Conversas Privadas



Capitulo V – Conversas Privadas


 


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"Há sensações que são sono, que ocupam como uma névoa toda a extensão do espírito, que não deixam pensar, que não deixam agir, que não deixam claramente ser."


 


(Fernando Pessoa)


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James Potter


 


McGonagall ficou surpresa ao me ouvir e pediu que eu sentasse. Depois que obedeci, ela começou a contar a história que Evans havia inventado. Eu ficava mais enojado a cada palavra que ouvia, como se não bastasse me dedurar por nada, incluiu todos os meus amigos! Até o Remus que se dizia amigo dela... É, acho que estava enganado quanto a quem eu achava que era Lily Evans.


 


- Ela deve ter entendido errado, Profª., estou certo que meus amigos tem absolutamente nada a ver com o que aconteceu hoje. – falei firmemente.


- A Srtª. acha que pode ter entendido errado a conversa que entreouviu ontem, Srtª. Evans? – ela lançou à Evans um olhar severo. Eu podia sentir que ela me olhava, mas não retribuí.


- Talvez... Eu não estava prestando tanta atenção, a Srª. sabe, estava apenas procurando por um livro... – pelo menos os caras ela vai livrar.


- Então está tudo bem. – concluiu a professora – Se o Sr. Potter está assumindo toda a culpa, vou acreditar. O Sr. cumprirá detenção todos os fins de semana por um mês, Sr. Potter. Fique certo que sua pena só será tão pequena porque este é o ano dos NIEM’s. – fez uma pausa – E está terminantemente proibido de ir à Hogsmead pelo resto do ano. – eu a olhei boquiaberto, mas ela não me deu tempo de retrucar – Estão dispensados.


 


Até pensei em contestar, mas, conhecendo bem a McGonagall, a única coisa que iria conseguir era aumentar o castigo. Então levantei da cadeira e saí da sala, Evans me seguiu. Eu podia sentir que, mais uma vez, ela me olhava esperando que eu retribuísse, coisa que não fiz.


 


- James, eu... – começou quando saímos da sala.


- Não precisa dizer nada. – cortei e fui andando pelo corredor.


- James, por favor... Você tem que me ouvir! – pediu me seguindo.


- E por que eu faria isto? – perguntei ainda sem encará-la – Sabe, Evans, não temos nada a conversar. – decidi que ela merecia ouvir um pouco e parei de andar – Você é uma certinha que não sabe se controlar e resolveu me entregar depois de eu ter acidentalmente me exposto pra te livrar de uma porrada de bolas de neve, tudo bem, “não tem problemas”. Mas entregar meus amigos? Isso foi baixo demais. – concluí e voltei a andar em passos rápidos.


- Espera, James! Foi um enga...


- Engano? Por Merlin, Evans! E eu é quem inventava histórias? Vê se me erra, ok? – ela finalmente parou de me seguir.


 


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Lily Evans


 


Fiquei estática no corredor observando-o se afastar, afinal, o que mais eu poderia fazer?


 Ok, tá legal que eu só faço merda, mas nessa eu consegui me superar. Até a voz na minha cabeça dizia “Francamente, Evans, você tem mesmo um cérebro?”.


 Parada naquele corredor, as paredes pareceram se fechar sobre mim. Eu não sabia o que fazer e a hipótese de que James poderia nunca me perdoar me trazia a sensação do chão sumir sob meus pés. Então eu fiquei lá, parada, olhos desfocados e sem a mínima noção do que estava acontecendo do lado de fora. Naquele momento, a única coisa que me importava era a possibilidade de eu ter conseguido estragar minhas chances com James Potter.


 


- Lily? – alguém chamou meu nome, mas não atendi – Lily? Você está bem?


- Eu não sei. – respondi sinceramente. Tinha certeza que conhecia aquela voz, mas não sabia de onde e meu corpo não obedecia às ordens do cérebro.


 


A garota riu simpática.


