Cap.3



Guinevere ainda estava com a espada no pescoço de Lancelot e com uma vontade imensa de cortar o pescoço dele. Uma vontade que não passaria nem tão cedo, mas alguma coisa a fazia parar quando ela tomava coragem.
- Você sabe o que vai acontecer se me matar.- disse ele de joelhos.
- Sei que me sentirei vingada. Você acabou comigo, seu verme.- disse ela quase chorando, mas se controlando.
- Sabe o que minha mãe fará. Branwen não perdoa, Guinevere.- disse Lancelot.
E isso ela sabia. Algumas histórias diziam que Lancelot era o protegido das deusas de Avalon, principalmente de Branwen.
Algumas histórias também diziam que em uma guerra de poderes Cerridwen criou um caldeirão que faz as pessoas voltarem a vida, o que a fazia possuidora da vida, mas Branwen criou uma espada que a fazia possuidora da morte. As duas entregaram esses dois objetos a dois homens. Branwen entregou a espada para Uther, antes de Lancelot nascer e o fez jurar que ele protegeria Lancelot depois que este nascesse, mas Uther morreu antes. Cerridwen entregou o caldeirão para Merlim, para que ele usasse em Lancelot quando fosse preciso, mas o caldeirão foi roubado antes que Lancelot nascesse.
- Eu sinto muito por tudo o que eu te fiz. Mas se você não tivesse se apaixonado por Artur tudo seria bem diferente.- disse Lancelot olhando para o chão.
Era verdade, se ela não tivesse se apaixonado por Artur talvez ela nunca estivesse vivendo aquele momento.
** Lembrança de Guinevere:
Depois de três dias de viagem com Lancelot, Guinevere começou a acha-lo vaidoso demais e muito arrogante. O pouco que os dois conversavam já a fez sentir uma forte antipatia por ele.
- Chegamos a Camelot.- disse ele apontando para baixo. Ela olhou e viu várias casinhas bem organizadas ao redor de um palácio, não muito grande de onde ela vivia. Um rio fazia a divisa de um reino a outro. Parecia que “a terra sem reis” estava finalmente voltando a ser o que era.
Quando ela chegou viu que as pessoas a observavam e se sentiu constrangida com aquilo. Mas ela sabia que aquilo tinha que acontecer.
Naquela época os jovens de quinze anos já eram considerados adultos suficientes para se casarem, terem filhos, ir para a guerra e até mesmo governar um reino.
Quando ela chegou em frente ao palácio viu que havia alguém a esperando. Com certeza era Artur.
Ela deu um passo a frente e esperou ele chegar para leva-la. Ele foi se aproximando dela, chegou bem perto e puxou as mãos dela para beija-las.
Guinevere viu que Artur era extremamente jovem, tinha o cabelo castanho ondulado, olhos cor de mel e uma pele um pouco morena- provavelmente queimada do sol- com algumas pintas que começavam no pescoço e iam até perto da boca. Ele não era nenhum deus, mas era uma figura que impressionava bastante.
- Você é do jeito que eu imaginei.- disse ele admirando a beleza de sua noiva.
Logo atrás dele estava Merlim, seu fiel conselheiro e Morgana sua meia-irmã e sacerdotisa de Avalon.
Guinevere ficou admirada com a diferença dos dois. Morgana era muito bonita, tinha o cabelo preto escorrido e uma pele muito branca que parecia que transmitia uma luz. Mas os olhos dois eram iguais: cor de mel, parecendo que sempre estavam prontos para ler o pensamento das pessoas.
Já Merlim a encarava com uma pequena expressão de desagrado, porém não disse nada.
- Creio que esteja cansada, acho melhor você ir descansar.- disse Artur um pouco nervoso com a falta de palavras da noiva.
- Claro.- disse ela subindo os degraus da entrada do castelo.
Naquele dia ela não viu mais ninguém, apenas dormiu até o que para ela seria o pesadelo, até o dia do casamento.
Quando ela acordou viu os empregados correndo com os preparativos do casamento. O seu vestido já estava em cima da cama, em poucas horas ela estaria casada e sua vingança estaria completa.
Ela colocou o vestido que estava perfeito em seu corpo. O vestido era em um tecido dourado não muito chamativo que combinava perfeitamente com o cabelo cor de fogo dela.
Com ajuda de algumas empregadas ela conseguiu se arrumar para o casamento. Seria um casamento cristão, celebrado pelo bispo e depois ela e Artur tomariam a coroa.
