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-Por que você chegou atrasado na aula de Trato das Criaturas Mágicas?
-Rony, eu e o Draco brigamos e...
-Vocês o que? – Meteu-se Hermione na conversa.
-É isso sim. Nós brigamos. Por isso que estava com a boca machucada. – Falou Harry. Os três estavam na sala comunal, aquecendo-se com o fogo da lareira. Fazia uma noite bastante fria, mas não estava nevando.
-Espere aí. Conte essa história direito. O que a Pansy estava fazendo com você? – Falou Rony, que parecia muito curioso. Harry então explicou á Mione e Rony sobre o que ele tinha passado há algumas horas antes. Não citou nada de Pansy além que ela tinha separado Draco e Harry. Não queria dizer que ia falar com ela em exatamente 30 minutos, só pro precaução. Se fosse algum segredo de Draco? Depois ele contava para Mione e Ron.
-Você deveria ter vindo para a aula comigo e com o Rony. Quase que você entra numa encrenca Harry...
-Mione, nã... – Resmungou Rony, mas foi interrompido.
-É sério, Rony. Poderíamos namorar em outro lugar...
-Tenho que ir... – Falou Harry, que já deveria estar no sétimo corredor.
-Aonde você vai? – Estranhou Rony.
-Eu vou... Tenho que falar com...
-A Lilá? Harry, vocês ainda não acabaram o trabalho de Herbologia? Olha só, já é para semana que vem e...
-É... Com a Lilá. Bom, Mione. Vou indo... Encontro com vocês depois. Ah, e vocês podem ir jantar sem mim. Não tem problema. – E saiu da sala comunal da Grifinória, deixando Hermione lívida de raiva, “Como Harry pôde esquecer o trabalho de Herbologia?” falava ela para Rony.
Harry foi caminhando com os passos leves. Não estava fora das regras, os alunos podiam ficar até as nove horas da noite nos corredores de Hogwarts, mas não queria chamar atenção principalmente de Filch, que ultimamente estava implicando muito mais com os alunos. O sétimo corredor não era muito movimentado, pois não dava acesso a nenhuma sala comunal de nenhuma Casa de Hogwarts. Chegando ao sétimo corredor, não havia ninguém. “Será que Pansy estava fazendo uma desagradável pegadinha comigo?”, pensava ele, quando ouviu a voz de Pansy atrás dele. Levou um susto.
-Oi. – Falou Pansy, por cima da franja.
-Ah, oi Pansy. O que você queria comigo?
-Você não falou pra ninguém que iria se encontrar comigo, não é?
-Eu não contei para ninguém.
-Ótimo. Escute, Harry. Eu estou disposta a fazer um acordo com você.
-Acordo? – Impressionou-se Harry, que fez aumentar mais o ponto de interrogação em sua cabeça.
-É, um acordo... – Falou Pansy, com um leve toque na voz como se estivesse debochando de Harry. – Bom. Todos sabemos que você ainda ama aquela... Weasley.
-AH! Quantas vezes eu tenho que falar que...
-Ah, Potter, cale a boca. – Essa era a Pansy que Harry conhecia. – Admita, você ainda gosta da Weasley. E... Eu ainda gosto do Draco. MAS se você contar isso para alguém eu te lanço um avada...
-Tá ta... E qual é o acordo?
-Ok. É o seguinte. Embora isso doa muito para mim, nós podemos botar ciúmes nos dois.
- Como?
-Oras, podemos fingir que estamos namorando.
-O que? Nós dois? NAMORANDO?!
-É, seu bobo. Namorando. Daria certíssimo. O Draco iria morrer de ciúmes, aí ele terminaria com aquela idiota, sem querendo ofender – Acrescentou, quando viu que Harry falaria um grande desaforo para ela -, e então nós fingimos que tivemos uma briga e terminamos também. Seria vantagem para os dois lados. O que você acha?
Harry refletiu. Namorar a Pansy? Aquela preconceituosa, asquerosa e nojenta? Mas seria por uma boa causa... Por um momento, Harry pensou em ter Gina novamente em seus braços, lembrou-se dos momentos que passaram juntos... Mas ela o traiu! Mas... Ele ainda gostava dela...
-Hello! O que você me diz...?
-Eu não sei não, Pansy... Não seria um pouco arriscado?
-NÃO, POTTER! – Falou Pansy, um pouco mais irritada. – Vai dar tudo certo... A Gina volta para você e o Draco para mim, e ninguém vai saber mais nada. Fala logo Harry!
-Ta bom, Pansy, ta bom.
-Ótimo.
-Quando começamos...? – Harry não estava nem um pouco ansioso... Andar junto de Pansy todos os dias, ficar de mãos dadas com ela... Será que ele teria de beijá-la? Uma sensação de pânico e arrependimento começou a invadi-lo.
