Negação



Cap. 11 – Negação



Christine ficou ali parada, fitando a escura parede a sua frente por sabe-se lá quanto tempo... Dividida entre a incredulidade, a raiva e... Era orgulhosa demais para admitir o terceiro sentimento. O mais engraçado era que, quando Sirius era apenas o personagem de um livro, totalmente irreal, era muito fácil para ela dizer que o amava...

Ela foi novamente arrastando os pés até seu quarto. Se continuasse tendo esses encontros emocionantes com o dono da casa acabaria com os solados dos tênis que ganhara de Tonks em poucos dias! Mas naquele momento ela só queria ter alguém pra conversar... Contar histericamente o que acabara de acontecer e ouvir a outra pessoa dizer o que sua mente estava gritando: Esse Sirius é louco! Mas Vick estava a quilômetros (e anos!) de distância, Hermione poderia comentar alguma coisa com Harry ou Gina, e Tonks... Bom, seria bem interessante contar a Tonks que fora beijada pelo homem que ela também ama! Quero dizer que ela, Tonks, ama. E somente ela.

Deitada na cama de seu quarto, fitando o alto teto escurecido pelo tempo, ela desejou que tudo aquilo que sentira nos braços de Sirius fosse obra de sua imaginação, afinal imaginara aquele momento tantas vezes! Mas não. O sabor dos lábios dele ainda podia ser sentido em sua boca e ela ainda podia se lembrar do momento exato em que ele a segurara pela nuca, puxando-a pra perto e deixando-a ainda mais indefesa.

Mais do que nunca Christine se sentia sozinha. Uma dor no peito, como se dali algo tivesse sido tirado... Mas ao mesmo tempo uma esperançazinha chata não parava de lhe dizer que, estranho ou não, haviam se beijado! E isso tinha que significar alguma coisa! Ela pensou em subir até o quarto de Sirius, perguntar o que acontecera e acabou se lembrando da vez em que estivera lá... O quarto repleto de trouxas gordas com biquínis barangos, e se questionou se não representaria apenas mais uma delas para ele...

Claro! Um homem que esteve preso por 12 anos certamente sentia falta de beijar uma mulher, e ela nada mais fora naquele beijo do que...

_ A primeira oportunidade que apareceu. – ela disse, e doeu.

Mas só podia ter sido isso. Sirius aproveitara-se de sua vulnerabilidade para matar dois coelhos com um só beijo: suprir sua carência e vingar-se dela tornando-a submissa de alguma maneira.

Christine sempre fora ótima em desvendar a mente egoísta e insensível dos homens e sempre se orgulhara disso. Suas amigas sempre falando dos “homens perfeitos” e ela sempre acabando com toda a graça, dizendo os prováveis planos cretinos deles por trás das aparentes boas intenções. Os homens são todos iguais. Ainda se lembrava da vez em que enchera uma página de seu diário com essa frase após se decepcionar com um certo carinha... Sempre dissera isso. Nunca se permitia confiar ou se envolver demasiadamente com um homem. E em momentos como aquele ela sempre se pegava pensando em Sirius e em como as coisas seriam diferentes se ele existisse...

Então as lágrimas que derramava naquela noite, naquele quarto escuro, não eram porque Sirius a havia usado, mas porque suas esperanças haviam se esgotado. Agora definitivamente os homens eram todos iguais, e apesar de dizer isso sempre tão determinada, no fundo queria estar errada todo aquele tempo... E não estava.

No dia seguinte Christine acordou bem cedo, vestiu o mesmo vestido que usava em sua festa de aniversário e soltou os cabelos cacheados. Passou lápis nos olhos e um gloss discreto nos lábios, queria estar linda!

Quando chegou à cozinha deparou-se com Sirius sentado sozinho na mesa do café da manhã, girando a xícara de louça, pensativo.

_ Bom dia. – ela disse como quem fala com o jornaleiro enquanto passa direto pela banca de jornal.

Sentou-se na ponta oposta da mesa e começou a se servir de café e pão francês.

_ Eu disse bom dia. – repetiu, levantando a cabeça para encarar um Sirius aparentemente constrangido. – Não vai responder? Sei que não vai com a minha cara, mas não há razão para não sermos educados um com o...

_ Acho que precisamos conversar. – ele disse sério. Sua voz tão rouca que quase não se podia ouvir. – Eu... Sinto muito sobre...

_ Sobre ontem? – ela perguntou como quem comenta o clima, exageradamente concentrada em passar manteiga no pão. – Não precisamos conversar não. Eu provoquei, talvez tenha mesmo ido longe demais... Bom, aquele beijo foi a castigo perfeito, você não poderia mesmo ter me punido de uma maneira pior! – ela respondeu ironicamente, terminando com um sorriso e olhando finalmente para ele.