Quando ela entrou no salão viu que todos a observavam, não faltava muito e Artur foi busca-la. O bispo realizou o casamento em latim e mesmo com muitos pagãos ali o bispo conseguiu realizar a cerimônia. Depois ele abençoou as coroas, as colocou na cabeça de Artur e Guinevere e os nomeou rei e rainha de Camelot perante Deus e todos os homens.
Merlim continuou com a mesma expressão de desagrado e Morgana se juntou a ele. Lancelot fitava Guinevere a todo momento e ela já estava começando a ficar incomodada.
Logo depois começou uma grande festa. Artur e Guinevere se retiraram da festa indo até o quarto. Ela estava pronta para fazer o que tinha que ser feito. Ela entrou no quarto primeiro e depois Artur, ele fechou a porta enquanto Guinevere estava no canto do quarto. Ele foi se aproximando, enquanto ela cuidadosamente tirava uma adaga de suas veste. Foi Artur tocar no ombro que ela se virou e ameaçou a adaga contra o pescoço dele.
Artur ficou surpreso, mas depois relaxou o corpo, mostrando que estava tranqüilo. Guinevere o encarava muito nervosa, suava frio e naquele momento não tinha certeza se queria fazer aquilo. Ele transmitia paz para ela e ela gostava daquilo, não era o mesmo sentimento que ela sentia por Lucas, era algo mais tranqüilo e mais gostoso.
- Você tem certeza?- perguntou ele pegando na mão dela e a forçando contra o pescoço dele.
- Por que não deveria? Isso resolveria todos os meus medos.- disse ela ficando mais nervosa. Já não conseguia encarar os olhos dele. Ele estava seguro demais e isso a deixava inquieta.
- Então faça.- disse ele forçando tanto a adaga que fez um pequeno furo. A mão dela que estava embaixo da dele estava suada.- Mas faça agora, porque você não terá outra oportunidade.
Ela não conseguia fazer aquilo, não quando sentia o calor das mãos dele, quando sentia os olhos dele a encarando.
- Eu sabia.- disse ele. Ele puxou a adaga da mão imóvel dela. Jogou a adaga no chão e em seguida a puxou para si dando um beijo.

*Uther: pai de Artur e antigo rei de Camelot.




Godric estava analisando os alunos de sua casa. Eram tantos que ele não conhecia nenhum deles. Não esteve presente na seleção de quase todos eles, por isso não podia se lembrar de nenhum em especial.
Godric já estava com 45 anos e se sentia um velho, apesar de várias pessoas descordarem, já que ele não aparentava ter a idade que tinha.
- Lineth!- gritou alguém para uma moça que se encontrava a frente de Godric.
Lineth tinha 17 anos e se parecia muito com a tia.
- Blanchefleur.- murmurou Godric quando ela se virou.
- Eu estava te procurando por todo o canto.- disse um rapaz se aproximando dela. Os dois eram colegas de turma.
Lineth percebeu que Godric a encarava e achou estranho o diretor da casa ficar a encarando.
- Há algum problema, senhor?- perguntou ela.
- Não, imagina. Eu só estava pensando.- disse ele. Godric tentava demonstrar frieza, mas não conseguia. Não com Lineth ali, parada na frente dele. Ele estava revivendo os momentos que passava com Blanchefleur.
Lineth tinha o mesmo cabelo negro de Blanchefleur, os olhos azuis iguais, a única diferença era que Blanchefleur tinha os olhos tristes e Lineth tinha os olhos alegres.
- Então está bem.- disse ela.
- Espere.- disse ele.- De onde você veio?
Ela achou estranha a pergunta, mas respondeu.
- Godric´s Hollow.
- Como é seu nome?
Mais uma pergunta estranha para ela, mas ela respondeu novamente.
- Lineth de Troyes.- disse ela.
Estava confirmado, Lineth era realmente da família de Blanchefleur.
- O senhor conhece minha família?- perguntou ela vendo a expressão de Godric.
- Conheci sim. Fui muito amigo de Blanchefleur.- disse ele.
- Ela é minha tia, ou era...- disse ela.
A partir daquele dia Godric se aproximou de Lineth. Ele passava horas contando suas histórias, histórias dele com Blanchefleur. Os dois passavam horas juntos, Lineth adorava escutar as histórias de Godric.
- Ela era incrível.- disse Godric.
- Eu imagino, eu queria ter conhecido ela. Você sabe como ela morreu?- perguntou Lineth.
Já era de noite e só havia os dois na sala comunal.
