Cap.4



Por que ela não conseguia mata-lo? Era uma coisa tão simples, era só ela cortar a garganta dele com a espada. Ele merecia aquilo; foi ele quem estragou com a vida dela, ele quem destruiu o que ela tinha de melhor.
Ele estava com muito medo, dava para ver na respiração dele, nos gestos dele, no olhar dele. Depois de tanto tempo tendo uma vida gloriosa ele agora iria morrer como um cachorro, pelas mãos daquela que ele fez de tudo para ter.
- Está demorando muito.- disse ele tentando buscar um pouco de coragem dentro de si.
- Sua morte será bem lenta, eu te garanto.- disse ela cortando o rosto dele com a ponta da lâmina.
Guinevere jurou se vingar de Artur e não conseguiu, será que agora ela iria se vingar de Lancelot?
Lancelot se lembrou do motivo de estar ali, de como tudo começou.
** Lembrança de Lancelot:
Ainda era outono quando ele e seu primo: Artur chegaram em Camelot. Eles tinham apenas quinze anos na época. Foram levados por Merlim, junto com Morgana que na época tinha 17.
Eles olhavam intrigados para cada canto do reino. A rua estava cheia de gente pobre passando fome ou trabalhando para um rei que não existia, portanto um trabalho sem pagamento.
- Esse lugar me dá arrepios.- disse Artur olhando para os lados. Na época ele não passava de um rapaz alto com uma cara saudável, totalmente longe de ser o rei que ele seria.
- Acredita mesmo que ainda há alguém que queira ser rei desse lugar?- perguntou Lancelot olhando para tudo com um pouco de nojo.
Lancelot sempre foi muito bonito, conseguia encantar qualquer mulher. Tinha um porte forte, com uma pele morena e rosto magro, o cabelo bem preto dava um toque especial junto com o olhar sedutor que ele insistia em manter todo o tempo.
- Vamos logo, Merlim já está começando a se irritar.- disse Morgana puxando os dois.
Para Lancelot, Morgana era a mulher mais bonita do mundo. Aquela pele clara que contrastava com o cabelo escuro, os olhos cor de mel igual aos de Artur, só que com um olhar muito mais feminino, os lábios vermelhos em um corpo cheio de curvas.
Enquanto Merlim entrava no palácio, os meninos ficaram do lado de fora. Quando Merlim voltou ele parecia assustado.
- Temos que ir.- disse ele levando os meninos.
Lancelot o seguiu sem entender nada, mas confiava em Merlim. Foi ele quem cuidou de Artur, Lancelot e Morgana desde que nasceram.
- Lancelot, venha até aqui.- chamou Merlim.
Lancelot se aproximou de Merlim, um pouco desconfiado, mas ele confiava no mago. Ele chagou até uma cerca, onde no meio dela havia uma enorme rocha com uma espada presa nela. Lancelot olhou para aquilo estranhando a espada estar ali.
- Era de Uther, foi posta aí logo depois que ele morreu. Arte dos duendes.- disse Merlim explicando.
- Mas por que me chamou?- perguntou Lancelot.
- Preciso que tente puxar esta espada daí.
Lancelot não fez nenhuma pergunta, embora estivesse cheio de dúvidas. Ele se aproximou da pedra e tentou puxar a espada, mas nada aconteceu. Ele ficou ali durante alguns minutos, mas nada acontecia, parecia que havia alguém puxando a espada para baixo.
- Não é possível.- murmurou Merlim.- Tinha que ser você.
Merlim se virou e olhou para Artur.
- Como é mesmo o nome do seu pai?- perguntou Merlim para Artur.
- Eu não me lembro, ele morreu quando eu era muito jovem e minha mãe nunca me falou dele.- disse Artur.
- Pois o nome dele era Uther Pendragon.- disse Merlim.- Puxe a espada.
Artur foi para onde Lancelot se localizava e sem fazer nenhum esforço conseguiu puxar a espada.
As pessoas que passavam por ali, pararam para contemplar o novo rei de Camelot.

Godric nunca mais encontrou Lineth, já fazia cinco anos que ela havia saído de Hogwarts.
Agora Godric estava com quase cinqüenta anos, o que naquela época, era considerada uma pessoa idosa, mas ainda assim Godric parecia não ter mais de quarenta.
- Olá Godric, há muito que não o vejo.- disse o balconista do mar.
Godrica estava em Hogsmeade, fora visitar alguns amigos e depois foi para o bar em que ele havia conhecido Salazar.
