Volta às aulas
Cap. 12 – Volta às aulas
O sol bateu em seu rosto, entrando pela janela cujas cortinas se esquecera de fechar na noite anterior. Christine sentiu a habitual preguiça de segunda-feira forçar-lhe a fazer uma careta de desagrado e a se espreguiçar demoradamente. Aquele seria um loooongo dia, aliás, uma loooonga noite. Decidira, não sabia muito bem como ou quando, que iria até Snape e pediria... pediria... Nossa! Era difícil dizer até mesmo em pensamento! Então, naquela noite, sem falta, pediria desculpas ao professor de poções e, se tivesse sorte, ele aceitaria voltar a lhe dar aulas de magia, afinal de contas, considerando que agora ela tinha aquela varinha, seria vergonhoso desistir. O que a varinha iria pensar? A morena riu ao concluir que provavelmente apenas ela e Olívaras tinham essa mania de acreditar que objetos inanimados tinham pensamentos e sentimentos. Bom, pelo menos a loucura do velho fazedor de varinhas se restringia àqueles objetos mágicos, ao contrário de Christine que acreditava, quando criança, que suas bonecas tinham ciúmes umas das outras e, um pouco mais velha, colocava os livros de Harry Potter que estava lendo para “dormirem” em sua almofada mais confortável...
Christine também decidira dar um tempo na história de sua mãe ser bruxa por enquanto. Estaria muito ocupada na biblioteca e, mais do que nunca, teria que se dedicar ao máximo às aulas de magia, pois lhe restavam apenas duas semanas em Hogwarts e ela sabia que, depois da chegada da megera Dolores Umbridge, não haveria a menor chance de que pudesse aprender magia na escola sem causar problemas ou levantar suspeitas. Ela tentava se convencer que não, mas no fundo também era movida pelo medo do que poderia descobrir. A vida no mundo bruxo se mostrara tão cheia de surpresas que Christine já começava a se perguntar se seu nome era mesmo aquele... Será que a garota refletida no espelho era mesmo ela?
Desceu para o café da manhã no salão principal esperando encontrar Dumbledore. Estava com saudades do sorriso sereno do diretor, da segurança que ele transmitia... Mas ele não estava lá. Provavelmente deveria estar resolvendo algum assunto importante da Ordem. Ou procurando um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que, ela já sabia, ele não iria encontrar. Cumprimentou todos à mesa e se sentou ao lado de madame Pince, servindo-se de ovos e bacon enquanto a bibliotecária lhe contava sobre o fim-de-semana que passara com a família no litoral sul da Inglaterra.
Snape chegou como uma bala, sorrateira e rapidamente. Pousou os olhos em Christine e pareceu ainda mais mal humorado que o normal, nem chegando a se sentar à mesa, apenas pegou uma torrada e foi saindo pelas grandes portas do salão principal.
_ Achei um absurdo que meus filhos não pudessem brincar de Quadribol na praia! – continuava a relatar a indignada madame Pince. – Onde é que já se viu...
_ Com licença – Christine respondeu bruscamente, já se levantando da mesa. – Eu a encontro já já na biblioteca e a senhora termina de me contar! – ela continuou dizendo enquanto deixava o salão atrás do professor de Poções.
Christine desceu as escadas que levavam às masmorras quase correndo. Queria encontrar logo o professor antes que sua coragem se esvaísse e seu orgulho voltasse a dominá-la.
_ Snape! – ela chamou no início do corredor que levava à sala do professor, na qual ele já estava entrando.
Severus apenas se virou e olhou Christine com o olhar rabugento de sempre antes de entrar e fechar a porta na cara da garota. Ela parou por um instante, pensando se deveria voltar para a mesa de café... Mas nesse momento sua mão pareceu ter a estranha independência que sua língua geralmente tinha e antes que pudesse segurá-la ela já havia batido à porta do professor.
_ O que quer? – ele perguntou assim que abriu a porta bruscamente.
_ Conversar... – nossa como era difícil continuar se controlando e não gritar com aquele homem tão arrogante! Mas ela tinha que resistir...
_ Estou ocupado. – respondeu enquanto voltava a dar as costas para a garota.
_ É rápido! – pediu.