_ Ah...

Ele começou, mas foi interrompido pela Sra. Weasley que vinha chegando com Gina, Hermione e Tonks.

_ Oh, já se levantou Christine? Ia mesmo mandar Gina ao seu quarto agora; Tonks veio para que possam...

_ Ir ao Beco Diagonal! – Christine completou já se levantando. – Mal posso esperar Tonks!

_ Bom, não precisa! Vamos logo! – Respondeu animada a mulher que hoje tinha cabelos louro-prateados Channel.

_ Vamos sim! Não estou mesmo com fome. – ela disse limpando a boca com o guardanapo e empurrando a cadeira de volta para perto da mesa. – Vejo vocês mais tarde!

A morena deu um abraço de despedida em Hermione e Gina, um beijo na Sra. Weasley e nem sequer se virou para encarar Sirius antes de sair, orgulhosa de si mesma por ter conseguido resistir aos olhos acinzentados. Afinal talvez nem fosse tão forte o que sentia por ele...



***



A dupla de garotas saiu para um dia ensolarado de verão no largo Grimmauld e Christine, que não andava pela rua desde que chegara ao ano de 1995 achou realmente bom poder ver outras pessoas andando pela pracinha, regando as plantas do jardim... Elas pegaram um ônibus que as levaria até o centro de Londres, aonde iriam ao tão famoso Caldeirão Furado que ao fundo, atrás de uma lata de lixo, encontrariam a passagem secreta para algo que Christine via meio que como o “shopping dos bruxos”, o Beco Diagonal.

Ela realmente sentia muita falta de andar de ônibus. Mesmo mediante as gozações das amigas que diziam que ela tinha espírito de pobre por preferir andar de ônibus a andar de carro, para Christine as viagens de sua pequena cidade para a metrópole vizinha onde estudava eram um momento muito aguardado para relaxar, pensar na vida, ler ou tomar decisões importantes, em companhia apenas de seu MP4, sentada na janela olhando tantas casas e pessoas passarem, tantas vidas de pessoas que com certeza tinham problemas mais sérios que briguinhas em família, notas baixas ou amores imaginários... Não mais imaginários, pensou ela ao virar o pescoço para ver uma casinha de tijolos em formato de chalé, que achou muito charmosa... E não mais amores, pensou convicta.

A sensação de nostalgia tomou conta de Christine e as palavras ditas por Tonks passavam direto por sua mente, enquanto ela olhava a rua melancolicamente. Era um daqueles momentos em que ela constantemente se perguntava para quê servia tudo aquilo, aonde aquilo tudo iria levá-la... Esse era um daqueles dias de contradição que estava acostumada a viver. Dias onde estava desanimada demais para fazer qualquer coisa, mas ao mesmo tempo agitada demais para ficar quieta...

_Chris?

Ela se assustou ao ser levemente sacudida por Tonks.

_ Temos que descer! – continuou Ninfadora, já se levantando e disfarçando a vontade de rir.

_ Ah. – Christine respondeu sem graça. – Vamos.

Elas andaram alguns metros até chegarem ao que Christine reconheceu imediatamente como O Caldeirão Furado. Era realmente tão pequeno e abandonado em meio às grandes lojas enfeitadas de Londres que ela se perguntou se teria reparado nele se não soubesse o que era...

_ Bom dia, Tom! – Disse Tonks alegremente assim que as duas entraram.

O bar tinha mesmo um jeito meio parecido com aquelas tavernas que se vêem em filmes de Hércules, as mesas de madeira, o balcão, as canecas de alumínio e um clima bem peculiar.

_ Bom dia, Tonks! – disse Tom com seu sorriso banguela, se debruçando no balcão, parecendo intrigado com o grande interesse de Christine pelo local e por seus freqüentadores. – E quem é a bela senhorita que a acompanha? É nova aqui em Londres?

_ É sim! – respondeu Tonks, num tom nervoso nada convincente. – Bom, vou levá-la para conhecer o Beco Diagonal, estamos com um pouco de pressa... Agente se vê Tom!

E dizendo isso ela saiu apressadamente, puxando Christine para os fundos do bar. Chegando lá fora, deu um suspiro nervoso e olhou rindo para Christine.

_ Não sabia o que dizer, não sei quase nada de você!

_ Se saiu bem. – Christine respondeu somente. Não queria prolongar aquela conversa sobre de onde, ou quando, saíra. – Vamo logo, tô ansiosa pra entrar!

