A Ferida




   Harry desceu as escadarias com passos rápidos, chegou ao saguão de entrada, passou pela grande porta de mármore, e saiu descendo mais umas escadinhas para chegar aos jardins da escola. Hogsmeade era um tanto longe para ir a pé, mas ele nem estava se preocupando com isso. Não havia lua no céu, no lugar, varias nuvens rugiam carregadas de água, o vento sobrava forte cortando seu rosto com seu ar gélido, estava muito frio e ele tinha se esquecido completamente de pegar uma blusa.


   Foi saindo das propriedades da escola sozinho em direção do pequeno povoado. Chegou num arco onde se lia, Hogsmeade. Uma pequena coruja estava sentada em cima do arco, Harry atravessou o mesmo e entrou na cidade. Fazia muito tempo que ele não ia ali, a cidadezinha parecia um cartão de natal, as casas e lojas de telhado de colmo estavam cobertas por uma camada de neve fresca, havia coroas de avezinho nas portas e fieiras de luzes encantadas penduradas nas árvores.


    -... não volte mais ao meu bar!.


   Uma mulher havia acabado de expulsar um bruxo de vestes negras com cabelos cumpridos do lugar que se chamava: Três Vassouras.


   - Boa Noite Rosmerta – cumprimentou Harry olhando a cara amarrada da mulher.


   O homem que tinha acabado de ser colocado para fora o olhou por um instante, então se levantou, arrumou suas vestes com as mãos, olhou para mulher e saiu andando na escuridão.


   - Ah, Harry Potter! – exclamou ela sorrindo – é um prazer revê-lo.


   - É muito bom te ver também.


   - O que faz por aqui, não é muito comum...


   - Eu sei, estou indo encontrar uma pessoa – disse esfregando as mãos para esquentá-las.


   - Se você ficar muito tempo aqui fora vai acabar pegando uma gripe.


   - Você não teria nenhum casaco ai para me emprestar...é que eu sai meio as pressas...


   - Sabe que estamos numa época que esfria muito não é, mas venha cá, eu acho que tenho um sim – disse ela se afastando para ele entrar.


   O Três Vassouras estava cheíssima, barulhenta, quente e enfumaçada. Ele ficou ali na porta, parado, apenas observando os outros bruxos sentados em mesinhas bebendo sem parar, conversando em voz alta. Havia uma grande árvore de natal ao fundo do salão próxima a uma lareira que ele veio a desejar. Rosmerta não se demorou, em alguns minutos ela voltou carregando um imenso casaco peludo.


   - Aqui querido – disse ela sorrindo lhe entregando o casado – mas você tem que prometer que virá aqui no meu bar quando puder.


   - Pode deixar – respondeu ele retribuindo o sorriso e se vestindo – eu até ficaria por aqui, mas eu realmente tenho assuntos a resolver – se virou e abriu a porta – a gente se vê, e obrigado.


   - Até logo querido.


   Harry se encontrava de novo no frio, continuou andando pelo povoado de cabeça baixa. De vez em quando via alguns donos de loja fecharem as portas e o encarar como se ele fosse algum tipo de bruxo perdido, até que por fim entrou em uma ruazinha onde a escuridão era quase total, as luzes dos lampiões eram extremamente fracas. Ao fundo ele localizou uma luz vinda de longe. Ele desceu lentamente a rua e foi indo em direção da luz, chegando num lugar que tinha um letreiro maltratado de madeira pendurado sobre a porta, em um suporte enferrujado, com o desenho da cabeça decepada de um javali, pingando sangue na toalha branca que o envolvia. O letreiro rangia ao vento quando ele se aproximou bem. Abriu a porta e entrou.


   Esse bar compreendia uma salinha mal mobiliada e muito suja, tinha um cheiro forte. As janelas curvas eram muito incrustadas de fuligem que era quase impossível ver a rua do lado de fora. O lugar era iluminado com tocos de velas postos sobre mesas de madeira tosca. O chão parecia ser de terra batida.    