_ Então diga. – ele apenas cruzou os braços, ainda parado na soleira da porta, sem permitir que Christine entrasse.
_ Eu... – a garota suspirou. Ia ser tão difícil!
_ Vai dizer ou não? Não tenho o dia todo. – o professor voltou a se virar para encarar Christine, que rapidamente baixou a cabeça.
_ Eu sinto muito pelo outro dia. Sei que não deveria ter usado sua varinha, sei que não deveria ter desobedecido a suas ordens... – voltou-se então para encará-lo novamente. – E sei que não deveria ter agido como se estivesse certa quando não estava. Me desculpe.
_ Era só isso? – ele perguntou sarcástico.
Christine fechou as mãos, se controlando ao máximo para não explodir e falar aos berros. Queria falar umas boas verdades na cara dele, queria dizer que ele não era tão superior quanto se achava. Que era apenas um mal amado solitário que se fingia de durão porque era covarde demais para se aproximar de alguém novamente. Mas seu tom de voz era calmo quando voltou a se dirigir ao professor.
_ Não. Eu também gostaria de lhe pedir que... – ele diria não. E com certeza esse não viria com uma frase cuidadosamente escolhida para humilhá-la ao máximo. – Bom, gostaria de perguntar se o senhor poderia voltar a me dar aulas.
_ Mas para quê? Segundo a senhorita, eu estava apenas fazendo-a de escrava e obrigando-a ao desprazer de olhar para... como era mesmo? – ele fez um falso esforço, como se tentasse se lembrar de algo ocorrido há anos. – Ah sim, meu cabelo oleoso e meu nariz enorme.
Christine ficou ainda mais nervosa. Ele tinha razão! Não aprendera absolutamente nada com o professor! Tudo o que aprendera nas aulas, foi a limpar caldeirões de maneira trouxa. Não teria executado feitiço algum não fosse seu fascínio em prestar atenção a cada palavra e movimento do professor enquanto este fazia mágica cuidadosamente em sua frente ou por sua ousadia em pegar a varinha que ele estupidamente esquecera na sala... Aquilo foi como um raio iluminando a mente de Christine! A garota ficou boquiaberta encarando o duro rosto a sua frente.
_ Foi de propósito! – a garota deu um tapa na própria testa. – Como foi que eu não pensei nisso antes? Quando é que Severus Snape esqueceria sua varinha por pura distração? Aff, como eu sou burra!
Snape continuava a fitá-la impassível, não deixando transparecer nada que confirmasse ou negasse o que a garota acabara de dizer. Mas nem precisaria...
_ Ah, me desculpe! Fui muito injusta.
_ Chegue as sete em ponto, mas não prometo nada. Vou pensar... – e dizendo isso ele voltou a fechar a porta na cara da garota que já nem se importava mais com isso.
***
A manhã transcorreu rapidamente e no princípio da tarde Christine já começou a sentir a ansiedade de se questionar o que estaria esperando por ela a noite. Ela agora tinha a mania de andar com sua varinha no bolso das vestes e praticar a magia de limpeza que aprendera com Snape para limpar as prateleiras sempre que madame Pince se distraía. A sensação de executar um feitiço era maravilhosa! Fazia Christine sentir aquele calorzinho na palma da mão, o raio de luz que fazia toda a poeira desaparecer e, mesmo quando limpou a décima sexta prateleira usando o “Scourgify” seu coração disparou como da primeira vez e ela continuava tendo vontade de dar pulinhos de alegria, sorrindo um daqueles sorrisos tão sinceros que não se consegue fechar a boca, não se pode disfarçar.
Christine mal comeu durante o jantar, e quando faltavam quinze minutos para as sete horas ela deu boa noite a todos à mesa e se dirigiu às masmorras, encontrando a porta da sala de Snape já aberta quando chegou, seria um bom sinal?
Ela entrou devagar e avistou o professor sentado em sua mesa no fundo da sala sombria e, na primeira carteira da fila do meio havia um caldeirão e um livro.
_ Sente-se – ele indicou a carteira da frente com a cabeça. Christine obedeceu de imediato, sentando-se e olhando ansiosa para o professor que continuava concentrado em escrever algo em um livro de capa vinho.
