A Audiência




    - Desembucha de uma vez, por que você e a Vic brigaram? 


   Harry estava com Rony e Ted na casa dele naquele dia. Gina e Hermione tinham ido fazer as “compras” de começo de ano, os dois maridos tinham certeza que essa tal, “compra”, iria durar o dia todo. Era bem cedo e os três estavam tomando café da manha ainda quando ele decidiu perguntar a Ted sobre sua briga com Victoire.


   - Já lhe disse, só nos dos entendemos, todo mundo se desentende uma hora não é? – respondeu ele ainda comendo sua torrada.


   - Claro, mas não do jeito que vocês brigaram – disse Rony impressionado.


   - Como assim do jeito que a gente...


   - “Não fale mais comigo, nunca mais” – Harry imitou a voz de Vic – sinceramente Ted, sempre achei que vocês eram namorados.


   - Não somos – disse secamente.


   - Ah, mas você e ela já andaram se agarrando por ai – comentou Rony.


   - Não, não, ela não se agarra comigo em lugar algum, eu respeito ela – disse ele ainda comendo sem olhar diretamente para os olhos dos outros dois – se ela anda se agarrando, é com outra pessoa.


   - Está com ciúmes – disse Harry balançando a cabeça.


   - Com certeza – concordou Rony.


   - Bem que Luna disse.


   - Não estou com ciúmes de ninguém – retrucou furioso se levantando – eu vou trabalhar... até mais para vocês. – sem dizer mais nada apenas aparatou.


   - Está pensando o mesmo que eu, Rony? – perguntou Harry.


   - Se você está pensando que a Vic arranjou um outro namorado, estamos pensando igual.


   - Ele está igual você.


   - Como assim igual eu?


   - Ora, ciúmes – explicou – quando Hermione estava saindo com o Krum você agia da mesma forma.


   - Ah, não mesmo – disse Rony – do Krum? Não diga bobagens.


     Harry não disse nada, apenas ficou encarando o amigo.


   - Você está vermelho.


   - Que?


   - Ta ficando da cor do seu cabelo.


   - Ah, vai se catar Harry, você também tinha ciúmes da Gina.


   - Tinha mesmo.


   - E não tem vergonha na cara de dizer isso ainda – disse rindo e se levantando – é melhor eu ir indo antes que eu cheque atrasado – ele virou seu café – alguém aqui tem que trabalhar não é, Gina e Hermione de folga, você afastado.


   - Vai lá pimentão.


   - Ah, você vai se ver comigo, se vai – e Rony aparatou dando uma gargalhada.


   Harry ficou novamente sozinho em casa, ficou imaginando o que Gina e Hermione deviam estar fazendo nesse momento. “Gina olha que lindo esse aqui”, “Não é a minha cara”, “Precisam de alguma ajuda queridas?”, “Queremos esses dez”, “Bela escolha Mione”, “Obrigada Gina”, “De nada Mi”, “Será que o Rony vai gostar”, “Duvido que ele repare”, “Gina!”, “E esse prata aqui?”, “Não mesmo!”.


   Ele deu uma risada imaginando as duas, depois arrumou toda a casa, deixou tudo impecável. Quando estava disposto a descansar depois de tanto trabalho a campainha da casa tocou. “Rony e Ted já voltaram?”. Sem perder tempo foi até a porta e a abriu. Para sua surpresa o visitante não era Rony, nem Ted, era Matthew Marsden, o bruxo que trabalhava para o Conselho da Ordem de Merlim.


   - Bom dia Potter – cumprimentou o bruxo.


   - Bom dia.


   - Será que podemos conversar?


   - Claro – disse se afastando para o bruxo entrar.


   Marsden estava usando uma grande capa azul clara com uns detalhes em preto, em seus braços ele carregava uns cinco livros, lembrava um tanto Hermione andando nos corredores de Hogwarts, seus longos cabelos grisalhos estavam divididos no meio.


   - Então Potter – começou a dizer o homem se sentando numa poltrona sem ser convidado – hoje é o primeiro dia de Janeiro, isso significa que faltam apenas vinte e quatro dias para sua audiência.


   - Felizmente – disse Harry se sentando no sofá.


   - Então vim aqui para a gente colocar as coisas em ordem – disse ele – estou ciente de muita coisa a seu respeito e estive fazendo o máximo possível para ajudar você nessa audiência – Marsden depositou os livros numa mesinha ao lado da poltrona.