  Ninguém que estava no lugar ligou muito para ele, estavam todos conversando e tomando cerveja sem parar, alguns estavam cantarolando de um lado, outros estavam fazendo feitiço com os copos, nenhum deles o viu entrar. Harry foi até o balcão onde um homem com um capuz na cabeça limpava um copo sujo sem parar.


   - Olá Alberfort – cumprimentou ele o barman se sentando em um banco alto sobre o balcão.


   - Barbas de Merlim – exclamou Alberfort Dumbledore – o que vai aqui garoto?


   - Não sou mais garoto – disse rindo – estou esperando o Ministro, será que você podia me dar uma cerveja amanteigada?


   - Você sempre vai ser um garoto – resmungou o barman pegando uma garrafa de cerveja e servindo num copo limpo para ele – acha que eu não leio o profeta diário, aposto que estava arranjando encrenca por ai.


   - Não exatamente, estou investigando uns assuntos secretos.


   - Metendo o nariz em coisas que não são da sua conta de volta não é? – disse voltando a limpar o copo.


   - Na verdade são coisas realmente importantes – disse baixinho – estão acontecendo coisas muito esquisitas por ai, o Ministério não está mais em total comando do Kingsley, ele está prestes a perder o cargo dele.


   - Não está em total comando do Ministro?


   - Não, não, bruxos das trevas estão agindo, e estão agindo muito bem, com cautela, devo dizer que todo mundo já está correndo muito perigo – ele bebeu – aquela fuga em Azkaban, bem, não foi exatamente como o profeta diário disse, não causei fuga nenhuma, foi um bruxo, amigo do Teobot.


   - Nunca acreditei muito no profeta.


   - Em todo o caso, o Ministro acredita no Harry – um homem encapuzado se aproximou deles – só que a Ordem de Merlim está intervindo. – o bruxo abaixou o capuz.


   - Chegou antes do previsto Kin – disse Harry sorrindo o observando.


   - Você também – disse o outro se sentando ao seu lado.


   - Melhor assim, quanto antes terminarmos nossa conversa melhor.


   - Então aquele velhote do Glover está se intrometendo nos seus assuntos Ministro – disse Alberfort lhe entregando um copo também.


   - Se ele não se intrometesse, era capaz de perder seu cargo na ordem – disse Kingsley.


   - É um completo idiota – rosnou.


   - Como vão as coisas no Ministério? – perguntou Harry.


   - Por enquanto está tudo em ordem, nada de grave acontecendo por enquanto.


   - E Gina? Rony? Hermione? Estão bem?


   - Estão trabalhando muito...ah.. – Kingsley meteu a mão no bolso das vestes e tirou um papel – antes que eu me esqueça, lembra daquele assunto das cartas de Avalon que você me disse?


   - Falei com o quadro de Dumbledore, ele me disse que não existe nada lá...contudo ele pareceu meio inseguro me falando isso.


   - Isso é o que veremos, olhe isto – ele passou a carta para Harry – pedido para ir a escola buscar os filhos.


   - Interessante.


   - De acordo com a restrição da diretoria da escola, só podemos conceder autorização para ir lá, a pais de alunos, talvez não tenha nada demais, mas vale apenas dar uma checada, afinal o Edgar queria ir para lá não é?


   - Alvo disse que não tem nada em Avalon? – disse Alberfort rindo – Existem muitas coisas estranhas naquela escola, lendas, mitos, eu não mexeria com os segredos daquela escola se fosse vocês.


   - O que pretende fazer Kin? – perguntou Harry olhando o barman intrigado com o comentário dele.


   - Vamos dizer a Rupe Emeth e sua esposa – ele apontou para os nomes na carta – que terão de ir para lá acompanhados de aurores, vou fazer o possível para mandar o seu amigo Weasley, e seu afilhado Lupin.


   - Ótima idéia!


   - É uma boa chance para você ir também.


   - Não posso pisar no ministério, não trabalho mais lá.


   - Ora vamos Harry, você arrombou Gringotes quando era jovem – disse Kingsley indignado – sei que você consegue arranjar uma maneira pra acompanhá-los.


   Ele riu.


   - Está certo, eu acho que consigo ir.


   - Vamos planejar isso melhor – Kin apontou novamente para a carta – a autorização está prevista para trinta de novembro, esteja preparado até lá.


