Avalon




   Ele estava num lugar vazio, sentindo-se leve. O vento esvoaçava suas vestes para trás, estava voando, sonhando que voava em uma vassoura. No sonho ele voava, para Hogwarts...

   "Mas eu estou em Hogwarts..." pensou.

   "Então talvez você devesse estar lá dentro...” respondeu uma voz feminina.

   Escureceu, ele se viu no corredor, alunos indo e vindo, estava atrasado, tinha que ir dar sua aula... entrou na sala, e viu no meio da dela, o espelho de Ojesed, vacilou.

   "Não quero vê-los de novo... estão mortos...".

   Mas é como se algo o puxasse para o espelho, ele andou vacilante, parou em frente ao espelho, mas o espelho não mostrava nada além de um céu estrelado. Quando ele decidia sair da sala, a imagem mudou e ele ficou petrificado.

Era a imagem de um túmulo, meio escondido pelo mato, ele ficou olhando aquilo, era uma imagem, mas ele pode sentir o cheiro do mato, a brisa, estendeu a mão, ela atravessou o espelho, ele entrou no espelho, estava em um cemitério, olhou a lápide, sentiu um arrepio.

   “Cygnus Bulstrode Black e Druella Rosier Black".

   Juntos na vida e na morte.

   "Black?..." ele estendeu a mão, tocou a lápide, podia senti-la, fria, úmida e real, sentia seus pés na grama selvagem que se espalhara naquele cemitério meio abandonado, escutou um ronco no céu, era noite e estava nublado, o vento moveu seu cabelo, ele sentiu um arrepio de frio... se viu andando, não queria permanecer ali, não queria ver aquele túmulo...suas costas de chocaram com outro objeto de pedra frio...se virou...outro túmulo. Suas entranhas se contrariam ao ver esse.


   “Bellatriz Black Lestrange”


  Sentiu um arrepio em seu corpo...a grama que estava sobre seus pés sumiram, no lugar apareceu uma terra fofa e remexida, como se a tivessem escavado. Ele correu...apareceu no lugar nem via pra onde, então se viu em campo aberto, a frente podia ver uma cidadezinha, estava em um lugar mais elevado, lembrava do lugar... virou-se e viu a entrada de ferro de um lugar com altos muros de pedra, por algum motivo achou que conhecia aqueles muros, agora sabia que os tinha visto, e sabia que eram os muros do cemitério... ele se virou e para trás mais distante em um morro havia uma ruína, parecia em reformas...ele se encaminhou para lá, andando devagar, mas avançando rápido, entrou no terreno, o vento frio agora substituído por uma garoa...ele ficou de frente para a uma casa , as ruínas...


   -Bem vindo ao meu lar. – disse uma mulher que surgira de dentro da casa.

Ele a fitou.

   -Você!

   -Estranho "você" estar aqui. – disse Bellatriz.

   -Saia da minha cabeça!

   -Não.

   -SAIA!

   -Não. Não pretendo sair, tem coisas interessantes em sua cabeça...


   Estavam em outro lugar, ele se viu nos jardins de Hogwarts, voltando das aulas, na mesa ao almoço, Bellatriz estava acessando suas lembranças, ela tinha que parar, ele tinha que deter aquilo, então uma imagem dele beijando Gina apareceu.

   -NÂO! Você não vai ver isso! SAIA! 

   Mas não parou, ela estava entrando mais fundo, ele sentia, tentando separar sua vontade de sua autonomia, frio, brutal, se sentiu encurralado, a imagem dele em frente de Rony, ele segurando um bilhete nas mãos, Kingsley falando com ele no Cabeça do Javali, Bellatriz não podia saber dos planos deles, ela tinha contato direto com Edgar.


  “Como você está na minha cabeça? SAIA”.


   Viu a imagem de Alberfort gritando com ele. “Fique calmo Harry”. Então entendeu. Relaxou.

   -Você não tem o direito de ficar, retire-se agora!AGORA!

   Bellatriz fez uma cara de horror e desapareceu como fumaça, mas sua presença ainda pairava, distante, furiosa por ter sido repelida, ameaçadora... ele se sentiu subitamente cansado...


   

    Não teve forças para abrir os olhos.

   -Pai? Pai acorda... – sentiu um leve puxão no braço quando a voz de Alvo entrou na sua cabeça...