   - E o que tem a me dizer? – perguntou analisando os livros do homem.


   - Desde o nosso ultimo encontro estive conversando muito com os outros membros do conselho – disse Marsden – contando para eles a verdade sobre você, e falando sobre as mentiras que Glover está dizendo por ai... devo dizer que boa parte dos conselheiros estão do seu lado, e isso é bom, a maioria também está disposta a afastar Glover do cargo de chefe da Ordem.


   - É muito bom ouvir isso – disse Harry bem aliviado – e sobre o Kin?


   - O Ministro não está tão bem – disse ele baixando os olhos – creio que o ultimo incidente, sobre as Quimeras, o deixou em apuros...


   - Ele vai perder o cargo?


   - Os números dizem que sim – disse Marsden tristemente.


   - Mas então Glover pode colocar um outro Ministro de confiança dele!


   - Pode, mas não esqueça Potter, se ele perder o cargo de chefe da Ordem ele não poderá fazer isso.


   - Ainda assim o novo chefe colocará um Ministro, quem garante que o outro não seja igual o Glover?


   - Com isso não temos que nos preocupar – disse ele rindo – é bem provável que se o Glover perder o cargo, quem vai assumir seu lugar seja a Morgan.


   - Morgan Wilson? – repetiu não acreditando.


   - A própria...


   - Ela odeia o Ministério...


   - Não diga bobagens, ela será a melhor pessoa para assumir o cargo – disse ele rispidamente – ela é uma boa pessoa, está do nosso lado.


   - A única coisa que ela tem de bom, é que ela odeia o Edgar tanto quanto eu – disse ele ironicamente – no resto discordamos em tudo.


   - Você diz isso porque ela não deixou você investigar Avalon não é?


   Harry sentiu o frio subir em sua cabeça, como ele sabia de Avalon?


   - Kin me colocou em parte de tudo – se apressou a dizer Marsden – vocês não estão trabalhando sozinhos mais, eu estou com vocês.


   - Avalon é um dos motivos pela qual não gosto dela.


   - Dê um desconto Potter, Morgan não estava a par da situação naquela época – disse o bruxo indignado, Harry o olhou confuso – a sim, estive conversando com ela sobre você e sobre o Edgar, ela está do seu lado agora, vai te ajudar.


   - Ótimo, ela pode me levar pra Avalon então.


   - Não pode.


   - Por que não pode? Pelo que parece Mirabella confia o código da escola para ela.


   - Com certeza confia, contudo – Marsden levantou um dos dedos – a Mirabella foi afastada do cargo de diretora temporariamente.


   - E quem está no lugar dela? – perguntou com rapidez.


   - A vice-diretora é claro – ele deu um suspiro – lamentavelmente Morgan não tem o mesmo prestigio com ela, então não temos o código de Avalon.


   - Pelo menos Edgar não pode chegar lá também – disse ele – a não ser que o código se espalhe pelo Ministério.


   - Eu e Kingsley estamos trabalhando muito nesse assunto, estamos investigando cada pessoa no Ministério para achar os pontos podres.


   - Beleza!


   Marsden riu.


   - Se tudo der certo, Kingsley vai apenas perder seu cargo de Ministro, mas Glover também perderá o dele, Morgan irá colocar um novo Ministro e esse novo poderá despedir os podres do Ministério – Marsden olhou para cima com um olhar de glória – está tudo ocorrendo bem Potter, creio que vamos acabar com esse grupo de bruxo das trevas o mais rápido possível.


   - Mas ainda temos um problema – disse Harry.


   - Qual?


   - E a Mirabella, quero dizer, se ela não puder mais voltar para diretoria da escola...


   - Isso não vem em questão, tudo se resume a Glover, como já disse, se ele perde o cargo, o Ministério e escola Avalon estarão seguros, assim poderemos caçar os bruxos das trevas como deve ser feito.


   - Isso é o que eu mais quero – Harry se levantou – quer beber alguma coisa, chá, conhaque?


   - Eu aceitaria uma dose conhaque – disse Marsden.


   Harry foi até a cozinha deixando o bruxo sozinho. Enfim as coisas pareciam estar correndo melhor para seu lado do que para o lado de Edgar, pelo que Marsden disse, tudo estava planejado e era quase impossível a chance de algo sair errado. Ele pegou uma garrafa de conhaque, dois copos, e voltou para a sala. Serviu uma dose para o bruxo e outra pra si.