   - Mandarei o Monstro pra lhe avisar.


   - Esse é o Harry Potter que eu conheço – disse Kin pegando seu copo virando de uma vez só – tem conhaque aqui?


   - Claro sim – respondeu Alberfort irritado de não darem atenção a ele, pegando uma outra garrafa e servindo pro ministro.


   - Então, agora vamos ao assunto do bracelete, o que tem a me contar?


   - Bom Kin, como eu tinha previsto, ele estava na escola com o Escórpio Malfoy.


   - Uma ótima dedução sua.


   - Obrigado – disse sorrindo – não foi muito difícil descobrir onde ele estava é claro, fiz o garoto me dar de bom grado.


   - Como?


   - Me beneficiei de uma mini festa do professor Slughorn para persuadir ele – contou – sabia que o menino ia estar lá, já tinha tudo preparado, pensei em usar uma poção veritaserum nele, mas seria meio obvio, eu ia ter que roubar do estoque do Slughorn essa poção.


   “Fiz algo mais simples, que eu mesmo soubesse preparar, não tinha certeza que ia funcionar, mas deu certo. Preparei uma poção da curiosidade e consegui fazer ele beber. Contei uma história magnífica sobre o bracelete, deixando-o intrigado em saber o que ele fazia. Deu certo, o Escórpio ficou realmente curioso em descobrir se minha história era verdadeira ou não, e me entregou o bracelete. Por precaução preparei mais duas poções, uma enfraquesedora, que foi o suficiente pra fazer ele desmaiar, e outra limpa vestígios, pra Madame Pomfrey não descobrir que eu usei as poções nele. A essas horas ela deve ter deduzido que o menino não comeu nada o dia todo, e vai deixá-lo de repouso por essa noite, e eu... tenho o bracelete aqui”


   Harry tirou do bolso o estranho objeto orgulhoso de si mesmo e mostrou a Kin.


   - Realmente muito bom Harry.


   - Uma façanha e tanto – elogiou Alberfort.   


   - Mas temos o lado ruim – disse ele deixando o bracelete em cima do balcão – prometi que devolveria ele a Escórpio assim que eu o examinasse.


   - Quando seria isso? – perguntou Kin.


   - Acho que ele vai querer de volta amanha cedo – disse ainda tranqüilo – mas não preciso de muito tempo para examinar ele, já sei o que é.


   - O que?


   - É uma...horcrux.


   - Gárgulas galopantes! – gritou Kingsley em voz alta, fazendo um bruxo que estava sentado numa mesa derrubar seu copo com o susto – mas...de quem...do Edgar? – perguntou agora baixinho.


   - Da Bellatriz eu acho, afinal estava no cofre dela não é?


   - Os bruxos hoje em dia não têm respeito com a própria alma – comentou Alberfort.


   - Mas você tem certeza, Harry?


   - Claro que tenho, tive certeza absoluta na mesma hora que peguei nas mãos – respondeu olhando o bracelete – já tive bastante experiência com Horcrux.


   - Você é um bruxo e tanto, agora vejo porque Dumbledore confiava muito em você – disse Kingsley ainda abatido com a noticia.


   - Não diga bobagens, sabe que eu nunca saberia sobre o bracelete se não fosse você – disse ele que sempre se recusava a receber todo o credito por uma coisa – em todo caso, eu vou destruir a Horcrux essa noite, vou tentar pelo menos.


   - Como pretende fazer isso garoto, horcruxes não são objetos fáceis de se destruir – caçoou Alberfort balançando a cabeça.


   - Eu sei como se destrói – retrucou Harry irritado – pretendo usar a espada de Griffindor é claro, deve estar na sala do diretor lá na escola.


   - Experto como sempre hein.


   - Às vezes – disse rindo da cara do barman – então Kin, agora que já colocamos nossos assuntos em dia, só peço mais uma coisa, caso eu não consiga destruir a Horcrux hoje à noite, preciso que você fale com Hermione.


   - E porque você não conseguiria destruir ela, está tão fácil não?


   - Claro que está fácil, mas também não tenho absoluta certeza de que vou encontrar a espada de Griffindor lá na escola.


