teobot daquela... daquele lugar... se ele não tivesse metido o nariz no que não era da conta dele isso não teria acontecido.


   - E o senhor está se preocupando com isso então? – disse Harry automaticamente, a poção disse que era hora dele falar também – você, que está a tanto tempo na ordem de merlim, desde que Dumbledore foi expulso por acharem que ele era biruta, você, que sequer nos ajudou na luta contra Voldemort, vocês que não fazem nada, de uma hora para outra simplesmente começam a pegar no meu pé por causa de uma decisão minha de interrogar um bruxo?


   - O tempos mudam – berrou Glover socando a mesa.


   - CLARO QUE MUDAM – berrou Dédalo atrás – JÁ SE TORNOU COMUM A ORDEM DE MERLIM INVESTIGAR CASOS COMUNS COMO ESSE!


   Alguns bruxos sentados mais para o alto se mexeram em seus lugares, manifestando desconforto. Glover assumiu um tom ligeiramente mais intenso de marrom-arroxeado.


   - Até onde sabemos essa corte foi preparara especificamente para apurar o caso criminal de Harry – disse Morgan – que na verdade não ocorreu, e não discutir o fato dele trazer Teobot para Azkaban, agora é aguardar o seu veredicto!


     Morgan virou-se para Dédalo e deu um olhar para ele não falar mais nada. Glover encarou Harry com um olhar penetrante obviamente exasperado. Ele olhou de esguelha para Morgan, procurando reafirmação, não tinha muita certeza se o que disse a pouco devia ser dito. Os membros da corte se ocupavam em urgentes consultas em voz baixa.


   Harry não tinha certeza se conseguiria se safar, mas a poção Felix felicis dizia que ele tinha que ter total confiança nas palavras de seus testemunhos. Duas vezes olhou para Glover e abriu a boca para falar, mas seus instintos e a sua ansiedade comprimia as passagens de ar de sua garganta, nessas duas vezes ele apenas inspirou profundamente e começou a olhar para os lados. Então os murmúrios cessaram.


   - Os que são a favor de inocentar o acusado de todas as imputações, levantem a mão – disse a voz de Marsden segura.


   Harry ergueu a cabeça lentamente olhando para os lados. Havia mãos erguidas, muitas, mais da metade. Morgan atrás dele levantou a mão dela também, afinal ela também fazia parte dessa audiência.


   - Quem é a favor da condenação?


   Glover olhou para o resto dos bruxos como se com os olhos os mandassem erguer as mãos. Alguns ergueram, inclusive ele mesmo, depois decepcionado, com uma voz tremula de raiva disse:


  - Inocente das acusações – dando uma leve pancada na mesa.


   - Muito bem! – exclamou Morgan atrás.


   Harry tentou dar um soco no ar de gloria, mas as algemas ainda prendiam seu pulso, então instantaneamente elas se soltaram, as quatro, e ele pode se levantar para comemorar. Não podia estar mais agradecido com Morgan, todo o rancor que ele guardava dela tinha ido por água abaixo junto com aquela acusação besta.


   - Obrigado – disse indo abraçá-la – por tudo.


   - Não tem de que – disse ela em seu ouvido. Novamente ele se sentiu estranho estando tão perto dela – ajudar o filho da minha doce amiga Lílian é um prazer – ela se afastou e o encarou nos olhos.


   - Você me deve muitas explicações – disse Harry agora indo agradecer Dédalo e Simon.


   - Uma outra ora talvez – disse Morgan caminhando até a porta do fundo – agora é a vez do Ministro.


   - Mais uma vez obrigado – gritou ele já que os murmúrios ficaram mais altos do que o normal – e vocês dois também, valeu mesmo – disse andando com eles para a porta do fundo.


   - Não poderíamos deixar Harry Potter ir para Azkaban por uma acusação tão idiota – disse Dédalo.


   - E você, ficarei eternamente grato – disse para Simon.


   - É sempre um prazer ajudar Harry Potter – disse o bruxo modesto.


   Os três saíram daquela sala da audiência aliviados. Morgan no outro lado estava falando com Kingsley rapidamente.


   - Acha que ficará tudo bem com o Kin? – perguntou Harry a Dédalo.


   - O pior que pode acontecer será ele perder o cargo – disse o bruxo – em todo o caso, depois que o Ministro for liberado, Morgan irá acusar Glover.


   - Será que ele não vai querer escapar da acusação?


