Rebelião




    - Mas o que deu na cabeça desse moleque! – Harry por um instante pareceu lembrar o Tio Valter – mas como aconteceu Monstro?


   - Monstro não sabe, Monstro só viu o professor Horácio dando a detenção aos garotos Tiago e Fred por terem roubado a poção veritaserum.


   - Você não viu nada? – exclamou Rony indignado para o elfo.


   - Oh, traidor de sangue falou com o Monstro, Monstro vai se fingir de surdo – resmungou o Elfo.


   - Não chame o Rony de traidor de sangue – indagou Harry – muito bem. Monstro, obrigado.


   O Elfo fez uma ultima reverencia, depois num estalo, desapareceu. Harry ficou imóvel, pensativo no que seu filho estava fazendo em Hogwarts. Roubar uma poção veritaserum, pra que? Onde está com a cabeça Tiago. Ele queria dar uma bronca bem dada no filho por fazer isso, pensou e pensou como poderia fazer isso, e no final, decidiu que uma carta mandada pela coruja seria o suficiente para seu filho entender a gravidade do que ele fez. Vou mandar uma carta comum é claro, pensou ele, porque por um segundo ele se imaginou escrevendo um berrador para o filho, mas parou, e pensou melhor em como Tiago se sentiria, Harry sabia que berradores eram uns tipos de cartas assustadoras.


   - Eu acho que vou dar uma passada na sala da Mione – comentou Rony quebrando a onda de pensamentos do amigo – pra ela arrumar meu rosto sabe.


   Harry concordou com a cabeça. Os dois caminharam até os elevadores de volta, e por fim desceram até o segundo piso no Quartel General dos Aurores. Rony se despistou dele quando desceram, e Harry continuou seu caminho até sua habitual sala, onde esperava ter uma pilha de ocorrências em sua mesa.


  Ele entrou na sala e não deu outra. Havia uma pilha enorme de papeis. Cada vez que necessitavam de serviço dos aurores, magicamente os papeis apareciam na sala de Harry. Ele estendeu a mão para o primeiro papel que estava na pilha mais alta.


   - Que absurdo – comentou lendo a ocorrência.


   Aparentemente um bruxo estava tentando contrabandear ovos de dragão no condado de Norfolk, ao leste da Inglaterra, e vendo que não ia conseguir, começara a disparar feitiços contra vários bruxos. Harry se apressou a pegar um Memorando interdepartamental para convocar uns aurores a resolver o assunto. Mal tinha terminado de escrever quando o memorando saiu voando para fora da sala feito um aviãozinho de papel.


   Ele meteu a mão em outro papel, esse era do próprio Kingsley. O ministro estava pedindo para ele arrumar um professor para as aulas de inverno, para os jovens aurores que se formavam nas escolas do ministério. Harry ficou aborrecido com esse bilhete. Mal tinha escapado em dar aulas em Hogwarts, e agora se via que ia ter que se colocar para dar aulas aos jovens aurores. Não mesmo, pensou ele que preferia se arriscar lutando com bruxos das trevas, do que ficar em segurança ensinando bruxos a duelar.


   No mesmo momento, um pensamento ocorreu em sua cabeça, e os problemas em arranjar outro professor para ensinar acabaram. Tinha certeza que a pessoa que ele tinha pensado em colocar ali era perfeita para o papel, e ainda mais, estaria em plena segurança no ministério.


   - Gina!


 


    A primeira semana em Hogwarts havia se passado. Alvo e Rosa ao final da sexta feira estavam exaustos. Tinham conhecido uma professora McGonagall extremamente rígida e severa, que passara infinitos deveres a eles para o final de semana. Roran e Erlian saíram da Ala Hospitalar alguns dias depois daquele incidente com os bombons, Victoire não perdia uma oportunidade de se desculpar, e sempre criticava imaturidade de Ted. Tiago e Fred por outro lado, não estavam nada bem, o professor Slughorn havia dado uma detenção há eles para sábado, que por sorte iam cumprir com Hagrid numa visita a floresta proibida. Filch quase se ajoelhou diante de Slughorn pedindo para que lhe deixasse amarrar os dois pelos tornozelos sobre Trasgos.