   - Está certo, mas o que quer que eu pergunte a Granger?


   - Pergunte sobre outras maneiras de destruir uma Horcrux, que não seja pela espada, nem por dente de basilisco, muito menos pelo fogo maldito, por que nem sei como se faz esse.


   - Fogo maldito é arte das trevas, muito complexo, mas perigoso – comentou Alberfort sério – não é todo mundo que sabe executá-lo, ouvi dizer que o bruxo tem que ter um dom para fazer.


   - Por isso mesmo, caso aconteça algo errado preciso de outras maneiras, vai ser uma infelicidade é claro, terei de persuadir o Escórpio de novo – disse ele – se eu não conseguir mandarei o Monstro hoje mesmo, mas não fale para Hermione que a informação é pra mim!


   - Por quê?


   - Não estamos não falamos, nos desentendemos há um tempo atrás, diga que é assunto do Ministério – Harry olhou as horas, já era quase uma da manhã – eu acho que já vou indo então – esticou a mão para pegar o bracelete então aconteceu.


   Como se o objeto tivesse vida própria, investiu rapidamente contra seu pulso, e se encaixou, parecia uma argola presa, sentiu algo ruim. 

    - Mas que mer... – balbuciou. 

   O que sentiu o fez gritar de dor e segurar o bracelete tentando arrancá-lo, Kin se levantou rapidamente e deu uns passos para trás, o olhando avidamente. 

   -Tira isso de mim! – gritou, sua visão estava ficando embaçada.


   Viu Alberfort pular o balcão e correr em sua direção, dentro dele ele sentiu um frio intenso se espalhar... 

   -SAI! TIRA! – tentou puxar de novo. 

   Tinha que resistir era como se estivesse caindo, sentiu um vazio, uma leve despreocupação, como se estivesse sob a maldição Imperius.

"Mate-os..." disse uma voz em sua cabeça.

   Ele tentava arrancar o bracelete, que parecia estar ficando mais apertado.

"Mate-os".


   - Harry fale com a gente! Continue com a gente! – ouviu-se a voz Kingsley tenso.


   Ele desabou no chão.

"Levante e mate-os!”.


    - O que esse desgraçado está fazendo? – berrou uma voz, provavelmente de algum outro bruxo no bar.


   Ele mal sentiu quando levantou, tinha que resistir pegou a varinha. 

   -Harry! Solte a varinha! – gritou Alberfort – tire todo mundo daqui Ministro!

"Mate-os!".


   Harry jogou a varinha longe, o bracelete pareceu queimar, berrou novamente. 

   -Tire isso! – berrou, viu Alberfort puxar o bracelete com força, mas sem resultado. 

   - Harry! - berrou a voz de Kin. 

   - Fique calmo Harry! Kin tire-os daqui! – repetiu Alberfort.

"Mate-o!"


   - NÃO!


   Alberfort nem sentiu quando foi empurrado, Harry pensou em se desculpar, mas se viu cambalear até a varinha, fechou os punhos antes de chegar até ela.

"Pegue-a e mate-os!"

Voltou a puxar o bracelete com mais força, seu pulso começou a sangrar. 

   - Accio varinha! – disse Kingsley. 

   - SAIA!SAIA! – berrava ele. Caiu de joelhos no chão de novo.

"levante-se!

   - Não! 

   Então só havia olhares de bruxos assustados em volta dele, Harry se levantou muito devagar, se virou para Kingsley, estendeu a mão na direção dele:


    - Accio! – disse como se sua mão fosse uma varinha.

   A varinha voltou a sua mão, viu o espanto na cara dos outros antes de Alberfort gritar.

   - Estupore ele! Kingsley!

"Mate-os!".


   Mas Harry estava tremendo da cabeça aos pés tentando resistir, Kin pareceu indeciso em estuporá-lo. 

   - Petrifficus... 

   - Estupefaça! – bradou Harry automaticamente sem mira nenhuma.

   Kin se desviou por uns centímetros.

"MATE-OS!”.

Harry não queria, tremia convulsivamente, tentando em vão apontar para tudo menos para eles...

