O Desvio de Curso



Capítulo VIII – O Desvio de Curso


 


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O amor tem as suas razões que a lógica não compreende como o destino tem as suas ironias que a razão não explica...”


 


(Autor Desconhecido)


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Nicole Carrew


 


- Pela enésima vez, Jeh, acho que a Lily não gostaria de envolver mais ninguém nesta história. – falei ainda calma, embora estivéssemos nesta discussão a muito mais tempo do que eu gostaria.


- Mas pode ter acontecido alguma coisa com a Lily! – insistiu Jéssica – Você ouviu a parte em que eu disse que ela não voltou ao dormitório?


- Ouvi, mas a Lily sabe se virar. – ela me lançou um olhar indignado – Olha, não é que eu não me importe, mas notícia ruim chega rápido. – dei de ombros, ela fechou ainda mais a cara.


- Se você acha que eu vou ficar aqui parada esperando me dizerem que a minha amiga desapareceu... – ela não conseguiu terminar a frase.


- Bem, o Potter também não apareceu, eles ainda devem estar juntos. – falei despreocupadamente, mas a expressão no rosto de Jéssica me surpreendeu – O quê?


- Você está dizendo que acha que eles... – e, então, a compreensão me atingiu.


- Por Merlin, não! – me apressei em responder, um pouco assustada com o rumo da conversa – Eu só estava dizendo que eles podem ter se empolgado na conversa, ou sei lá! Definitivamente, não era nisto que eu estava pensando.


 


Jéssica me olhou desconfiada por mais alguns segundos e depois se calou. Ninguém falou até que um garoto de cabelos castanhos sentou a nossa frente e nos cumprimentou.


 


- Bom dia, garotas. – disse ele.


- Bom dia, Joey. – respondi alegremente, o garoto fechou os olhos por um segundo com uma expressão estranha no rosto, mas voltou ao normal quando os abriu.


- Então, como vão? – perguntou. Não sei por que, mas achei a pergunta estranha, como se houvesse algo por trás.


- Bem. – disse levemente desconfiada – E você?


- Ah, muito bem. Er... Alguma novidade? – perguntou no mesmo tom de antes. Jéssica o olhou desconfiada e levantou  uma sobrancelha antes de responder.


- Não, nenhuma. E você, Lupin, novidades?


- Também não...


 


Mais alguns segundos em silêncio até que Jéssica falou.


 


- Estranho você perguntar.


- Por quê? Aconteceu algo? – eles falavam no mesmo tom desconfiado e curioso. Que conversa estranha!


- Não, ficou sabendo de alguma coisa? – eles começaram a se aproximar um do outro por cima da mesa.


- Não, há algo que eu deveria saber? – Joey perguntou se aproximando mais.


- Ok, alguém pode me dizer que raios de conversa é esta? – perguntei perdendo a paciência.


 


Os dois me olharam rapidamente e depois voltaram a se encarar de olhos cerrados.


 


- Tudo bem, eu não agüento mais. – disse Jéssica também impaciente – James voltou à torre ontem à noite?


- Não, Lily também não apareceu? – Joey enrugou a testa – Será que eles ainda estão juntos?


- Eu tinha acabado de dizer isso. – falei, os dois se voltaram para mim novamente.


- Mas isso é estranho, James sabia do jogo de hoje de manhã...


- E Lily nunca desapareceu antes. – disse Jéssica.


- Ótimo, agora temos certeza de que estão juntos. – insisti revirando os olhos – É tão óbvio.


- Não é, Nick, quero saber o que aconteceu! – replicou Jeh.


- Ela nos contará quando nos encontrar, por que a pressa?


- E quando ela vai aparecer? – perguntou ela quase se exasperando.


 


Soltei um suspiro de impaciência e fingi que não a escutava. Não era fácil me fazer perder a paciência, insistência era uma das poucas coisas que conseguia isso. Comecei a olhar em volta do salão enquanto tornava a me acalmar, estava muito cheio e agitado por causa do jogo. Detive meu olhar na porta, onde havia menos pessoas, por isso, vi antes dos outros a dupla que chegava ao salão.


 


- Um já apareceu. – comentei com os dois, que seguiram meu olhar no mesmo momento em que o resto dos alunos se dava conta da presença do jogador que faltava.


 


A agitação foi geral quando James Potter se fez notar no salão. O barulho dos assovios, aplausos e vaias habituais encheram o ar para recepcioná-lo.


 


- Sem chance de comunicação por enquanto. – disse Joey à pergunta nos olhos de Jéssica.


- Nem você? Quer dizer, são melhores amigos!


- Bem, se eu conseguisse passar por aquela muralha... - disse indicando a enorme quantidade de pessoas que cercava James – Não... Ele não me ouviria nada que não tenha a ver com quadribol, de qualquer jeito.


 


Jéssica ficou chateada por um instante, mas se conformou logo depois.


 


 


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Jéssica Buttler


 


 


 


Lupin voltou para perto de seus amigos pouco tempo após a entrada de James no salão. David logo veio se juntar a Nick e eu e, assim que terminamos o café, partimos para o campo a fim de pegar bons lugares.