-Agora mesmo.
-Agora?
-É claro que sim! Vamos aproveitar que todos estão jantando, e entramos no salão principal de mãos juntas. Se a Gina e o Draco estiverem na mesa da Sonserina, você senta lá comigo, ok?
-Ok...
-Então vamos!
-Vamos... – Harry não sabia realmente o que fazer. Era diferente “namorar” uma pessoa sem gostar dela. Pior ainda era uma pessoa que ele sempre desprezou.
Pansy então agarrou a mão de Harry e o levou até o salão principal. Quando chegaram á porta, vários alunos olharam para eles. Harry corou de leve. Nunca se sentira assim com Gina. Quando Hermione viu, cuspiu o suco que estava tomando e falou alguma coisa com Rony, que Harry não pôde escutar, estava muito longe. Rony dirigiu seus olhares para onde ele estava. Boquiabriu-se.
-O que você está esperando, Harry?! – Sussurrou Pansy para Harry. -Olhe! A Gina e o Draco estão lá na mesa da Sonserina! – Pansy puxou Harry pelo braço e o levou para o outro lado do salão da mesa que Harry costumava sentar.
Os dois se se sentaram à mesa. Harry estava frustrado. “O que eu vou falar?”, pensava.
Pansy, que notou que Draco nem tinha visto que ela e Harry estavam ali, deu um beijo na bochecha de Harry, bem perto da boca, e falou num tom mais alto:
-Amor, quer alguma coisa?
Algumas amigas de Pansy, que já notaram que os dois estavam namorando – por causa das mãos dadas -, trocavam sussurros e risinhos.
Uma delas fez um sinal discreto para que Draco visse Pansy e Harry juntos, pois Draco conversava distraidamente com Gina. Quando Draco virou a cabeça para olhar o que a garota estava apontando, pareceu confuso. Olhava com nojo para Harry. “O que esse sangue-ruim nojento está fazendo aqui?”, pensava ele. Até que caiu a ficha. Harry nunca o vira tão vermelho quando naquele momento.
-Pansy, o que significa isso?
Pansy fingiu que só agora havia notado que ele olhava fixamente para eles.
-Oh, Draco! Trouxe Harry para jantar conosco, agora que ele é meu namorado... Você não se incomoda né? Afinal, você também trás sua namorada para cá.
-Mas é claro que eu... – Falou Draco, mas foi interrompido por Gina, que só agora havia notado que Harry sentava à mesa da Sonserina.
-Harry? O que você está fazendo aqui?
-Ah, oi Gina. – Falou Harry, que agora queria mostrar que estava “namorando” Pansy Parkinson. – A Pansy me convidou se eu queria sentar aqui com vocês, então eu decidi que sim. Afinal, agora que nós estamos ficando juntos... – Harry então chegou mais perto de Pansy, só para ver o rosto de Gina. Estava com raiva, queria vingar-se dela por causa de todas as noites que não o fez dormir, pelas lágrimas que deixou cair... Mas no fundo aquilo o machucava. Como aquilo seria mais fácil se Gina não o tivesse traído?
-Vocês estão ficando juntos? – Falou Gina.
-Estamos, Gininha. – Falou Pansy, com a voz mais nojenta que podia reunir.
Gina parecia confusa. Seus olhos azuis estavam tão brilhantes que parecia que ia chorar. Mas Gina não derramou uma única lágrima. Seu sorriso que aparecia até ali, desmanchou-se. Draco observava Gina falando com Harry boquiaberto.
-Pansy, você nem o conhece direito e fica... Com ele?
-Não lhe devo satisfações. Eu saio com quem eu quero, na hora que eu quero. Eu conheço muito bem o Harry e ele me conhece – Falou Pansy, e Harry concordou. – Não se meta, Draco. Eu não meto meu nariz quando você e a Gina estão namorando. E você nem a conhece.
Draco ouviu tudo aquilo e ficou ainda mais vermelho. Não respondeu nada, apenas observou Harry com o maior desprezo que viu na vida. Pansy então deu um sorriso no canto da boca e sussurrou (numa forma quase inaudível) para Harry: “Está dando certo!”.
Alguns minutos depois, sem muito assunto, uma das amigas de Pansy falou:
-Vocês têm certeza que estão namorando? Nem se beijaram!
“Ah... Por Merlim!” pensava desesperadamente Harry. O que ele não queria que fosse citado, foi.
-Não se meta! Isso não é da sua conta... – Falou Pansy, mas foi interrompida por Malfoy.
-Pois é, Parkinson, vocês nem se beijaram! – Falava ele com ironia, enquanto despejava um líquido num potinho na xícara de Gina, que nem olhava para o que ele fazia.
Alguns alunos perto deles começaram a olhá-los.