- Não.- disse ele mudando de expressão.
Lineth percebeu que a expressão dele havia mudado.
- Eu sinto muito.- disse ela.- Mas já está tarde, eu tenho que ir dormir.
- Bom, então até um dia.- disse Godric olhando ela se levantar.
- Até.


Vic havia deixado a filha com Gwydre, o padrinho de Seren.
Depois de muita briga Teddy contou para ela sobre Godric´s Hollow e o que havia acontecido.
Definitivamente eles não se encontravam em segurança, Teddy não queria mais ficar em casa, mesmo ele estando de férias ele não conseguia deixar de pensar no que aconteceu em Godric´s Hollow.
- Acho que devemos ir para lá.- disse Vic vendo a agonia dele.
- Nós? Eu não vou te meter nessa história.- disse ele muito sério.
- Acontece que eu já estou nessa história.- ela respirou fundo.- Não vou discutir de novo sobre isso.
- Mas...
- Teddy, eu realmente odeio quando você me trata como se eu fosse uma boneca de porcelana.
- Eu só não quero que nada aconteça com você.- disse ele desistindo de discutir.
- Eu realmente aprecio isso, mas eu ainda posso tomar minhas decisões e minha decisão é ficar ao seu lado.
Naquele mesmo dia eles fizeram as malas e foram para Godric´s Hollow investigar mais o caso. Os dois ficaram na mesma pousada em que havia ocorrido o incidente.
- Nomes.- pediu recepcionista.
- Teddy e Victoire Lupin.- disse ele. No mesmo instante apareceu um homem, aparentava ter a mesma idade do casal. Era um pouco mais baixo que Teddy, da mesma altura de Vic, usava óculos que dava um ar de intelectualidade nele.
- Eu não acredito, Gareth?- disse Vic olhando para o homem. Teddy ficou sem entender nada.
- Victoire?- disse ele com os olhos arregalados. Vic assentiu.-Nossa, quanto tempo.
- Eu sei. Como você mudou.- disse ela.
- Você não mudou nada, continua linda.
Teddy fez uma careta e tossiu.
- Obrigada. Esse daqui é o meu marido, Teddy.- disse ela passando o braço em volta de Teddy.- E esse é o Gareth, nós estudamos juntos, ele era da Corvinal.
- Prazer.- disse Gareth estendendo a mão e Teddy a apertou com uma cara não muito boa.- Eu estive assistindo uns jogos do Harpias, você joga como na época do colégio.
- Eu acho que estou um pouquinho mais velha do que na época da escola.
- Nada, você está ótima.- disse ele.
Teddy fez outra careta e pigarreou.
- Então... O que você está fazendo por aqui?- perguntou ela.
- Eu estou vim por causa do que aconteceu nessa pousada. Sabe, eu sou historiador e soube do que aquela bruxa disse.- disse ele.
- Como assim?- perguntou ela intrigada.
Os três sentaram em uma das mesas de um restaurante ali perto. Teddy e Gareth estavam tomando cerveja amanteigada enquanto Vic bebia um suco de abóbora.
- Eu soube que aquela bruxa que foi atacada mencionou alguns personagens que eu estou estudando.- disse Gareth
Teddy mal prestava atenção no que ele estava falando, mas Teddy o fitava imaginando qual grau de intimidade ele e Vic tiveram em Hogwarts.
- Eu estou me especializando nas histórias arturianas.- disse ele.
- Não sabia que os bruxos se interessavam pelas histórias arturianas, quero dizer, ela basicamente toda construída por trouxas.- disse Vic.
- Aí é que você se engana.- Vic fez uma cara de quem não estava entendendo nada e Percival começou a explicar.- Os contos arturianos tem muita influência de seres mágicos, por começar pela batalha de Camlann, ela foi a única batalha em que seres mágicos e trouxas lutaram juntos.
- Não sabia disso.- disse ela muito mais intrigada.
- Poucas pessoas no mundo sabem disso.
- E o que isso tem a ver com o motivo de você estar aqui?- perguntou Teddy, parecendo que estava voltando de uma hipnose.
- Pois bem, ela falou das nove sacerdotisas, da espada, do caldeirão e do Samhain. Acontece que tudo isso está ligado nas histórias arturianas.
Ele olhou para os dois e percebeu que eles estavam sem entender nada.