   -Não... – ele não se moveu.

   -Madame Pomfrey contou que você se machucou, estamos muito preocupados – essa era a voz de Victoire, parecia aterrorizada.

   -Hum hum... – resmungou ele, não conseguia abrir os olhos, era como se tivessem tirado toda sua energia.

   Não estava bem, apesar de todos os cuidados da enfermeira, ainda sentia-se exausto. Será que isso é efeito daquela tal Jinki? “Se for me deixou realmente cansado”.


   Sentiu a imagem de uma Bellatriz entrar em sua cabeça. Ela estava em seu sonho...estava querendo entrar em sua mente...mas como...ela nem sequer está viva...“talvez”...talvez aquele pedaço de alma dela na Horcrux tenha se infiltrado em meu corpo...“É possível isso?”. Ele não sabia, mas tinha medo que um sonho como esse voltasse a acontecer.


   - Porque tem uma bandagem no meio da sua testa? – perguntou a voz de Alvo.


   Harry fez força, abriu os olhos... eles arderam como se ele não dormisse a dias. Viu o filho e Victoire ao lado da cama o olhando intrigados.


   - Estou bem, não se preocupe, tive um pequeno acidente apenas.


   - Mas o que aconteceu, tio, o senhor estava lá na sala do Slughorn, depois que saiu com aquele menino, não voltou mais...


   - Tive que resolver uns problemas, nada de mais – tranqüilizou ele.


   - Como machucou a cabeça? E o Braço? – perguntou Alvo curioso.


   - Nem eu mesmo sei exatamente filho, mas basta vocês saberem que eu me meti com um objeto das trevas muito poderoso.


   - E fez um estrago em você – disse Victoire arregalando os olhos.


   - Já estive pior, acredite.


   - Você vai ficar bom...não vai, pai?


   - Claro que vou – sorriu – isso não é o suficiente pra me matar.


   Alvo pareceu mais aliviado com a resposta do pai. Harry moveu a cabeça para o lado. Viu Escórpio dormindo profundamente em uma cama, na outra ao lado estava seu amigo Zacharias. Sentiu raiva de ver ele ali, com certeza estava fingindo.


   - O que aconteceu com aquele menino? – perguntou Victoire apontando para Escórpio.


   - Fraqueza... – mentiu.


   - Coitado...


   - Potter! – exclamou a voz de Madame Pomfrey. Ele e Alvo olharam para ela – você já acordou, precisa se alimentar, e vocês dois para fora daqui, podem fazer uma visita mais tarde sim? Vão, vão!


   Alvo e Victoire deram um sorriso para ele, e na mesma hora a enfermeira conjurou uma mini mesa bem em cima dele com varias guloseimas e bebidas. Harry não se demorou, talvez se comesse sua energia voltasse. Os outros dois saíram da Ala Hospitalar sob a supervisão furiosa da mulher em deixar ele descansar em paz.


   Comeu bem, e se sentiu melhor. Queria se levantar, não podia ficar ali deitado para sempre, tinha coisas a resolver. Afastou a mesinha de sua frente, e virou as pernas para fora da cama, olhou para a uma cabeceira ao lado onde sua varinha estava, queria levantar e pegá-la, mas desistiu. Estava intrigado com uma coisa. Tinha convocado a varinha com as próprias mãos no bar, dom raro segundo Marsden, mas será que ele conseguiria fazer de novo? Esticou a mão...


   - Accio.


   Nada aconteceu.


   - Accio varinha.


   Nada. Ficou desapontado, talvez só tinha conseguido fazer porque estava em perigo, ou algo do tipo, o Sr. Weasley uma fez contou que bruxos podiam executar feitiços que nunca tinham sonhado quando estavam em perigo.


   Isso não era importante agora, o que tinha que fazer ali em Hogwarts já estava feito, destruir o bracelete. Agora era hora de voltar para casa, cumprir um outro objetivo, ir para Avalon investigar a escola, uma oportunidade única. Mas e Escórpio? Ele vai ficar desapontado se descobrir que o bracelete dele foi destruído.


   - Nada que uma mágica não resolva – disse ele pegando a varinha – espero que ele não descubra nada – pegou um prato vazio que estava na mesinha, e com um movimento leve com a varinha, o prato se transformou num bracelete, igualzinho ao que ele tinha destruído.  


