O Bracelete




     - Relatórios e mais relatórios, hum, Rosa Weasley pesquisa sobre Bichos Papões, O Bicho Papão normalmente fica dentro de um armário. Ao ser libertado, ele se transforma na coisa da qual a pessoa tem mais medo, no meu caso aranha – Harry riu ao ler isso – aranha? Filha do Rony mesmo, com certeza – balançou a cabeça sorridente, e voltou a ler – ninguém sabe sua real aparência. Para evitá-lo, basta soltar o feitiço Riddikulus (que faz com que, a coisa que a pessoa tem medo, se transforme em uma coisa engraçada ao mesmo tempo). – ele fechou o pergaminho – muito bom mesmo.


   Já estava anoitecendo. Harry estava em seu quarto particular corrigindo as pesquisas dos alunos, uma pilha de pergaminhos estava envolvida em sua cama caindo para todos os lados. Ele já estava achando que ia levar a noite toda para conferir tudo aquilo.


   Deu uma checada no seu relógio e viu que já estava quase na hora da reunião do Slughorn. Queria ir com certeza, não pelo professor, mas na esperança de encontrar o Escórpio, ele tinha uma estratégia em relação a seu assunto com o bracelete. Ele ajeitou suas vestes mais um pouco, abriu uma gaveta que havia em sua escrivaninha, pegou três frascos com líquidos dentro, colocou-os no bolso das vestes, então foi até a porta e saiu pelos corredores em direção da sala de Slughorn.


   Como sempre, a cada passo para mais perto da sala os sons de risos, música e conversas em voz alta soavam. Chegou lentamente e abriu a porta passando por ela. A sala do professor estava magicamente maior do que o normal. As paredes tinham sido forjadas com panos de esmeralda, carmim e dourado, para dar impressão de que se encontravam no interior de uma vasta tenta. A sala estava cheia e abafada, imersa na luz vermelha que o ornamentado lampião dourado projetava do centro do teto, onde esvoaçavam fadinhas de verdade, cada qual um pontinho brilhante de um cato distante, uma névoa de fumaça de cachimbo pairava sobre vários bruxos idosos absortos em conversa, e numerosos elfos domésticos se deslocavam entre uma floresta de joelhos, sombreados pelas pesadas travessas de prata com a comida que seguravam, parecendo mesinhas moveis..


   - Olha lá Horácio, olha quem chegou – anunciou a voz de Hagrid que estava sentando em uma pequena mesa de mármore ao fundo da sala.


   - Harry, Harry, Harry – disse Slughorn se levantando e fazendo um aceno para ele se juntar a eles.


   - Boa noite – disse quando se aproximou deles.


   Não havia apenas Hagrid na mesa, ao lado, mais dois bruxos com as caras mais vermelhas que um pimentão, sorriam para ele como se ele fosse algum tipo de comediante.


   - Harry Potter é? – perguntou um deles colocando um cachimbo na boca e acendendo.


   - Esse é Matthew Marsden – apresentou Slughorn voltando a se sentar – trabalha para o conselho da Ordem de Merlim, foi aluno meu sabe, a muito tempo atrás, antes de sua mãe...


   - É um prazer – cumprimentou meio seco.


   - Ora, mas onde está seu copo Harry? – Hagrid que parecia fora do seu estado normal, puxou um guarda-chuva do bolso e conjurou um copo.


   Um Elfo apareceu do nada e o encheu de uma substancia avermelhada, então o Gigante empurrou o copo para o lado dele.


   - Ah Hagrid, sempre preparado – disse o outro bruxo que ele ainda não tinha conhecido virando seu copo num gole só.


   - Afinal, como vão as coisas Potter, muito trabalho? – perguntou Marsden acenando para um outro elfo voltar a encher o copo do amigo dele.


   - Você nem imagina o quanto – respondeu ele mal humorado, o outro riu.


   - Não seja assim comigo, eu confio em você, não sou igual o Glover sabe, não acredito em nada do que ele tem falado sobre você.


   - Imagino que não.