   - Não, ele vai ser acusado na frente de toda a corte, ela pretende julgar ele hoje mesmo – explicou o Dédalo – se tivermos sorte ele vai ser condenado para a prisão.


   - Essa eu quero ver – disse Harry vendo Morgan se afastar de Kin e caminhar até eles.


   - Se Kin perder o cargo, e Glover também, o novo chefe da ordem que escolherá o novo ministro, obviamente vai ser Morgan a chefe...


   - Não pretendo ser a chefe dessa ordem, prefiro continuar sendo subchefe – disse ela se aproximando deles – mas é claro, terei o prazer de indicar um novo ministro.


   - E quem você indicaria?


   Ela apenas sorriu e entrou de volta na sala da audiência. Kingsley estava vindo até eles com um olhar meio confuso e apreensivo.


   - Morgan não disse...


   - Inocente – disse Harry – de todas as acusações.


   - Isso é maravilhoso – disse Kin abrindo um largo sorriso – é claro que eles não poderiam ter considerado você culpado – ele olhou para a porta – bem... é a minha vez...


   - Boa sorte.


   - Obrigado Harry – disse entrando na sala, os bruxos aurores que ficavam de guarda fecharam a porta, e a sessão do ministro havia começado.


     Harry, Dédalo e Simon se aconchegaram num dos bancos de madeira que havia ao redor dessa sala branca, ambos sérios e apreensivos esperando o resultado da audiência. A poção Felix felicis foi desaparecendo de seu corpo lentamente, a confiança foi sumindo...


   - Ah! – exclamou Dédalo depois de quase duas horas de audiência quando a porta se abriu – é o Kin.


   Kingsley vinha caminhando até eles com um sorriso no rosto, Harry inclinou a cabeça para dentro da outra sala e viu que uma algazarra estava acontecendo.


   - ME SOLTEM, EU SOU O CHEFE DE VOCÊS – escutava-se a voz de Glover.


   - Então? – perguntou Dédalo.


   - Como prevíamos – disse Kingsley satisfeito – me livrei da acusação de Azkaban, mas perdi o cargo de Ministro por ter escondido o fato de Mirabella ter Quimeras na escola.


   - MAS... SAIA DAQUI... MORGAN VOCÊ ME PAGA...


   Barulho de coisas voando dentro da sala soou, os dois aurores que ficavam na porta entraram em ação lá para dentro. Harry olhou para Kin.


   - Morgan o acusou – contou – socou poção veritaserium na garganta dele a força.


   - Ela não fez isso! – disse Harry chocado e ao mesmo tempo feliz.


   - Se fez – disse Kin satisfeito observando a sala da audiência também onde os bruxos tentavam conter Glover – ele confessou tudo!


   - O que ele confessou? – perguntou Dédalo.


   - Foi ele quem mandou Andrew dar varinhas a Edgar...


   - Para me prender? – interpôs Harry indignado.


   - Não, te prender não.


   - Para o que então?


   Kin colocou a mão no queixo pensativo.


   - Ele disse que foi ordem de um tal Bartok, que queria juntar comensais da morte para ajudar no regresso do Lord das Trevas – Dédalo e Simon se contraíram – na verdade o Glover adorou o fato de Edgar ser trazido para Azkaban, o tal Bartok conseguiu um aliado e tanto.


   - Glover estava servindo a esse Bartok então? – perguntou Harry.


   - Exatamente, eles estão agindo às escondidas – disse Kin – provavelmente quiseram tirar você do caminho tentando prendê-lo.


   - Muito espertos – rosnou Dédalo.


   - Em todo caso Glover foi condenado – Kin apontou para a sala – ele esta resistindo, mas não vai conseguir.


   - Ótimo – disse Harry – agora que tiramos ele do caminho temos que capturar Edgar e esse tal Bartok, pelo que parece eles são os lideres não é?


   - Parece – ele sorriu para Harry – mas agora tudo vai ser mais fácil, afinal você vai estar de volta ao Ministério!


   - Verdade?


   - Glover entregou os pontos podres também, o seu substituto era um espião, você vai voltar ao cargo!


   - Mas e você?


   - Espero ser auror se você me permitir chefe – disse Kingsley.


   - É obvio – disse Harry.


   - Morgan já indicou o novo Ministro? – perguntou Dédalo.


   - Ah sim, na verdade eu mesmo sugeri a ela uma pessoa.


   - Quem? – perguntaram Dédalo, Simon e Harry.


   - Arthur Weasley é claro!

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