Cap.2



A lembrança de Lucas fez Guinevere ficar com mais ódio ainda. Foi então que com um golpe que ela mal conseguia explicar com tinha feito pegou a espada de Lancelot e a apontou na garganta dele.
- Você não quer fazer realmente isso.- disse ele e havia medo em sua voz.
- Está com medo?- perguntou ela com uma voz doce.- Tem medo de que eu o mate, não é?Então me dê um bom motivo para não mata-lo.
- Será que você não sente nada por mim?
- Desprezo, ódio, nojo, é isso que eu consigo sentir por você.- disse ela com escárnio.
Aquela cena era mais que familiar para ela, mas diferente de Lancelot, Artur foi muito mais sedutor e corajoso.
** Lembrança de Guinevere:
Já havia se passado um mês desde que ela havia conversado com Lucas. Os camponeses pagãos já se preparavam para a festa do Samhain. Tudo parecia tranqüilo, mas não o coração de Guinevere.
Várias pessoas pararam sua tarefas. Não muito longe do Palácio de Camerliade, Guinevere conseguiu ver uma multidão de pessoas em volta de algo que ela não conseguia enxergar.
- Soube disso ainda hoje, o monstro atacou Artur, mas só com um golpe ele conseguiu matar a fera.- disse um rapaz ao lado de uma égua preta. Ele com certeza não era da região, pois vinha com notícias novas.
Guinevere se aproximou e viu Lancelot contar as histórias de Camelot. O rapaz que devia ter a mesma idade que ela era moreno, alto, de rosto magro e expressão corajosa. Um verdadeiro cavaleiro medieval.
- O que houve?- perguntou ela com uma sensação não muito boa.
Lancelot parou imediatamente, ele a fitou e sua expressão mudou rapidamente, como se tivesse sido enfeitiçado.
- Ele estava nos contando que ontem a noite Artur foi atacado. Parece que foi um monstro, mas ele conseguiu mata-lo, senhora.- disse um camponês.
- Como era este monstro?- perguntou ela temendo a resposta.
- Parecia um lobo, só que muito maior e muito mais feio.- contou Lancelot.
Pronto. Agora se confirmou o que ela temia. Não conseguiu se controlar e saiu correndo para a floresta. Lucas estava morto e a culpa era dela.
Ela passou a tarde sentada debaixo de uma macieira em que os dois haviam plantados quando eram bem pequenos e chorou tudo o que podia.
Quando voltou ao palácio viu que o mesmo rapaz conversava com seu pai.
- Este rapaz veio busca-la para o seu casamento, minha filha.- disse o pai dela quando ela apareceu.
- Já?- perguntou ela.
Lancelot mudou de expressão novamente quando a viu, mas agora era uma expressão de incômodo.
- Seu casamento é amanhã.
- Mas meu pai...
- Nada de mais, você vai até Camelot e vai se casar e se tornará rainha.
Guinevere aceitou, mas aceitou com muita raiva. Ela tinha um plano e sua vingança era a coisa mais importante do mundo.
Ela jurou matar Artur e depois jogar a espada dele no mar em oferenda a Arianrhod.


*Arianrhod: deusa considerada a possuidora da vida. Mãe de Llew ( Deus Sol Gales) e Dylan( Deus do mar).