   - Eu sabia que você e o Fred não iam só colocar coisinhas no suco do professor – comentou Alvo sexta feira à noite quando havia acabo de voltar da cabana de Hagrid, onde estivera com Rosa tomando um chá. Agora estavam na sala comunal.


   - Eu já lhe disse, não roubamos nada! – disse Tiago deitado em umas almofadas que havia ao lado da lareira.


   - É verdade, vamos pagar por coisas que nem se quer fizemos! – acrescentou um Fred irritado – nem sabemos o que a poção Veritaserium faz, por que iríamos querer roubá-la?


   - Qualquer pessoa que tome três gotas dessa poção, não conseguiria esconder seus segredos mais íntimos – explicou Rosa que estava terminando de fazer uma redação sobre “Feitiços de levitações” que o professor Flitwick passara.


   - Ah, pelo amor de Deus, o que a gente ia querer com, segredos íntimos, de alguém – resmungou Tiago – esse Horácio ta mais que biruta já.


   - É bem feito pra vocês!


   Molly Weasley havia acabo de se aproximar deles para participar da conversa.


   - Ninguém te chamou aqui – disse Fred lançando um olhar de “cai fora” pra ela.


   - Eu bem que avisei vocês dois para não ficarem andando por ai com aquela...capa – disse ela firmemente.


   - Muito engraçado – disse Tiago se sentando – você não devia estar estudando para seus N.O.M’s Molly?


   A garota fechou a cara de irritação, e foi embora escada a cima para o dormitório das meninas.


   - Pelo menos vão cumprir a detenção com o Hagrid – disse Victoire se sentando em uma poltrona ao lado e se enfiando atrás de um livro. Ela era a única de todos os primos na escola que já ia prestar N.I.E.M’s.


   - E aquele Filch! – exclamou Fred não se contendo parar reclamar mais pela injustiça – só faltou beijar os pés do Horácio pra deixar ele colocar Trasgos nos nossos calcanhares.


   - É-bem-feito-pra-vocês – disse Alvo imitando a voz de Molly, só que lentamente.


   - A Cala boca você – disse Fred.


     No sábado, Alvo recebeu uma carta curiosa durante o café da manha. Era de Hagrid, pedindo para que ele fosse as escondidas a casa dele, na hora da detenção de Tiago.


   - Mas você não vai não é? – perguntou Rosa a ele – você tem muita coisa pra fazer ainda, nem terminou o dever de Herbologia!


   - Hagrid disse que quer me mostrar uma coisa – disse Alvo guardando a carta – vou pegar a capa de invisibilidade com Tiago e vou.


   Quando eram oito horas da noite, Tiago e Fred foram ao Saguão de Entrada encontrar Filch, que os esperava para os levar a cabana de Hagrid. Alvo os seguiu silenciosamente de baixo da capa. Os dois estavam cheio de casacos, estranhamente ficava um ar gélido no cair da noite.


   - Aposto que agora vão pensar duas vezes antes de roubar coisas na escola não? – disse Filch caçoando – mas têm sorte de cumprir a detenção com o bobalhão do Hagrid – comentou quando já estavam andando pelos terrenos da escola. – há muito tempo atrás às crianças eram penduradas pelos calcanhares sobre Trasgos. – Tiago e Fred tinham ouvido essa história umas cinco vezes já – ainda sinto falta dos gritos.   


    O Sr. Filch bateu na porta duas vezes. Por um segundo Alvo que estava bem atrás dos dois achou que não havia ninguém, porém, logo a porta se abriu e revelou um Hagrid apunhalando uma besta enorme em umas das mãos.


  - Ai está seu grupinho infeliz Hagrid – disse o Sr. Filch que se virou e  lançou um sorriso de satisfação aos garotos – espero que voltem vivos da floresta, volto mais tarde para pegar seus restos. – e se afastou com seu lampião em direção ao castelo.


   Hagrid olhou para os garotos.


   - Então, vamos dar uma volta na floresta – disse ele.


   - Vamos mesmo na floresta? – perguntaram Tiago e Fred juntos


   - Bom, não exatamente.


   Tiago e Fred se entreolharam confusos, depois saíram caminhando atrás do gigante pela orla da floresta. Quando se afundaram em baixo das arvores escuras, o banhar do luar sumiu na mesma hora.


