Enfim, a verdade.



Pansy assoprou a franja, irritada, ao ver Harry se preparar para, novamente, correr atrás de Gina.
-Vá Harry, vá. Não sei o que você vê nessa ruiva idiota. Ah, tudo bem, está tudo acabado. Agora a Gina vai contar pra todo mundo o que fizemos. Tanto esforço, para nada. – Falou ela, que deu as costas para ele, se dirigiu a uma estante de livros e começou a folheá-los.
Não havia tempo a perder. Harry ajeitou sua mochila nas costas e correu o mais rápido possível atrás de Gina, que já havia deixado a biblioteca.
Ele corria pelos corredores, que estavam vazios, a maioria dos alunos já haviam deixado o salão principal e ido para a sala comunal de sua Casa. Seguia Gina, apenas escutando o barulho de seus sapatos. Gritava o seu nome, mas ela fingia que não ouvia. Não prestava atenção onde ela estava indo, não sabia nem ao mesmo o que falar para ela quando finalmente parasse de fugir.
Entraram então num corredor escuro e frio. Estava tão escuro, que Harry apanhou sua varinha no bolso da calça e acendeu-a. Os sapatos de Gina haviam parado de fazer barulho. Não a achava em lugar algum. “Onde ela está?” Pensava desesperadamente Harry, que mexia a varinha para iluminar todos os lugares do corredor. Ficou alguns segundos pensando onde ela estaria. Quando estava desistindo de procurá-la, ouviu um barulho atrás dele. Virou rapidamente para trás, e Gina estava lá, assustada, olhando para ele. Harry sabia que Gina iria correr dali exatamente naquela hora, e agarrou-a pelo braço.
-Escute, Gina, preciso falar com você.
-Mas eu não quero falar com você. Harry, a que ponto você chegou...
-Mas... Gina, eu fiz tudo por causa de... – Numa fração de segundo, Harry pensou: “Devo me declarar a Gina? Dizer a ela tudo o que está entalado no meu peito a tanto tempo?”. Harry respirou e continuou – Eu fiz tudo por causa de você, tudo! Eu te amo, Gina. Eu sei que você não sente o mesmo por mim...
-O quê? Agora você me ama? E o que houve com todos os xingamentos que você vive espalhando por aí sobre mim? Hum? Você quer ser mais um troféu na minha estante de namorados, Harry? O que significa amor para você, exatamente? Você fala mal de mim o tempo todo e, do nada, você diz que me ama?
-Mas, Gina... Eu falava mal de você para esconder meus sentimentos... É que você começou a namorar o Malfoy, então eu precisava mostrar-me de cabeça erguida...
Gina olhava fixamente para Harry. Seus olhos começavam a encher de lágrimas. Ela se virou, e ficou de costas para ele. Queria evitar que Harry a visse chorando.
-Gina – Falou Harry, ficando de frente a Gina. –. Desculpe-me por tudo que te fiz passar, eu sofro cada dia sem ter você, só queria dizer para você que eu... Te amo.
Gina, que olhava para o chão, olhou diretamente para os olhos verdes profundos de Harry. Sem pedir permissão, Harry se aproximou de Gina, a puxou para perto de si e a beijou. Harry sentiu aquela sensação que todos os seus problemas haviam sumido, e no mundo só restara ele e Gina, mais ninguém.
Gina envolveu seus braços em volta do pescoço de Harry, mas logo depois, ela afastou-se dele.
-Harry... Eu... Eu... Eu já estou namorando! E você sabe disso! – Em seguida, Gina tirou a varinha do bolso, falou “Lumus” e saiu do corredor escuro e frio.
Harry sentia-se incrivelmente feliz, apesar de tudo.
**
O sol entrava pela janela, iluminando todo o dormitório masculino. Harry apresentava bolsas roxas embaixo dos olhos, havia dormido muito mal esta noite. “Ah, Harry, por que você inventou de se apaixonar pela Gina, que nunca mais vai querer nada com você?” Gritava a consciência de Harry.
Harry acordou, mas apenas porque o sol refletia no seu rosto. Pegou sua varinha, conjurou algum feitiço que havia aprendido com Hermione, e as suas olheiras desapareceram. Bom, pelo menos conseguiu disfarçá-las.
-Rony – Falou Harry, jogando uma almofada em cima de Rony, que roncava alto. – Tenho uma coisa pra te falar sobre ontem.
Rony acordou resmungando, e ouviu atentamente os sussurros de Harry, para que nenhum dos outros companheiros de dormitório ouvissem o término do “namoro” de Harry e Pansy, e o beijo que Harry deu em Gina.
-Uau – Era só o que Rony sabia falar. – Será que ela vai contar tudo para o Draco?
-Ah! Eu não sei... Provavelmente. – Falou desanimado Harry.
-Bom... Vamos nos arrumar e descer?
-Não há mais o que fazer a não ser isso...
Os dois desceram as escadas de mármore do dormitório masculino. Não havia muitos alunos na sala comunal, pois todos estavam aproveitando o domingo para acordar um pouco mais tarde.
Harry sentou-se em um sofá e começou a olhar ao redor para achar alguma coisa para fazer, porque se ficasse parado, provavelmente começaria a pensar no dia que teria hoje, e tudo que aconteceu ontem. Era uma coisa que ele não queria.
