Grande Família




      Foi um grande duelo entre os Pegas de Montrose e as Harpias de Holyhead. Um jogo disputado ponto a ponto e que só foi decidido mesmo quando o apanhador do Montrose agarrou o pomo espetacularmente, e como ele havia previsto, Zacharias não entrou no jogo, estava sentado no banco de reservas com uma cara de poucos amigos.


   - Eu queria que o Chudley Cannons jogassem como os Montrose – lamentou Rony quando eles estavam saindo do estádio movimentado.


   - Não se preocupe Rony, os Cannons estão indo muito bem nesse campeonato – disse o Sr. Weasley quando tirou um relógio de bolso – está muito tarde já, é melhor eu ir andando.


   - Até mais Sr. Weasley – disse Harry apertando a mão do homem que aparatou logo em seguida.


   - Ei Potter! - saindo do estádio também, Zacharias Smith vinha correndo na direção deles.


   - Olá Zacharias, pena você não ter entrado no jogo – disse ele.


   - Lamentável – acrescentou Rony.


   - Eu queria falar sobre aquela proposta de Hogwarts...e acho que vou aceitar o emprego, vai ser bom para mim!


   - Excelente! – exclamou Harry – amanhã mesmo eu mando uma coruja para Hogwarts informando quem é o novo professor – ele apertou a mão de Smith quando saíram andando comentando sobre o jogo.


   Como era de se esperar, no dia seguinte Harry teve que presenciar mais uma briga entre Rony e Hermione. Ela argumentava que ele havia chegado muito tarde em casa e estava sendo o pai mais irresponsável do mundo. Gina também havia brigado um pouco com ele pelo horário, mas ele arranjou uma desculpa qualquer e ela o deixou em paz.


   A noticia de que Edgar Teobot foi visto no Caldeirão Furado travando uma luta contra os aurores vazou no profeta diário no dia seguinte. Como sempre a manchete estava escrita bem grande “Edgar Teobot escapa mais uma vez de baixo do nariz de Harry Potter”. Ele estava com medo que poderia ser rebaixado de seu cargo a qualquer momento.


   No começo de agosto ele começou a fazer aulas de motoristas com Rony como havia prometido. Harry até que não era mal, mas o outro era muito desastrado, não conseguia guiar o carro no chão em linha reta por cinco segundos quando se desesperava e batia em algum lugar.


   - Carros voadores são muito mais fáceis de guiar do que esses ai – argumentava Rony com irritação pra Harry – é serio, não sei porque Hermione quer que eu tire essa carteira, não vou ficar por ai andando com carros trouxas – continuava resmungar – e ela que nem pense que andaremos comprando roubas de trouxas nas lojas...


   Os exames finais para os testes deles infelizmente foram marcados para dias diferentes. Harry conseguiu se sair muito bem e conseguiu tirar sua carteira, atraindo aplausos de Gina que foi com ele nesse dia.


  


 


      O Outono pareceu chegar de repente naquele ano. A manha de primeiro de setembro estava revigorante e dourada como uma maça e, quando a pequena família atravessou saltitante a rua, em direção a grande estação encardida. A fumaça que os carros expeliam e a respiração dos pedestres cintilavam como teias de aranha no ar frio. Duas grandes gaiolas sacudiam em cima dos carrinhos cheios que os pais empurravam, as corujas dentro delas piavam indignadas, e a menina ruiva acompanhava chorosa os irmãos, agarrada à mão do pai.


   - Não vai demorar muito, e você também irá – disse Harry.


   - Dois anos – fungou Lílian – quero ir agora!


   Os passageiros olharam curiosos para as corujas quando eles se caminharam em ziguezague para a barria entre as plataformas nove e dez. A voz de Alvo chegou aos ouvidos de Harry apesar do barulho reinante; seus dois filhos tinham retomado a discussão começada no carro.


   - Não quero ir! Não quero ir para Sonserina!


   - Tiago, dá um tempo – pediu Gina que estava muito mais madura do que antes, e mais bonita.


   - Eu só disse que ele talvez fosse – defendeu-se Tiago, rindo do irmão mais novo – não vejo problema nisso. Ele talvez vá para Sonse..


   Tiago, porém, viu o olhar da mãe e se calou. Os cinco Potter se aproximaram da barreira. Lançando ao irmão um olhar ligeiramente arrogante por cima do ombro, Tiago apanhou o carrinho que a mãe levava e saiu correndo. Um instante depois tinha desaparecido.


   - Vocês vão escrever para mim, não vão? – perguntou Alvo aos pais, capitalizando imediatamente a ausência momentânea do irmão.


   - Todo dia, se você quiser – disse Gina.


