Encontre-me... Se For Capaz

Encontre-me... Se For Capaz



Capítulo VI – Encontre-me... Se For Capaz


 


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Estou indo te encontrar


Te dizer que eu sinto muito


Você não sabe quão adorável você é


Eu tive que encontrar você


Te dizer que eu preciso de você


 


(Coldplay - The Scientist)


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Lily Evans


 


As semanas que se seguiram foram marcadas pelas inúmeras tentativas de ter uma conversa com James Potter. Neste meio tempo eu aprendi que: se James Potter não quer falar com você, encare isto como uma missão impossível. Fala sério! O garoto parece que sabe exatamente quando e onde eu estou me aproximando e, de repente, some! É, desaparece num piscar de olhos!


A mais impressionante de todas estas fugas foi uma noite em que o vi entrar num banheiro do quarto andar e resolvi esperá-lo na porta. Achei que finalmente tinha vencido... Mas, duas horas depois eu continuava plantada lá, imaginando se ele teria se afogado na pia ou tido um derrame repentino. Foi quando Nick e David passaram por mim, então eu o pedi pra dar uma olhada e ele voltou pouco depois dizendo com toda certeza que o banheiro estava vazio. Sei que estava dizendo a verdade porque eu mesma fui conferir depois que ele me falou.


 É, eu sei que é ridículo, mas foi inacreditável! Como, eu repito, COMO ele pode ter saído!? Vou confessar, isto é altamente frustrante e eu necessito de chocolate agora mesmo!


Um abraço também seria legal... Ok, estou chegando ao limite da carência. Controle-se Lily!


 


XxXxXxXxXxXxX


 


Ao fim de uma aula de Transfiguração numa monótona tarde de quarta-feira, eu observava James se retirar da sala rindo-se com seus amigos e me perguntava: se ele pode deixar pra lá, por que eu também não?


 


Meu momento de divagação foi interrompido por um garoto moreno que me chamou.


 


- Fala, Longbottom. – respondi sem emoção.


- Desculpe, é uma hora ruim? – perguntou. Senti certa simpatia por ele neste momento.


- Atualmente, é difícil encontrar uma que não seja. – espantei-me com minha própria sinceridade – Mas então, o que deseja?


- É que... Eu nunca... Quer dizer... – ele pigarreou para tornar a voz mais firme – Eu nunca te agradeci como deveria por ter me ajudado a sair daquela encrenca em Hogsmead e eu reparei que até brigou com o Potter por causa disso... Eu queria dizer: muito obrigada, Lily, e desculpa ter sido rude com você naquele mesmo dia. Não era uma boa hora. – eu o olhei espantada, confesso que já não me lembrava disto.


- Tudo bem, não tem problemas. – menti. É claro que tem problemas! Acaba de me ocorrer que isto tudo é culpa dele!


- É, mas... Eu me sinto na obrigação de retribuir... Tem algo que eu possa fazer por você?


“Jogue-se da torre de astronomia, Longbottom!” – gritei mentalmente.


- Você me deve um whisky de fogo. – lembrei na hora. Ele ficou vermelho.


- É verdade. – disse rindo – Olha, ainda temos que iniciar aquele trabalho de Poções, eu estava pensando em fazer algo esta semana, já que tem outra visita no sábado, se importa de começarmos hoje e depois pensamos em como vou te pagar? – eu arregalei os olhos para ele – Não, não estou te chamando pra sair. – acrescentou rapidamente levantando as duas mãos. Eu ri.


- Tudo bem, eu tenho um horário livre depois do almoço... Fica bom pra você?


- Perfeito. Nos encontramos na biblioteca?


- Combinado. – sorri para ele – Você é legal, Longbottom.


- Frank. – pediu – Até mais, Evans. – sorriu tímido e se retirou.


 


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Jéssica Buttler


 


- E então... Falou com ele? – perguntei a Lily quando me sentei ao seu lado à mesa da Grifinória. Havia faltado às aulas da manhã, estava me sentindo mal.


- Não. – respondeu quase que automaticamente.


- Ele sumiu outra vez?


- Não.


- Te ignorou?


- Não.


- Vou ter que adivinhar? – estava começando a me irritar.