   - Pra onde vamos Hagrid? – perguntou Alvo finalmente saindo de baixo da capa de invisibilidade, quando já estavam caminhando a um bom tempo.


   - Vamos visitar uma pessoa – respondeu Hagrid olhando desconfiado para as árvores da floresta – vocês vão gostar dele, Harry, Rony e Hermione o adoravam.


   - E quem é essa pessoa, Hagrid? – perguntou Tiago aos calcanhares do gigante.


   - Grope é claro.


   - GROPE! – exclamou o garoto parando na mesma hora.


   Tiago e Alvo já tinham ouvido falar de Grope. Seu pai havia lhes contado que Hagrid tinha um irmão gigante que vivia nas montanhas próximas a floresta proibida de Hogwarts, mas advertiu-os de nunca aceitarem vê-lo, pois ele era muito perigoso.


   - O que um Grope? – perguntou Fred confuso.


   - Grope é um gigante cara – disse Tiago mais apavorado do que nunca – sabe, de uns vinte metros ou mais!


   - Não diga bobagens, Grope tem seis metros só – disse Hagrid – mas vocês vão...


   Hagrid parou tão bruscamente que Alvo, Tiago e Fred deram de cara com suas costas. O gigante apontou a besta para frente. Galopes começaram a soar no meio da escuridão, de repente um Centauro enorme surgiu bem à frente deles.


   - Você é maluco Firenze, quase me mata de susto – exclamou Hagrid ao ver o bicho e abaixando sua besta.


   - Ainda bem que te encontrei Hagrid – disse Firenze examinando os outros pequenos atrás deles – venha comigo, é urgente, encontrei mais um dos meus, morto.


   - Oh não – disse Hagrid.


   O Centauro saiu andando de passos largos, Hagrid o seguiu. Os outros três começaram a seguir Hagrid também sem saber pra onde iam. Mais um dos meus, morto? Pensou Alvo confuso. O que ele está querendo dizer com isso? Mas a resposta para essa pergunta veio no mesmo segundo em que encontraram um outro centauro. Esse, porém, estava caído, morto.


   Hagrid se adiantou, e se ajoelhou do lado do centauro. Firenze e eles só o observavam. O gigante colocou a mão no pescoço do centauro.


   - Ele está quente ainda – disse – foi morto há pouco tempo.


   Hagrid se levantou erguendo sua besta com a mão esquerda, e começou olhar em volta a procura de alguém.


   - Estão nos eliminando aos poucos – disse Firenze.


   - O ministério da magia virá investigar tudo isso – disse Hagrid – já mandaram uma carta avisando...


   - Não confiamos no ministério – disse o outro – eu sei muita coisa Hagrid, tenho visto coisas nessa floresta tenebrosas, mas não vou dizer nada ao ministério, não confio neles.


   - Então como espera que o ajudemos Firenze? – perguntou Hagrid – você e os outros centauros não confiam em ninguém, nem em mim!


   - Confiamos em você Hagrid, mas se vamos contar alguma coisa, contaremos a pessoa certa primeiro – argumentou o centauro.


   - E quem é a pessoa certa?


   - Harry Potter.


   Alvo e Fred estavam apreensivos na conversas dos outros dois. Tiago, porém, estava analisando a floresta morto de medo. Por um segundo ele pensou ter visto um vulto passar a uns cinqüenta metros de onde eles estavam. Tiago começou a olhar mais atentamente e viu, não era um vulto de algum bicho, era uma pessoa, uma pessoa estava parada no meio da floresta um pouco ao longe deles.


   -... eu trago o Harry para cá Firenze, mas me avise se achar outro corpo...


   Tiago saiu despercebido de perto deles, aproveitando que ninguém estava prestando atenção em si. Caminhou cautelosamente até um ponto em que pode distinguir não só uma pessoa, mas duas no meio das arvores conversando. Ele apertou os ouvidos para ouvir o que eles diziam.


   -... vou usar uma poção, vou extrair toda a informação possível sobre isto, ela pode ser de grande ajuda para mim – dizia o vulto mais próximo dele ao outro.


   - Tenho total confiança em você garoto – respondeu o outro vulto com uma voz fria.


   - Consegui roubar a poção veritaserum, não vou falhar.


   - E o ministério, conseguiu se infiltrar nele?


   - Ainda não meu senhor, mas estamos quase...