- Não acredito que esses mestiços devam freqüentar esse lugar.- disse Salazar no salão principal de Hogwarts.
A escola havia sido construída com muito esforço, pelos quatro amigos. Agora eles determinavam os critérios de seleção dos alunos. Os quatro já não eram mais jovens, mas também não eram velhos.
- Olha como você fala, não pretendo mais aturar esse seu modo de falar.- disse Helga Hufflepuffe.- Como pretende educar com esses seus pensamentos?
- Por favor, deixe de ser uma idiota romântica. Esses sangues-ruins não merecem consideração, não se sabe suas linhagens, quem sabe entra um ladrão ou um assassino.- disse Salazar.
- Concordo com a Helga, como pretende ensinar com seus valores tão distorcidos?- perguntou Godric para Salazar.
- A cabeça das pessoas devem ser moldadas, para isso precisamos pegar os melhores materiais. Pessoas inteligentes que possam mais tarde se tornarem grandes bruxos.- disse Rowena Ravenclaw.
- Mas as pessoas não devem ser analisadas pela sua inteligência, elas tem que ser valorizadas pelo que são, pessoas honestas e justas.- argumentava Helga.
- O que você acha Godric?- perguntou Salazar.
- Não acredito que nenhuma das opções esteja correta.- disse Godric.- Acho que o coração das pessoas devem ser avaliadas, o coração é que conta.
Os três acharam ridícula a idéia de Godric e começaram a argumentar cada um a sua idéia.
- O que você entende sobre isso?- perguntou Salazar para Godric.- Você fica trancado no seu quarto chorando pela sua namoradinha que morreu há quase 30 anos e fica lendo versos de bardos sobre os deuses e seus poderes.
Godric se levantou da mesa, a virou e como uma fera ele agarrou o pescoço de Salazar. Salazar viu o ódio nos olhos de Godric e sentiu medo por um momento.
- A sua valentia a matou.- disse Salazar com um sorriso malicioso.
Ele queria ferir Godric e depois de tantos anos juntos ele conhecia as fraquezas dele. Godric começou a bater em Salazar em desespero, como se estivesse se vingando das palavras dele. Helga e Rowena gritavam até que as duas conseguiram separar os dois.
- Chega!- gritou Helga.
Os dois voltaram a si, ficaram quietos enquanto se encaravam.
- Acredito que... que vamos ter que separar a escola.- disse Godric ofegante.
- Por mim tudo bem.- disse Helga.- E vocês?
- Por mim tudo bem.- disse Rowena
- É, tanto faz.- disse Salazar.