-Ah! Então vocês querem mesmo que eu o beije?
Pansy então aproximou-se de Harry e lhe deu um beijo na bochecha. Todos falaram: “Aaah! Não é esse tipo de beijo que estamos falando!”.
-Deixa, galera. Eles não estão namorando. – Falou Draco. Gina estava quieta no seu canto.
-Não estamos é? – Falou Pansy ironicamente. Pansy se aproximou de Harry e lhe deu um beijo. Não na bochecha, mas na boca. Foi o beijo mais frio de toda a sua vida, e ele odiou. Era diferente beijar Pansy do que beijar Gina. “Deveria ser pelo fato de estar namorando alguém que você não goste” Pensava ele. Ele ouvia gritinhos enquanto se beijavam. Harry conseguiu descolar-se dela o mais rápido possível do jeito mais discreto.
-Alguma dúvida? – Falou Pansy.
-Não mesmo. – Falou a amiga de Pansy.
A cor do rosto de Draco estava um vermelho meio roxo. Gina estava pálida, branca. Seus olhos estavam muito brilhantes.
-Vejo você mais tarde. – Falou Gina para Draco, com uma voz realmente trêmula. Harry não notou, mas Gina havia deixado uma lágrima, e levantou-se da mesa. Draco nem olhou para Gina, nem a ouviu. Olhava com um desprezo agora para Pansy, que tinha no rosto um sorriso. Ela deveria estar deliciando-se com isso. Harry estava com uma sensação de nojo, e a sua vontade era correr para um banheiro e lavar com sabão a boca.
-Vamos, Harry. – Falou Pansy, que pegou na mão de Harry e o levou para fora do salão principal.
Quando já estavam sozinhos no corredor, Pansy virou-se para Harry e disse:
-Não pense que eu gostei de fazer aquilo, Potter. Mas eles iriam duvidar da gente.
-Eu também não gostei, Pansy. Agora vou para a sala comunal.
-Tchau. Ah! E não se esqueça que amanhã vamos tomar café juntos. Tentarei não repetir o que aconteceu hoje, sinceramente.
E os dois separaram-se ali. Harry seguiu pelos corredores escuros de Hogwarts para chegar à sala comunal da Grifinória. No pé da escada, ouviu:
-Harry.
-Ah, oi Rony.
-Não tem essa de “Oi Rony”. O que você estava fazendo?
-Eu estava jantando...
Rony levantou a sobrancelha esquerda, irritado.
-Você está namorando a Pansy, mesmo?
-Sim.
-Como você pode falar com a maior tranqüilidade isso? PANSY, Harry, PANSY PARKINSON! Você está namorando ela? Mas por quê? Como isso aconteceu? Harry, é a Pansy, não é nenhuma outra garota.
-Bom, Ron, eu estou namorando a Pansy. E... Aconteceu, como sempre acontece. Nós nos beij...
-Eu sei como acontece Harry... – Falou Rony, mas foi interrompido por Hermione.
-Você está louco, Harry.
-Ah... Você também, Mione? – Falou Harry. Mas ele concordava plenamente com Mione: estava ficando louco. Como aceitou namorar fingido com Pansy para botar ciúmes em Gina?
Entraram na sala comunal, e Harry, Rony e Hermione sentaram no sofá bem perto da janela. Rony ainda questionava Harry do porquê de ele ter escolhido Pansy, até que ouviram a porta da sala comunal abrir.
Uma garota de cabelos ruivo-brilhantes olhava desesperada para os alunos que estavam ali presentes. Quando finalmente achou Mione, veio correndo atrás dela.
-Hermione... Eu preciso falar contigo, é sobre o Ha... Ah, oi Harry. Mione, você pode vir aqui um pouquinho?
-Ah, sim, Gina. – E deu um beijinho em Rony – Já volto.
Harry sentiu que Gina estava chorando. Conhecia bem o choro dela. Sentiu um instantâneo vazio no peito.
-Tá, Harry. Agora chega de mentir. Por que você está namorando a Pansy?
-Eu já disse pra você que... – Harry não parava de defender a mentira.
-AHA! Já sei... Que feio Harry... Como você pode pensar em alguma coisa dessas?
-Hã? O quê?
-Você está namorando ela para botar ciúmes na minha irmã!
Rony havia acertado em cheio. Harry olhou para os lados, para ver se alguém os via. Então contou, quase em sussurros, toda a verdade a Rony.
-Ai ai ai, Harry... Não sei não... Como a Gina reagiu?
-Rony, eu ultimamente eu não estou entendendo mais ela. Ela parece bastante confusa, estranha. MUITO estranha. Ela está com o olhar muito vago...
-Mas isso deve ser porque ela ainda gosta de você.
-Mas é diferente, Rony. Eu sei disso...
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