   O bruxo não completou a frase, o outro da voz fria apontou diretamente para o ponto onde Tiago estava. Ele ficou branco, seu coração começou a bater rápido, suas pernas ficaram moles, ele tentou gritar, mas não saiu som algum de sua boca, nenhuma parte de seu corpo o obedecia, ele estava paralisado. Viu o bruxo levantar a varinha, vou morrer, pensou, mas no mesmo instaste uma ou duas flechas cortaram o ar ferozmente em direção dos dois bruxos. Hagrid vinha correndo atrás deles disparando sem parar sua besta. Tiago caiu no chão, mole, estava sem energia, como se não comece a meses, parecia que sua alma tinha sido tirada de seu corpo e só lhe restara a casca, ele não conseguia se mexer, apenas estava caído no chão, escutava os berros de Hagrid atirando contra os bruxos.


   - Tiago? TIAGO!


   Ele ouviu a voz de Fred. Passos fortes começaram a soar em sua direção. Ele tentou se levantar de novo, mas não obteve sucesso, estava caído, com os olhos arregalados, via apenas as folhas das arvores acima dele.


   - Tiago... levanta!


    Ele conseguiu ver que Fred agora estava em cima dele. Queria dar um sinal de que estava tudo bem, mas não conseguia, queria gritar, chutar, ou se espernear, mas estava imóvel. Alvo apareceu também e se ajoelhou ao seu lado.


   - Se mexe irmão...


   Alvo lhe deu uns tapa no rosto, ele queria voltar a se levantar, de repente tudo se apagou. Tiago havia desmaiado.


   - Ele morreu? Não morre! – Alvo ficou desesperado quando viu que os olhos do irmão se fecharam


   - Ele vai ficar bom, acho que só desmaiou – disse Fred colocando a mão no coração do amigo.


   Os dois ficaram ao lado de Tiago por um tempo. Não demorou muito quando Hagrid voltou suspirando forte com uma cara de raiva.


   - Fugiram os malditos – disse quando se aproximou deles – aposto que são eles que andam assassinando os centauros.


   - O que, mais centauros já morreram aqui? – perguntou Alvo olhando pra cima para poder ver o rosto do amigo.


   - Encontrei um bando morto na segunda fei...eu não devia ter dito isso – Hagrid balançou a cabeça olhando a expressão que Alvo e Fred fizeram.


   - Hagrid, o Tiago! Ele desmaiou – se apressou a dizer Fred.


   - Desmaiou? – repetiu ele agora percebendo que o outro estava caído no chão inconsciente. – vamos sair daqui logo, a visita para Grope fica para uma outra vez, vamos levá-lo a Ala Hospitalar – Hagrid apanhou Tiago no colo.


 


   Tiago acordou de um estranho torpor por umas fungadas sentidas, ele ficou quieto, mas então a verdade o despertou totalmente, abriu os olhos e foi brindado por várias estrelinhas. Sua cabeça doía um pouco, estava deitado, aquecido por vários cobertores, havia um perfume doce no ar, estava tão bom ficar quieto naquela cama, mas ele escutou outra fungada, virou devagar a cabeça em direção do som e viu, segurando sua mão estava Victoire, provavelmente ajoelhada no chão, rosto afundado na cama, mais atrás viu Alvo e Fred, cochilando em uma outra cama, aparência de exaustão, ficou em dúvida de quanto tempo permanecera desacordado não devia deixá-los preocupados mais tempo, mas estava ainda entorpecido, apenas apertou de leve a mão da garota, olhando-a, ela ficou quieta e então lentamente ergueu a cabeça e o encarou, seu rosto pareceu se contrair de dor, então ela explodiu em soluços e um choro convulsivo, viu de relance os outros dois acordarem assustados.


   - Você ta vivo! – exclamou Fred correndo até a cama dele – quase matou a gente de preocupação.


   Victoire ergueu os olhos para ele cheio de lagrimas, depois passou sua outra mão na testa do garoto.


   - Está se sentindo melhor? – perguntou ela aos soluços.


   Tiago apenas olhou ela.


   - Não faz mais isso está bem? – disse ela limpando seus olhos cheios de água com as mangas de sua roupa – eu não suportaria ver você morto – Alvo se aproximou do irmão também e foi pego por um braço de Victoire que o apertou em um abraço.