   - Em todo caso, o Glover é meio babaca sabe, tem medo de perder seu cargo da Ordem, assim como o Dumbledore perdeu naquela vez, ele anda cada vez mais obcecado – deu um gole em seu copo.


   - Vai acabar igual o Fudge se continuar assim.


   - Com toda a certeza, eu não dou muito mais tempo pra ele se quer saber minha opinião.


   - Estão pensando em tirar Glover da ordem? – perguntou Slughorn de relance enquanto a cada segundo levantava a mão cumprimentando um aluno.


   - Creio que sim – disse Marsden apoiando os dois braços na mesa – isso tudo vai depender da audiência do Potter.


   - Você tem idéia de qual será o dia da audiência? – perguntou ele metendo a mão nuns bolinhos de açúcar que um elfo veio lhe oferecer.


   - Na verdade eu não faço idéia de quando, essas audiências da ordem sempre são muito enroladas...


   - Dumbledore me contou da fama que vocês tem – comentou vendo Hagrid encher seu copo pela quinta vez desde de que ele chegara ali.


   - Em certo ponto ele tem alguma razão, mas se quer saber mesmo Potter, imagine que em cada dez pessoas da Ordem, oito são Sonserinas e duas são da Grifinória, da para perceber como é lá então.


   - Me disseram que tem uns bruxos que realmente se salvam lá


   - Alguns.


   - Harry, você não sabe o quanto eu me orgulho, já tive prazer de lesionar muitos bruxos que hoje em dia faz parte dessa Ordem de Merlim – comentou Slughorn tentando puxar assunto com ele.


   - Serio mesmo? Isso é realmente fascinante – disse sem empolgação bebendo um pouco da substancia do copo que queimou sua garganta, e fez a visão de seus olhos darem uma girada. “O que é isso?”.


   - O Matthew foi um dos melhores que tive na minha aula – disse o professor estufando o peito – mas ninguém se compara a jovem Morgan!


   - Wilson? – perguntou Hagrid que até então só observava a conversa enquanto se embebedava.


   - Ela mesma.


   - Não sabia que a Wilson estava na ordem já, ela não é muito jovem?


   - Não diga bobagens Hagrid – disse Marsden rindo – se você acha que ela é jovem demais para a ordem, imagine então se Potter entrasse lá.


   - Seria um dos integrantes mais jovem que existiria lá, desde de Dumbledore e a Morgan é claro – disse Slughorn feliz.


   - Não se preocupem comigo, eu não pretendo me integrar a vocês tão cedo – comentou Harry olhando uns alunos que cantavam, dançavam, e bebiam sem parar pela sala. Ele estava querendo realmente saber se o pequeno Escórpio estava ali.


   - Bom demais para se juntar a nós não é – riu Marsden soltando uma fumaça da boca de seu cachimbo.


   - Na verdade nunca me interessei mesmo – argumentou secamente – e quem é essa tal, Morgan Wilson que vocês tanto falam, eu estive falando com o Quadro de Dumbledore recentemente e ele citou o nome dela pra mim.


   - Você não conhece a Morgan? – surpreendeu-se Hagrid, que agora estava com as bochechas muito rosadas.


   - Bom, não...


   - Potter meu caro, pensei que você conhece-se ela, era tão amiga de sua mãe – disse Slughorn se curvando para poder ver melhor ele.


   - Era amiga da minha mãe? – exclamou quando estava tomando mais um gole da substancia avermelhada de seu copo.


   - Lílian e Morgan eram muito boas amigas se quer saber mesmo – contou o professor olhando para os lados se certificando de que ninguém estava escutando – as duas eram tão, fantásticas sabe...


   - As duas tinham a mesma idade – disse Hagrid fazendo força para se lembrar da moça – lembro-me que Sirius era caidinho por ela naquela época.


   - Verdade? – perguntou Harry rindo.


   - Os dois namoraram, eu acho...


   - Depois que as duas se formaram cada uma seguiu seu caminho – continuou Slughorn antes que o outro falasse mais alguma coisa – sua mãe pelo que sei trabalhou no Ministério por um tempo, antes daquela...tragédia.


   - E a Morgan?


   - Ela saiu viajando pelo mundo para aperfeiçoar seus dons mágicos, foi estudar, aprender mais coisas.