MATE-OS


   - Ric...— tremeu – me parem, por favor! – gritou.

   - Estupefaça! – atacou Alberfort. 

   -Protego!

Mate todos eles


   -Harry! Pare! – gritou Kingsley – resista! 

   -ME ACERTA! – berrou ao apontar a varinha para eles. 

   Um bruxo ao longe bem que tentou, mas de modo violento foi estuporado por Harry, que ainda desviou dos feitiços de Kingsley e Alberfort, ambos muito preocupados. 

   - HARRY SE CONCENTRE!- gritou Alberfort.


   Como se não estivesse fazendo isso. Tentava em vão ficar quieto, mas era como se seu corpo tivesse vontade própria...

AGORA MATE-OS!” 

   -AVADA...NÃO! – voltou a jogar a varinha. 

   -Accio – convocou Kingsley. 

   Harry agarrou o próprio pulso com raiva, caiu de joelhos apertando-o com força, cada parte dele tentando resistir àquela angústia horrível, se sentiu aquecer novamente, resistir ao controle, se agarrou num fio de esperança e sentiu que voltava... 

   -SAIA! – berrou alto com fúria. 

   A bracelete se avermelhou e incendiou-se, ele ouviu os gritos, apesar da dor escruciante daquilo pegando fogo em seu pulso, sentiu a pressão sobre sua cabeça parar. Afastou o pulso do corpo vendo o bracelete pegar fogo, sentiu alguém segurar o seu braço e amparar sua queda, caiu rilhando os dentes de dor. Viu o resto do bracelete cair de seu pulso ferido queimado e se consumir até virar cinzas, em seguida, desmaiou.


 


   Sentiu uma leve dor angustiante em seu pulso direito, abriu os olhos e viu que estava na Ala Hospitalar. Ele estava deitado em uma das camas, coberto por um rio de cobertores, muito bem aquecido. Era dia já, os raios gélidos do sol entravam timidamente pelas janelas do lugar. Ao longe ele pode ouvir vozes conversando do lado de fora.


   -... acidente é claro, um tipo de objeto das trevas. – disse a voz de Kingsley.


   - Jinki! Tenho quase certeza que é, artefato raro, só um bruxo realmente habilidoso pra fazer um. – disse uma outra voz, essa era de Marsden, que estava na mini-festa de Slughorn.


   - Pertencia a Bellatriz Lestrange, provavelmente foi algum tipo de objeto do Lord das Trevas, Harry disse que era uma horcrux.


   - Muito bem bolado, fazer uma horcrux e transformá-la em uma Jinki, é realmente uma das formas mais seguras de se proteger a horcrux.


   A porta se abriu, e ele pode ver Madame Pomfrey entrando carregando uns cinco ou seis frascos com poções dentro. Os dois bruxos que conversavam no lado de fora da porta viraram seus olhares para ele, e no mesmo tempo que viram que ele estava acordado, entraram em passos rápidos em direção da sua cama.


   - Ah não, deixe o Potter descansar, depois vocês falam com ele! – disse Madame Pomfrey brava.


   - Só vamos precisar de uns minutinhos, não vamos deixar o Harry no vácuo aqui – disse Kingsley.


   - Dois minutos! – disse ela mostrando nos dedos – e nada mais.


   - Essa Papoula não muda nunca – comentou Marsden a observando e rindo um pouco.


   - Vejo que vocês estão bem – disse ele se sentando na cama.


   - Melhor que você é claro – disse Marsden – Kin me contou o que aconteceu, devo dizer que isso foi realmente perigoso.


   - Que diabos tinha naquele bracelete?


   - Deduzi que era algum tipo de artes das trevas antiga, do oriente para ser mais exato, para controlar seu corpo, como uma magia Imperius entende? É chamado de Jinki, magia de controle feita por objetos. Existem vários tipos de Jinkis é claro, mas essa pelo que descreveram, era a do controle do corpo. É algo realmente fascinante se quer saber, uma Horcrux que ao mesmo tempo é uma Jinki, uma pessoa qualquer teria se rendido ao seus encantos – Marsden deu um suspiro – vamos falar delas depois que você estiver melhor recuperado, mas devo dizer que era uma Horcrux bem segura.