_ Então lá vamos nós! – ela disse, já tirando a varinha de dentro das vestes.

Como Christine já esperava que ela fizesse, Tonks tocou com a varinha o terceiro tijolo a contar da esquerda, acima do latão de lixo e imediatamente uma passagem começou a se formar à medida que os tijolos iam mudando de lugar e um portal enorme se abriu para uma rua de pedras onde dezenas de bruxos entravam e saíam de todo o tipo de lojas bruxas que a garota já imaginara! Não pode evitar sorrir, a boca meio aberta, um pouco pela excitação, um pouco pela incredulidade... estava no Beco Diagonal!

Tonks sorriu e atravessou o portal, sendo seguida por Christine que tinha de se concentrar muito em seguir a metamorfomaga quando na verdade gostaria de entrar em loja por loja, conversar com cada um daqueles bruxos, saber tudo o que pudesse, descobrir tudo o que não fora descrito em seus livros...

_ Onde iremos primeiro? Madame Malkin ou Olívaras? – Perguntou Tonks, parando de andar e se virando para trás para encarar Christine.

_ Madame Malkin. – Ela respondeu decidida.

Não entendia o porquê de ter dito isso se estivera se imaginando a provar varinhas desde que descobrira ser bruxa. Aliás, muito antes disso... Em todo o caso, foram à Madame Malkin – Roupas para Todas as Ocasiões e compraram vestes de bruxa para Christine que experimentou quase a loja inteira antes de se decidir. Sempre fora muito decidida para compras, sempre olhava e já sabia o que queria, mas agora ela não poderia perder a oportunidade de conhecer todos os modelos possíveis de roupas de bruxos. E conseguiu, com algumas combinações, encontrar um meio termo entre roupas de bruxos e trouxas, assim não seria tão difícil se adaptar.

As duas garotas saíram da loja de roupas rindo a beça dos chapéus que Christine havia experimentado e um deles, enfeitado com uma raposa empalhada ao redor da aba, que ela pensou na hora ser a cara da avó de Neville, o amigo desajeitado de Harry, Rony e Hermione. Mas os risos acabaram e Christine sentiu a conhecida dor na boca do estômago e a ansiedade se apossar de si assim que pararam em frente a uma loja pequena onde se lia em letras douradas, um pouco descascadas: “Sr. Olivaras: Artesões de Varinhas de Qualidade desde 382a.C”.

_ É aqui. – disse Tonks, sentindo o nervosismo de Christine. – Vamos entrar?

A morena aspirou longamente e soltou o ar pesadamente pela boca num demorado suspiro antes de responder:

_ Vamos.

A lojinha estreita parecia mesmo uma biblioteca. Um pouco escura, mas cheia de caixinhas empilhadas que iam do chão ao teto, cobrindo as paredes por completo. Tonks deixou que Christine fosse à frente e se sentou num banquinho próximo à vitrine da loja, deixando a morena ir sozinha ao encontro do senhor magrinho e muito velho que parecia compenetrado, escrevendo num grande e pesado livro.

_ Ham ham. – a garota pigarreou baixo, mas pareceu não ser ouvida pelo homem. – Com licença... Senhor Olívaras?

_ Âh? – ele levantou a cabeça olhando para ela com atenção, empurrando os óculos para mais perto dos olhos.

O senhor se levantou e esquadrinhou Christine com o olhar. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ele apanhou uma fita métrica e começou a medi-la, do ombro ao dedo indicador, do ombro ao chão, do cotovelo ao punho, da cabeça aos pés...

_ Não. – disse o velhinho, mais para si que para ela. – Definitivamente não.

_ Hum... Não o quê? – Christine perguntou insegura, o nó em seu estômago começando a dificultar a respiração. Será que ele não teria uma varinha para ela? Será que ela já passara da idade de comprar uma varinha mágica?

_ Você não comprou sua primeira varinha comigo, não é mesmo? Não, não comprou. Me lembro de cada varinha que vendi nesta loja, sabe filha? E não me lembro da senhorita...

_ Ah sim! É que eu nunca tive uma varinha... – respondeu, baixando a cabeça e corando. – Faz poucos dias que descobri que sou bruxa.

_ Ora ora, que interessante! – Olívaras pareceu subitamente agitado e pegou novamente a fita métrica, voltando a medir Christine. – Está certo. Vamos ver o que temos aqui para você...

Ele saiu e desapareceu por uns instantes atrás das colunas de varinhas e voltou alguns segundos depois com meia dúzia de caixinhas nas mãos.