   - Ela lutou contra você-sabe-quem em pessoa – contou Marsden franzindo a testa em excitação – e saiu viva, nenhum bruxo conseguiu essa façanha, ninguém mesmo, só Dumbledore, e você é claro. – Harry sentiu um leve calor em seu rosto.


   - Isso é realmente incrível – disse ele.


   - Com isso, Dumbledore, que era o chefe da Ordem de Merlim ofereceu um titulo pra ela, de primeira classe! – disse Marsden quase dando pulinhos na cadeira.


   - É algo realmente não lógico – comentou Slughorn – ela era tão jovem, não tinha chego nem aos trinta anos.


   - Ela deve ser bem talentosa então – disse Harry.


   - Talentosa é pouco – Marsden deu uma risada – é fantástica, atualmente ela é a vice-chefa da Ordem.


   - Legal mesmo – disse, depois voltou a olhar Slughorn – o que ela foi aprender viajando, parece que muitos bruxos famosos têm esse espírito de viajar depois que se formam.


  - Eu não sei exatamente, mas uma coisa é certa, ela estudou artes das trevas – respondeu o outro.


   - Artes das Trevas?


   - Artes das Trevas é realmente útil em seu arsenal – contou Marsden – você não conseguira vencer um bom duelo contra um bruxo das trevas se não conhece algo além de feitiços defensivos.


   - Faz sentido – Harry lembrou que além das maldições imperdoáveis, só conhecia o feitiço do Snape, Sectusempra de artes das trevas.


   - Em todo caso sabemos que ela estudou isso, porque ela chegou a lesionar artes das trevas em Durmstrang – disse Slughorn.


   - Parece então que ela adora essa arte.


   - Na verdade não, ela não ficou muito tempo por lá é claro, um ano no máximo.


   - Depois disso começou a se dedicar mais a Ordem de Merlim – acrescentou Marsden – é uma das mais dedicadas, trabalha tão bem que mereceu mesmo o cargo que ela ocupa hoje em dia.


   - Entendo agora porque é tão famosa assim.


   - Afinal, por que Dumbledore citou o nome dela pra você, está planejando algo? – perguntou Marsden desconfiado.


   Um barulho agudo soou da porta, e um Roran muito bem vestido entrou junto com uma Victoire mais bonita ainda. Atrás dela estava uma pequena menina de cabelos ondulados, que lembrava um tanto Hermione, Rosa.


   - Sinceramente, estávamos discutindo uns assuntos do meu interesse, ele acha que Morgan pode me ajudar – respondeu Harry voltando a beber, dessa vez esvaziando de vez seu copo. Sua garganta ardia como se tivesse em chamas.


   - Hei, Roran chegue aqui meu rapaz – gritou Slughorn levantando a mão para o garoto o ver.


   - Você sabe em que posição estou Potter, se precisar de ajuda, em qualquer coisa, pode contar comigo, eu adoraria ferrar com o Glover – se apressou a dizer Marsden.


   - Roran, Roran, venha, não se acanhe, quero lhe apresentar um ex-aluno meu que era tão excepcional em poções quanto você – disse o professor se levantando – Harry, esse é Roran, um aluno do sétimo ano muito talentoso, tirou nota máxima em todos os N.O.M.s que fez.


   - Acho que já tive a oportunidade de dar aula pra ele – disse Harry cumprimentando o garoto – é ótimo saber que existem alunos bem aptos por aqui ainda.


   - É um prazer receber um elogio seu Harry Potter – cumprimentou Roran apertando a mão dele.


   - E ai, Vic, Rosa?


   - Tudo bem tio – disse Victoire sorrindo, ela estava agarrada ao braço de Roran.


   - Andei vendo suas pesquisa Rosa, você realmente fez um trabalho ótimo – disse ele.


   - Não achei que fui tão bem – disse a menina.


   - Ah, não diga bobagens, você é muito insegura, tem que deixar seus dons assumirem você por completo – ele disse e a garota franziu a testa – mas não se preocupe, o Rony também era bem inseguro na sua idade, e hoje é um bruxo e tanto – ela sorriu agora.