   Enfim ele se arrumou, colocou suas vestes de novo, estava bem. Pretendia sair de Hogwarts hoje mesmo. Antes de sair da Ala hospitalar depositou o bracelete falso do lado da cabeceira da cama de Escórpio, depois saiu.


  Tinha uma coisa em mente, queria ver Hagrid antes de voltar, perguntar coisas sobre aquela escola, sobre as Quimeras que ele estava cuidando.


 


   - Sou eu Hagrid – disse quando tinha chegado na cabana do gigante.


   - Harry? – respondeu uma voz abrindo a porta – já está de pé, pensei que estava na Ala hospitalar.


   - Estava, mas já estou bem.


   - Bom, entre, entre – disse Hagrid se afastando para ele passar.


   - Você está bem? Parece meio cansado... – perguntou observando o amigo enquanto se sentava numa poltrona.


   - Ótimo, só um pouco cansado, dor de cabeça, nada de mais – respondeu o gigante indo para a cozinha – acho que bebi demais ontem à noite...chá?


   - Claro.


   - Afinal o que aconteceu com você ontem Harry, porque foi parar na Ala hospitalar? – perguntou enquanto preparava o chá.


   - Problemas com um artefato das trevas – contou – o Marsden falou que era algo realmente perigoso.


   - E aonde você encontrou um artefato das trevas?


   - Bom isso não vem ao caso, não sei se é a hora certa para te contar sabe – disse ele – é um assunto do Ministério.


   - Entendo – Hagrid tirou o chá recém feito e colocou um pouco numa xícara para Harry.


   - Obrigado – agradeceu pegando a xícara e bebendo um pouco – você me deve uma explicação sobre aquele assunto.


   - Que assunto?


   - Aquele das Quimeras, que você estava cuidando de Avalon.


   - Ah, sim... – Hagrid se sentou numa poltrona também com uma xícara cinco vezes maior que a dele. – bom, é um assunto meio cauteloso, não sei de devo contar.


   - Se você quer saber, eu vou para Avalon no final do mês – disse Harry – vamos investigar umas coisas lá, e acho muito suspeito a diretora pedir Quimeras para guardar a escola...


   - Não é para guardar exatamente a escola – explicou o outro – é para guardar o lago.


   - Lago? Que lago?


   - O lago da escola é claro – Hagrid se levantou, deu uma espiada na janela, depois olhou para a própria lareira desconfiado – é um lago mágico Harry – contou baixinho como se até os sofás pudessem denunciá-lo – existe uma lenda sobre esse lago, dizem que ele guarda um artefato muito raro, que pertenceu ao Mago Merlim.


   - A Merlim! – exclamou.


   - Shi! – Hagrid olhou de volta para os lados – bom, nunca soube se essa lenda era verdadeira ou não, vários bruxos já tentaram entrar nesse lago para achar o artefato do Merlim, mas todos que foram não voltaram vivo.


   - Nenhum?


   - Nenhum – o gigante deu umas palmadinhas na própria cintura – mas não tem nada para você explorar lá Harry, o lago está muito bem guardado, e nenhum bruxo seria louco o suficiente para tentar entrar lá.


   - Essas Quimeras sempre ficaram de guarda no lago?


   - Não exatamente, parece que Mirabella teve um mau pressentimento, como se algo em sua cabeça dissesse que o lago proibido estava em perigo...


   - Então ela colocou as Quimeras guardando ele.


   - Exatamente.


   - Muito interessante isso Hagrid – ele virou seu chá – bom, obrigado pela informação, eu já estou de saída.


   - Já vai? – espantou-se o outro.


   - Vou sim, tenho que voltar pra casa – Harry se levantou e foi até a porta – a gente se vê Hagrid, e obrigado pela informação. – saiu deixando o gigante ainda abobado.


   Correu pelos jardins da escola e voltou ao saguão de entrada indo direção da sala de Flitwick agora. A escola estava meio vazia, provavelmente por ser domingo, os alunos deviam estar nas salas comunais se aquecendo. Chegou na gárgula de pedra.


   - Tortinhas.


   A gárgula se virou revelando a passagem para a sala do diretor. Subiu as escadas em espiral, e deu duas batidas na porta.