_ Experimente esta. – ele disse, abrindo uma das caixas e entregando à Christine uma varinha feita de uma madeira escura. – É jacarandá e pena de uma fênix chinesa. – esclareceu.

Christine pegou a varinha e sabia que teria que balançá-la e que, se esta fosse a “escolhida”, ela soltaria faíscas ou algo do gênero... Então ela fez um movimento circular com a varinha, mas sem faíscas. Ela olhou para Olívaras, as sobrancelhas erguidas, e devolveu a varinha.

_ Hum... Tente esta. – ele disse, já entregando uma outra varinha, um pouco maior para a garota. – Carvalho e pelo da crina de um unicórnio.

_ Não. – ele disse logo após Christine sacudir a varinha, sem sucesso.

Christine provou quase uma dúzia de varinhas e já estava preocupada que nenhuma delas fosse lhe servir. Experimentara cordas de coração de dragão, pelos de unicórnio, penas de fênix... Mas nada parecia funcionar em suas mãos!

_ Tonks... – ela disse num tom de desespero se virando para a garota sentada, esperando de todo o coração que a amiga lhe dissesse ter experimentado ainda mais varinhas que ela antes de encontrar a sua... Mas ela apenas levantou os ombros confusa. Obrigada pela ajuda! Christine teve vontade de dizer enquanto se virava novamente para pegar mais uma varinha da mão de Olívaras. Que também não funcionou.

Por fim a garota já estava cansada de experimentar varinhas e já as sacudia com má vontade depois do que ela pensou ser a trigésima prova, ao contrário do Sr. Olívaras, que parecia ainda mais animado a cada varinha rejeitada e vinha de trás das pilhas de caixinhas cada vez mais feliz.

_ Hã... – Christine começou depois de balançar mais uma varinha sem produzir nada que ao menos lembrasse mágica. – É comum ter que provar muitas varinhas antes de encontrar a varinha ideal, não é mesmo? – perguntou esperançosa.

_ Não. – ele respondeu simplesmente, já entregando outra varinha a ela. Mas vendo-a enrugar a testa numa última súplica de entendimento, continuou. – A senhorita já é uma bruxa adulta, e é normal que isso dificulte as coisas. Quando os calouros de Hogwarts vêm comprar suas varinhas comigo são apenas crianças, sua personalidade está em formação e, portanto é bem mais fácil que eles se adaptem a uma varinha que tenha características um pouco semelhantes às deles. Porém para que uma varinha escolha um bruxo adulto, de personalidade já formada e menos volúvel que uma criança, eles, a varinha e o bruxo, têm de ser praticamente almas gêmeas.

“Você certamente conseguiria fazer mágicas muito eficazes com muitas destas varinhas que já provou, mas só a varinha perfeita pra você vai extrair todo o seu potencial sem precisar transformá-la ou se transformar.” Ele olhou para Christine com ternura e ofereceu novamente a varinha para que ela a provasse:

_Tenha paciência, vamos encontrar sua varinha... Prove esta, cerejeira com pelo da cauda de um unicórnio francês muito poderoso!

O resultado foi o que se esperava... Nenhum. E as esperanças de Christine estavam quase se esgotando junto com sua paciência, quando o Sr. Olívaras perguntou:

_ A senhorita tem algum bruxo na família? Talvez a preferência coincida...

_ Tenho! – Christine respondeu quando um fio de ânimo se fez presente em si. – Geralda Hecatean. Conhece?

_ Mas é claro! – ele respondeu sorrindo. – Me lembro como se fosse ontem... Salgueiro e corda do coração de um Focinho-Curto Sueco, vinte e oito centímetros. Que bom! É interessante que em geral os bruxos da família Hecatean têm uma curiosa preferência por varinhas de Salgueiro e corda de coração de dragão... – ele começava a falar como se estivesse simplesmente pensando alto, como se Christine nem mesmo estivesse ali. – Até mesmo Angeline, que acabou indo pra Sonserina e depois desertando, tinha...

_ Quem? – Christine perguntou.

_ Quem o quê, senhorita? – ele perguntou de volta. Finalmente voltando a olhar para ela e percebendo sua presença.

_ Quem o senhor disse que acabou indo pra Sonserina? – ela perguntou já aumentando o tom de voz.

_ Angeline Hecatean! Curioso que você não a conheça, já que é irmã de Geralda...

A garota se virou intrigada para Tonks. Esperava que ela risse e dissesse Pegamos você! Mas ela só devolveu o olhar intrigado, afinal Tonks não podia imaginar que Olívaras acabara de mencionar a mãe de sua amiga.

_ Ela comprou uma varinha aqui com o senhor? – ela se virou, perguntando incrédula. Só podia ser um mal entendido!