   - Vamos dar uma volta? – perguntou Roran a Victoire.


   - Claro, vamos – disse ela saindo andando com ele.


   - Esses ai vão me abandonar aqui – resmungou Rosa olhando a sala repleta de alunos – ah, olha o Carlos ali, vou dar um alô pra ele tio, depois a gente se fala, beijos – e a menina sumiu no meio da multidão também.


   - Ah, esse Ganthof, muito talentoso e ousado – disse Slughorn que parecia voar em nuvens, apontando para Roran que se destacada mais ao fundo no meio de todos.


   Harry apenas deu um sorriso e voltou a encher seu copo da estranha substancia avermelhada.


   - E aquela Rosa, é filha da sua amiga Granger não? – perguntou tentando puxar assunto com ele, pois já sabia que ela era filha de Hermione.


   - Sim.


   - Excepcional para uma aluna do primeiro ano, com certeza herdou a inteligência da mãe.


   - O Rony disse que ela puxou a inteligência da Hermione mesmo – contou Harry.


   - Ainda não entra em minha cabeça, como uma menina tão inteligente possa ser filha do Weasley também – comentou Slughorn bebendo.


   - A é? Por que pensa assim? – perguntou amargamente.


   - Bom, ele não seria lá grande coisa se não fosse você e a Granger ajudando ele – argumentou o professor – acalme-se Hagrid! – o gigante quase havia caído da cadeira rindo sem parar de uma piada de Marsden.


   - Se o senhor quer saber professor, o Rony pode não ser tão inteligente quanto a Hermione, nem tão famoso quanto eu, mas ele tem algo que muita gente nesse mundo não tem. Lealdade e coragem, você não sabe nada sobre ele pra ficar criticando ele assim – Harry virou seu copo irritado e levantou zangado – e ele é muito mais bruxo que o senhor – dizendo isso saiu andando para o meio da multidão sobre um olhar espantado de Slughorn.


    Como ele tem a audácia de falar do Rony assim, quem ele pensa que é para decidir se um bruxo é grande ou não? Que importa um bruxo ser incrivelmente talentoso e não fazer nada, como os membros daquela Ordem de Merlim, só besteiras. Rony não precisa ser tão talentoso para ser muito melhor eles. Harry já estava de saco cheio de ver as pessoas falando mal de seu amigo pelas costas. “Ele pelo menos tem caráter” pensou. Andou mais um pouco se esbarrando nas pessoas e se encostou irritado num canto da sala, os comentários de Slughorn ainda vagavam em sua cabeça. Olhou para frente, e então viu, andando a uns quatro metros dele, com uma aparência meio perdida, estava Escórpio, sozinho, aparentemente estava procurando algum conhecido.


   - Escórpio! – Harry chamou em voz alta.


   Muitos olhares se viraram para ele, até mesmo o do garoto. O pequeno loiro caminhou lentamente até ele, mais aliviado de encontrar alguém que ele conhecesse.


   - Oi professor – disse quando estavam frente a frente.


   - Vejo que conseguiu um passe para entrar no Clube do Slugue – disse Harry lhe lançando um sorriso.


   - É, eu tinha certeza que ia conseguir sabe – respondeu Escórpio olhando para o lado ainda à procura de alguém.


   - Vejo que você é muito obsessivo, igualzinho ao seu pai.


   - Muitos dizem que eu tenho uma aparência igual à dele.


   - As pessoas têm razão, conheço seu pai desde de que eu tinha onze anos.


   - Verdade?


   - Não posso dizer que somos muito bons amigos, mas temos respeito um pelo outro.


   - Papai disse que você é um auror.


   - Sou.


   - Por que está dando aula aqui na escola então? – perguntou o garoto curioso.


   - Estou em uma missão para ser mais sincero Escórpio – respondeu ele conduzindo o garoto até uma mesa ali perto.


   - Verdade? Achei que o senhor estivesse fugindo das autoridades, soube que causou uma fuga em Azkaban.


   - É isso que estão dizendo por ai? ...muito comovente pra mim – disse se sentando junto com o menino – mas talvez você precise acreditar menos no que as pessoas ou o que os jornais dizem, e pensar mais no que você acredita que seja verdade.