   - O que são esses livros? – perguntou olhando intrigado os livros que eram sujos e surrados de tão velhos.


   Marsden olhou os livros também e soltou uma exclamação.


   - Quase ia me esquecendo, estive fazendo pesquisas sobre Jinkis – disse ele.


   - Jinkis? Era aquilo que tinha no bracelete estou certo?


   - Exatamente, eu nunca soube muito sobre elas, só sabia o básico – ele deu uma risada como se tivesse contado alguma piada – mas é claro, tive que me aprofundar mais nesse assunto – Marsden agora mudou sua expressão risonha para seria.


   - Bom, e o que o senhor descobriu? – perguntou tomando um pouco de seu conhaque.


   - Não descobri coisas boas se quer saber mesmo – disse Marsden encarando ele nos olhos – as Jinkis são piores do que eu pensava, principalmente as que fazem parte de uma horcrux.


   - O que ela tem de ruim então?


   - As Jinkis horcrux sentem quando estão em perigo – disse ele – quando estão perto demais de uma pessoa que quer destruí-las ele passa o pedaço de alma do objeto para o corpo do individuo.


   Marsden vendo a expressão de desentendimento dele começou de novo.


  - Vou explicar melhor, vamos imaginar que nesse livro – ele pegou um dos livros em cima da mesa – tem um pedaço de alma minha, e você, Harry Potter quer destruí-lo por algum motivo. Bom, o livro está bem próximo de você e irá sentir o perigo, então quando você tocar nele o pedaço de alma existente aqui – ele ergueu o livro – irá passar para dentro de seu corpo.


   - Ta dizendo que aquela horcrux está dentro do meu corpo? – perguntou ficando em pânico.


   - Não estou afirmando nada – se apressou a dizer Marsden – estou só contando que é possível isso ter acontecido... mas... – ele reparou que Harry tinha mudado a expressão – por que essa agitação?


   - Nada – respondeu Harry pensativo – no livro diz os sintomas que a pessoa trás quando isso acontece?


   O bruxo se ajeitou na poltrona.


   - Dores de cabeça forte, mal estar, sonhos... – ele parou de falar – você não acha...


   - Que o pedaço de alma está no meu corpo? – completou – talvez, aquela horcrux era de Bellatriz Lestrange, e eu tive um sonho com ela, um sonho muito real, onde parecia que ela penetrava em minha mente...


   - Mas você destruiu o bracelete...


   - Tacando fogo nele com as mãos...


   - Usando a magia Akasha, era pra ter morrido... se bem... – Marsden ficou quieto.


   - Se bem o que?


   - Disseram que o bracelete tentou te possuir... pensei que era só pelo fato de tentar controlar sua mente... sim... sim – ele olhou para Harry como se ele fosse uma outra pessoa – o pedaço de alma está dentro de seu corpo, a Jinki não tentou só usar a Imperius em você, ela passou o pedaço da alma para seu corpo.


   - E se tiver, o que eu faço?


   - Não sei ainda, não terminei de ler o conteúdo completo do livro – disse ele – se o pedaço de alma realmente estiver em você, acho que o melhor a fazer é relaxar, ou usar oclumência.


   - Acho que sei lidar com pouco com assuntos de alma – disse Harry.


   Provavelmente ninguém, além dele, Dumbledore e Snape, sabiam que Harry tinha carregado dentro de si a alma de Lord Voldemort por dezessete anos.


   - Apenas não deixe essa alma possuir você – disse Marsden – vou fazer pesquisas sobre isso, se existe um meio de tirar a alma, nós vamos conseguir.


 


   Mal tinham chego em Hogwarts e já estavam novamente atolados de lições. Molly e Victoire pareciam estar fora de si, uma só falava de N.O.M’s, e outra só de N.I.E.M’s, Roran vivia falando para Vic não se esforçar demais.


   - Faltam seis meses para os N.I.E.M’s!


   - Pra você é fácil falar não é Roran – disse ela aquele dia na biblioteca enfiada atrás de um livro e com outros cinco em volta.


   - Por que é fácil pra eu falar?


   - Oras – ela baixou um pouco o livro e deixou seus olhos azuis fitarem o dele – porque você é o melhor aluno do nosso ano.


   - Não sou o melhor – disse ele encarando ela do lado oposto da mesa – o Erlian era bem melhor que eu.


   - O Erlian morreu – disse ela com uma voz fraca se colocando atrás do livro de novo – então você é o melhor.