- Não. – serrei os olhos para ela, que suspirou e completou – Longbottom veio falar comigo.


- Sério? O que ele queria? – perguntei interessada.


 


Lily me contou a curta história com um tom de voz tão entediado que me deu pena. Eu queria poder fazer alguma coisa.


 


- Olá, garotas. – disse Nick sentando-se ao meu lado – Qual é a boa?


- Nenhuma. – disse Lily com cara de enterro. Nick a olhou intrigada.


- Ela não conseguiu falar com James outra vez. – expliquei.


- E nem vou, o cara parece que consegue apartar aqui dentro! – explodiu Lily.


- Bem... Talvez se nós tivéssemos ajuda de dentro... – disse Nick pensativa.


- O que você quer dizer com isso? – perguntei empolgada.


- Alguém que saiba onde e quando ele vai estar de uma maneira que ele não possa escapar... – explicou – Conhecem alguém assim?


- Existem três pessoas assim. – respondi – Black, Pettgrew e Lupin. – falei contando nos dedos – Esqueçam o Black, ele é pior que parede de igreja reforçada.


- Quem é Pettigrew? – perguntou.


- Um gordinho que vive atrás do Black e do Potter. – respondeu Lily.


- Será que ele estaria disposto a nos ajudar? Talvez pudéssemos suborná-lo! – disse Nick empolgada.


- Não sei... Seria sujo. – comentei – E nós nem temos com que suborná-lo. – falei pensativa.


- Então nos resta... – disse Nick, provavelmente tentando lembrar o nome do garoto.


- Lupin! É claro! – falei me animando – Lily, é perfeito.


- O quê? – perguntou Lily, que parecia estar desligada do mundo nos últimos segundos.


- Você é amiga do Lupin, ele pode te ajudar. – respondi.


- É aquele garoto que faz dupla comigo? – perguntou Nick.


- Este mesmo.


- Desista, ele é muito chato. – disse Nick.


- Ele não é chato. – retrucou Lily – Mas não sei se me ajudaria...


- Precisamos encontrá-lo sozinho. – falei – Mas parece que os quatro estão sempre juntos!


- E se eu o chamasse para “falar do trabalho”? – sugeriu Nick, fazendo aspas com os dedos.


- Nick, você é um gênio. – falei sorrindo para ela.


- Eu sei. – disse convencida.


 


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Lily Evans         


 


- É um feitiço bem simples que vai dar um efeito bom na apresentação, sabe? Algo dinâmico, pra não ficar todo mundo cochilando enquanto a gente fala, como sempre acontece. – falei, mas ele não estava prestando atenção – Frank? – não houve resposta – Frank!?


- O quê? Ah, sim, concordo com você. – falou me olhando surpreso – Lily, você é um gênio. – elogiou na maior cara-de-pau.


- Sou, é? Obrigada, Frank, mas... O que foi mesmo que eu disse? – perguntei fazendo cena – Às vezes eu esqueço as coisas tão de repente... – o olhei esperando pela resposta.


- Bom, você... Disse que... É... – eu me divertia enquanto ele procurava palavras – Tá legal! Você me pegou, eu não estava prestando atenção. – confessou e riu logo em seguida, eu ri também.


- Ahá! – exclamei baixo depois de olhar em volta – Lá está a causadora de distrações... – comentei divertida olhando um grupo de meninas que havia entrado recentemente na biblioteca.


- Eu não estava olhando para a Lafferty! – disse num sussurro urgente.


- Eu não disse que era ela. – sorri vitoriosa, ele ficou branco, tive pena – Ah, se acalma, eu n... – não pude terminar a frase, pois ele se levantou e saiu me puxando para o fundo da biblioteca.


- Escuta aqui, isto é sério! – disse quando chegamos ao fim do último corredor – Você não pode dizer a ninguém que eu... – olhou nervoso por cima do ombro e baixou a voz – Bem... Que eu... Tenho uma quedinha pela Al... Lafferty.


- Por quê? – eu realmente não entendia porque tanto alarde. Tudo bem que ele é tímido, mas algo me dizia que isto ia além de uma simples timidez.