   - Para falar a verdade professor, eu achei muito estranho mesmo quando li o profeta diário – riu o garoto quando dois elfos se aproximaram da mesa deles segurando bandejas em cima dos seus corpos, parecendo mesinhas andantes – você não teria porque mesmo causar a fuga daquele bruxo das trevas, Edbar, não sei qual o nome dele.


   - Edgar. – corrigiu.


   Os dois elfos começaram a servir a mesa deles de comida de vários tipos como se fosse um banquete para os dois, colocou vários tipos de jarras com umas três ou quatros bebidas diferentes.


   - Estão dizendo que o senhor quer mais fama, mas você já é realmente famoso, não ia precisar mais disso não é?


   - Verdade.


   - Você foi quem venceu Você-sabe-quem quando era mais novo, já tem fama o suficiente para isso.


   - Vejo que Voldemort é lembrado até hoje – riu Harry se servindo de uma bebida que tinha cor verde, o garoto fez uma careta ao ouvir o nome do bruxo – e o nome dele é bem temido também – concluiu rindo um pouco mais.


   - Não tenho muito medo de dizer o nome dele – se justificou Escórpio comendo um tipo de torta – só que meu pai disse para não dizer.


   - Seu pai teve muitos problemas com ele sabe – o rumo da conversa estava chegando ao ponto que ele queria – sua família foi muito torturada por Voldemort.


   - Os outros alunos da minha casa acham que ele era um máximo – contou.


   - Em certo ponto eles estão certos é claro – disse – ele era um grande bruxo, magnífico, inteligente, mas era muito burro às vezes, cometia erros demais.


   - Dizem que ele foi o bruxo mais talentoso em Artes das Trevas.


   - Acho que ele era o melhor, mas nem isso é suficiente para acabar com seus erros.


   - Que tipos de erros ele cometia professor? – perguntou o garoto colocando uma bebida em seu copo também.


   - Ele queria ser imortal, ser o mais poderoso, o melhor bruxo, queria fazer um mundo do jeito que ele achava que era certo – explicou metendo a mão no bolso e tirando um pequeno frasco com uma substancia liquida dentro – e também ele confiava demais em pessoas erradas.


   - Me disseram que ele não confiava em ninguém.


   - Seu maior erro foi confiar em sua tia avó Bellatriz – chegou ao ponto que queria.


   - Ele confiava nela? – perguntou o garoto espantado.


   - Confiou muito – disse Harry metendo o braço na mesa e dando uma pancada proposital em seu copo, derrubando sua bebida na mesa e em cima do menino – ah...eu sinto muito.


   Escórpio se levantou meio indignado com tal ato de seu professor, olhando para as próprias vestes toda manchada de verde. No mesmo instante Harry abriu o frasco que estava em sua mão, e despejou a substancia que havia dentro no copo do garoto. Com a mesma velocidade escondeu o frasco no bolso de volta.


   - Deixe que eu resolvo isso num instante – disse ele sacando a varinha para parecer tudo normal – Aquecerium – murmurou, e as vestes de Escórpio começaram a se secar rapidamente. No momento seguinte estava perfeitamente normal – eu realmente sinto muito.


   - Preste atenção na próxima vez professor – resmungou o garoto batendo as mãos na veste e voltando a se sentar.


   - Como eu estava dizendo, ele confiou muito na sua tia-avó Bellatriz, ele deu uma missão para ela muito importante, e ela falhou.


   - E o que era? – perguntou Escórpio colocando uma das mãos em seu copo, mas não tirando ele do lugar.


   - Ela tinha que guardar, um objeto, muito valioso. – “beba isso” pensou.


   - Que tipo do objeto? Algo das trevas? – ele ergueu o copo um pouco.


   - Um artefato da Travessa do Tranco, muito importante – respondeu ainda tentando evitar responder a questão ao menino.


   - Eu sei que é importante – disse Escórpio rabugento, em seguida bebendo o liquido de seu copo – quero saber o que é.


   - Um bracelete – mentiu Harry dando um leve sorriso “finalmente bebeu!”.