   - Mesmo assim você é muito boa também, e não precisa ficar se matando de estudar desde já – disse ele.


   - Não vou me arriscar – disse ela – pode me passar esse livro de plantas exóticas?


   Roran pegou um livro verde que estava ali perto e estendeu para a garota.


   - Por que está lendo livro de plantas exóticas? – perguntou – não me lembro do professor Longbotton ter pedido pra ler este.


   - Não pediu – disse Victoire sem olhá-lo procurando alguma pagina no livro verde – mas é bem interessante, sabia que existem árvores que falam na Mongólia?


   - Não sabia.


   - E andam também – ela começou a ler.


   - Você está ai Vic! – Dominique apareceu caminhando até eles e sentou-se ao lado de Roran.


   - Pelo menos uma pessoa em Hogwarts que não esta estudando – disse Roran olhando a loira.


   Victoire soltou um muxoxo de desaprovação.


   - Eu não tenho que fazer N.I.E.M’s que nem vocês – se justificou Dominique.


   - A Vic estuda desse jeito desde o quarto ano – comentou Roran.


   - Verdade – riu Dominique, a irmã lançou um olhar serio pra ela – bom, vim aqui só dizer que a professora McGonagall está querendo falar com você – disse mudando de assunto.


   - O que ela quer? – perguntou Victoire.


   - Eu sei lá... ela ta te esperando na sala dela.


   - Já vou, me passa esse livro azul ai Roran.


   - Que horas vai parar de ler e dar mais atenção a mim? – perguntou o garoto passando outro livro pra ela.


   - Ciúmes de livros Roran? – perguntou Dominique.


   - Nique... tem uma aranha na sua blusa – disse Roran ignorando o comentário dela.


  - Aonde...tira...tira! – disse ela se levantando batendo na blusa sem parar –...ah... Roran deu desgraçado, vai me pagar por isso.


   - Olha a boca mocinha – advertiu Madame Pince que passava atrás deles.


   - Desculpe – disse Dominique – vejo vocês depois – e saiu andando para fora da biblioteca.


   Roran continuou olhando para Victoire, a garota persistia em não dar atenção pra ele. Irritado, levantou-se bruscamente jogando sua mochila nas costas, depois começou a caminhar as presas para ir embora também.


   - Aonde vai? – perguntou ela virando o rosto.


   O garoto, porém, fingiu que não ouviu e foi embora de vez. Victoire fechou o livro frustrada e bateu ele na mesa, baixou a cabeça sobre os braços macios e começou a chorar. Ela estava muito triste desde que tinha voltado das ferias.


   - SAI DAQUI MOLEQUE!


   Rosa tinha se esbarrado com Escórpio na escadaria do segundo andar e o garoto tinha começado a insultá-la falando do tio dela, Harry, que tinha fugido de Hogwarts por medo das autoridades. O garoto ficou realmente desapontado quando saiu da Ala Hospitalar e viu que Harry tinha ido embora, desde então começou a achar que o profeta diário dizia a verdade sobre ele.


   - Só podia ser sobrinha do covarde Harry Potter.


   - Não fale do meu tio assim – retrucou ela irritada – você não sabe nada sobre ele!


   - Sei que ele é um covarde.


   - Ele não é!


   - É sim.


   - Covarde é seu pai garoto! – disse Rosa.


   - Não venha falar do meu pai!


   - E você não venha falar do meu tio!


   - Só estou falando a verdade...


   PÁ


     Escórpio colocou a mão no rosto. Rosa tinha lhe dado um belo de um tapa, e seus dedos ficaram marcado no rosto do garoto. Ela olhava feio pra ele, e ele olhava ela indignado. Os dois ficaram se encarando.


   - Por que fez isso menina? – perguntou Escórpio.


   - Não insulte minha família entendeu... Malfoy!


   - Sabe que aprendi alguns feitiços não é – ele sacou a varinha.


   Ela abriu a boca.


   - Você não teria essa coragem...


   - Quer tentar a sorte?


  Rosa sacou a varinha dela também.


   - Eu também sei alguns feitiços se quer saber – disse ela.


   - Vamos duelar então...


   - Ei o que está acontecendo aqui?


   Fred e Tiago vinham descendo a escadaria, provavelmente vinham da sala comunal. Os dois ficaram olhando de Rosa para Escórpio...


   - O que pensa que esta fazendo Malfoy? – perguntou Tiago se colocando entre os dois.