- Por quê? – perguntou como se não houvesse resposta mais óbvia – Lily, olha só pra mim! Garotas como a Lafferty jamais sairiam com caras como eu. – alguém mais teve um dé javù?


 


Olhei bem para Frank. Sabe, ele até que não é mau. Na verdade, se aparentasse um pouco mais de confiança, aposto que ganharia algumas fãs. Aliás, estou começando a achar que ele e Alice fariam um belo casal.


 


- Eu acho que você tem chance. – conclui. Ele me olhou como se questionasse minha sanidade.


- Você pirou. – não, ele não fez uma pergunta. É isso que se ganha por tentar ajudar as pessoas.


- Não, Frank, estou falando sério. – revirei os olhos – Você só precisa acreditar mais em si mesmo. – encorajei-o.


- Acha mesmo que eu teria alguma chance contra alguém como o Stark? – perguntou cético.


- Tenho certeza. – confirmei sorrindo. O Ego dele pareceu inchar.


- Então... Qual era mesmo a sua idéia para a apresentação? – perguntou animado.


- Ah, sim. Era... Era... – o que é que era mesmo? – Hum... Eu esqueci. – falei batendo a palma da mão na testa, o que nos provocou uma crise de risos.


 


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Nicole Carrew


 


- Oi Lupin, eu queria te encontrar hoje mais tarde pra a gente começar a fazer aquele bendito trabalho de Poções, então, eu tava pensando na quinta sala do quarto andar, às sete. Tá bom pra você? Tô esperando resposta, até mais, Nicole Carrew – li para Jéssica o bilhete que havia acabado de escrever – O que você acha?


- Tá legal. – respondeu – Espero que ele responda logo. – disse consultando o relógio – Temos duas horas até lá.


- Então vamos logo ao corujal. – ela concordou e rumamos para fora do castelo.


- Lily está atrasada. – comentou quando estávamos no meio do caminho.


- Frank deve ter se atrapalhado com alguma coisa. – respondi distraída – Ele é realmente desastrado, mas é muito gente boa.


- Não sabia que eram amigos.


- Estamos mais pra colegas, sabe, nos conhecemos nas aulas de adivinhação do terceiro ano.


- Longbottom faz adivinhação!? – perguntou espantada.


- Não... Ele desistiu quando a professora Scoss disse que via uma dor insuportável no futuro dele. Quer dizer, quem não ficaria assustado?


- Mas ela pode ter errado. – contestou – Isso pode nunca acontecer. Até mesmo profecias feitas por famosos videntes, às vezes, não se cumprem.


- Mas o “talvez” assusta, Jeh. – suspirei – E, provavelmente, um “talvez” de dor insuportável e sem morte deixaria apavorado o mais corajoso grifinório.


 


Permanecemos caladas até chegarmos à torre onde as corujas descansam. Não sei o motivo, mas gosto deste lugar.


Mandamos o bilhete por uma coruja parda da escola, o sol começava a se pôr dando um lindo tom róseo dourado ao céu.


 


- Ainda temos algum tempo... Acho que vou dar uma volta perto do lago. – disse Jéssica quando descíamos as escadas – Quer vir comigo?


- Não, obrigada. – falei já sabendo que era a resposta que ela queria ouvir – Vou encontrar o David, até mais tarde.


- Às seis e quarenta e cinco, no local combinado.


- Vou falar com a Lily. – falei por fim e tomamos direções opostas ao descer o último degrau.


 


 


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Lily Evans


 


Após um breve bronca da Madame Pince por “rir alto demais”, voltamos à nossa mesa ainda um pouco risonhos, foi quando vi a cena que fez meu estômago parar nos pés. James estava sentado com as meninas que haviam entrado com Alice, que davam risadinhas discretas enquanto ele ensinava algo à Ariane, estavam próximos demais e ela estava vermelha.


 


- Lily, pode me explicar isto aqui outra vez? – pediu Frank.


 


James deve ter ouvido, pois levantou a cabeça e olhou na nossa direção uma fração de segundo depois. O olhar durou não mais que o tempo suficiente para que ele me lançasse um pouco de desprezo, eu baixei os olhos e me sentei ao lado de Frank sem saber ao certo o que deveria sentir.


 


- O quê mesmo? – perguntei querendo afastar alguns pensamentos.