   - Fala alguma coisa cara – disse Fred começando a ficar preocupado de novo.


   - Estou com fome. – disse Tiago.


   Fred abriu um sorriso.


   - Ele está bem! – exclamou olhando para Victoire e Alvo – já está até com fome! Vou chamar a Madame Pomfrey agora mesmo.


    Fred saiu correndo e atravessou a porta deixando Victoire e Alvo sozinhos com Tiago. Alvo sabia que Victoire estava fazendo o papel de “mais velha da família” e estava se responsabilizando por qualquer ato que seus primos cometessem na escola, não era de se admirar que ela tenha ficado tão preocupada. A porta da Ala Hospitalar se abriu, e Madame Pomfrey entrou apressada seguida de Fred correndo até eles.


   - Ele acordou, santo deus – disse ela se curvando para examinar o garoto – você ainda precisa de um bom descanso – Madame Pomfrey se virou para eles – e vocês também precisam descansar, já são duas horas da manhã, vão dormir um pouco, amanhã vocês podem visitar ele, vão, vão!


    Ela não precisou mandar duas vezes, os três saíram da Ala Hospitalar dando uma ultima olhada em Tiago, depois rumaram direto para sala comunal da Grifinória para tirar um bom descanso.


   A noticia que Tiago fora atacado na floresta proibida se espalhou na escola rapidamente no domingo. Uns e outros amigos do garoto faziam visitas freqüentes a ele, que a essa altura já havia recuperado seu bom humor.


   - Foi um agouro! – dizia Erlian na hora do jantar daquele dia, onde estava Alvo, Rosa, Roran, Victoire e Dominique participando da conversa. – tenho certeza, já li sobre isso, a pessoa que vê um agouro fica branco feito um fantasma.


   - Não pode ter sido um agouro – disse Rosa carinhosamente – Alvo contou que Hagrid saiu atirando no que atacou o Tiago não é? Quero dizer, se fosse um agouro ele também desmaiaria não é?


   - Vrde...ahu...q Agrid...dsmaia tam..bm – disse Roran com a boca trasbordando em comida.


   Tiago só foi liberado da Ala Hospitalar na terça feira, quando já estava em perfeitas condições. Por incrível que pareça, o garoto jurava aos outros curiosos que ele tinha sido atacado por um Dementador.


   - Ele quase me beijou sabe – contava ele a uma garota da Lufa-lufa.


   - É verdade, eu vi tudinho – apoiava Fred ao seu lado.


   A primeira aula daquele dia era Herbologia, e dividiriam a aula com os alunos da Sonserina, para o desagrado de Rosa que não parava de resmungar “aquele Malfoy vai me perturbar de novo”. Alvo e Rosa se apressaram a entregar ao professor Longbottom os seus deveres.


   - Então garotos, eu quero que se juntem em trio – disse Neville aos estudantes quando quase todos já estavam amontoados na estufa.  


   Ouve muito barulho quando os alunos se arrastaram formando trios. Alvo e Rosa fugiram de todo mundo e conseguiram ficar apenas em uma dupla.


   - Então, hoje vamos estudar a planta Bubotúberas...


  A porta da estufa se abriu repentinamente, e um garoto loiro surgiu.


   - Tava demorando – resmungou Rosa.


   - Desculpe o atraso professor – disse Escórpio.


   O garoto estava tão pálido, quando Tiago aquela noite na floresta.


   - Não tem problema – disse Neville olhando em volta e localizando Alvo e Rosa que estavam só em dois – se junte com eles, sim?


   Escórpio fez uma careta de desaprovação ao pedido do professor, porém, se juntou aos dois. Rosa evitou encarar o garoto.


   - Vamos trabalhar juntos hoje então – disse Escórpio aparentemente tentando provocar Rosa.


   Alvo balançou a cabeça, e começou escutar o que o professor dizia, estava certo que essa seria uma longa aula, onde aqueles dois iam discutir muito ainda.


 


   O mês de setembro passou voando. A audiência interrogatória de Harry com Edgar Teobot foi marcada para o meio do mês de outubro. Nesse período ele tinha descoberto que Tiago havia desmaiado em Hogwarts por uma carta que Victoire havia mandado a Gina, contando tudo que tinha acontecido. Ele ficou furioso, e mandou uma outra carta a Flitwick perguntando por que Hogwarts está tão vulnerável nos últimos anos.