   - Era? – perguntou ele confuso se lembrando da cena – consegui convocar minha varinha com mãos, sem utilizar outra varinha, isso é normal?


   - Não muito, é extremamente raros bruxos que fazem isso, o que você fez se chama Akasha, que significa que você não é dependente total de uma varinha. – explicou Marsden com a mão no queixo – realmente fascinante, mas perigoso é claro – ele andou um pouco pela sala – agora mais que nunca você precisa conhecer Morgan Wilson, Potter, ela tem esse dom também, Akasha, pode ensinar pra você, como dominá-lo.


   - Devo?


   - É o melhor a fazer, antes que você comece a perder o controle e... – Marsden parou de falar e arregalou os olhos olhando para ele.


   Nem precisou perguntar porque ele fez isso. Harry tinha se esquecido completamente dessa dor. Uma pontada aguda como se tivessem cortando sua cabeça veio de uma hora para outra numa região que não doía há dezenove anos, na cicatriz, sentiu escorrer acima de seu olho e pingar de seu queixo uma gota de sangue. A cicatriz tinha reaberto, se sentiu muito fraco.


    - Droga...isso é mau sinal – disse ele pegando a própria camisa e erguendo-a até a cicatriz pressionando o sangue– por que esta doendo? Achei que essa dor era só pelo fato de Voldemort ter uma horcrux em meu corpo naquela época...mas agora...


   - Não se preocupe Potter, isso deve ser efeito da Jinki – tranqüilizou Marsden o observando – você se esforçou muito, deve ter acontecido algum tipo de rompimento ai – apontou para cicatriz – bom – ele olhou as horas – estou prevendo que tempos difíceis estão por vir, acho que temos que tomar providencias o mais rápido possível, começando a tirar Glover da Ordem, vou fazer o que puder para marcar sua audiência, bruxos das trevas estão realmente a solta, não podemos nos demorar.


   Marsden lançou um sorriso a Harry, deu um aceno pra Kin, depois saiu andando para fora da Ala Hospitalar.


   - Acho que ele já lhe contou tudo que devia – disse o Ministro se levantando – apesar de tudo, você destruiu o bracelete.


   - Tacando fogo nele com as mãos, que irônico.


   - Não foi isso, Marsden disse que é possível destruir horcrux com magia Akasha, levamos muita sorte.


   - Um problema a menos então, meu objetivo agora é me recuperar para ir pra Avalon com vocês, estou confiante sabe.


   - Também estou – disse Kin.


   - Kin...lembra que eu disse que Edgar falou algo sobre trazer Lord Voldemort de volta a vida?


   - Não exist...


   - Dumbledore não acredita cem por cento nesse, não existe – interrompeu – se realmente há uma maneira de trazer ele de volta, temos que impedir o Edgar de fazer isso.


   - Claro, vamos impedir...


   - Tudo bem, chega! Para fora daqui Ministro, o Potter precisa de descanso. – Madame Pomfrey havia reaparecido na porta andando as presas.


   - Está certo, estou indo – disse Kingsley saindo lentamente – lhe mando noticias.


   - Mandarei também.


   Kingsley saiu. Harry baixou a camiseta cheia de sangue, olhou indignado para ela. “É melhor não voltar a me incomodar cicatriz”. Despiu a camisa ali mesmo, jogou-a no chão, e voltou a se afundar na cama quente. Estava realmente cansado.


   - Vamos, deixe-me dar uma olhada nesse pulso – disse a mulher se aproximando dele, puxando seu braço, e examinando a queimadura que lá tinha – queimaduras de artes das trevas são realmente difíceis de curar.


   - Faça o possível, por favor.


   - Farei sim – disse ela agora examinando seu rosto – e temos que dar uma olhada melhor nessa cicatriz, está aberta!


  - Isso é realmente ruim – disse com os olhos fechados.


   - Você está exausto Potter, fez muito esforço, beba isso, vai se sentir melhor.


   Nem precisou esperar ela mandar duas vezes. Apenas abriu a boca quando ela despejou um liquido pegajoso em sua boca, e no segundo seguinte ele adormeceu. 

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