Ele fechou o livro e pousou a longa pena negra com a qual escrevia sobre o tinteiro e se levantou, contornando a mesa para ficar de frente para a garota.
_ Bom, não vou repetir o que lhe disse em sua primeira aula sobre Dumbledore ter me escolhido como o mais apto à tarefa de lhe ensinar magia num espaço tão insignificante de tempo. O que quero que entenda é que considerando que você teve apenas uma semana de aula e que terá apenas mais duas semanas pela frente, não pode esperar o mesmo ritmo dos alunos daqui que têm por volta de seis anos de aulas a mais que a senhorita terá. Não vou dar explanações compridas nem irei segurar sua mão sobre a varinha para lhe ensinar nada, está entendendo?
_ Sim senhor. – Christine respondeu compenetrada.
_ Muito bem. Dividi suas aulas em três vertentes, sendo que cada uma terá a duração de uma semana. Na primeira semana a senhoria aprendeu feitiços, agora...
_ Mas eu só aprendi um feitiço! – a garota se assustou com a idéia de que ele achasse que um simples feitiço de limpeza fosse o suficiente para se dominar algo tão amplo.
_ E não precisou de aula alguma para isso. Só precisou dos quatro elementos necessários a todo e qualquer feitiço: Concentração, autoconfiança, conhecimento prévio e, claro, uma varinha. O que eu lhe mostrei na ultima semana é que, qualquer feitiço que a senhorita quiser realizar só irá precisar ter uma real vontade de executá-lo e a certeza de que pode fazê-lo. A varinha a senhorita agora já possui, não precisará roubar de mais ninguém – ele tinha q alfinetar... – e o conhecimento que adquiriu vendo-me realizar o feitiço poderá vir a adquirir em qualquer livro que aborde o feitiço que queira realizar.
Por que quando ele falava parecia tão simples? Talvez porque aquele tom de voz frio e sibilante era tão convicto que era quase impossível de ser questionado mesmo que em pensamento.
_ Mas o que irá aprender esta semana é algo muito mais complexo e poderoso. Qualquer bruxo com um livro e uma varinha pode fazer feitiços com destreza, mas apenas um bruxo com uma sensibilidade realmente aguçada e uma perícia e inteligência excepcionais é capaz de se tornar um exímio preparador de poções. Não poderei exigir que assim aconteça com a senhorita, mas volto a dizer que as chances remotas de que um aluno descubra um talento incomum no tempo normal de aulas é potencialmente reduzida no seu caso.
_ Não só em poções... – ela disse desanimada. – Não sei fazer feitiços! E não acredito que seja tão simples quanto vo...o senhor diz. – era tão difícil agir formalmente com alguém que conhecia há tanto tempo... principalmente agora!
_ Não se preocupe, senhorita Hecatean. – ele disse calmamente. – A senhorita não será a primeira nem a última bruxa medíocre que eu irei formar, mesmo que a contragosto.
Ele era sempre tão gentil! Christine baixou os olhos então para o livro aberto sobre sua carteira numa página encabeçada pela frase: “Poção Polissuco”.
_ Você tá de brincadeira comigo! – Christine olhou incrédula para o professor que pareceu sombriamente feliz com o comentário.
_ Vamos direto ao ponto, senhorita Hecatean. De nada irá servir eu lhe ensinar uma Poção Simples para cura de furúnculos durante esta semana se não conseguir evoluir a técnica do preparo de poções, então melhor descobrirmos logo se a senhorita tem ou não as habilidades necessárias. – ele disse no tom mais próximo ao feliz que ela já o vira usar. – Caso não se ache capaz, pode se retirar e poupar a decepção.
A garota olhou desolada para a pagina do livro e para o caldeirão a sua frente... Teve mesmo vontade de sair dali, pois de nada lhe valia um professor que não a ajudava ou demonstrava qualquer tipo de confiança nela! Mas no mesmo instante ela percebeu que, maior que o medo de falhar era o medo que tinha de se mostrar fraca.
_ Eu vou fazer. – ela disse já ajeitando a cadeira e começando a ler atentamente as instruções do livro enquanto ouvia Snape bufar em desagrado e voltar a sua mesa.