   - Entre – respondeu a voz de Flitwick.


   Ele empurrou a porta de leve, e entrou. O miúdo professor estava sentando do outro lado de uma mesa, e escrevia sem parar num papel.


   - Harry, vejo que está bem – disse levantando a cabeça e o analisando – deu um susto em tanto na gente, Kingsley me contou sobre o incidente.


   - Estou bem agora, fora essas coisas... – ele apontou para uma bandagem que enrolava seu pulso, e uma outra que cobria sua cicatriz.


   - Tivemos muita sorte de ter aquele Marsden aqui, ele soube o que fazer na mesma hora.


   - Fico muito grato – disse sorrindo ainda perto da porta – bom, professor, o que eu tinha que fazer aqui na escola já está feito, não exatamente do jeito que eu imaginei, porque sai meio mal na minha missão, tenho outros assuntos a resolver agora, avise Alvo e os outros que eu tive que sair às presas... invente alguma história criativa, e que eu os vejo no natal.


   - É uma pena que você tenha que ir já – Flitwick saiu de trás da mesa e caminhou até ele.


   - Eu ficaria, até estava gostando de dar aula – disse com sinceridade – mas realmente tenho que ir, posso usar sua rede de pó de flu?


   - Pode sim.


   - Foi um prazer professor – disse agora caminhando até a lareira da sala – poderia mandar meus malões depois?


   - Mandaremos...


   - Fique de olhos abertos, se acontecer alguma coisa suspeita me mande uma carta o mais rápido possível... – olhou para os quadros dos diretores – ou fale com o Dumbledore, se tiver sorte de encontrar ele ali... Casa dos Potter – e sumiu numa chama verde.


   Pó de flu nunca foi seu transporte favorito, tinha uma leve sensação de que estava sendo sugado por um enorme ralo. Parecia girar muito rápido, o rugido em seus ouvidos era ensurdecedor, então caiu, de cara no chão, em cima de um tapete macio de sua casa. Se levantou meio tonto e ajeitou os óculos. Era estranho pensar que há doze horas atrás ele estava sendo possuído por um bracelete.


   - Tudo bem Harry, você destruiu a Horcrux da Bellatriz, essa ai não tem mais jeito de voltar, agora você tem que saber o que Edgar queria em Avalon, talvez o lago que Hagrid citara... arranje um jeito de entrar lá – disse para si mesmo caminhando até um sofá e se aconchegando.


   Sentiu sua mão automaticamente dar um tapa na sua própria testa. Desejou não ter feito isso, pois uma dor insuportável veio da região da cicatriz. Ignorou a dor. De fato tinha esquecido algo muito importante em Hogwarts, tinha esquecido de pegar a varinha das varinhas no túmulo do Dumbledore. Era a esperança de vencer Edgar se precisasse lutar com ele cara a cara, mas tudo bem, não adianta chorar o leite derramado.


   A casa de Harry era muito bem decorada. A sala tinha o chão de madeira, com um tapete macio enorme, havia dois sofás grandes e uma poltrona em volta de uma grande lareira. As paredes tinham uma cor lilás, onde a cada segundo pontinhos azuis brilhavam feito vaga-lumes. As cortinas eram laranja escuro e tapavam a visão para rua. Ele ficou ali, sentado sozinho pensando sem parar.


   Mais à tarde, Gina e Lílian se surpreenderam quando encontraram ele em casa, e quase o mataram de tantos beijos.


   - Eu estava morrendo de saudades amor – dizia Gina beijando todas as partes de seu rosto.


   - Ei... eu estou aqui sabia! – resmungou Lílian.


   - Venha aqui – disse ele estendendo o braço pra menina – vocês duas – abraçou Gina e Lílian – estava preocupado com vocês.


   - Só você é? – exclamou Gina, deu mais um beijo na bochecha dele – a gente também tava, o senhor deve uma explicação pra gente, está todo machucado!


   - Explicações para depois querida, quero curtir vocês duas hoje, como nos velhos tempos... o que acha de sairmos por ai?  


   - Ótima idéia – disse a ruiva sorrindo.


   - Podemos ir ao parque de diversões dos trouxas? – perguntou Lílian olhando para ele esperançosa.


   - Aonde você quiser.


   - Eba! – a menina abraçou o pai bem forte.