   - Serio?


   - Sim, Bellatriz tinha a missão de guardar o bracelete, mas ela falhou.


   - E o que aconteceu com o...bracelete? – perguntou curioso.


   - Depois que ela quase perdeu o objeto, Bellatriz decidiu esconder ele em Gringotes.


   - Ah, e você-sabe-quem matou ela?


   - Bom, não exatamente, na verdade não era para ela esconder o bracelete em Gringotes, ela morreu é claro, mas por mãos de outra pessoa, e Voldemort não conseguiu recuperar o bracelete, foi um grande erro – Harry estava quase chegando a ponto de rir com a história que estava inventando.


   - E Você-sabe-quem...


   - Diga o nome dele.


   - Voldemort... não podia ir ao banco e pegar?


   - Claro que não, Gringotes é o lugar mais seguro do mundo, nem Voldemort conseguiria invadir aquele lugar sem ser pego pelo Ministério.


   - Então esse banco é realmente seguro?


   - É sim – disse começando a comer – soube que a família dos Malfoy herdou tudo que Bellatriz tinha no cofre.


   - Minha avó...


   - Sua avó tirou tudo que tinha não é?


   - Acho que sim.


   - Então pense comigo Escórpio, você acha que sua avó está com o bracelete que tinha muita importância a Voldemort?


   - Eu não sei...


   - Se ela pegou tudo que tinha no cofre, deve estar com ela – disse ele – eu sempre quis saber o que esse bracelete tinha de tão importante... – o garoto o olhou intrigado, e bebeu mais um pouco de sua bebida.


   - Professor, eu posso estar enganado, mas se minha avó Narcisa tinha o bracelete, eu acho que já o vi...


   - Verdade, aonde?


   - Na casa dela é claro, eu sempre gostei dele sabe, tinha uma sigla bem grande gravada nele, P.B – contou Escórpio girando seu copo com as mãos, e observando o redemoinho que ele vazia com a substancia – minha avó dizia que ele tinha pertencido a Pollux Black, meu tataravô eu acho... bom, sei que é errado, mas eu peguei esse bracelete da casa dela antes de vir para a escola, achei que os outros iriam ficar com inveja de saber que eu era parente distante daquele ex-diretor da escola, Fineus Black...


   - Então você já ouviu falar de Fineus...


   - Meu pai me falou sobre ele, disse que era para eu sentir orgulho de ser parentesco dele, de sangue-puro – disse o garoto voltando a beber.


   - Interessante – disse Harry dando um leve sorriso discretamente – então o bracelete está aqui, na escola, com você?


   - Não sei se é o que estava no cofre ta minha tia-avó, mas se for, está sim...


   - Você poderia me mostrar ele?


   - Não sei...


   - Ora vamos, não vou roubá-lo de você – disse encarando o menino nos olhos – você também não está interessado em saber o que ele faz? Imagine só Escórpio, eu e você podemos descobrir um artefato raro, que Voldemort queria muito, podemos saber o que ele faz, você não tem essa curiosidade?


   O garoto ficou calado por um minuto, pensando, olhando para seu próprio copo como se não estivesse mais dentro de seu corpo. Um elfo deu um cutucão em Harry.


   - Posso lhe servir alguma coisa meu senhor?


   - Não, obrigado – disse ele, o outro fez uma reverencia e já ia saindo, mas Harry agarrou seu braço minúsculo – espere um pouco...hã...qual seu nome?


   - Bojo, meu senhor.


   - Poderia se sentar aqui conosco, por um instante – ele puxou uma cadeira para o elfo.


   - Bojo está sendo convidado a se sentar por um bruxo? – os olhos do elfo se encheram de água.


   - Não comece a chorar, por favor, apenas se sente – o elfo de muito bom grato se sentou envergonhado, ainda com os olhos lacrimejando em emoção.


   Escórpio tomou mais um gole da sua bebida, e secou o copo, ainda estava pensando na proposta de Harry.


   - Monstro – ele murmurou para que o garoto não ouvisse – Monstro, venha cá, preciso...