   - Não estou fazendo nada – disse guardando a varinha.


   Fred se aproximou também, começou a olhar bem para o garoto intrigado.


   - Rá... você tomou um tapa da Rosa? – perguntou ele segurando-se para não rir.


   - Eu... não...


   - Aonde? – perguntou Tiago enfiando a cara perto da de Escórpio.


   - Ali, olha lá a marca da mão, esta meio vermelho ainda – Fred agora tinha soltado uma boa gargalhada.


   - É verdade! – disse Tiago começando a rir também.


   - Não levei tapa algum seus idiotas – disse Escórpio ficando vermelho.


   Rosa começou a abafar risinhos também quando guardou a varinha dela.


   - Escórpio Malfoy tomou um tapa na cara da pequena Rosa Weasley – começou a dizer Fred bem alto.


   - Não sabia que você era assim Rosa – comentou Tiago caçoando deles – se a tia Hermione te vise agora...


   Rosa ficou vermelha.


   - Ele estava... insultando seu pai –  defendeu-se ela – não sou disso... nunca...


   - Não esquente com isso – disse Fred – bofetadas num sonserino sempre é boa coisa, papai sempre diz isso.


   - Ainda mais num Malfoy – acrescentou Tiago.


   - Vocês me pagam! – disse Escórpio correndo escada a baixo.


   - Isso, fuja de vergonha! – gritou Fred.


   Os dois garotos ficaram dando gargalhadas altas enquanto viam o pequeno Escórpio sumir. Rosa na mesma hora decidiu subir para a sala comunal na esperança de abafar comentários dos dois.


   - Ei Rosa, você está bem, ele não te fez nenhum mal? – perguntou Tiago seguindo ela.


   Mais à noite na sala comunal, por volta das dez horas, Fred e Tiago já tinham contato a todo mundo sobre a bofetada de Rosa no Sonserino Malfoy. Muitos aprovaram o que ela fez, mas outros discordaram, principalmente os monitores. Eles disseram que a menina poderia ter perdido pontos para a Grifinória.


   - Que se dane os pontos – comentou Dominique que estava sentada numa poltrona vermelha lendo um livro – ele ia machucar ela com a varinha.


   - Só em sonho que ele faria isso – disse Fred que estava jogando uma maçã para Tiago de um lado para outro provocando o gato de Dominique que ficava olhando a maçã como se assistisse uma partida de ping-pongue.


    Havia três problemas nisso, um: quando gato pulasse atrás da maçã, acabaria pulando em nela, dois: o movimento da maçã era muito próximo da cabeça da garota, ela conseguia sentir o deslocamento de ar, três: aquilo estava desconcentrando-a e a deixando meio enjoada.

   - Querem parar com essa maçã... – disse seria.

   - Não – riu Fred.

   Molly que estava ali perto deu um muxoxo.

   - Pega Mity – instigou Tiago pro gato.

   Mais uns minutos, e Alvo estava olhando-os, assim como Rosa, Mity estava sentado esticando a pata para a maçã.

   - Parem com isso – ela disse novamente, agora bem irritada.

   - Vai Mity – repetiu Tiago.

   Meio segundo foi o que demorou para Dominique, sem tirar os olhos do livro estender a mão direita, pegar a maçã no meio do arco que fazia no ar e meter uma dentada.


   - Não era pra você pegar! – disse Fred indignado – era pro gato.


   - Xereta – disse Tiago.


   A garota ignorou o comentário deles e continuou lendo o livro com a maça na mão. Alvo que estava ali bocejava sem parar de sono, decidiu se retirar.


   - Já com sono maninho?


   - Estou realmente cansando – disse ele chegando perto da escada que levava aos dormitórios.


   - Deve ter pegado a doença da Vic, doença do sono – comentou Fred – ela foi dormir oito horas! E olha que a Vic sempre é a ultima a ir dormir.


   - Ela não está com doença do sono – indagou Dominique baixando o livro – está apenas... triste com umas coisas.


   - O que, por exemplo?


   - Te interessa? – perguntou em resposta.


   - Por que está de tão mau humor, brigou com o namorado é?


   - Não estou de mau humor Fred.


   - Ah não...


   Alvo ignorou a conversa deles e subiu para o dormitório. Estava caindo de sono, tinha tido um dia muito exaustivo; ele colocou o pijama e se atirou na cama macia se enrolando nas cobertas quentes, não demorou muito para adormecer.