Aquele seria o último jogo de quadribol de Vic antes das férias. Ela treinou tanto sua equipe que estava muito confiante. Ela em pouco tempo de time se tornou a capitã e a apanhadora mais temida dos outros times.
- Nós vamos fazer o melhor e isso vai nos dar a vitória.- disse ela tentando deixar o time confiante. Ela já estava com o uniforme, olhava para o tempo e via a chuva que caia, mas aquilo não a deixava medrosa, aliás eram muito poucas as vezes que Vic sentiu medo na vida.
- Tem certeza?- perguntou Argante. Ela era a goleira do time, uma menina de 19 anos, baixinha, morena e magricela.
- Confio em vocês e sei que não será uma chuva que irá atrapalhar a nossa grande noite.- disse Vic.
O time entrou em campo, Vic pegou sua vassoura e rezou para ter sucesso em mais uma partida. Ela chegou, cumprimentou o capitão do outro time e depois subiu na vassoura.
Vic ficou parada por um momento, reparando na apanhadora do outro time. Ela não tinha o porte de uma apanhadora, tinha um peso acima do normal para apanhadores e era muito baixa, o que a tornava realmente perigosa, já que isso significava que ela era boa.
Depois de meia hora de jogo, Vic não conseguia encontrar o pomo e aquilo a estava deixando irritada. Até que finalmente ela conseguiu ver um pontinho dourado no céu. Vic começou a voar em direção dele, tomando cuidado para que ninguém percebesse que ela havia achado a pequena bola.
O pomo começou a se afastar muito e ela acelerou, a bolinha acelerou mais e ela também. Quando percebeu, ela já estava longe do campo e em uma altura que a deixava com dor de cabeça. O pomo começou a descer em meio a várias árvores e Vic o seguiu.
Ela já estava praticamente no chão, os galhos das árvores cortavam e arranhavam seu rosto, mas ela não se importava, só o que ela queria era o pomo.
Ela viu um vulto não muito distante, ela foi se aproximando e viu um garoto de uns 15 anos. Ele segurou o pomo e se aproximou dela quando ela parou.
- Victoire Weasley?- perguntou o rapaz. Ele tinha uma voz suave que era agradável.
- Sim.- disse ela.
Ele a fitava como se estivesse vendo através dos olhos dela e ela não gostava nada disso.
- Diga para ele me devolver a espada.- disse ele.
- O que?
- Eu quero a espada de volta. Diga que é para o bem dele. Diga que se ele não encontrar o caldeirão a espada o irá destruir.- disse ele com a voz se alterando.
- Eu não estou entendendo.- disse ela recuando com a vassoura.
A cada recuo era um passo que o garoto dava, ele a encarava como se quisesse ler os pensamentos dela.
- Ele pegou o retrato, agora pegou a espada. Ele não deveria ter tocado nela, ele será testado e isso não está muito longe.- o rapaz agora estava com lágrimas nos olhos.- Eu fui testado pela espada e ela destruiu minha vida.
- Que teste?- perguntou Vic.
- O teste do coração. A espada não tem piedade, ela acabará destruindo ele e somente o caldeirão pode detê-la.
Vic não conseguia entender nada, mas essa conversa a intrigava.
- As cinco guardiãs a querem de volta, ela deve ser entregue a uma das nove sacerdotisas. Só assim o mal poderá ser revertido.- disse ele se aproximando ainda mais.- Somente as sacerdotisas sabem o segredo, só elas tem poder sobre a espada e o caldeirão, poder sobre a vida e a morte.
Ele soltou o pomo e depois desaparatou. Vic ficou congelada por um tempo, mas depois despertou quando escutou os gritos da torcida. Ela voltou para o campo com o pomo na mão.
O time fez uma grande festa, todos se divertiam, menos Vic. Teddy percebeu que a esposa não estava bem e a levou para casa.
- Eu encontrei um rapaz. Ele me disse coisas muito esquisitas.- disse Vic quando Teddy perguntou o que aconteceu.
Ela contou tudo para ele deixando Teddy intrigado.
- Como ele era?- perguntou Teddy.
- Ele tinha uns quinze anos, era alto, olhos escuros e cabelo escorrido até o ombro.
Teddy o reconheceu, era o mesmo garoto que as pessoas haviam descrito em Godric´s Hollow.
- Você precisa ir embora daqui.- disse Teddy muito assustado.
- Como?- perguntou ela.
- Pega a Seren e sai daqui, vai o mais longe que você puder.- disse ele.
- Por que?- perguntou ela atordoada.
- Ele já te encontrou, depois será a Seren.- disse ele.- Você precisa se afastar de mim.
- Eu preciso saber o que está acontecendo.- disse ela decidida.
- Não há tempo, você tem que ir embora.- disse ele.
- Eu não vou te deixar sozinho, se tem alguma coisa errada eu quero ficar do seu lado.- disse ela ainda mais decidida.
Teddy odiava esse jeito de Vic, esse jeito decidido e teimoso, e ele sabia que quando ela falava assim não poderia nem discutir.
- Me escuta. Eu te amo e eu não vou deixar nada acontecer com você.- disse ele olhando nos olhos dela.- Eu não vou suportar se alguma coisa acontecer com você ou com a Seren.
- E eu não vou suportar ficar sem notícias. Eu já disse que eu não vou te deixar sozinho.
- Pense na Seren. Vic, eu fui criado sem uma mãe e eu sei o quanto ela me fez falta.- disse ele.
- Eu penso na Seren o tempo todo.- ela parou e respirou fundo.- Eu não vou morrer.
- Por que você tem que ser tão teimosa?- perguntou Teddy que agora já estava com o cabelo vermelho.
- Por que você sempre quer me proteger?- perguntou ela.
- Porque eu tenho que proteger as pessoas que eu amo.- disse ele voltando com o cabelo castanho.
Ela o abraçou.
- Nada vai acontecer, acredite em mim.- disse ela.




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