_ Sim, já disse que me lembro de cada varinha que vendi. Angeline Hecatean, 1972, Salgueiro, 26 centímetros e corda do coração de uma linda Olho-de-opala. É a espécie mais bonita de dragão, sabia?

_ Não. Não sabia... – naquele momento percebera que não sabia de muita coisa...

_ Em todo o caso, vou pegar algumas varinhas de Salgueiro e corda de coração de dragão para que a senhorita experimente... – ele disse enquanto saía de volta às milhares de caixinhas empilhadas e deixava Christine atônita para trás.

As pernas bambas e o coração disparado. Sensação comum a ela desde que chegara ao largo Grimmauld, mas agora... Como sua mãe pudera esconder algo tão importante dela a vida inteira? Pior... Como pudera privá-la de conhecer a magia, de vivê-la? Como pudera esconder tudo aquilo dela mesmo vendo-a imaginar, sonhar e desejar tanto? A menos que... Será que a guerra tinha sido vencida pelo lado das trevas? Talvez Hogwarts nem mesmo existisse mais... Ela não viu o Sr. Olívaras se aproximar novamente, tremia da cabeça aos pés.

_ Senhorita Hecatean? – ele perguntava num tom de quem já devia tê-la chamado no mínimo duas vezes.

_ Hã? – ela olhou confusa, pegando involuntariamente a varinha das mãos do senhor e balançando-a sem sequer pensar no que fazia.

Neste mesmo estado ela provou as três varinhas seguintes até que, ao segurar uma sentiu sua mão esquentar e parou de tremer. Olhou para aquele pedaço de madeira em sua mão e sentiu como se ele lhe passasse segurança e ela soube. Mesmo antes de balançá-la e sentir o lugar se iluminar e gotas de água saídas da varinha molharem seu cabelo, sabia que aquela era sua varinha.

_ Parabéns! – disse o senhor Olívaras, batendo palminhas. – Sabia que você iria seguir a tradição! Trinta centímetros, Salgueiro e corda do coração de uma Chifres-Longos Romena muito poderosa! Os chifres dourados dos Chifres-longos Romenos são ingredientes usados em muitas poções, sabia? Têm grande poder mágico, esses dragões!

Christine olhou orgulhosa para aquela varinha... O Sr. Olívaras havia dito que para que uma varinha realmente a escolhesse teriam que ser quase almas gêmeas, então talvez ela tivesse um pouco daquele poder... Sentiu a varinha vibrar levemente em suas mãos. Talvez em agradecimento, talvez em concordância... Mas sentiu-se muito melhor. E acabou por esquecer um pouco a infinidade de perguntas que se formaram em sua mente após a revelação de que sua mãe havia sido uma sonserina... uma bruxa!

Agradeceu muito a atenção e a paciência do Sr. Olívaras, ele disse ter sido um prazer e felizmente não perguntou seu grau de parentesco com Geralda ou com Angeline... Após se despedir dele e de acordar Tonks, que havia acabado por cochilar em meio a tantas provas de varinhas, Christine foi convidada pela amiga para ir à Sorveteria Florean Fortescue e como diria não???

As duas se sentaram na calçada numa mesinha com guarda-sol púrpura e Tonks pediu de cara um sundae de abóbora, Christine, porém olhou cada uma das opções no cardápio antes de escolher... Enquanto a morena olhava atentamente a folhinha da cor do guarda-sol, Tonks se aproximou:

_ Tava pensando no quê, Chris? – perguntou num tom curioso de quem queria perguntar aquilo há séculos.

_ Hã? – a garota tirou os olhos do cardápio e fitou Tonks intrigada. – Em nada! Tava só lendo o cardápio... – respondeu sinceramente.

_ Não agora! – ela disse rindo – Mais cedo, no ônibus. Parecia que você estava em outro planeta!

_ Ah... é... na minha família. – Christine respondeu tão convicta que Tonks teve a certeza de que estava mentindo.

_ Hum... E no namorado, né? – ela completou divertida.

_ Não tenho namorado! – Christine disse depressa. – Quero dizer, tenho. Tinha...

_ Eita complicação! – a garota de cabelos prateados ria abertamente da confusão de Christine.

Mas ela realmente não tinha parado pra pensar em Frank desde que deixara sua casa. Será que ele ainda pensava nela? Sentiu-se mal por ter beijado outro homem na noite anterior... Será que aquilo poderia ser considerado traição? Mas depois pensou que se tinha traído alguém, esse alguém era ela mesma. Traindo-a ao namorar alguém que não amava, traindo-a ao se permitir ser usada por quem amava... Ainda bem que agora Frank poderia encontrar alguém que lhe daria todo o amor que ele merecia ter, e ainda bem que ela não sentia mais nada por aquele cachorro maldito que a usou!