   - Todo dia não – replicou Alvo, depressa – o Tiago diz que a maioria dos alunos recebe carta de casa mais ou menos uma vez por mês.


   - Escrevemos para Tiago três vezes por semana ano passado – contestou Gina.


   - E você não acredita em tudo que ele lhe disser sobre Hogwarts – acrescentou Harry – ele gosta de brincar, seu irmão.


   Lado a lado, eles empurraram o segundo carrinho e ganharam velocidade. Ao alcançarem a barreira, Alvo fez uma careta, mas a colisão não ocorreu. Em vez disso, a família emergiu na plataforma nove e meia, que estava encoberta pela densa fumaça clara que saia do Expresso de Hogwarts. Vultos indistintos pululavam na névoa, em que Tiago já desaparecera.


   - Onde eles estão? – perguntou Alvo, ansioso, espiando os vultos brumosos pelos quais passavam ao avançar pela plataforma.


   - Nós os acharemos – tranqüilizou-o Gina.


   Mas o vapor era denso, e estava difícil distinguir os rostos das pessoas. Separadas dos donos, as vozes ecoavam anormalmente altas. Harry pensou ter ouvido Percy discursar sonoramente sobre o regulamento para uso de vassouras, e ficou feliz de ter um pretexto para não parar e cumprimentar...


   - Acho que são eles, Al – disse Gina, de repente.


   Um outro grupo de quatro pessoas que estava parado ao lado do ultimo vagão emergiu da nevoa. Seus rostos só entraram em foco quando Harry, Gina, Lílian e Alvo estavam quase em cima deles.


   - Oi – disse Alvo, parecendo imensamente aliviado.


   Rosa, que já estava usando as vestes de Hogwarts recém-compradas, deu-lhe um grande sorriso.


   - Afinal, conseguiu estacionar direito? – perguntou Rony a Harry – Hermione não acreditou que eu pudesse passar no exame de motorista dos trouxas, não é mesmo? Achou que eu ia precisar confundir o examinador.


   - Não pensei, não – replicou Hermione –, fiz a maior fé em você.


   - Pois eu confundi, mesmo – sussurrou Rony para Harry, quando, juntos, embarcaram o malão e a coruja de Alvo no trem – Só me esqueci de olhar pelo retrovisor externo, e, cá entre nós, posso usar um feitiço Supersensorial para isso.


  De volta à plataforma, eles encontraram Lílian e Hugo, o irmão mais novo de Rosa, entretidos em uma animada discussão sobre a Casa para qual seriam selecionados, quando finalmente fossem para Hogwarts.


   - Se você não for para a Grifinória, nós os deserdaremos – ameaçou Rony -, mas não estou pressionando ninguém.


   - Rony!


     Lílian e Hugo riam, mas Alvo e Rosa ficaram muito preocupados.


   - Ele não está falando serio – disseram Hermione e Gina, mas Rony já não estava prestando atenção. Atraindo o olhar de Harry, ele acenou discretamente com a cabeça para um ponto a uns cinqüenta metros. O vapor tinha rareado por um momento, e três pessoas estavam paradas destacando-se contra a névoa em movimento.


   - Veja quem está ali.


   Draco Malfoy estava parado com a mulher e o filho, um sobretudo escuro e abotoado até o pescoço. Seus cabelos já revelavam entradas que salientavam seu queixo fino. O novo aluno parecia com o Draco tanto quanto Alvo parecia com Harry. Draco viu Harry, Rony, Hermione e Gina olhando para ele, e deu um breve aceno com a cabeça e se afastou.


  - Então aquele é o pequeno Escórpio – comentou Rony em voz baixa – não deixe de superá-lo em todos os exames, Rosinha. Graças a Deus você herdou a inteligência da sua mãe.


   - Rony, pelo amor de Deus – o tom de Hermione mesclava seriedade e vontade rir – não tente indispor os dois antes mesmo de entrarem pra escola.


   - Você tem razão, desculpe – mas, incapaz de se conter, ele acrescentou -, mas não fique muito amiga dele, Rosinha. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue-puro.


   - Ei!


   Tiago reaparecera; tinha se livrado do malão, da coruja e do carrinho e, evidentemente, estava fervilhando de novidades.


   - Ted está lá atrás – disse ele, sem fôlego, apontando por cima do ombro para as gordas nuvens de vapor – acabei de ver! E adivinhe o que ele estava fazendo? Se agarrando com a Victoire!


    Ele ergueu os olhos para os adultos, visivelmente desapontando com a falta de reação.


   - O nosso Ted! Ted Lupin! Agarrando a nossa Victoire! Nossa prima! E perguntei a Ted que é que ele estava fazendo...