- Nada importante. O que houve com você?


- O quê?


- Você ficou branca de repente, o que houve? – ele parecia preocupado. Merlin, eu devia estar horrível.


- Não foi nada. – respondi olhando discretamente para James, que se levantava naquele momento.


- Foi o Potter? – perguntou num sussurro quase inaudível.


- Quê!? – exclamei espantada, mas em voz baixa – De onde você tirou isso? – Frank suspirou.


- Eu pareço idiota, Lily, mas só pareço. – respondeu em tom impaciente – Então, foi o Potter ou não? – perguntei quando abri a boca para protestar.


- Foi. – respondi de má vontade.


- Pensei que não fossem muito amigos.


- Não éramos.


- Então...? – perguntou interessado. Suspirei antes de responder.


- Tá, eu vou te contar.


 


XxXxXxXxXxXxX


 


- Eu acho que você devia tentar falar com ele outra vez... – disse Frank pensativo quando acabei o meu “resumo”.


- Eu já tentei! – reclamei.


- Tenta de novo! – insistiu – Olha, Lily. – ele olhou em volta e baixou a voz – Eu cansei de escutar conversas sussurradas de madrugada sobre você naquele dormitório, se o Potter gosta de você como diz aos amigos, você só precisa dos argumentos certos.


- E ele seriam...? – perguntei interessada.


- Eu não sei. – respondeu simplesmente.


- Como assim não sabe!? – me controlei para não gritar.


- Eu só sei do que eu escuto, mais nada, não o conheço bem, esqueceu? – perguntou fazendo tom de óbvio.


 


Olhei para ele pensativa.


 


- Quinto corredor à esquerda. – informou começando a juntar as coisas – Terminamos outro dia. – completou levantando-se e dando um sorriso encorajador.


 


Com um pouco de frio na barriga, fui andando lenta e silenciosamente ao local indicado por Frank. James estava lendo algo distraidamente, sentado no parapeito da janela. O nervosismo aumentava a cada passo dado, com certeza havia algo se movendo no meu estômago.


Ele percebeu minha presença quando estava a poucos passos, fechou o livro enquanto eu me aproximava e, quando parei em sua frente, levantou-se da mesa e se retirou me deixando, pela segunda vez, sozinha num corredor.


 


 


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Jéssica Buttler


 


Adoro a cor do céu ao pôr-do-sol, a brisa do outono no fim da tarde e, o melhor de tudo, é que é sempre calmo do lado de fora do castelo a esta hora. Perfeito para apreciar a paisagem, pôr os pensamentos no lugar... O reflexo do fim do dia na superfície parada do lago negro dava ao lugar um aspecto de sonho.


Estava pensando em nada especial, apenas imaginando o futuro, tenho feito muito isso ultimamente, talvez por ser meu último ano aqui, sei lá, mas dá a impressão de que fora destes muros vai ser como andar no escuro.


Aquela tarde, porém, havia uma pessoa encostada em uma pedra próxima ao lago. Um conhecido garoto moreno lia um livro de capa preta cujo título não consigo entender graças a minha querida miopia.


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Lily Evans


 


Resolvi me esconder no dormitório depois da cena na biblioteca. Tomei um banho, troquei de roupa e estava pronta para ir dar uma volta quando reparei no bilhete de Nicole em cima da cama. Céus, já havia me esquecido disto...


Já que ir até o quarto andar se encaixa em “dar uma volta”, me encaminhei para o local para dizer a Nick que ela teria mesmo que fazer o trabalho esta noite, James Potter nunca mais falaria comigo.


 


XxXxXxXxXxXxX


 


Eram exatamente seis e quarenta e três quando Nicole entrou na sala sorrindo radiante, percebi que havia mudado as cores do cabelo, estava agora com as pontas e a parte da franja roxas.


 


- Boa noite, Lily. – disse sentando-se na mesa – Por que a cara de enterro?


- Cancele os planos, não tem chance de dar certo. – falei desanimada. Nick me olhou confusa.


 


Contei-lhe sobre a biblioteca, ela ficou calada por alguns instantes.


 


- Bom, agora já sabemos o que fazer. – disse voltando a sorrir.