 


- Vamos, Lily, o que te aconteceu? Você está pálida e sozinha neste corredor, isso é no mínimo estranho. – ela insistiu – Já sei. Vamos à cozinha e peço que os elfos te preparam um chocolate. Garanto que se sentirá melhor, o que você acha?


- Obrigada. – sorri fracamente para Ariane Lensher, havia finalmente reconhecido a voz.


 


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Ariane Lensher era uma Corvinal muito simpática. Nós nos tornamos amigas fazendo algumas aulas juntas no quinto ano e Nick também gosta muito dela. Ela tem lindos cabelos louro escuro que descem até o meio de suas costas, olhos azul esverdeado e é um tanto mais alta que eu. O que não é difícil, já que eu sou “um chaveirinho”, como diz meu pai.


 A Nani, como os íntimos chamam, também é muito prestativa. Acho que quase o castelo inteiro a admira, claro que o fato dela ser super amiga da Alice Lafferty ajuda no quesito popularidade.


 


- Por favor, vocês podem nos preparar duas xícaras de chocolate quente com biscoitos? – pediu educadamente a um dos elfos quando entramos na cozinha. O mesmo saiu às pressas imediatamente para atender seu pedido – Sente-se aqui, Lily.


- Obrigada, Nani. – agradeci mais uma vez. Nem somos tão amigas para ela estar agindo assim comigo.


- Não precisa agradecer, Lily, sei que faria o mesmo. – falou piscando para mim – Então, sente-se à vontade para conversar comigo sobre o que houve com você, ou prefere falar de outra coisa? Sabe, não gosto de passar muito tempo calada.


- Eu posso te falar em partes? É meio que um segredo. – pedi.


- Fale o que quiser. – respondeu sorrindo enquanto aceitava a badeja que o elfo lhe entregava – Só espero que não esteja de regime.


 


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Jéssica Buttler


 


De todos os lugares possíveis e imagináveis neste castelo, este é, sem sombra de dúvida, o meu favorito: a biblioteca.


Não, não sou uma nerd. Na verdade, estudar é o que menos venho fazer aqui. Gosto deste lugar pelo silêncio e a imensa quantidade de livros. Adoro ler. Todo tipo de coisa, mas os romances são meus favoritos.


Eu sempre fui meio sonhadora, mas, sinceramente, que garota nunca quis ser a Cinderela? Bem, pra falar a verdade, eu mesma nunca quis. Sempre achei a história da tempestuosa Scarlett O’Hara mais interessante... Mas deu pra entender o contexto, não deu?


Andando entre as estantes, procurava um título que me chamasse atenção e que ainda não tivesse lido, coisa que não era bem fácil, já que vinha a esta seção desde o primeiro ano. Tirava alguns para examinar, mas os devolvia. Parava em frente a alguns, mas não os escolhia... Sempre demorei para escolher meus livros, no entanto, costumava fazer ótimas escolhas.


O que despertou meu interesse foi um livro de capa grossa de um verde tão escuro que se assemelhava a preto, letras douradas formavam as palavras “Livro do Desassossego – Fernando Pessoa” e tinha o aspecto novo, o que é muito bom para a minha rinite. Só Merlin sabe como já sofri com alguns livros daqui... Bom, acho que será este.


Retirei o livro da biblioteca e fui ler nos jardins, quando me dei conta da hora e da fome, já estava escurecendo.


 


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Nicole Carrew


 


- Lily, me desculpa, por favor! – pedi ficando de joelhos em meio ao grande salão – Por favor! Por favor! Por favoooor! – implorei fazendo a minha melhor cara de arrependida.


- Nick, levanta daí. – Lily olhava para os lados constrangida.


- Você vai me perdoar? – agarrei as pernas dela.


- Tá tudo bem, já esqueci. – falou depressa – Agora levanta antes que eu mude de idéia.


- Eu te amo, amiga. – disse quando levantei e abracei-a em seguida.


- Alguém tem que amar, não é? – falou cabisbaixa.


- Iiih... O que aconteceu com você? – perguntei preocupada.