Avistou um livro em cima de uma mesinha. Deveria ter sido esquecido por alguém na noite passada. Pegou-o e começou a folheá-lo. Entre uma página ou outra, havia um pedacinho de pergaminho enfiado entre. Era cheio de nomes de feitiços, azarações, nomes de poções, nome de bruxos que contribuíram para a história da magia... Ah. Harry começou a ficar entediado. “É um livro comum, sem nada de especial.” Pensava ele. Fechou o livro, e colocou-o em cima da mesa. Sem querer, deixou um pedaço de pergaminho cair no chão, se abaixou e juntou-o. Acabou abrindo-o, e claro, lendo-o. Havia cálculos de poções, óbvio. O que mais chamou a sua atenção era que uma das poções anotadas era uma Poção do Amor. Mais embaixo, estava escrito: “Não há sintomas”. Logo adiante: “Em algumas pessoas, é mais visível, mas todos os usuários agem com um pouco de confusão até se acostumar com a poção”.
Harry ficou alguns minutos lendo e relendo essas anotações. Alguns alunos já estavam descendo dos dormitórios. Até que, finalmente, Hermione acordou. Rony e Harry só estavam a esperando para tomar seu café da manhã no salão principal. Vendo Harry olhando o livro, foi dizendo:
-Ah, Harry! Você achou o meu livro! Obrigada. - E pegou o livro da sua mão. Ela viu que Harry continuava com o pedaço de pergaminho na mão, e ficou mais preocupada – Ah... Isso é meu também.
-Mione, isso é seu?
-É sim... – Falou ela, que pegou o pergaminho da mão de Harry.
Notando o olhar apreensivo de Harry, e o desentendimento de Rony, Hermione continuou:
-Meninos, eu preciso falar uma coisa pra vocês sobre a Gina.
-Vocês voltaram a se falar? – Falou Rony.
-Não, Ron.
-Ah... – Suspirou tristemente ele.
-O que é, Hermione? – Falou Harry com curiosidade.
-Você deve estar se perguntando por que eu tenho anotações sobre Poção do Amor e tal. Não. Eu não estou dando para ninguém, muito menos ao Rony. – Acrescentou, quando Rony lhe lançou um olhar nervoso – Eu acho que... A Gina está tomando essa poção.
-O quê? A Gina tomando uma Poção do Amor? – Falou Harry, boquiaberto.
-Sim, Harry. Eu acho que o Draco está dando para ela. Tudo indica, olhe. – E mostrou o pergaminho para eles. – Olhe aqui. “Todos os usuários agem com um pouco de confusão até se acostumar com a poção”. Harry, você não acha que ela está agindo estranhamente esses dias? Ela está muito confusa.
-Por que você acha que eu acho isso?
-Rony me contou. – Falou Hermione, e Rony deu um sorriso amarelo.
-Mas... Você tem certeza?
-Sim. Fiquei a observando atentamente esses dias, e tudo indica que sim. Draco despeja um líquido no café de Gina todas as manhãs.
-Então Gina não está realmente apaixonada pelo Draco?
-Não, Harry. Ela ainda te ama. Ela está bem confusa, pois ela te ama realmente, e é forçada a amar Draco também.
Harry ficou muito feliz. Ela ainda o amava?
-Olha, nós temos que impedi-la de tomar o café hoje, só para termos certeza que ela está tomando a poção.
-É claro! O problema – Acrescentou Rony com ênfase – é que você ainda continua sem falar com ela, e a Gina não fala direito comigo, anda sempre com o Malfoy.
-É... Eu sei... Sabe, sinto saudades da Gina... Estou pensando em fazer as pazes...
Nesse momento, Gina desceu das escadas do dormitório feminino. Quando encontrou o os olhos de Harry, desviou o seu olhar e disfarçou um sorriso, o que Harry viu muito bem.
Hermione se levantou do sofá com o seu livro embaixo do braço, e foi ao encontro de Gina. Harry e Rony as observaram de longe.
-Gina, eu... Eu... Queria me desculpar. Faz tempo que continuamos com essa briguinha idiota e eu sinto sua falta.
Um sorriso estampou o rosto de Gina, que abraçou Hermione.
-Também sinto sua falta, Mione. Eu que devo desculpar-me. Agi mal, me desculpe... Eu não sei o que me deu, ando com um pouco de dor de cabeça ultimamente...
-Gina, que tal botarmos nossa conversa em dia agora mesmo?
-Mas eu tenho que tomar café e combinei com o Draco de...
-Olha só, trouxe um pacote de doces da Dedos-de-Mel, podemos comer enquanto conversamos. Ah, você toma café com o Draco todos os dias, ele pode esperar um pouquinho, não acha?
-Hã... – Gina não sabia o que dizer, mas se decidiu olhando para os olhos brilhantes da amiga. – Tudo bem, Mione. Ele pode esperar um pouquinho.
Gina e Hermione sentaram-se num sofá, e Hermione deu uma piscadela discreta para Rony e Harry. Os dois desceram para o Salão Principal. As pessoas olhavam para Harry e cochichavam entre si. “Eles já devem estar sabendo que terminei com Pansy” pensava ele. Harry estava tão feliz em não sentar-se à mesa da Sonserina. Ele conseguiu perceber a inquietação de Draco na mesa de sua Casa.

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