   - Você interrompeu os dois? – indagou Gina – você é igualzinho ao Rony...


   -...e ele disse que tinha vindo se despedir dela! E depois me disse para dar o fora. Ele está agarrando ela! – acrescentou Tiago, preocupado que não tivesse sido suficientemente claro.


   - Ah, seria ótimo se os dois se casassem! – sussurrou Lílian enlevada – então Ted ia realmente fazer parte da nossa família!


   - Ele já aparece para jantar quatro vezes por semana – disse Harry – por que não convidamos para morar de uma vez conosco?


   - É! – concordou Tiago, entusiasmado – eu não me importo de dividir o quarto com o Alvo...Ted poderia ficar com o meu!


   - Não – disse Harry, com firmeza -, você e Al só dividirão um quarto quando eu quiser ter a casa demolida.


   Ele consultou o velho relógio arranhado que, no passado, tinha pertencido a Fábio Prewett.


   - São quase onze horas, é melhor embarcar.


   - Não se esqueça de transmitir a Neville o nosso carinho! – recomendou Gina a Tiago ao abraçá-lo.


   - Mamãe! Não posso transmitir carinho a um professor!


   - Mas você conhece o Neville...


   Tiago girou os olho para o lado.


   - Aqui fora, sim, mas, na escola, ele é o professor Longbottom, não é? Não posso entrar na aula de Herbologia falando em carinho...


   E, balançando a cabeça pela a tolice da mãe, ele sapecou um pontapé em Alvo.


   - A gente se vê, Al. Cuidado com os Testráilos.


   - Pensei que eles fossem invisíveis. Você disse que eram invisíveis!


   Tiago, porém, riu apenas, permitiu que a mãe o beijasse, deu no pai um rápido abraço e saltou para o trem que se enchia rapidamente. Eles o viram acenar e sair correndo pelo corredor à procura dos amigos.


   - Não precisa se preocupar com os Testráilos – disse Harry a Alvo – são criaturas meigas, não tem nada de apavorante. E, de qualquer modo, você não irá pra escola de carruagem, irá de barco.


    Gina deu um beijo de despedida em Alvo.


   - Vejo vocês no Natal.


   - Tchau, Al – disse Harry, e o filho o abraçou – não esqueça que Hagrid o convidou para tomar chá na próxima sexta-feira. Não se meta com o Pirraça. Não duele com ninguém até aprender como se faz. E não deixe Tiago enrolar você.


   - E se eu for pra Sonserina?


    O sussurro foi apenas para o pai, e Harry percebeu que só o momento da partida poderia ter forçado Alvo a revelar como seu medo era grande e sincero.


   Harry se abaixou de modo a deixar o rosto do menino ligeiramente acima do dele. Dos seus três filhos, apenas Alvo herdara os olhos de Lílian.


   - Alvo Severo – disse Harry, baixinho, para ninguém mais, exceto Gina, poder ouvir, e ela teve tato suficientemente para fingir que acenava para Rosa, que já estava no trem -, nós lhe demos o dome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina, e provavelmente foi o homem mais corajoso que eu já conheci.


   - Mas me diga...


   - ...então, a Sonserina terá ganhado um excelente estudante, não é mesmo? Não faz diferença para nós, Al. Mas, se fizer para você, poderá escolher a Grifinória em vez da Sonserina. O chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha.


    - Sério?


    - Levou comigo.


   Ele jamais contara isso a nenhum dos filhos, e notou o assombro no rosto de Alvo ao ouvi-lo. Agora, entretanto, as portas estavam começando a se fechar ao longo do trem vermelho, e os contornos indistintos dos pais se aglomeravam ao avançar para os beijos finais, as recomendações de última hora. Alvo pulou para o vagão, e Gina fechou a porta do compartimento dele. Os estudantes estavam pendurados nas janelas mais próximas. Um grande número de rostos, tanto dentro quando fora do trem, parecia ter virado para Harry.


   - Por que eles estão todos nos encarando? – perguntou Alvo, enquanto ele e Rosa esticavam para olhar os outros estudantes.


   - Não se preocupe – disse Rony – é comigo. Sou excepcionalmente famoso.


   Alvo, Rosa, Hugo e Lílian riram. O trem começou a se deslocar, e Harry acompanhou-o, olhando o rosto magro do filho já iluminado de excitação. Continuou a sorrir e acenar, embora tivesse a ligeira sensação de ter sido roubado ao vê-lo distanciando dele...


   O último vestígio de vapor se dispersou no ar de outono. O trem fez uma curva, a mão de Harry ainda acenava adeus.


   - Ele ficará bem – murmurou Gina.


   Ao olhá-la, Harry baixou a mão distraidamente e tocou a cicatriz em forma de raio em sua testa.