   Estava tudo escuro. Escuro como a noite mais negra, não havia nada a sua volta, ele estava imerso em escuridão, sentia algo próximo dele, se virou, ao longe havia um contorno, algo grande, era... um cão, grande como um urso.

   - Você de novo?

   Ele viu o cachorro erguer-se e olhar atrás dele, se virou e viu Hogwarts, se virou de novo, e o cachorro não estava mais ali. Hogwarts também sumira. Estava de novo no mesmo sonho, que era isso? Sentiu algo ao seu lado, havia alguém no chão, alguém caído no chão, chorando, soluçando, mas quando deu um passo na direção da pessoa viu uma estranha luz brilhar por trás de si e se virou apreensivo, uma leve luz verde, e tudo ficou gelado, então ele caia, estava caindo, caindo e então parou, estava voando, sentia a movimentação era como se estivesse montado em uma vassoura, mas mais leve, ele sentiu como se atravessasse uma nuvem, água agarrando no seu cabelo, então a claridade de um amanhecer o atingiu com a surpresa de ver o que montava, montava um dragão... um imenso dragão que o levava para Hogwarts, Hagrid sorria quando o dragão se preparava para pousar na floresta.

   - Você trouxe de volta! Trouxe de volta pra casa!

   - Hagrid!


   Mas da floresta veio um guincho horrendo e Alvo caiu do Dragão e quando se levantou encarou, gritou...


   Ele acordou suado. Estava tudo escuro, não sabia quanto tempo tinha dormido. Alguns alunos do primeiro ano estavam ali, devia ser bem tarde. Alvo se sentou na cama e esfregou seus olhos verdes, ele estava assustado, estava tendo esse sonho varias vezes desde de que voltara da Toca, sempre o mesmo sonho, ele não sabia o que era, mas isso já estava deixando ele preocupado.


   


    Os dois estavam numa loja. Do lado de fora a movimentação era continua. Os bruxos que estavam ali nem ligavam para eles, estavam concentrados demais fazendo suas compras as presas. Edgar e Bellatriz estavam no Beco Diagonal, na Farmácia Mullpeppers, uma farmácia com vários ingredientes de poções diferentes, como cascas de besouros, fígado de dragão, espinha de peixe-leão, essência de beladona, tudo que se podia imaginar.


   - O que o Bartok precisa? – perguntou ele analisando os produtos da loja.


   - Pó escurecedor instantâneo, poção troca de corpos e seiva de árvores da Mongólia – disse ela ao lado dele.


   - Espero mesmo que ele não erre no plano – disse Edgar pegando um frasco nas mãos – poção do morto-vivo – disse analisando – isso pode me ser útil.


   - Para que? – perguntou ela passando as mãos em outras poções.


   - Você verá – disse se aproximando do atendente.


   - Posso ajudá-los? – perguntou gentilmente.


   - Quero, Pó escurecedor instantâneo, poção troca de corpos, poção do morto-vivo e seiva de árvores da Mongólia – pediu Edgar.


   - Poção troca de corpos? – repetiu o atendente se abaixando pegando as outras coisas – não tenho autorização de vender isso, a não ser ao Ministério...


   - Império – sussurrou Edgar com sua varinha.


   Bellatriz atrás dele começou a olhar para os outros bruxos que estavam na loja. Aparentemente ninguém tinha percebido nada. O atendente colocou no balcão o pó escurecedor, a poção do morto-vivo, e a seiva de árvore, depois se dirigiu aos fundos da loja.


   Os dois ficaram olhando para os lados inquietos, mas ninguém parecia notar a existência dos dois. Alguns minutos depois o atendente voltou com três garrafas da poção troca de corpos, Bellatriz tirou do bolso uma bolsa de pele de briba, objeto que na qual, o que guardarem lá dentro só pode ser retirado por quem guardou o objeto. Ela atirou os objetos para dentro da bolsa, Edgar depositou uns onze galeões em cima do balcão, depois os dois se viraram e saíram da loja discretamente.


   - Não precisava ter usado a magia – cochichou ela agora que estavam andando no meio da multidão do Beco Diagonal.


   - Eu sei o que faço – disse dando um toque na varinha – ele não vai se lembrar da gente – Edgar puxou Bellatriz para uma rua a esquerda que estava menos movimentada – à parte do Bartok está feita, falta só o Glover agora.