   Sem precisar terminar a frase, um elfo velho aparatou bem ao lado da mesa de onde eles estavam. Bojo arregalou os olhos, depois abaixou a cabeça envergonhado. Monstro estava usando uma veste verde e prata, com um grande M gravado no meio.


   - Me chamou meu senhor? – perguntou se reverenciando até tocar o nariz no chão.


   - Preciso que entregue uma informação pro Kingsley – disse se aproximando do ouvido de morcego do outro – diga a ele que estou a ponto de conseguir o bracelete – sussurrou – diga também que eu preciso vê-lo o mais rápido possível, para passar algumas informações sobre o bracelete que eu descobri...pode fazer isso?


   - Com toda certeza meu senhor – respondeu Mostro.


   - Então vá, você está proibido de comentar isso com alguém, ou escrever em algum lugar, ou fazer qualquer outro tipo de comunicação sobre essa ordem está certo?


   - Monstro vive para seguir ordens do senhor Harry Potter – disse ele fazendo uma reverencia – Monstro ainda se lembra que Harry Potter vingou a morte do grande senhor Regulo Black – e num estalo sumiu.


   - Quem era aquele elfo? – perguntou Escórpio que tinha voltado a si.


   - Isso não vem ao caso não é... vai me mostrar o bracelete... estamos a sua vontade de descobrir o que ele faz.


   - Você é Harry Potter...Bojo não merece tanta caridade de um bruxo como você...como um igual – disse Bojo que estava apenas olhando Harry atentamente, depois pegou o copo vazio de Escórpio e começou a bater na própria cabeça.


   - Eu adoraria se você não começasse a se esmurrar – disse Harry tirando o copo da mão do elfo – fique quieto ai.


   - Bom, professor, eu acho que podemos dar uma olhada, mas não vou te dar o bracelete! – disse Escórpio com uma expressão preocupada, e ao mesmo tempo super curiosa em saber o que o tal objeto fazia.


   - Sabe que nós dois poderemos fazer uma descoberta incrível não é? Não vou pegá-lo de você, não se preocupe, só quero vê-lo.


   - Então eu vou pegar professor – disse o garoto se levantando.


   - Não precisa ir, fique, Bojo pode pegar para gente – disse Harry se levantando também – não pode Bojo?


   - Bojo ficaria mais do que satisfeito em receber uma ordem de um bruxo como você – disse o elfo feliz.


   - Então está certo, diga pra ele onde está o bracelete Escórpio.


   - Está no meu malão – disse o garoto olhando para o elfo – no dormitório dos garotos, segunda cama à esquerda, na sala da Sonserina – Harry aproveitando a desatenção do garoto, puxou outro frasco do seu bolso, e colocou a substancia que havia nele dentro da jarra de liquido verde.


   - Bojo vai pegar, sim... – o elfo desapareceu como fumaça.


   - Vamos, sente-se, estamos prestes a descobrir os segredos mais íntimos daquele bracelete não? Você não está curioso em saber o que ele faz? – Harry pegou a jarra de liquido verde, e serviu no copo de Escórpio.


   - Bom, estou – disse ele soltando um sorriso – o que você acha que é professor?


   - Tenho muitas idéias, mas melhor esperarmos para ter certeza.


   Os dois ficaram se encarando. Nenhum deles falou mais nada. Alguns dos alunos à volta andavam cambaleando para o lado abraçados, deviam estar bêbados já. De relance viu Victoire e Roran no maior amasso num canto da sala. Algumas vezes via a pequena Rosa rondando de um lado pro outro com um garoto da mesma idade. Mais ao longe, dava para se ouvir as gargalhadas altas de Hagrid, junto com Marsden, Slughorn, e o outro bruxo que tinha uma cara arredondada, olhos miúdos no seu rosto gordo, e umas bochechas tão grandes feito maçãs. Por alguma razão ele lembrava de Duda quando via esse bruxo. Um outro estalo soou ao lado deles, e Bojo tinha voltado, segurando em sua mão um bracelete.