- Olá, me vê o de sempre.- disse ele.
- Está bem e como vão as coisas em Hogwarts?- perguntou o balconista colocando hidromel dentro de um copo.
- Vão bem. Cada dia chega mais alunos.- disse Godric som uma pontada de orgulho na voz.
- Soube que no mundo trouxa não existe nem escola.- disse o balconista.
- O mundo trouxa é bem diferente.
Godric olhou para o fundo do bar, viu que o quarto em que ele já havia se hospedado um dia estava vazio. Ele se levantou e foi até lá.Quando olhou pela janela, viu que quem passava na rua era Lineth. Ela estava um pouco longe, mas Godric conseguiu reconhece-la.
Como se fosse um jato, Godric saiu em disparada na rua. Foi correndo atrás dela e quando já estava começando a ficar cansado conseguiu alcançar Lineth.
- Godric?- perguntou ela.
Lineth estava mais parecida com Branchefleur do que nunca. O cabelo negro e em cachos, os olhos azuis que pareciam distantes, mas mesmo assim alegres e a pele pálida, como se uma luz prateada saísse dentro dela.
- Quanto tempo Lineth.- disse ele.
- Muito tempo, pensei que eu nunca mais o veria.- disse ela com um sorriso.
- É.- Godric não parava de ofegar e percebeu que Lineth o observava.- Estou ficando velho.
- Não, você está ótimo.- disse ela dando um sorriso maior ainda.
Os dois começaram a andar sem saber para onde estavam indo. Eles começaram a lembrar coisas da época em que Lineth estava na escola, davam risada juntos enquanto olhavam as primeiras folhas do outono caírem das árvores.
- Quando eu a verei de novo?- perguntou Godric quando Lineth disse que precisava ir.
- Amanhã eu passarei por aqui de novo.- disse ela olhando para a árvore que estava ao lado dos dois.
- Amanhã eu estarei aqui.- disse ele.
Quando ela já estava começando a ir, Godric a segurou delicadamente pelo braço.
- Não demore.- disse ele com uma voz doce.
- Eu não irei.- disse ela o encarando.
O olhar dela já dizia tudo e Godric entendeu o recado. Delicadamente ele deu um beijo nas lábios dela.
- Amanhã- disse ela dando um sorriso maroto.
- Tenha certeza disso.

- Sinceramente Teddy, nós não podemos ficar parados.- disse Vic. Ela já não agüentava mais, queria encontrar uma pista o mais rápido possível.
- O que você quer que eu faça? Eu sou um auror e não um investigador.- disse ele com uma voz um pouco irritada.
- Acontece que não estamos procurando nos lugares certos.
- E quais seriam os lugares certos?
- Eu estava pensando em procurar aquela bruxa que foi atacada.
- E como nós vamos fazer isso?
- Deixa comigo.
Os dois saíram da pousada e foram falar com a recepcionista, perguntaram se ela sabia onde a bruxa vivia.
- Eu não faço a menor idéia, mas sei de alguém que sabe.- disse ela apontando para um homem sentado em um banco, bem em frente a pousada.
O homem estava um trapo, parecia mais um porco peludo e ficava olhando para o nada.
- Obrigada.- disse Vic lançando um olhar de pena ao homem.
Os dois atravessaram a rua e foram em direção ao banco.
- Com licença.- disse Vic.
O homem não disse nada, apenas levantou a cabeça. Vic conseguiu ver as rugas no rosto dele e a barba sem fazer dava um tom esverdeado ao rosto.
- Eu preciso de uma informação e me disseram que só o senhor pode me dar.- disse ela com um pouco de medo na voz.
O homem continuou sem dizer nada.
- Preciso saber onde mora aquela bruxa que foi atacada.
O homem levantou a cabeça e apontou para o final da rua.
Vic olhou e não entendeu, já que no final da rua havia somente uma igreja.
- Ela mora lá?- perguntou Teddy.
O homem mexeu a cabeça positivamente.
Os dois foram até o final da rua e se dirigiram a igreja. Ela não era muito grande e atrás havia um cemitério. Os dois andaram pela igreja e não encontraram ninguém.
- Caramba, aqui só dá pirado.- disse Teddy olhando ao redor.
- Nem me fale.
Depois de procurarem os dois acabaram desistindo, saíram da igreja e quando já estavam quase na rua surgiu uma idéia em Vic.
- Vamos olhar no cemitério.
- Tem certeza?
- Claro.