   - Vai dar tudo certo – disse ela sorrindo.


   - É o que eu espero, senão faremos do meu jeito.


   E num estalo os dois desaparataram dali.


 


      Harry estava na Toca, com a Sra. Weasley, Lílian e Hugo. Ele estava sentando numa cadeira na cozinha, com os braços sobre a mesa conversando com a mulher enquanto tomavam um café da tarde.


   - Podíamos fazer uma festa surpresa para ele – sugeriu Lílian tomando um gole do seu leite em seguida.


   Eles estavam conversando sobre o aniversario de Rony, dia primeiro de março.


   - O Rony iria adorar – comentou a Sra. Weasley com um sorriso radiante – ele nunca teve uma festa surpresa sabe.


   - Ia ser muito legal! – comentou Hugo que estava ao lado de Lílian.


   - Se eu não estiver preso até lá, podemos pensar no caso – disse Harry.


   - Não diga besteiras – disse a Sra. Weasley fazendo cara feia – você não vai ser preso.


   - Eu espero que... ARREE


   Uma coruja tinha entrado pela janela e investido uma carta bem na direção de seu rosto, ela deu meia volta em seguida voou pro horizonte. Ele pegou a carta na mão. “Harry Tiago Potter, a Toca, Segunda cadeira à direita, Mesa da cozinha”. Olhou no verso, não tinha nada, virou de novo pra abri-la, mas como se tivesse vida própria à carta pulou da mão dele e começou a flutuar, uma boca surgiu nela e ela começou a falar.


   - Harry Tiago Potter, o senhor está ciente que sua audiência criminaria vai ser no próximo dia vinte e cinco de Janeiro, na sede da Ordem de Merlim. Espero que o senhor coopere e aguarde ansiosamente em sua residência no dia vinte e cinco, exatamente às oito horas da manhã, a chegada dos membros aurores da Ordem, que o levarão até a audiência. Esperamos que esteja bem, Samanta Jones.


     A boca na carta sumiu e ela caiu como uma pena bem em cima do bolo de chocolate da Sra Weasley. Todos ficaram olhando a carta espantados quando ela simplesmente pegou fogo.


   - Ual, maneiro! – exclamou Hugo olhando as cinzas da carta.


   - Vai dar tudo certo – disse a Sra. Weasley tentando tranqüilizá-lo.


   - Sei que vai – disse em vão.


     O resto do mês de Janeiro foi tenso, cada dia que passava Harry ficava mais ansioso com a chegada do dia da audiência. Todos os dias seus amigos vinham lhe fazer visitas para tranqüilizá-lo. Gina estava mais amorosa com ele, provavelmente estava tentando fazer ele pensar em outra coisa.


    Como se seu desejo de saber a sua sentença logo fosse uma ordem, dia vinte cinco chegou, e ele acordou mais tenso do que nunca naquela manhã. Gina havia saído para o trabalho as seis e meia, Lílian estava na casa da Sra. Weasley, e Harry estava ali sozinho, esperando os tais aurores da Ordem. Ele vestia um terno preto com uma gravada azul, tentou arrumar seu cabelo o máximo que pode para não deixar eles bagunçados, mas sem sucesso, pois eles ficaram do mesmo jeito de sempre.       


   Cinco para as oito.


   Harry andava de um lado para o outro nervoso, ele queria que essa angustia acabasse logo.


   Quatro para as oito.


   Será que Marsden tinha razão, que tudo ia dar certo?


   Três para as oito.


   E se ele fosse condenado? Passaria o resto da vida em Azkaban, ficaria louco...


   Dois para as oito.


   Quanto mais ele queria que a hora passasse, mais ela ia devagar.


   Um para as oito.


   Há qualquer momento, como será que são esses aurores...


   Oito horas


   CRAQUE


   Dois bruxos muitos bem vestidos, com as caras meio amarradas, parecendo dois gorilas andantes de tão grandes, usando vestes e chapéus verdes na cabeça apareceram bem no meio da sala.


   - Harry Tiago Potter? – perguntou um deles lançando um olhar ameaçador pra ele.


   - Sim...


   - Venha conosco – disse o outro estendendo seu braço e agarrando o dele com força.


   - Ei vai com calma...


   Harry nem teve tempo de falar e o bruxo aparatou levando ele junto. Tudo ficou escuro, ele sentiu um leve enjôo quando a luz apareceu de volta e ele viu que estava numa rua muito movimentada. Não sabia se estava em Londres, mas ainda havia muitos prédios em volta.