   O objeto era redondo, mas não completamente. Havia uma parte que era rompida, deixando as criaturas que havia nas pontas se encarando. Duas cabeças de bodes se encaravam com os olhos fechados. Na cabeça de um deles havia uma letra P gravada, e no outro, uma letra B. Era de ouro o objetivo. O elfo estendeu o bracelete para ele, e Harry o agarrou. Sentiu uma sensação estranha em seu corpo. O objeto em sua mão parecia ter vida própria, ele podia sentir como se um pequeno coração batesse sem parar. Escórpio o observava, esperando que acontecesse algo fantástico.


   - Fico muito grato Bojo – disse Harry analisando o objeto – pode ir agora.


   - Bojo está as suas ordens para o que precisar meu senhor – respondeu o elfo se reverenciando, e então saiu andando para as outras mesas perguntando se os bruxos precisavam de mais alguma coisa.


   - Então, professor?


   - Eu preciso analisá-lo melhor para conseguir descobrir – mentiu.


   - Isso vai demorar? – perguntou Escórpio pegando seu copo e começando a beber.


   - Talvez... – Harry se levantou.


    Na mesma hora Escórpio derrubou o copo, que se quebrou ao cair no chão, e desmaiou.


   - Sinto muito ter feito isso com você. – ele enfiou o bracelete no bolso, depois tirou o garoto da cadeira e o pegou no colo, apontou a varinha para a jarra, e fez o liquido que havia lá desaparecer, em seguida saiu andando no meio de todos – com licença, o menino desmaiou, deixe-me passar...


    Sob olhares de muitos curiosos, ele começou a se dirigir para a porta com o garoto no colo. Slughorn de relance os viu, se levantou, e correu até eles com uma cara preocupada.


   - O que aconteceu, Potter? – perguntou assim que se aproximou bem deles.


   - Ele só desmaiou – respondeu sem olhar o professor, e sem parar de andar.


   - Mas como?


   - Depois, saiam da frente – abriu a porta e saiu deixando Slughorn lhe observando abobado.


    Começou a caminhar pelos corredores da escola, que agora estavam desertos, já era tarde. Sem deixar Escórpio cair no chão, parou, com um dos braços, meteu a mão no bolso e tirou um último frasco com um liquido transparente feito água. Abriu-o com dificuldade, depois forçou o garoto a beber.


   - Espero que essa poção acabe mesmo com o vestígio das outras – disse baixinho para si mesmo.


   Colocou novamente o frasco no bolso, e começou a andar de novo em direção a Ala Hospitalar. Chegando lá, abriu a porta com um pontapé, entrou com passos rápidos, e depositou o garoto em cima de uma cama. Sacou sua varinha, fez um patrono de um cervo aparecer na sua frente.


   - Chame Madame Pomfrey – ordenou.


   O veado deu um aceno com a cabeça em concordância, depois saiu trotando para fora do lugar. Não demorou muito para a medica aparecer desesperada na porta, correndo até eles.


   - Meu deus, mas o que houve aqui? – perguntou ela chegando com os olhos fixos em Escórpio.


   - Ele desmaiou – disse Harry consultando o relógio em seu pulso – faça o melhor possível, eu não posso me demorar aqui.


   - Santo deus, era só que me faltava... – disse ela começando a remexer em varias coisas numas gavetas que havia do lado da cama.


   Harry se virou, e saiu da Ala Hospitalar. Começou a caminhar diretamente para seu quarto que ficava no terceiro andar. Nem tinha chego na escadaria ainda, quando um estalo soou atrás dele.


   - Mostro trás noticia de Kingsley – disse o elfo se reverenciando.


   - Está cada vez mais rápido – elogiou.


   - O bruxo Kingsley pediu para meu senhor, encontrar ele em Hogsmeade, no Cabeça do javali a meia noite de hoje.


   - O Kin também não perde tempo – disse verificando novamente as horas – muito bem, pode descansar Monstro.


   - Monstro vive para servir o senhor Potter – disse antes de sumir como fumaça.


    Harry ficou olhando o ponto onde o elfo havia desaparecido, depois colocou a mão no bolso e pegou o bracelete. Finalmente tinha ele em mãos. Ficou analisando o objeto atentamente por uns segundos, depois começou a caminhar para ir a Hogsmeade.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.