Depois de ler a receita, Christine pôs fogo no caldeirão com um feitiço para acender lareiras que aprendeu num dos livros da biblioteca que pegou emprestado para treinar feitiços em seu quarto, treinos que ela fazia durante o horário do almoço, o que a deixava faminta durante toda a tarde. Mas percebeu que faltava alguma coisa...
_ Se... – definitivamente não seria uma boa chamá-lo pelo primeiro nome! – Professor Snape?
Ele respondeu com um ruído de impaciência. Christine continuou:
_ Onde estão os ingredientes? – perguntou a garota, sem jeito.
_ Oh é mesmo! – ele disse num falso tom de preocupação. – Me esqueci de separar os ingredientes para a senhorita, me desculpe! Deveria também cortá-los e colocá-los na ordem para serem utilizados. Pensando bem talvez fosse melhor eu mexer o caldeirão para a senhorita... Quer que eu leia as instruções em voz alta para lhe poupar trabalho?
Uau! Ela era sarcástica, mas ele batia todos os recordes! Que raiva!!! Christine se levantou com um suspiro exasperado e se dirigiu às prateleiras que circundavam as paredes para procurar os ingredientes ditados no livro. Agora não entendia mais porque sempre insistira em defendê-lo para suas amigas... Ele era mesmo um ranhoso idiota!
_ Estão faltando dois ingredientes. – ela disse friamente.
_ Eu sei, mas não irá precisar do pó de chifre de bicórnio e nem da pele de ararambóia por enquanto. Então se não tem mais nada faltando pode parar de reclamar e começar o trabalho. – terminou sem nem sequer levantar o rosto para olhar a garota.
Christine voltou a sua mesa com os quatro primeiros ingredientes e, depois de passar nervosamente as mãos pelo rosto ela voltou a se concentrar na página inicial das instruções para o preparo da poção, tentando inutilmente esquecer a presença intimidante de Snape e repetindo para si mesma constantemente o quanto era importante fazê-lo morder a língua, o quanto era importante prestar atenção em cada detalhe para que nada saísse errado...
A própria garota tomou a iniciativa, sem uma palavra sequer, de pegar um caldeirão aparte e colocar para cozinhar os hemeróbios, já que estes deveriam ser cozidos por vinte e um dias e fazê-lo separadamente talvez permitisse que ela pudesse adiantar o trabalho com os outros ingredientes.
Já era por volta da meia-noite quando Snape se levantou, indo finalmente em direção a sua “aluna”. Mas Christine definitivamente não ouviu as palavras que esperava...
_ Mas o que pensa que está fazendo? – ele perguntou num misto de impaciência e deboche.
_ A poção, oras!
_ E acha mesmo que vai poupar trabalho separando os hemeróbios? Tsc tsc... – ele estava tão calmo que até dava raiva! Na verdade ele dava raiva sempre... – Acho que já temos nossa resposta... Não é capaz nem sequer de seguir as instruções do livro? Os hemeróbios são o último ingrediente a ser adicionado à poção, vai deixar a poção cozinhar por vinte e um dias também para esperá-los ficarem prontos? Vai ficar realmente excelente!
A garota sentiu uma onda de desânimo dominá-la e ela segurou as lágrimas que uniam frustração e cansaço, ficando apenas parada. Sentindo que não tinha forças para fazer ou dizer nada.
_ Não precisa passar por isso. – ele disse com uma segurança incômoda. – Já viveu a vida toda como trouxa, para quê dificultar as coisas? Talvez não tenha vindo para Hogwarts porque sua mãe pensou que fosse um aborto...
_ Eu não sou! – ela disse, zangada. – E eu sei muito bem o que estou fazendo, então se me dá licença vou para o meu quarto. E se puder não dar palpites na minha poção até que ela esteja pronta eu agradeceria!
Christine saiu da sala como um furacão! Se errara na poção a culpa era toda dele! Mas espera...
_ O quê que eu vou fazer? – a garota se perguntou por fim, sentando-se na escadaria de mármore do saguão.
Não tinha idéia do que fazer para que a poção desse certo! Teria que esperar os malditos hemeróbios cozinharem os malditos vinte e um dias e depois fazer o resto novamente. Mas para isso teria que dar o braço a torcer e admitir que Snape estava certo... E isso ela não iria fazer!