- Como é que é? – perguntei começando a duvidar que ela tivesse ouvido minha história.


- Isto mesmo, agora sabe o que pedir ao Femus.


- É Remus, por Merlin! – a voz irritada de Remus entrou na sala junto com ele próprio, que abrira a porta naquele exato momento.


- Ai, quem mandou ter um nome tão difícil? – Nick revirou os o lhos.


- Meu nome não é difícil, você é que não tem memória!


- Mas é diferente, o que o torna difícil de lembrar. – retrucou ela – Não tem nenhum nome mais comum, não?


- Tá, tá... Me chama de John. – disse já impaciente – Será que dá pra falarmos do trabalho agora?


- Trabalho? – Nick enrugou a testa pensativa – Que trabalho?


 


A expressão no rosto de Remus não podia ser mais assassina. Ele tinha impressa no rosto a mistura perfeita de incredulidade, raiva e indignação. Eu tinha certeza de que ele estava prestes a lançar em Nicole a pior azaração em que conseguisse pensar.


 


- Que trabalho? – repetiu soltando uma risada irônica – Tá brincando, né?


- Eu lá tenho cara de quem brinca?


- Como assim “que trabalho”?


- Do que diabos você está falando?


- Quer parar de responder com perguntas?


- Quer parar de fazer o mesmo?


 


Os dois se olhavam, Nick desafiadora e Remus assassino. Eu quase podia ver as faíscas saltando entre eles.


 


- Ok, chega. – interferi – É tudo culpa minha. – Remus me olhou confuso – Nick queria me ajudar, achou que você podia contribuir e inventou essa história toda de trabalho.


- Ajudar em quê? – Remus perguntou interessado.


 


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Jéssica Buttler


 


Não sei por que, mas achei que devia cumprimentá-lo.


 


- Oi, Black. – falei encostando-me à pedra.


 


Ele, que não havia reparado minha presença até então, levou um baita susto, fechou o livro imediatamente e me olhou um tanto irritado.


 


- Boa noite, Buttler. – respondeu desviando o olhar para o lago.


- Vejo que conseguiu sair da detenção, aprendeu a limpar as coisas, finalmente?


- Não foi necessário, um pouco de magia clandestina sempre resolve. – respondeu com o famoso tom superior que sempre o vejo usar com as pessoas para que o admirem. Eu ri.


- Interessante. – comentei – O que está lendo?


- Você não enxerga?


- Na verdade, não muito bem. – respondi sem me importar com a grosseria. Ele também não se importou.


- Feitiços. – fala simplesmente.


- Black estudando? – estranhei a resposta – Tá aí algo que não se vê todos os dias. – sentei-me ao lado dele – Você sempre estuda aqui?


- Ah, vamos lá, você pode ser mais criativa que isso. – falou soltando uma risada maliciosa.


 


Demorei uns dois segundos até entender do que ele estava falando para depois cair na gargalhada.


 


- Não tinha pensado nesta possível ambigüidade. – comentei ainda rindo.


- Cuidado com o que fala. – recomendou sério.


- Mas você entendeu a pergunta.


- Geralmente venho quando quero ser deixado em paz. – retornara com o tom frio.


- Também não precisava ser tão gelado. – respondi amarrando a cara.


- É a estação.


- Sempre o tom de mistério...


 


 


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Nicole Carrew


 


- Viu? Foi fácil. – disse à Lily, que ainda estava desanimada.


- Não sei, Nick, isso não me parece...


- Hey! Lily Evans, a Senhorita está proibida de pensar desta forma. – interrompi-a – Encare como o seu último trunfo, afinal, não temos mais nenhuma opção. – Lily suspirou.


- Ok, vou fazer o máximo pra não desistir até lá.


- Pode deixar que me encarregarei disto, nem falta tanto tempo assim. – pisquei para ela – Aliás, me encarregarei de dar um bronca na Srtª. Buttler também. – acrescentei lembrando daquela furona.


- É... Onde será que ela se meteu?


 


 


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Jéssica Buttler


 


O sol sumira completamente e a lua nova começava a surgir. Sirius fazia comentários soltos sobre estrelas e constelações, parecia apreciá-las de uma maneira bastante incomum para um cara tão frio. As conversas desta tarde haviam sido bastante estranhas, na verdade, eram apenas fragmentos, como duas pessoas comentando o clima dos últimos dias enquanto esperam numa fila.