_ E você Tonks, tem namorado? – Christine perguntou aliviada por ter desviado o foco da conversa e depois com medo da resposta que poderia vir...

_ Tenho nada... – ela disse, parecendo subitamente triste.

_ Mas essa cara... Gosta de alguém, não é mesmo? – Christine não queria ter insistido, mas geralmente não conseguia mesmo controlar sua curiosidade... Não que lhe interessasse saber se Sirius estava mesmo apaixonado pela metamorfomaga... Mas ela era sua amiga! Só isso lhe interessava... Só estava preocupada com Tonks.

O clima de suspense foi cortado pelo Sr. Florean, que vinha trazendo o sundae de abóbora para Tonks e parou para perguntar o que Christine iria querer. Sem conseguir pensar direito ela optou instintivamente pelo costumeiro milk shake de chocolate que sempre pedia quando ia à sorveteria. E assim que o senhor saiu de volta, foi a vez de Christine se debruçar sobre a mesa para se aproximar de Ninfadora.

_ Olha, se não quiser dizer... – disse compreensiva. – Só saiba que estou aqui pro que precisar...

E estava sendo sincera. Gostava mesmo de Tonks! E não tinha como não simpatizar com alguém tão alegre e divertida... Foi a segunda vez que Christine sentiu-se mal pelo beijo que ganhara de Sirius – sem contar, claro, as milhares de vezes em que se sentira mal na noite anterior... – Jamais magoaria Tonks se pudesse evitar! E se ficar afastada de Sirius significava ser fiel a sua amiga, ela faria sem pestanejar!

_ É o Remo. – Tonks disse baixinho e Christine quase caiu da cadeira de cara na mesa, tamanho susto.

_ Remo? Remo Lupin? – perguntou para ter certeza de que não estava delirando.

_ É. – ela respondeu ainda de cabeça baixa. – Mas sem chance...

Christine levou algum tempo para voltar a falar. Fora invadida por uma alegria imensa, seu orgulho forçando-a a perceber que não tinha motivos para estar feliz já que não iria querer nada com Sirius de forma alguma. Mas depois olhou para Tonks, olhando nos olhos (hoje verdes) da garota e lhe falando com carinho:

_ Sabe, se fosse qualquer outro homem eu lhe diria pra esquecer, que ele não te merecia. Mas o Lupin é realmente uma das melhores pessoas que já conheci! – ela viu o olhar intrigado de Tonks que naquele momento deveria estar se perguntando como Christine poderia ter tanta certeza, já que praticamente não havia conversado com o lobisomem. – Vocês iriam fazer um casal encantador! Vai a luta, nada é impossível nessa vida! E digo isso por experiência própria...

Quando Florean voltou com o costumeiro milk shake de chocolate de Christine, Tonks parecia bem mais animada. Mas, como a própria Christine desconfiava ele não era o “costumeiro” milk shake de chocolate... Assim que começou a tomá-lo sentiu uma vontade incontrolável de dançar e antes que pudesse ser contida por seu senso de ridículo, já tinha pegado o rapaz que lia calmamente um jornal na mesa ao lado para dançar agitadamente com ela ao redor das mesas da sorveteria. O rapaz não se surpreendeu, aquilo devia mesmo ser normal para os bruxos... Continuou a dançar com Christine e sorria divertido com a situação. Assim que a música (que parecia estar saindo do canudinho do milk shake) parou, a garota “acordou” e foi invadida por um constrangimento que a fez corar furiosamente!

_ Me desculpe... – disse sem conseguir olhar nos olhos do rapaz a sua frente.

_ Tudo bem, agradeço a dança! Acho que vou pedir um milk shake também...

Christine levantou a cabeça para encarar o alto homem a sua frente. Os longos cabelos ruivos estavam presos por um elástico, ele tinha uma argola na orelha com um dente pendurado. Usava jaqueta e botas de couro e tinha sardas inconfundíveis no rosto que sorria charmosamente para ela.

_ Gui!

Ela pensou, mas não disse. Quem disse foi Tonks, que já tinha se levantado da mesa e ido até eles para cumprimentar o par de Christine, o mais velho dos filhos de Molly e Arthur Weasley.

_ E aí, Tonks! Não é que sua amiga me descobriu no meu original disfarce atrás do jornal?! – ele disse, coçando a cabeça e rindo.