- Bom vocês conhecem a história de Artur. Sabem que ele foi nomeado rei depois de ter pegado a Excalibur e que ele era muito jovem na época. – ele esperou por uma resposta e os dois concordaram.-Bom, acontece que nessa época ainda existia Avalon, ela era como se fosse a capital da magia, era uma ilha em que somente mulheres, algumas crianças e alguns druidas podiam viver. As nove sacerdotisas eram as sacerdotisas de Avalon, elas tinham o segredo de tudo o que se sabia sobre magia na época, elas possuíam os maiores segredos, que até hoje ninguém sabe dizer quais eram e isso era passado adiante para novas sacerdotisas. Elas acreditavam que Avalon era guardada por cinco deusas: Blodeuwedd, Arianrhod, Rhiannon, Cerridwen e Branwen.
Gareth parou para ver se eles prestavam atenção e depois continuou.
- Acontece que as deusas receberam uma profecia de que um bebê nasceria no Samhain e que este seria rei. Mas dois bebês nasceram no mesmo dia: Artur e Lancelot. As deusas acreditaram que Lancelot é que seria rei. Foi aí que Cerridwen entregou um caldeirão para Merlim para que as pessoas voltassem a vida, mas que deveria ser usada somente em Lancelot e Branwen entregou uma espada para Uther o fazendo jurar assegurar a vida de Lancelot. Uther morreu antes de ver o filho e Lancelot morrerem, deixando em sua última batalha a espada presa em uma rocha e fazendo com que Merlim lançasse um feitiço na espada para que ela só fosse parar nas mãos do verdadeiro rei de Camelot. O caldeirão sumiu no mesmo dia em que os dois nasceram e ninguém nunca o encontrou.
- Até aí tudo bem, mas e depois?- perguntou Vic.
- Bom, Uther morreu e Camelot ficou sem um rei até Artur chegar. A espada foi passada para ele até o dia que Artur morreu e a espada foi jogada no mar.
- Mas qual a ligação desses dois objetos?- perguntou Teddy.
- Bom, acontece que antes da espada ser jogada no mar ela foi amaldiçoada, mas isso é um boato, ninguém nunca confirmou a história. E o caldeirão simplesmente desapareceu.
- Pensei que houvesse rituais para o caldeirão funcionar.- disse Vic.
- Mas existia. Só quem sabia desses ritos eram as sacerdotisas, acontece que por algum motivo que ninguém sabe explicar, elas precisavam da espada para esses ritos. Rituais que só funcionariam no Samhain, que é quando os mortos voltam para este mundo.
- Isso é fascinante.- disse Vic.
- É tudo muito fascinante, mas não passam de histórias. Coisas que as mães contam para os filhos para eles dormirem.- disse Teddy se levantando.
- O que significa que não possa ser verdade.- disse Percival se levantando também.- A gente se vê por aí.
Percival saiu do restaurante e sumiu na rua. Teddy e Vic voltaram para a pousada e agora já se encontravam no quarto.
- Por que você foi tão frio com Gareth?- perguntou Vic secando o cabelo molhado. Ela estava com um roupão branco e estava sentada na cama.
- Não gostei do jeito que ele te olhava.- disse Teddy muito sério.
- Que jeito?
- Sei lá.
Ela abaixou a cabeça e começou a dar risada.
- Ah, meu Deus, você está falando sério.- disse ela em tom de deboche.
- O que?- perguntou Teddy um pouco irritado.
- Você está com ciúmes.
- Eu não estou não.
- Está sim, dá pra ver na sua cara.- disse ela dando gostosas gargalhadas.
- E se estiver? Eu não vejo graça nisso.
Ela se levantou e passou os braços pelo pescoço dele, ela percorria o rosto dele com os olhos enquanto sorria.
- Você não precisa ficar com ciúmes. Eu sou exclusivamente sua.- disse ela no ouvido dele.
Teddy deu um sorriso e a beijou. Os carinhos foram se tornando mais rápidos e urgentes e quando Vic percebeu ela estava acordando com o sol no seu rosto.
Teddy estava sentado em uma cadeira olhando um pergaminho. Era o pergaminho que tinha o retrato da garota sorrindo e chorando ao mesmo tempo.
- Está tudo bem?- perguntou ela o abraçando e colocando um robe.
- Está sim. Eu só estava pensando se há algum tipo de ligação entre a espada que Percival nos contou e espada de Gryffindor.
- Eu não sei. Mas as histórias batem, mesmo todos dizendo que a espada de Gryffindor foi feita pelos duendes.
- Ela pode ter sido feita pelos duendes, mas em outra época.- disse Teddy olhando para a janela.


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