   Nem ele, nem Rony, nem Hermione, tiveram tanto trabalho no ministério quanto Gina. Ela havia aceitado o emprego de ser a nova professora dos jovens que estavam fazendo cursos para se tornar aurores. Diariamente uns ou outros apareciam machucados quando saiam das aulas. Gina sempre falava que eles eram um bando de debiloides e não tinham talento algum para se tornar auror.


   - São jovens, pegue leve com eles – dizia Rony sempre que podia.


   - São jovens, mas não burros né Rony? – respondia ela de mau humor.


   Nesse tempo Hugo e Lílian começaram a passar mais dias na casa da Sra. Weasley, devido ao trabalho de seus pais. No dia quinze de outubro, Harry se reuniu a Rony no átrio do Ministério, junto a Kingsley para planejarem as suas partidas a Azkaban.


   - Seja breve Harry, você sabe como aquele bruxo é – se apressou a dizer Kim – vocês chegarão à ilha de barco, um funcionário do Ministério ira acompanhá-los, existem vários aurores de guarda lá agora, no lugar dos dementadores é claro, entregue a autorização a Andrew, ele vai estar esperando o barco chegar na ilha, não entregue a outra pessoa em hipótese alguma está certo?


   - Ok – disse Harry.


   - Agora, vocês irão para lá por uma chave do portal – Kingsley tirou uma garrafa velha do bolso – não podemos passar a vocês as coordenadas de Azkaban, e nem que pudesse, não poderiam aparatar até lá, tem muita proteção naquele lugar. A Chave vai ser ativada dentro de alguns minutos para a ida, e vai ser reativada para a volta – ele olhou seu relógio – às dezessete horas, então estejam prontos.


   - Beleza – disse Harry pegando a garrafa da mão dele.


   - Só mais uma coisa, tenham cuidado com suas varinhas, não deixe nenhum prisioneiro pegar elas.


   - Fica tranqüilo – disse Rony.


   - Dez segundos. – disse Kingsley olhando o relógio.


     Rony só teve tempo de meter a mão na garrafa, quando ela brilhou e Harry sentiu que estava alheia ao redemoinho de cores a sua volta, ou a sensação de ser puxado pelo umbigo. Ele sentiu seus pés baterem em chão sólido depois de alguns segundos, e lá estavam, num lugar esquecido pelo mundo, num cais velho e fedorento. Ao redor desse cais só havia água e mais água, era um cais isolado do mundo dos trouxas.


   - Harry Potter? – perguntou o único homem que estava no cais.


   - Sim.


   - Por favor, venha, não se demore – disse o bruxo dirigindo ele e Rony para um pequeno barco que havia na água.


   Por alguns instantes o bruxo virava seus olhos para a cicatriz de Harry. Ao chegarem no barco, o bruxo se sentou na frente, Harry no meio, e Rony ficou por ultimo. Magicamente o barquinho saiu do cais e começou a navegar sobre a água. Era frio ali. O lugar era repleto de neblina, dificultando ainda mais a visão. Harry olhou em volta e viu que agora estavam tão longe do cais que ele não podia mais ser visto, era como se estivessem viajando a mar aberto.


   Passado uns dez ou quinze minutos, ele conseguiu avistar uma ilha, grande e assustadora. Ao centro dela havia um imenso bloco de pedra em formato triangular. Ao redor dessa ilha havia muitas pedras, Harry teve certeza que o barco afundaria se desse de encontro com uma delas, porém, o bruxo conduziu o barco para o único lugar onde não havia pedra alguma. Era estreito, devia ter uns cinqüenta centímetros no máximo. O barco parou na beira da ilha.


   - Chegamos – disse o bruxo saindo do barco, deixando Harry e Rony saírem – esperarei aqui, volte no máximo até às dezesseis horas e trinta minutos, para chegarmos à chave do portal a tempo.


   - Está certo – disse Harry olhando o próprio relógio, eram quinze horas. – vamos Rony.


   Os dois saíram andando ilha acima, procurando o tal funcionário que Kingsley falara. Não demoraram muito para achar um único homem perdido perto de onde eles se desembarcaram.