_ Como assim? Você tava vigiando agente? – agora Christine perguntava, fitando zangada os olhos castanhos de Gui.

_ Pois é! – ele disse ainda sorrindo. – Mamãe ficou me enchendo a paciência para que eu ficasse de olho em vocês... Ela tá meio paranóica, sabe? Acha que os comensais vão sair pela rua dando Avadas em todo mundo...

Christine ficou aliviada que Gui estivesse lá para protegê-las e não para vigiá-la e garantir que ela não seqüestrasse Tonks como Sirius teria pensado... Talvez ela também estivesse ficando paranóica... Mania de perseguição.

O restinho da manhã foi muito divertido! Christine ficou encantada com as histórias de Gui sobre o Egito, que sempre a fascinara e eles acabaram por dançarem juntos também a música do milk shake dele.

Depois de pagarem a conta, ele e Tonks resolveram que seria melhor que voltassem por aparatação, já que já passara da hora do almoço e a Sra. Weasley iria se zangar bastante se eles se atrasassem mais. E Christine, que desaparatou com Tonks enquanto Gui ia com as sacolas, prestou o máximo de atenção que pôde nos movimentos da amiga afinal, agora que descobrira ser bruxa, queria aprender a desaparatar o mais rápido possível!

O almoço estava delicioso, mas Sirius não desceu. Não apareceu durante a tarde nem estava lá quando Christine se despediu de todos, jogou o pozinho prateado na lareira e disse “Hogwarts. Quarto de hóspedes”. As chamas verde-esmeralda cresceram e a morena girou rápido vendo milhares de lugares passarem depressa por seus olhos que ela rapidamente fechou para evitar ficar enjoada e parou caindo de joelhos na lareira de seu quarto.

Depois de seu habitual banho demorado, Christine largou-se na cama de lençóis cor-de-rosa e só então se lembrou de Olívaras e da revelação que tivera naquela manhã... Bom, se sua mãe estudara mesmo em Hogwarts, estava no lugar certo para descobrir. Mas o que ela mais queria saber não poderia descobrir ali, estava além dos registros da escola... “Acabou indo pra Sonserina e depois desertando”... Que razões sua mãe teria tido para abandonar a magia? Ela olhou para o lado e fitou a caixinha preta sobre o criado-mudo... De alguma forma aquela varinha fazia-a sentir-se menos solitária, menos desamparada... Não sabia o que havia acontecido para fazer sua mãe desistir, só sabia que nada a tornaria capaz de viver longe da magia... Salgueiro e corda do coração de uma Chifres-Longos Romena... Foi bem mais fácil dormir aquela noite com ela em suas mãos. A poderosa varinha só não impediu que Christine sonhasse a noite toda com um certo alguém que ela definitivamente não amava mais.

***



N/B: Dessa vez fiquei curiosa....

Será que Chris está muito mais envolvida na história do que agente pensa e o motivo de sua mãe desertar foi para protegê-la???

E quando será que a Chris vai parar de negar seu amor ao Sirius e a autora vai compensar esse momento pós beijo sem sal???? Hein???



N/A: Oi, genteeee! Esse cap veio pra compensar o outro...ficou bem grandinho,né? E pra Mira que pediu sorvete, bom, não pus tanto sorvete quanto você pediu e nem pude por o Sis no meio, mas espero ter matado um pouquinho a sua vontade! ;D E essa história da mãe da Chris ser bruxa, hein? O que é que vocês acham que aconteceu pra ela ter decidido se afastar da magia? Bom, no mais, espero que tenham gostado da ida da Chris ao Beco Diagonal!



Lay L.: Oiiii! Q bom q gostou do beijo da Chris c/ o Sis! Qto à inveja ñ posso te culpar...tb fiquei me roendoooo! Até pq, se tivesse “um Six desse INTEIRINHO na minha frente” acho q eu é q ia agarra-lo! ;D Agora, se ele tah apaixonado por ela ou ñ eu ñ sei...até q a teoria dela é considerável, ñ é? Afinal ele ainda conserva um espírito maroto... e é HOMEM! O q já garante uma graaande possibilidade de ser cafageste! =( Mas tb to torcendo pro tio Dumbly dxar a Chris ir no Ministério com o Harry! o/ E enquanto a visita ñ vem, espero q tenha gostado da visita ao Beco... Bjuu =D

Poli_Ly ;D: Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada! Obrigada! \o/ Fico mesmo mtttttt feliz q tenha gostado do bju dos dois! Mas ñ posso garantir um final feliz... apesar de concordar plenament c/ uma coisa q vc disse... EU QUERO UM SIRIUS PRA MIIIIIIIM!!!!! Quem me dera... *autora suspirando c/ os olhinhos brilhando* ;*