Levantou-se decidida. Os passos levando-a direto para a biblioteca onde passou horas pesquisando uma maneira de consertar o que fizera e fingir que fora intencional, e onde acabara por adormecer debruçada sobre um livro de poções preparatórias para os NIEM’s e por acordar, por volta das 5 da manhã, com um fio de baba escorrendo pelo canto da boca e uma torcicolo insuportável do lado direito do pescoço.
_ Droga...
Esfregou o rosto a alongou o pescoço devagar. Estava cansada e ainda não tivera uma idéia sequer do que fazer. Em alguns minutos amanheceria e suas chances de consertar a burrada que fizera estariam esgotadas.
Com um muxoxo de desânimo Christine se levantou voltando aos corredores de livros de poções e pegando um pesado livro de capa marrom, já o abrindo enquanto caminhava de volta para a mesa. Foi passando o dedo pelas opções do índice, a mão esquerda na testa forçando uma concentração quase inexistente quando parou de súbito em uma das opções, sua mente se iluminando repentinamente. Foi virando rápido as páginas até chegar ao número 27 e leu atentamente as instruções e efeitos da poção que chamara sua atenção:
_ Poção para Envelhecer. – leu forçando a vista já cansada e iluminada apenas por uma lanterna – Utilizada para envelhecer qualquer bruxo que a beba, uma gota basta para envelhecer um ano...
Christine parou a leitura e ficou parada fitando as prateleiras escuras da biblioteca vazia por alguns minutos... Será que aquilo poderia dar certo? Obviamente teria que fazer alguns ajustes e experiências... Mas não tinha tempo para pensar demais, teria que agir.
Levantou-se depressa, levando o livro debaixo do braço de volta para seu quarto onde tomou um banho e se trocou antes de descer para o café da manhã, os olhos fundos, mas uma estranha excitação provocada pela possibilidade de fazer algo inovador e principalmente, de calar a boca daquele seboso arrogante! Queria desesperadamente poder conversar com Hermione, saber o que ela acharia de sua idéia, se tinha alguma chance de dar certo... Mas ao mesmo tempo queria fazer aquilo sozinha, provar a si mesma que merecia a varinha em seu bolso, que merecia ser bruxa.
A garota terminou o café antes mesmo que a mesa estivesse cheia, guardando disfarçadamente um pão francês dentro das vestes antes de sair apressada em direção ao corredor da Ala Hospitalar.
_ Bom dia, Madame Pomfrey! – tentou parecer natural.
_ Oh, bom dia, srta. Hecatean! – respondeu a senhora que parecia arrumar seu estoque de remédios. – Deseja alguma coisa?
_ Sim. – disse se aproximando. – Acredito que a senhora saiba que estou tendo aulas de magia com o professor Snape...
_ Ah sim! – ela disse parecendo interessada. – Ouvi dizer que descobriu ser bruxa há pouco, não é? Achei curiosíssimo!
Christine sorriu gentilmente antes de continuar.
_ Pois é... Então, ontem ao fim da aula ele me pediu que viesse até a senhora hoje e lhe perguntasse se poderia tirar um pouco do meu sangue para a gente usar em uma experiência...
_ Ora, que interessante! – ela disse admirada, aliviando Christine do medo de que a curandeira duvidasse de sua história. – O professor Snape é mesmo um bruxo excepcional! Sabe que a maioria das poções mais raras que uso aqui são preparadas por ele?
_ É... – comentou Christine tentando esconder o recém-chegado desgosto em elogiar o professor. – Realmente excepcional... Então, será que a Sra. poderia...
_ Mas é claro! – ela já mexia em seu armário e Christine ficou apreensiva... Sempre tivera uma certa dificuldade em manter-se consciente enquanto via todo aquele sangue saindo de seu braço.
Mas para sua surpresa a curandeira trouxe com ela apenas um pequeno frasco e só precisou de um toque da varinha para tirar do braço direito de Christine um filete muito parecido com a concepção que a garota tinha das lembranças que Dumbledore tirava das têmporas para colocá-los na penseira, porém vermelho, colocando-o no frasquinho sem dor, sem incômodo, sem baixa de pressão. Como passara tanto tempo longe do mundo bruxo???