Algo nele me prendia ali e me dizia que ele queria que eu ficasse.


 


- Olha lá uma estrela cadente! – exclamei animada apontando para o céu.


- Hã?


- Faz um pedido. – expliquei fechando os olhos.


- Pra quê? Não vai se realizar.


- Você é sempre assim tão frio? – perguntei encarando-o.


- Sim.


- Por quê?


- Não sei. – respondeu desviando o olhar.


 


Voltei a observar o céu, a ausência da lua fazia com que as estrelas brilhassem mais forte, também não havia nuvens.


 


- Quer saber o que eu acho? – perguntei de repente.


- Não.


- Acho que você tem medo. – falei ignorando-o.


- Acho que disse que não queria saber. – falou revirando os olhos.


- Foi uma pergunta retórica. – respondi dando de ombros – Mas não consigo entender por que.


- Talvez porque não haja o que entender.


 


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Sexta-feira da mesma semana


Lily Evans


 


Trinta minutos, estou infartando.


Nick está falando qualquer coisa enquanto me puxa pelo braço através dos gramados, mas não ouço nada do que diz. Olho para o relógio, vinte e oito minutos.


 


XxXxXxXxXxXxX


Chegamos ao local combinado, Jéssica não estava lá, Nick parece reclamar de algo, meu cérebro não funciona, como se eu tivesse sido estuporada. Jéssica chegou e fez um sinal positivo, não me senti mais tranqüila por isto. Quinze minutos, algo em minha barriga começa a revirar.


 


XxXxXxXxXxXxX


 


Acabou, ouvimos a conversa animada e os sete pares de pés se aproximando até passarem por nós e entrarem no aposento. Respirei fundo.


As três garotas saíram bem pouco depois de entrar, outros dois garotos saíram logo em seguida. Esperamos mais alguns minutos.


 


- Vamos logo, Pontas! – Black estava parado à porta – Estou morrendo de fome aqui.


- Não encontro meus óculos. – reclamou James lá de dentro.


- Que tal usar um accio? – sugeriu Black mal-humorado.


- Claro que já, mas não está em lugar algum! – Jéssica segurava o riso e os óculos de James ao nosso lado enquanto o ouvíamos revirar as coisas.


- Então os deixe aí e vamos embora, outra hora a gente volta.


- Não posso andar por aí sem óculos. – James apareceu à porta ao lado de Black usando os óculos especiais para quadribol – Tem noção de quantos graus eu uso?


- E que tal ficar com estes aí? – James fechou a cara para ele – Tá, foi só uma sugestão...


- Olha, não precisa me esperar, ok? Eu vou achar logo. Vai na frente que eu te encontro depois.


- Se você tem certeza... – disse Black finalmente se desencostando da porta – Até mais, cara.


 


Minhas pernas começaram a tremer, de repente, esqueci o que pretendia falar, as mãos suavam e a coisa no meu estômago estava realmente inquieta.


 


- É agora. – sussurrou Jeh – Trancarei a porta assim que você entrar. – ela pôs uma varinha diante de meus olhos – Guarde isso bem, não o deixe saber que está com você.


- Mas de qu... – comecei.


- Do Potter, é claro. – Nick respondeu séria – Usamos um convocatório não-verbal assim que Black saiu, ou você acha que ele não poderia tentar sair usando a própria varinha?


- É... – na verdade, não havia pensado nisso.


- Boa sorte – sussurram juntas me empurrando dento do vestiário de quadribol com os óculos de James na mão e a varinha no bolso da capa.


 


Ouvi as trancas estalarem e os feitiços sussurrados do outro lado da porta. Ok, Lily, respira. Comecei a caminhar silenciosamente pelo aposento, para mim, desconhecido, segui o barulho de objetos sendo revirados.


James despejara o conteúdo de uma gaveta no chão e agora remexia tudo à procura dos óculos. Eu pensava em como começar.


 


- O que está fazendo aqui, Evans? – falou James de repente e, logo após, se virando para me encarar.


 


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