Daninha Black: Obrigada! Pois é, demorou, mas finalmente rolou uma bitoquinha! Apesar de q, se for pensar, considerando q tinha só uma semana q ela estava lá ele foi bem rapidinho... ;D Abraço

Nina.Potter: Bem-vinda de volta! \o/ Senti sua falta, q bom q voltou e q tah gostando das novidads! Obrigada msm! Espero q também tnha gostado desse cap... Bjuu =D

carol: Vlw, Caroooool! Vc sab q fico mtt feliz q vc esteja curtindo a fic... E qto à enrolação ñ to podendo falar mto ultimament, né? Segunda levo RDM pra vc s/ falta, viu? ;D Bjuu Obs: “milk shake de id” adoreiiiiii!!!!

Diandra Black: Dihhhh! To adorando a sua fic! To no cap 13 e quase sufoquei c/ o rapto da Diana e da Lily! Adorei a história da ruivinha tb ser herdeira d Merlin, até pq isso vai influenciar mtt no fim da história, né? Mas ñ gostei d ñ ter rolado nda entre ela e o Tiago na “festinha do pijama” deles... poxa, nem uma bitoquinha??? Ele tah tãaaao fofo! Ñ sei como ela consegue resistir...apesar d q ñ tah mais conseguindo resistir mto tb, né..? ;D Então gostou do bju? Q bom msm, pq fiquei mttt insegura c/ ele! Agora a cena da toalha, espero q se repita tbbbb! Ñ q eu tnha gostado de vê-lo seminu! Longe d mim... *autora se abanando constrangida* Vlw d novo por td! Espero q tnha curtido esse cap! Bjuu ;D

Kammy Engels Black: Dona Kammy, cadê o cap 8??? Qro a Dark d voltaaa! Ainda bem q vc ñ vai sumir c/ os marotos da fic! *-* Agora, sua hipócrita, dpois d me fazer chorar horrores c/ a morte do Tiago e da Lily vem me pedir pra salvar o Sirius??? É assim, né? Judia d mim e dpois vem me pdir pra ser boazinha? *autora c/ olhar psicótico* tsc tsc... =D Bjuu

fissu: Obrigada! Mas vc viu q a Chris é malvada, né? Então acho q o resto das teias de aranha do Sis vão perdurar... Será? O.o Bom, enquanto a resposta ñ vem, espero q tenha gostado desse cap! ;D Bjuu

Isabela Bichara: Corrompi vc? Eu ñ! *autora com cara de inocente* A culpa é do Sirius por ficar dsfilando de toalha por aí todo molhado e sair agarrando garotinhas indefesas em corredores desertos... Ahhhhhhhhhhh!!!! Me mata, Sirius! =D Agora, final feliz... Considerando minha inveja e quase ódio da Christine dpios q ela bjou MEU HOMEM? Acho q vou dxar ele vivo e matar ela... hahahaha (risada macabra) ;D Bjuu

Chronológico : Que bom que gostou do beijoooo!!! Agora q a Chris tem uma varinha ela vai poder arrumar uma penseira e rever o momento milhares de vezes, pq só Merlin sab se eles vão se beijar d novo, né? *autora com cara de vilã* Eu prefiro ñ assistir a cena daquelazinha bjando meu amado Six, d novo! òó Mas tomara msm q ela vá ao Ministério! o/ Obs: Caraaaa, adorei sua fic!!! Mas ainda ñ decidi se qro q a Acácia fique c/ o Snape ou com o Remo... Ebaaa, cap 4 on!!! \o/ To indo lá...Bjuu

clau: Postei! Nem demorou tanto, né? E ele ficou grandão! Espero q tnha gostado e q tnha valido a espera! Mas ñ dou o Sirius pra vc ñ! *autora de braços cruzados c/ cara d criança com ciúmes* Aliás, to é qrendo roubar ele da Chris! Hahahah Bjuuu Obrigada! ;*

Cordy W. Malfoy: kkkkkk Confuso msm, né? Mas acho q a Chris quase empatou c/ ele nesse cap... ^^ Eu também qro ver o Sis perder a kbeça mais vezeeees! o/ ;*

Lúh.Black.Lupin :D : Eu tb qro um Sirius desse pra miiiiiiim!!!! Agora, essa história de “felizes para sermpre”... Bom, isso é meio difícil, né? Mas falta tempo ainda pro “para sempre”, ñ vamos colocar as carroagens na frente dos testrálios! ;* t+!



Bjuu genteeeeee! Ótimo fim-de-semana pra vcs! ;*

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