_ Aqui está, querida. – disse enquanto devolvia o frasco com seu sangue.
_ Muito obrigada!
_ Não há de quê... – neste instante prestando um pouco mais de atenção em Christine. – Está um pouco pálida, os olhinhos fundos... Está se sentindo bem, menina?
_ Ah sim, estou. – respondeu a garota, já louca para sair dali. Teria que deixar o sangue em seu quarto antes de ir para o trabalho. – Só ando dormindo muito tarde...
_ Bom, se precisar de alguma coisa... Posso lhe dar uma poção revigorante.
Até que não seria má idéia... Estava mesmo se sentindo feia, e definitivamente não gostaria de estar daquela maneira quando voltasse para a mansão Black no fim de semana. Não que se importasse em estar bonita para... Não mesmo, aquilo não fazia a menor diferença!
_ Eu aceito, obrigada!
Christine voltou correndo para o quarto, levando os dois frascos e colocando-os em seu criado-mudo, junto com o livro de poções que encontrara mais cedo e com o pão que pegara do café.
A manhã durou uma eternidade! Christine repassava sua idéia constantemente, num misto de medo e orgulho, mal se agüentando de vontade de colocá-la em prática. Quando seu horário de almoço finalmente chegou, ela desceu as escadas às pressas passando direto pelo salão principal e descendo em direção às masmorras. Bateu à porta da sala de Snape e ouviu o costumeiro entre ranzinza de quem na verdade gostaria de estar respondendo suma daqui!
_ Com licença. – a garota ia entrando devagar.
_ O que quer? – Christine sorriu. Tanto mau humor chegava a ser cômico.
_ Só gostaria de alguns ingredientes para uma experiência que estou fazendo...
O professor, até então concentrado em escrever sabe-se lá o que, finalmente fitou Christine, intrigado.
_ Experiência? Que experiência?
_ É para a poção Polissuco. – ela respondeu naturalmente. Sentindo-se levemente orgulhosa.
_ Não perguntei pra que é, perguntei o que é. – os olhos negros faiscavam em sua direção.
_ Surpresa! – ela disse feliz e isso pareceu incomodá-lo.
Mas os lábios do professor se crisparam num sorriso cínico antes que ele voltasse a falar.
_ Acha mesmo que vai conseguir consertar o que fez sem precisar recomeçar a poção?
_ Acho. – ela respondeu segura. Aparentemente segura. – Quer apostar? – ela continuou, sorrindo.
_ Quero.
_ Hã? Como assim?
Christine travou. Não esperava que ele fosse levar a sério! A pergunta fora só uma forma de expressão. Se apostassem nem mesmo ela poderia acreditar que venceria... Snape pareceu perceber este detalhe, pois sorriu abertamente, os dentes amarelos e irregulares demonstrando sua satisfação em vê-la assustada.
_ Não sabe o que é uma aposta, senhorita Hecatean? É simples. Se a senhorita conseguir mesmo terminar a poção Polissuco da forma correta, sem começá-la novamente, pode pedir o que quiser. No entanto, se a poção for um fiasco, como estou certo de que será, - ele acrescentou erguendo a sobrancelha direita e se aproximando perigosamente dela. – terá de me deixar entrar em sua mente como fez comigo.
_ Mas... – medo, e nada além disso predominava em Christine naquele momento. Não conseguia pensar!
_ A idéia da aposta foi da senhorita. Vai querer recuar agora? Vai se acovardar, senhorita Hecatean?
Droga! Ele sabia mesmo tocar no ponto fraco...
_ Tudo bem, eu aceito. – seu orgulho não permitiria que respondesse outra coisa.
A garota simplesmente se virou, indo em direção às prateleiras de ingredientes, tendo certa dificuldade em recolhe-los em razão do suave tremor em suas mãos. Se permitisse a Snape entrar em sua mente ele descobriria tudo! Que ela vinha do futuro, que conhecia ele, que lera sobre tudo aquilo em livros, que sabia de tudo que iria acontecer naquele e em metade do próximo ano... Seria um desastre!