   - Ah, deve ser Harry Potter – disse o bruxo quando ele se aproximou.


   - E você é Andrew? – perguntou Harry.


   - Certamente – respondeu o homem pegando a autorização de Harry e a analisando – vamos andando então, não devemos demorar muito.


   Ele e Rony seguiram o bruxo, que os conduzia para mais perto do gigante bloco de pedra triangular. Harry pode notar que havia alguns aurores em volta do lugar que o encararam quando ele passou. Ele entrou dentro do bloco. Era o lugar mais tenebroso que ele tinha visto na vida. Era mal iluminado e frio. Havia água escorrendo das grandes paredes negras de pedra.


   - O prisioneiro está no sétimo andar sim – disse Andrew – não demore, por favor – e se virou saindo do lugar.


   Harry e Rony se entreolharam por uns instantes, depois saíram andando para mais dentro do lugar. Por um instante ele imaginou como Sirius sobrevivera ali com Dementadores, era um lugar que trazia infelicidade até mesmo quando não havia nenhum por perto. Os dois começaram a passar por celas onde viam prisioneiros mal encarados com a cara surra e os dentes podres quando sorriam para eles. Uns falavam sozinhos, outros simplesmente faziam a pergunta “vieram nos tirar daqui?”. Eles apertaram o passo e depois de um longo tempo chegaram ao sétimo andar. Nesse havia apenas uma cela, e estava ao fundo do corredor. Harry se adiantou a rumar para a cela, seguido por Rony aos seus calcanhares, e lá estava, com as vestes sujas, e o rosto todo sujo, Edgar Teobot, sentado sozinho olhando para o piso úmido de pedra sujo.


   - Será que devemos imobilizado antes de entrar na cela? – sussurrou Rony aos seus ouvidos.


   - Não vamos entrar na cela Rony, podemos falar com ele por aqui – respondeu Harry quando finalmente estavam a um metro das grades.


   Eles ficaram encarando o bruxo por alguns segundos. Edgar não demonstrava reação alguma. Harry se aproximou mais da cela...


 - ARRRREEEEEEEE


   Do fundo escuro da cela Harry só teve tempo de ver um rosto de lobo investindo em sua direção e batendo de cara nas grades. Era um lobisomem, mas não um qualquer, ele conhecia esse, Greyback.


   - Está é a cela de Greyback – exclamou Rony quando o Lobisomem o encarou e se afastou para a escuridão de novo.


   - É sim – disse Harry ainda com seu coração batendo rápido pelo susto.


   - Então cara, faz logo o que você veio fazer, esse lugar já está me dando calafrios – disse Rony a suas costas.


   - Está certo.


   Harry olhou diretamente para Edgar, iria usar o Legilimens mais perfeito que ele podia fazer na vida, e tinha certeza que tiraria todas as informações que ele queria. Ele ergueu a varinha...


   - EXPELLIARMUS!


     Edgar se levantou extremamente rápido de onde estava e desarmou Harry num piscar de olhos.


   - ESTUPE... – começou Rony.


   - REDUCTO – bradou Edgar e as grades da cela explodiram.


   Greyback que estava no escuro no mesmo instante pulou para fora investindo contra Rony. Harry se abaixou para pegar sua varinha no chão. Edgar passou ao seu lado correndo e desceu as escadas.


   - ESTUPEFAÇA – gritou Harry contra Greyback.


   O Lobisomem se desviou do feitiço. Rony agora estava coberto de sangue bem onde o outro atacara.


   - Como vai Potter – disse Greyback e se virou descendo as escadas.


   Harry ajudou Rony a se levantar.


   - O Edgar estava com uma varinha – ofegou Rony.


   - Eu sei, Kingsley disse que os prisioneiros não tem varinha – disse Harry – alguém nos traiu.


    Rony ficou de pé com dificuldade.


   - Férula – murmurou Harry fazendo aparecer uma enorme bandagem ao redor do tronco do outro.


   Rony pegou sua varinha de volta no chão, em seguida ele e Harry desceram correndo as escadas. Foi a pior coisa que podia acontecer. Edgar havia arrebentado a cela de todos os prisioneiros. Uns ainda estavam correndo a frente deles.


   - ESTUPEFAÇA – gritou Harry acertando um nas costas. 

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