   - Sei que sim.


   A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem.    


   - Tio Harry!


   Ted havia surgido no meio da nevoa com um sorriso maroto no rosto.


   - Oi Ted! – disse Lílian indo lhe dar um grande abraço.


   - Como vai pequena? – disse ele se abaixando e a abraçando também.


   - Você e Victoire vão se casar não vão? – perguntou a garota.


   - Eu e a Victoire? – exclamou Ted – não, não mesmo!


   - Por quê?


   - Ela me perturba muito.


   - Mas você gosta dela, não gosta?


   - Gosto – disse ele se levantando para olhar os outros, cumprimentou Hugo também.


   - Como está a Vic? – perguntou Gina quando a nevoa que havia no lugar tinha desaparecido e varias pessoas estavam indo embora da estação.


   - Está bem, vim só me despedir dela – disse Ted e ao mesmo tempo fechou a cara – mas aquele Roran continua andando com ela, ele chegou na cabine assim que eu sai!


   - Não esquente com isso – disse Harry quando todos começaram a caminhar lentamente para sair da plataforma também – lembro que Rony era igualzinho a você quando mais novo – contou ele.


   - Era?


   - Era, sabe eu e Hermione sempre fomos bons amigos, e muito grudados – sussurrou Harry para Ted – mas só amigos, e o Rony tinha ciúmes igual você. – Hermione que estava um pouco a frente lançou um olhar para Harry, aparentemente tinha ouvido seu nome.


   - Mas ele é da sonserina! – argumentou ele de novo – não gosto dele! Quando ele sair da escola eu pego ele, se pego!


   - Está com ciúmes da Vic, Ted? – perguntou a pequena Lílian que andava de mão dadas a Harry.


   - Não estou com ciúmes delas, isso nunca! Só não quero que ela fique andando com Sonserinos.


   - Eu acho que você gosta dela – disse Hugo que estava nas mãos de Hermione – Tiago disse que você estava agarrando ela agora pouco! 


   - Não estava não, Tiago não sabe o que fala.


   Eles estavam quase saindo da plataforma quando deram de cara com um casal bem humorado. Jorge Weasley e Angelina Johnson. Nas mãos de Angelina estava a pequena Roxanne, filha dos dois, ainda tinham um filho mais velho, Fred, este já estava no quarto ano em Hogwarts, era igualzinho ao pai.


   - Ora vejam só se não é o cicatriz – exclamou Jorge indo cumprimentar Harry.


   - Como vão as coisas Jorge, já concertou sua loja? – perguntou apertando a mão dele.


   - Já está em perfeitas condições – disse ele sorrindo – claro que estaria melhor se você tivesse mandado um funcionário mais adequado para o local – ele lançou um olhar a Rony.


   - Você foi estuporado também! – indagou Rony.


   - Mas eu não sou auror não é Ronyquinho.


   - Ei Jorge, eu preciso falar com você, quero que me ajude a resolver um assunto com um Sonserino – Ted puxou Jorge para mais longe e os dois começaram a conversar aos cochichos.


   -... ela está realmente enorme – ia dizendo Gina que conversava com Angelina sobre Roxanne.


   - Ela fez seis anos a pouco tempo.


   - É muito sapeca? – perguntava Hermione.


   Hugo começou a puxar as vestes de Rony.


   - Vamos para onde agora papai? Quero ir na casa do vovô.


   - Se acalme Hugo, nós já vamos – disse Rony se aproximando de Harry – o que acha que eles estão tramando? – disse indicando a cabeça a Jorge e Ted.


   - Não sei mas...


CRACK


   Um bruxo aparatou do nada a frente deles. Era Kingsley, e estava com a expressão super seria.


   - Ainda bem que te encontrei aqui ainda Harry – disse – sei que é seu dia de folga, mas acho que encurralamos Edgar Teobot!


   - Aonde? – perguntou rispidamente indicando Lílian para se juntar a Gina.


   - Os duendes informaram que ele acabou de entrar em Gringotes – disse Kingsley que estava sem fôlego, aparentemente deveria ter vindo correndo a sala de Harry informar a informação.


   - Vamos para lá agora mesmo Kin – disse ele – Gina cuide de Lílian, nos encontramos na Toca daqui a pouco.


   - Hermione fique com Hugo – disse Rony também sacando a varinha empurrando Hugo para a mãe.


   - Não mesmo, eu vou com vocês dessa vez – disse ela – Hugo, vai junto com a tia Gina, mamãe já volta – Hermione se aproximou enquanto Hugo corria para os braços da tia – vocês dois não são grande coisa sem mim.


   - Exibida – murmurou Rony antes de aparatarem.  

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