Christine ia saindo quando ouviu a frase do professor, que parecia ainda estar sorrindo:
_ Vejo a senhorita as sete.
Subiu as escadas às pressas, tinha ainda 45 minutos antes de voltar ao trabalho, mas precisava ser rápida.
Chegou em seu quarto e colocou fogo na lareira onde pôs um caldeirão que pedira Dobby para deixar em seu quarto. Abriu o livro e começou a preparar cuidadosamente a poção que, por sorte, era de rápido preparo, apesar de ser difícil e ser ainda complicada pelos cálculos que Christine tinha de fazer.
A poção ficou pronta, com a coloração e a textura descritas no livro. Christine pegou então uma única gota da poção e colocou no frasco onde madame Pomfrey havia colocado seu sangue.
_ Pronto. Agora resta saber se deu certo... – disse a si mesma, dominada por apreensão e excitação.
Pegou o pão que trouxera do café da manhã e partiu-o ao meio com as mãos, colocando em seguida uma gota de seu sangue que agora continha a poção para Envelhecer no meio dele.
Ela respirou fundo quando nada aconteceu, a frustração apossando-se de si por completo. Ela levantou-se e olhou o relógio sobre o criado mudo vendo que já era hora de voltar ao trabalho. Voltou os olhos para o pão na intenção de jogá-lo fora junto com toda aquela coisa inútil, mas parou de súbito...
***
N/B: Hummm.... Será que a Chris é sangue ruim e o pão embolorou???
Ou será q o Snape vai ganhar a aposta e ver os piores sonhos (ou melhores neh) de Chris com o Sirius... hummmm podia hein!!!
N/A: Oi genteeee! Desculpem a demora, mas a facul (trabalhos, provas, pesquisas, textos...), o trabalho e as poucas horas de sono tão me sugando toda a criatividade! Bom, voltei o foco pra formação mágica da Chris... Sei que vocês tão locos pra saber sobre a mãe dela e pra ver mais “agarramentos” entre ela e o Sis, mas não posso garantir que irei satisfazer a vontade de vocês... ^^ Em todo o caso, acredito que qualquer um de nós que tivesse a oportunidade de aprender magia (e de ter uma varinha! o/) iria priorizar isso... Se bem que no fundo eu acho que priorizaria “agarramentos” com o Sis a qualquer outra coisa do mundo!!! *autora corando furiosamente* É... bem... melhor mudar de assunto, né? XD Mas e então, mesmo não sendo o que vocês esperavam, o que acharam da Chris estar aprendendo poções? Vocês acham que ela vai conseguir arrumar a poção Polissuco e calar a boca do ranhoso?
Chronológico : Pois é, também acho q ela pegou meio pesado com o nosso cachorrinho, mas o que vc queria que ela fizesse depois dele tê-la deixado abandonada naquela situação??? Acho que o medo da Chris é justamente que ele negue o que aconteceu, que algo que foi tão especial para ela não tenha significado nada para ele, por isso ela fingiu também não se importar para se proteger, o que como vc mesma disse, só fez com que ele voltasse a se afastar... É um risco a ser corrido quando somos movidos pelo orgulho e deixamos d expor o que sentimos, né? Aff, olha só eu tentando entender a mente tresloucada da Christine... o.O Quando eles vão se ver d novo? Vai saber! *autora fingindo d desentendida* Mas pod dxar que depois eu te passo a receita do milk shake! ;D Bjuu
Obs: Foi mal a brincadeirinha de 1º de abril, tah? XD
Obs2: Agora é sua vez de postar em Inbeween! Adoro ficar o tempo todo questionando minha própria preferencia: Remo ou Severus? Severus ou Remo??? o.O
Nina.Potter: huahuahua Pois é, e se ela dispensar o Padfoot sou a primeira da fila!!! ;D Que bom q gostou do cap e do milk shake! Então, essa história da mãe da Chris é complicada, né? Imagina só, a mãe dela vendo ela “morrer” por causa d Harry Potter e do mundo bruxo a vida toda e não falar nada? Aliás, pelo contrário, a mãe dela agia como se aquilo tudo fosse criancice da cabeça da garota!!! É pra dxar qualquer um puto, né? Mas alguma razão ela deve ter (descarte as idéias mirabolantes da Carol, tah?rs)... E essa você vai descobrir um dia...quem sabe? =D Bjuu