   Ele olhou para Gina e sorriu, abraçou as duas mais forte também, e ficaram assim, e foi a melhor coisa que tinham feito na vida, era uma sensação boa, não precisava mais, nem beijos nem carinhos só estar ali perto delas, era o que ele queria há muito tempo.


   Harry, Gina e Lílian saíram, e se divertiram como não faziam há muito tempo. Foram no parque dos trouxas, tacaram bolas de neve uns nos outros, tomaram chocolate quente, foram ao cinema (Gina disse que eles deviam levar o pai dela qualquer hora).


   - O Vovô ia ficar fascinado – comentou Lílian de mão dada com os dois quando estavam saindo.


   Foi um dia marcante e satisfatório, estava tudo bem ali, nem parecia que bruxos das trevas estavam à solta no mundo.


 


   Os dias foram passando e a ansiedade de ir para Avalon ia aumentando a cada segundo. Harry já tinha contado pra Gina tudo que havia acontecido em Hogwarts. Da morte do garoto, que ele tinha tentado lutar com o assassino, sobre o bracelete de Escórpio, e que o mesmo quase tinha possuído ele. A mulher ficou horrorizada, e ao mesmo aborrecida com ele e Kingsley por não terem contado a eles sobre o que estava acontecendo.


   - Medida de segurança sabe, só eu e ele sabíamos. – se justificou.  


  Seu foco agora era arranjar uma maneira pra entrar na escola junto com os aurores. Ele não tinha idéia do que fazer, mas para sua sorte quando Rony e Kingsley vieram visitar ele três dias depois de sua chegada, os dois já tinham um plano em mente para ele.


   - Use a poção da troca de corpos – disse Rony na tarde daquele dia quando tinha conseguido dar uma escapada do trabalho.


   - Troca de corpos?


   - É tipo como uma poção polissuco entende, mas não precisa pegar cabelo da pessoa na qual você quer se transformar – explicou ele – basta você tomar a poção, e a pessoa que você quer o corpo tomar também, e depois se tocarem, vai acontecer uma troca de corpos.


   - Quer dizer que eu me transformo na outra pessoa?


   - Exatamente, eu acho mais seguro que poção polissuco.


   - Como você sabe disso, não me lembro de ter aprendido essa poção na escola.


   - Não ensinam na escola ela – disse Kingsley ao lado de seu amigo rindo – são armas que os aurores usam, tinham tirado de circulação essa poção, mas desde que você saiu do cargo deram autorização para usar ela de volta.


   - Legal, e como eu consigo uma?


   - Deixa isso comigo Harry, apenas me encontre na frente do Ministério no dia trinta, sua passagem para acompanhar a gente pra aquela escola está garantida. – disse Rony.


   - Acho que é uma maneira perfeita pra você se infiltrar – disse Kin – todo mundo vai passar por uma vistoria antes de entrar na sala do transporte para Avalon, à poção polissuco seria pega muito facilmente, contudo a poção troca de corpos não está na lista, duvido que o peguem.


   Ele não tinha muito que fazer, apenas confiar em Rony e Kingsley. Passou o resto dos dias enfiado dentro de casa pensando. Seu pulso e sua cicatriz já estavam melhores, a queimadura que o bracelete tinha feito havia desaparecido completamente, e sua cicatriz tinha se fechado de novo, porém, estava muito mais vermelha do que o normal.


   Neste tempo não tinha tido mais nenhum sonho esquisito com Bellatriz, isso era ótimo, porque não desejara ver ela tão cedo em sua cabeça de novo. A véspera do dia trinta uma coisa intrigava sem parar sua cabeça, as palavras de Alberfort no Cabeça de Javali.


“Aquela escola escondem muitos segredos, eu não mexeria com eles se fosse vocês”.


   Dia trinta, o dia esperado.


   - Rony disse para você aparatar na frente do Ministério às nove horas – disse Gina naquela manhã – vou levar a Lílian pra ficar com minha mamãe.


   - Tem certeza de que vai dar tudo certo?


   - Vai sim querido – deu um beijo nele – e você se cuida.


   A ruiva puxou sua pequena filha, e no instante seguinte tinham desaparecido feito fumaça. Harry estava ansioso, queria ir logo para Avalon, queria encontrar Kin, ficar a par da situação atual. Quando eram nove horas em ponto, ele pegou sua varinha e aparatou. Mal teve tempo para ver se tinha chego no lugar certo quando deu de cara com Rony.