- Nada de mais... – respondeu – É sério! – acrescentou quando lhe lancei um olhar descrente.


- Bom, quando você quiser conversar, estou aqui, ok?


- Eu sei. – ela sorriu amarelo.


- Agora vamos jantar! Eu tô morrendo de fome, você não? – perguntei puxando-a para o grande salão – E aonde se meteu a Srtª. Buttler?


- Ela estava lendo nos jardins. – respondeu Jéssica nos abraçando por trás – Lily, sua cara tá horrível, aconteceu alguma coisa?


- Ela não quer falar. – respondi girando os olhos.


- Então vamos jantar logo, eu tô morrendo de fome, vocês não? – perguntou Jéssica me fazendo rir.


 


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- Ok, ok. Eu falo! – disse Lily de repente no meio do jantar. Nós a olhamos com cara de interrogação – Não se façam de bobas. Vamos logo pra lá que eu conto tudo.


 


Bem, entendam o nosso “lá” como: banheiro feminino do segundo andar. É o lugar perfeito para fofocas porque está sempre vazio e é a coisa mais rara do mundo aparecer alguém por lá.


 


- Então...? – perguntou Jéssica enquanto sentava-se numa das pias.


- Bom, tudo começou quando a Srtª. Carrew resolveu ir atrás do namorado... – começou Lily.
- Hey! Eu fiz por boas razões. – reclamei fechando a cara.


- Tá, Nick, eu sei. – disse Lily girando os olhos.


- É, continua logo. – pediu Jeh.


 


Lily nos contou tudo o que aconteceu e eu fiquei boquiaberta com o fato dela estar caidinha pelo Potter. Aliás, por que eu não sabia disso!?


 


- Hey! Por que eu não fui informada disso? – reclamei fazendo bico.


- Ela me forçou a falar! – defendeu-se Lily apontando para Jéssica.


- Eu!? – Jeh perguntou indignada – Eu não fiz nada!


- Tá legal, chega. – pedi – O que interessa agora é que eu sei. – sorri.


- Grande. – disse Lily irônica – Ele nunca mais vai olhar pra mim mesmo...


- Claro que vai! Deixa de negativismo. – falei. Detesto gente pessimista.


- É, Lily, você só precisa de um pouco de insistência. – disse Jeh pensativa.


- O que você quer dizer com isso? – Lily perguntou confusa.


- Que se você persistir em falar com ele, uma hora ele vai ter que ceder. – falou confiante – Nem que seja pra você parar de encher o saco. – eu ri.


- Poxa, Jeh, essa foi horrível! – falei rindo também.


 


Em poucos segundos estávamos as três dando gargalhadas só por causa desta bobagem. Para meu infortúnio, eu não estava me agüentando em pé e resolvi me apoiar num dos boxes... Só que ele estava aberto, o que me fez cair com tudo em cima do sanitário e eu fiquei com a saia toda molhada daquela água nojenta. Eca!


 


- Nick... Você es... Está bem? – Lily perguntou arfando enquanto recuperava o fôlego.


- Eu acho que... – ia responder enquanto tentava me levantar. Foi quando percebi o tamanho do problema – Meninas... Eu acho que estou presa! – gritei tentando me levantar, mas sem sucesso.


 


Como eu tenho ótima amigas, a resposta que recebi foram mais gargalhadas. Vocês também não amam estas garotas?


 


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-Bom, é hora de irmos para os dormitórios. – falou Lily, responsável como sempre, depois que conseguiram parar de rir e me ajudar.


- Só vou depois que você me disser uma coisa. – falei.


- O quê? – perguntou intrigada.


- Você vai atrás dele? – perguntei esperançosa. Jeh olhou-a curiosa.


 


Lily nos olhou como se estivesse surpresa com a pergunta. Ela pensou por alguns instantes antes de suspirar e responder.


 


- Vou sim. – sorriu fracamente.


- É assim que se faz! – Jeh exclamou animada.




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N/A: Beijooooos, espero que tenham gostado. 




Lizzie.

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