   - Por aqui – disse o bruxo mal encarado puxando ele em direção de um prédio meio abandonado.


   CRAQUE


   Um estalo soou atrás deles e Harry viu que outros dois aurores tinham aparecido, estes estavam trazendo Kingsley. Ele recebeu outro puxão do bruxo e sentiu uma leve raiva dele. Caminharam até o prédio que os trouxas sequer olhavam, e entraram nele.


   O hall de entrada era quadrangular, tinha um piso de mármore que lembrava um tanto o de Gringotes. Na recepção havia uma bruxa ruiva sentada olhando para uma televisão assistindo um tipo de programa trouxa. Ela usava uns óculos quadrados e virou o rosto para eles quando os três entraram.


   - Por favor, Sr. Potter – disse o auror estendendo a mão em direção da bruxa.


   Ele caminhou até a mulher que o olhava atentamente, sob olhares dos aurores atrás.


   - Em que posso ajudá-lo? – perguntou ela.


   - Estou aqui para a audiência – disse ele.


   Kingsley que estava lá fora tinha acabado de entrar no lugar também.


   - Você é? – perguntou a mulher pegando uns papeis em baixo da recepção.


   - Harry Potter.


   - Potter? – repetiu ela escrevendo no papel – Audiência Criminaria não?


   - Sim.


   - Sua varinha, por favor – Harry pegou-a do bolso e estendeu para a mulher – fico com ela até o final da sessão.


   - O.k – disse ele meio inseguro.


   A bruxa entregou o papel para ele, lançou um leve olhar para sua cicatriz.


   - Terceiro andar para o sub-solo – disse ela indicando um elevador ao fundo – boa sorte – e lançou um sorriso pra ele.


   Harry concordou, desejou retribuir o sorriso, mas não conseguiu. Começou a caminhar em direção do elevador sentindo uma fumigação incomum em sua barriga.


   -... Shacklebolt, isso, Ministro da Magia.


   Ele entrou no elevador, deu uma ultima olhada em Kin, e apertou o botão do terceiro andar do sub solo. A porta se fechou, e ele sentiu como se o elevador tivesse sido sugado para baixo numa velocidade tremenda. Mal tinha se passado dois segundos quando ela voltou a se abrir.


   A sua frente estava um corredor vazio, um corredor grande e escuro, não se dava para ver o fim dele. As paredes eram feitas de um azulejo preto de cima a baixo, havia algumas tochas acesas, mas elas mal iluminavam o lugar.


   Harry deu um passo para fora do elevador e ele se fechou logo em seguida indo embora. Sentiu-se então numa isolação total, não sabia se caminhava para frente em direção da escuridão, ou se ficava ali esperando Kingsley chegar.


   - Vamos nessa – disse para si mesmo.


   Ele começou a caminhar para dentro do corredor. Não havia nada, nenhuma porta, nenhuma janela, e quanto mais ele caminhava mais aterrorizado ele ficava, o final do corredor ainda não era visível. “Será que estou no lugar certo?”.


   Caminhou e caminhou sem parar por uns cinco minutos, até que enfim conseguiu ver uma brecha de luz vinda de uma porta ao fundo. A luz atravessava os vãos da porta e encontravam o rosto dele. Harry caminhou em direção dela cauteloso, se aproximou cada vez mais e então estendeu a mão na maçaneta redonda de ouro e girou-a. A porta emitiu um som agudo e ranzinzo quando ele a girou, a luz do novo lugar cegou seus olhos, suas mãos soltaram a porta e ela se fechou num baque.


   - Chegou em fim – disse uma voz.


   Ele começou a ter uma visão embaçada, esfregou os olhos com os dedos e então conseguiu ver quem era. Morgan estava à frente dele com um olhar penetrante.


   - Achei que tivesse acontecido algum problema – disse ela puxando ele.


   Esse novo lugar era redondo feito uma catedral, era inteiramente branco, havia uns bancos de madeira em volta, ao fundo havia uma porta onde dois homens, muito parecidos com os que veio buscar ele, estavam com os braços cruzados.


   - Para onde vamos, o Kin...


   - Você será julgado primeiro – disse ela ainda puxando ele em direção da porta – o Ministro depois, não podemos nos demorar.


   Os dois chegaram bem perto da porta, os bruxos se afastaram dela, Morgan girou a maçaneta e eles entraram.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.