• Mira O'Connel •: Foi mal, acho q nem se eu acabasse com o estoque do Florean conseguiria supir tamanha obcessão por sorvete! o.O Mas quanto ao romantismo...bom, quem disse que haverá romantismo??? hahahahaha (risada macabra) Mas com certeza a Chris não vai poder fugir de muuuitas tardes sozinha com o Sis no largo depois que os meninos voltarem para a escola... *autora roendo as unhas de inveja* =**
Cordy W. Malfoy : Bom, aquele que tiver uma família descomplicada e sem segredos surpreendentes, que atire a primeira pedra! ;D Quanto aos “agarramentos nos corredores escuros da mansão”, se dependesse de mim não haveria mais nenhum! A não ser que fosse comigo... *autora se abanando aos suspiros* XD Bjuu
Obs: Ainda bem que vc não enfartou com a brincadeira d 1º de abril...Mas dizem que toda brincadeira tem um fundo de verdade... *autora com olhar misterioso*
Primo Barney : o.O É... acho que vou levar um tempinho pra entender o que você disse... Em todo caso, obrigada pelo elogio! Fico realmente muito feliz que tenha curtido a fic, espero que continue acompanhando as aventuras da Chris e mandando comentários confusos pra eu ler 3x até entender, adoro isso! ;D Bjuu
Lay L.: Boa teoria! Afinal de contas, sendo sonserina a mãe da Chris provavelmente conheceu futuros comensais, talvez até alguns deles já atuassem como comensais! Mas se é a teoria certa...vai saber, né? Afinal de contas, mais uma coisa pra confundir ainda mais a cabecinha da nossa queria protagonista (querida só quando não tá beijando o Sirius!) e a sua! XD Também espero que ela descubra logo o que aconteceu com a mãe dela... Mas com estantes para arrumar, um professor suuuuper exigente e intimidante pra enfrentar e um “affair” de lindos olhos acinzentados para sonhar vai demorar um pouco até ela arrumar um tempinho pra investigar essa confusão de família...Quiçá pra ir ao ministério! *autora com ar de suspense* Obrigada novamente por estar sempre aqui, viu?! É mto importante pra mim! o/ Bjuu!
Poli_Ly ;D : Que bom que gostou! \o/ Agora, quanto à Chris ficar com o Sirius... Disso quem não gostou fui eu! ÒÓ Final feliz... não se depender de mim! hahahahaha (risada de madrasta malvada da Branca de Neve) XD Bjuu
Kammy Engels Black : Tá vendo como a Chris é mais malvada que eu? Nem deixou o Sis se explicar, tadico... Que bom que arrumou uma beta! É super legal, adoro os comentários que a Carol coloca na correção (mesmo ela atrasando tantooo!rs). E é muito bom ter com quem comentar idéias, pedir opinião... Espero que a beta te pressione pra vc postar mais depressa! =D “afinal a mãe da cris é realmente bruxa? pq ela abondonou a escola? pq ngm contou pra ela? tem algo a ver com o pai dela?” Vai saber, né...? Quem sabe se o cap 8 da sua fic aparecer rapidinho eu não dou alguma dica...? ;D Bjuu!
fissu : Oops... Foi sem querer querendo... =D
ju fuão : Oi! Q bom que gostou da piadinha... Passe adiante! VIVA O 1º DE ABRIL!!! XD
Isabela Bichara : Pois é, a primeira varinha agente nunca esquece! \o/ Agora se a Chris desistiu mesmo do Sirius só Freud mesmo pra garantir, considerando a mente totalmente neurótica da garota! ^^ Talvez até a doença seja genética e a mãe dela tenha desistido da magia por um surto mental grave ou coisa assim... o.O Acho melhor eu dar um tempo nessas especulações ou quem vai acabar louca (+ ainda!) serei eu!.. XD Bjuu!
Galeraaaa! O feriado vem aí (to mesmo precisando descansar...)! Então aproveitem mtoooo! E até o próximo capítulo! Bjuu =D
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