   - Você demorou! – exclamou o amigo que parecia tão agitado quanto ele.


   - Você disse nove horas, mas o que você está fazendo com isso? – Rony segurava o corpo de um estranho desacordado nos braços.


   - É a pessoa na qual você vai se transformar – respondeu ele colocando o corpo no chão – o Kin deu um jeito de colocar eu, Ted e esse grandalhão aqui de guarda pra acompanhar aquela família na busca do filho.


   - Legal. – disse Harry observando o cara gigante que estava desacordado.


   - Esse é Emilio Hufman – disse Rony pegando um frasco de poção do bolso – tivemos que chegar mais cedo pra receber instruções do que fazer sabe, dei um jeito dele beber a poção, e estuporei ele depois no banheiro – ele estendeu a poção pra Harry – beba logo, antes que alguém chegue.


   Nem precisou mandar duas vezes, num gole ele virou tudo. A poção não tinha gosto de nada. Seu corpo continuava o mesmo, será que deu certo?


   - Toque nele agora Harry. – mandou Rony o observando.


   Cauteloso, ele estendeu a mão para o grandalhão, e tocou em seu ombro. No mesmo momento sua visão se escureceu e voltou instantaneamente. Foi uma das coisas mais esquisitas que viu. No lugar onde estava o homem grandalhão, agora estava ele mesmo, caído, desacordado. Olhou para as próprias mãos, ele era realmente grande e forte agora.


   - A poção deve durar umas seis horas – disse Rony pegando agora o corpo de Harry no chão – mais ou menos, então temos que ser rápido em investigar o lugar.


   - Certo – disse ele com uma voz diferente.


   - O Kin está te esperando no átrio, ele sabe que você é o Emilio, vai indo enquanto eu escondo seu corpo – disse o ruivo – você deu uma engordada hein Harry?


   Ele riu, arrumou as vestes, e caminhou diante das grades. No outro instante ele tinha aparecido numa das lareiras do átrio. Estava tudo exatamente como ele tinha visto da ultima vez. Vários bruxos, bruxas, duendes e outros seres andavam de um lado para o outro com presa, segurando pilhas de coisas nos braços. Ao longe pode avistar Kingsley parado sozinho. Caminhou até ele se enfiando no meio da multidão de gente.


   - Alô Kin – cumprimentou ao se aproximar bem.


   - Você ai! – exclamou Kingsley baixinho olhando para os lados – está tudo certo então, o Weasley conseguiu?


   - Ele está escondendo o...meu corpo lá em cima – disse.


   - Certo, então vamos Harry, não podemos nos demorar aqui, Rupe e Alberta devem chegar a qualquer instante.


   - Pra onde vamos?


   - Pro Departamento de transportes mágicos – respondeu Kin quando começaram a caminhar para os elevadores.


   - Vamos de que para lá? Pó de flu, vassouras, aparatando, chave de portal?


   - Vamos usar um outro meio de transporte – disse o Ministro quando já estavam na porta dos elevadores – um meio seguro é claro, a diretora de Avalon não gosta muito de expor sua escola, muito menos ao ministério.


   - Igual Durmstrang? – comentou Harry entrando num elevador. 


   - Exatamente – Kingsley olhou a hora – o jovem Lupin já está lá em cima à espera da gente, o Weasley tem que se apressar. – a porta se fechou, e o elevador se movimentou.


   - Afinal, o que esse tal Rupe quer na escola?


   - Pegar seu filho é claro, parece que a avó dele morreu – disse Kin – lamentável termos que usar a morte de alguém para chegar à escola.


   - Morreu como?


   - Velhice, não se preocupe, Edgar não tem dado nenhum trabalho desde aquela fuga – se apressou a dizer o outro – eu até acho meio estranho sabe, mas vai entender o Edgar.


   - Vai ver ele está tramando alguma coisa.


“Nível seis, Departamento de Transportes Mágicos, incluindo a Autoridade sobre a Rede de Flu, o Controle de Vassouras, o Escritório de Portais e o Centro para Testes de Aparatação”.Disse uma voz feminina do elevador quando a porta se abriu.