Os dois entraram no cemitério e de cara Vic conseguiu enxergar uma espécie de trailer no final do cemitério.
O lugar estava cheio de gatos o que dava um forte odor no local, o trailer já estava enferrujado e se podia ouvir gritos dentro dele.
- Acho melhor nós não entrarmos aí.- disse Teddy.
- Se você quiser você pode ir, mas eu vou.- disse ela decidida.
- Tudo bem então, mas da próxima vez eu decido o que vamos fazer.
Os dois entraram bem devagar e bateram na porta, mas antes que a bruxa conseguisse escutar a porta caiu.
- Desculpe.- disse Vic olhando constrangida para a bruxa.
A velha bruxa estava dando comida para um de seus gatos. A aparência dela era horrível, tinha alguns dentes na boca, o cabelo crespo e branco estava todo bagunçado e a roupa estava um pouco rasgada e suja.
- Entre.- disse a bruxa com sua voz aguda.- Por que vieram?
- Nós viemos por causa do ataque que aconteceu.- disse Vic um pouco assustada e com um pouco de medo.
- Entendo. Vocês querem saber o motivo?
- Queremos sim. Precisamos saber.- disse Teddy.
- Pois bem.- disse a velha dando um sorriso malicioso aos dois.- Eu tinha a espada. Eu estava pronta para os rituais. Só faltava chegar o dia das bruxas, mas aquele pivete tinha o caldeirão. Eu tentei pegar dele, mas ele não deixou; depois ele me procurou me pedindo a espada e eu não a dei, por isso ele me atacou.
- Mas por que a senhora queria fazer esses rituais?- perguntou Vic.
- Para trazer o meu filho de volta. Ele precisa voltar, eu escuto a voz dele e ele me pede para voltar.
Vic olhou para Teddy não entendendo nada.
- Então esses rituais trazem uma pessoa morta a vida?- perguntou Teddy.
-Essa é a função do caldeirão, mas ela só funciona com a espada.- disse a bruxa.- E com os segredos antigos.
- Que segredos?- perguntou Vic.
- É segredo, eu não posso contar.- disse ela.
- E a maldição?- perguntou Teddy.
A bruxa lançou um olhar de ódio a Teddy, como se ele a tivesse xingado do nome mais feio do mundo.
- Ela tira o que a pessoa tem de melhor. Ela tirou o meu filho de mim e vai tirar o melhor de você.- disse ela apontado para Teddy.
De repente a bruxa mudou de expressão.
- As sacerdotisas querem voltar, elas precisam terminar o trabalho. O segredo está na profecia, está tudo na profecia, mas a profecia se perdeu assim como os mistérios antigos. Tudo está perdido, ninguém vai conseguir destruir a espada. As deusas já não vivem mais.
De repente a bruxa andou em direção a Vic. Ela era uma pulga comparada a Vic, que era alta.
- Saia daqui, vá embora.- gritou a bruxa.
De repente em um total descontrole ela começou a arranhar Vic. Teddy a puxou e se debruçou em cima dela para protege-la e os dois saíram de lá.
- Fica quieto Teddy.- disse Vic tentando tirar os arranhões de Teddy.
Eles já haviam voltado para a pousada. Teddy estava sentado na cama e Vic tentava passar um pouco de suco de morcego misturado com canela para fazer cicatrizar os arranhões nas costas e nos braços dele.
- Isso arde sabia.- reclamava ele.
- Sabia, mas você já não é mais nenhuma criança.- disse Vic .
- Você está parecendo minha avó.
- O que você acha sobre tudo aquilo que aquela bruxa falou?
- Eu não sei, mas se há uma profecia seria bom nós irmos atrás.- disse Teddy.
- Mas como? Nós não conhecemos o Departamento de Mistérios e nem sabemos qual é a profecia.- disse Vic.
- É eu sei, mas tem que haver um jeito.
Vic ficou em silêncio, pensando sobre como descobrir qual era a profecia.
- Espere... Há um jeito.- disse ela se alegrando.
- Como?- perguntou Teddy.
- A minha prima, Vivien.- disse Vic se alegrando.
- Não entendi.- disse Teddy.
- Ela trabalhou por um tempo no Departamento de Mistérios da França, ela deve saber algum jeito de achar uma profecia.- disse Vic sorrindo.- Não custa nada tentar.
- Ta legal.
- Eu vou mandar um berrador para ela agora mesmo.- disse Vic se alegrando.
- Precisa ser um berrador?- perguntou Teddy.
- Precisa sim. Você não conhece a Vivien.




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