   - Pode ser, não podemos duvidar de nada – disse Kingsley agora conduzindo ele a uma sala ao extremo.


   - Você acha que Mirabella não vai desconfiar de nada da gente estar lá? Quero dizer...


   - A não, avisamos que teve uma fuga em Azkaban, e que colocamos segurança em dobro – os dois pararam na frente da porta – então é o seguinte Harry, Lawrence ficou meio desconfiado quando eu sugeri para ele em colocar o Weasley e o Lupin nessa missão, segundo ele os dois não tem muita qualidade.


   - Quem é Lawrence?


   - O novo chefe do departamento, Glover o colocou – o Ministro olhou para os lados – Você, Weasley e o Lupin vão acompanhar Rupe e Alberta, é provável que eles só queiram pegar o filho e já queiram ir embora.


   - Não vamos ter muito tempo então – comentou Harry.


   - Provavelmente não, teremos mais ou menos uns quinze minutos, só o tempo deles assinarem a papelada com a diretora da escola, vocês terão que usar esse tempo para investigar o que puderem.


   - E se não acharmos nada?


   - Bom, então temos que torcer pro Edgar não conseguir chegar na escola.


   - Certo então.


   - Bom Harry, vocês vão usar um dos transportes mágicos não muito comuns por ai – disse Kingsley mudando de assunto – o Código do Portal.


   - Código do Portal?


   - É, vocês entraram num armário, aparentemente um armário comum, mas lá dentro terá uns botões com vários números para vocês apertarem, é bem simples, o único jeito de chegar a Avalon é colocando o código certo. A própria diretora os criou, só ela sabe o código.


   - Maneiro isso. – disse Harry.


   - Logo após vocês partirem o código se mudara, e não poderemos chegar até vocês está entendido? Então tenham cautela.


   - Certo.


   Kingsley abriu a porta e revelou uma sala esquisita. A parede era pintada de azul com varias estrelas amarelas coladas ao redor À sala não tinha nenhum móvel, nem nada mais. Ao fundo havia mais quatro portas, ele supôs que deviam ser os tais armários. Na sala estava Ted, e dois bruxos que ele só conhecia de rosto, trabalhavam no Departamento Transportes Mágicos.


   -Dia Francis – cumprimentou Kin ao entrar.


   - Dia Ministro – cumprimentou o bruxo – onde está o outro auror Hufman?


   - Ah...banheiro – disse Harry.


   - Quanta irresponsabilidade.


    Os bruxos ficaram olhando um para cara do outro por uns três minutos, até Harry ver que Ted enfiava algo no bolso, se aproximou discretamente e perguntou.


   - O que é isso, algo que eu não saiba?


   - Nada, é só uma carta da Victoire – respondeu o sobrinho tão baixo que mal havia escutado.


   - Algum problema em Hogwarts?


   - Não, ela está furiosa comigo – contou o afilhado – sabe, por aquela brincadeira dos furúnculos, e depois aquele amigo dela Erlian morreu – ele franziu a testa.


   - O que ela disse na carta? – perguntou Harry interessado.


   - Nada muito que agrade muito, me mandou para o inferno, disse que sou infantil, e que não quer me ver tão cedo – ele cruzou os braços fechando a cara – acho que ela ta me culpando pela morte dele.


   - Aos poucos ela coloca a cabeça no lugar.


   - Não sei não, eu mandei uma resposta pra essa carta dela.


   - O que você mandou?


   - Ah... mandei ela pra aquele lugar, e que não me importo se ela não falar comigo.


   Harry ia responder, mas antes dele:


   - Bom, acho que o casal Emeth está atrasado – disse Kingsley olhando o relógio – não acha que já deve ir passando o código para Lupin e Hufman, vamos adiantar as coisas!


   - Com toda certeza Ministro – disse Francis correndo até Ted e entregando um papel, depois foi até Harry e entregou outro.


   - Vocês devem digitar o código no controle que tem no armário – disse o outro bruxo que ele não sabia o nome.


   - Eles sabem – rosnou Kingsley – acha que meu Ministério cria aurores insolentes?


   - Eu não quis dizer isso Ministro...


   - Mas é o que pareceu.


   - Peço mil desculpas.


   Os cinco bruxos ficaram esperando o casal Emeth que iria a Avalon por mais uns quinze minutos, quando finalmente a porta daquela sala se escancarou e dois bruxos, aparamente da mesma idade que Harry, entraram seguidos por Rony.


   - Parece que se perderam na cidade – disse Rony entrando e se aproximando de Harry.


   - Desculpe o atraso Ministro – disse o Rupe Emeth meio inseguro.


   - Não tem problema é claro, não estamos com tanta presa – disse Kingsley sorrindo – você e sua esposa estão prontos?


   - Estamos ansiosos para ver o pequeno Grifo! – disse à mulher que lembrava um tanto tia Petúnia.


   - Vamos logo então, antes que Mirabella surte, ela já está meio insegura de ter passado esse código pra gente – comentou Francis conduzindo o casal para perto dos armários.


   - O Kin te contou o que fazer Tio Harry? – perguntou Ted em seus ouvidos quando os outros estavam um pouco longe.


   - Contou sim – respondeu Harry tão baixinho quanto o outro.


   - Estou pensando em dar um jeito nesses debiloides pra gente ganhar mais tempo – comentou Rony aos calcanhares deles.


   -... devido a situação atual aqueles três aurores irão lhes acompanhar, por medida de segurança é claro – ia explicando Francis ao casal.


   - Estão prontos? – perguntou Kingsley se aproximando deles.


   - Eu já nasci pronto Ministro – respondeu Ted sorrindo.


   - Está com seu código Weasley?


   - Me entregaram mais cedo.


   - Bom, então vão.


   Os três se adiantaram. O casal Emeth entrou dentro do armário. Harry, Rony e Ted ficaram esperando, o outro bruxo que estava ali na sala se aproximou deles e começou a passar um sensor em volta de seus corpos.


   - Segurança – resmungou ele quando enfiava o objeto de baixo na camisa de Ted a procura de alguma coisa– como se alguém fosse louco de tentar entrar no Ministério escondido.


   - Weasley, Lupin, Hufman, entrem no armário, o código irá mudar dentro de dois minutos. – disse Francis.


   Harry olhou para os outros dois, depois abriu a porta, e entrou no armário. Não era muito grande, parecia mais um armário de vassouras, ao lado esquerdo da parede havia vários números como de uma cabine telefônica. Ele pegou o papel que o bruxo tinha lhe dado e começou a digitar.


“Quatro, dois, um, três, um, oito, sete, sete, oito, nove, zero, um, cinco, quatro, seis”. Ao apertar o ultimo botão olhou para os lados esperando algo extraordinário, ou alguma sensação estranha, mas nada aconteceu.


“Será que fiz certo? Ou será que não deram o código errado?”.


   Decididamente nada tinha acontecido. Decidiu então sair do armário e perguntar a Kingsley qual era o problema. Abriu a porta e quase ficou cego. Raios solares muito fortes invadiram seus olhos de uma vez só, ele colocou o braço na frente do rosto para poder ver melhor.


   À frente dele estava um gigantesco castelo, talvez maior que o castelo de Hogwarts, mais bonito, as paredes dele brilhavam feito esmeraldas, pareciam que elas eram feitas de gelo. O gramado parecia ser mais verde ao sobrar da brisa leve, a floresta ao lado do castelo parecia ser bem melhor do que a floresta que tinha em Hogwarts, não era escura, tinha cor, era viva, verde, dava para se ouvir o canto dos pássaros.


   - Maneiro aqui hein – ouviu a voz de Rony ao seu lado.


   Ele olhou para o lado e viu Rony e Ted olhando o grande castelo. Pouco mais à frente o casal Emeth estava parado os observando.


   - Chegaram finalmente!


   Uma mulher gorda e baixa tinha surgido do nada a frente deles.


   - É um prazer Sr. Emeth, e Sra Emeth – cumprimentou a mulher o casal.


   Harry reconhecia ela. Tinha visto a cabeça da mulher na lareira de Hagrid, da ultima vez ela tinha uma expressão muito seria.


   - Vocês devem ser os aurores do ministério – disse ela vindo até eles agora – eu sou Mirabella, diretora.


   Mirabella era uma mulher baixa e gorda. Suas vestes eram azuis. Ela usava um coque sobre a cabeça gorda e suas bochechas eram rosadas feito morangos gigantes.

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