 


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Sirius Black


 


 


Eu observava James enquanto estávamos no vestiário, ele parecia não ter pregado os olhos a noite inteira. Não que eu esteja preocupado, mas, confesso, estou muito curioso, nunca vi alguém com uma aparência tão cansada e tão feliz ao mesmo tempo. Tentei lhe questionar o que acontecera mais duas ou três vezes, mas não recebi nenhuma explicação além de “agora não” seguido de um sorriso bobo.


 


- Pontas, não devia voar nestas condições. – alertei após um tempo a mais o observando. Ele bufou e revirou os olhos.


- Bobagem, Almofadinhas, estou ótimo. – respondeu contendo um bocejo.


- Mal consegue manter os olhos abertos! – repliquei num sussurro urgente – Um vento forte o derrubará fácil deste jeito!


- Não se preocupe com besteiras, cara, é só até o café fazer efeito – disse ainda despreocupado enquanto consultava o relógio – Dois minutos, Time. – continuou aumentado o tom de voz – Vamos ensinar aquelas cobras que o lugar delas é no chão! – gritou entusiasmado.


 


Aos gritos de aprovação e assovios, o time deixou o vestiário se dirigindo para a entrada do campo. Continuei parado olhando severamente para James.


 


- Relaxa, Almofadas. – disse pondo a mão em meu ombro com um sorriso confiante – Isso vai ser mole! Estará acabado antes que consiga dizer “Quadribol”.


 


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Peter Pettigrew


 


Remus se juntou a mim na arquibancada da Grifinória poucos segundos antes dos jogadores entrarem em campo. A voz magicamente aumentada de Frank Longbottom enchia o estádio enquanto os times tomavam posição.


 


- A novidade desta temporada é alteração no time da Grifinória. Com o capitão Potter passando para a posição de artilheiro, Collins assumiu a caça ao pomo de ouro. O time da Sonserina continua com a mesma formação. – ele fez uma pausa enquanto os capitães apertavam as mãos no centro do campo – A goles foi lançada... E começa a partida!


 


Os catorze vultos subiram velozes no ar e começaram a movimentar-se em todas as direções do campo. A agitação no campo não podia ser maior, afinal, era um jogo clássico.


 


- Marshall da Sonserina com a posse da goles, ele evita um balaço de Rogers e passa para Hussian, mas é interceptado por Dixon da Grifinória que passa rápido para Potter, que joga para Palmer. Palmer se livra de um balaço, mas deixa a goles cair. Ela é apanhada por Potter novamente. A Grifinória se aproxima dos aros da Sonserina, Potter passa para Palmer. Palmer para Dixon. Dixon arremessa... Mas o goleiro da Sonserina defende.


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James Potter


 


- Trinta minutos de partida e nenhum sinal do Pomo. O placar está 50 a 40 para a Grifinória, uma partida muito disputada. Os times estão dando tudo de si.


 


Trinta minutos era muito tempo, eu estava exausto. O que diabos Collins está fazendo que ainda não agarrou esse pomo!?


 


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Remus Lupin


 


 


O jogo estava muito difícil, os times estavam equilibrados; o tempo estava mudando, nuvens negras avançavam no ar em direção ao castelo e ao campo. Nenhum dos apanhadores parecia ter visto sequer um lampejo do pomo e, agora que estava escurecendo, com certeza ficaria mais difícil.


 


Na arquibancada, o clima era diferente de todos os jogos aos quais já assisti. Estava tenso, quase silencioso, todos os olhos seguiam os jogadores que lutavam pela goles.


 


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James Potter


 


 


- Ponto da Sonserina! Que passa a frente, ficando com 100 pontos contra os 80 da Grifinória.


 


Bem antes do que esperávamos, uma chuva torrencial começou a cair sobre o campo dificultando a visibilidade e nos deixando encharcados em menos de cinco segundos. Mesmo com os óculos de quadribol tendo feitiços que impossibilitam embaçamento e afastam a água, era quase impossível distinguir qualquer coisa que não fossem enormes vultos coloridos. Se Collins ainda não tinha visto o pomo até agora, nestas condições, só o agarraria se o engolisse por acaso.


 


Poucos minutos depois, o jogo estava um caos, pois além de só se conseguir enxergar o que estivesse, no máximo, a um palmo de distância, o frio nos fazia tremer e ficava difícil controlar as vassouras (isso sem mencionar o vento forte).


 


Estava tentando enxergar quem estava com a goles quando senti uma enorme dor do lado direito da cabeça.


 


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Jéssica Buttler


 


 


Já querendo ir embora por causa da chuva, pois sabia que ia acabar com um enorme resfriado, eu insistia para Nicole me soltar.


 


- Só mais alguns minutos, você não vai morrer por causa disso! – disse gritando para que eu pudesse escutá-la.


- Alguns minutos é o tempo que levarei pra chegar até o castelo! – gritei de volta – É sério, Nick, me deixa ir!


- O que é aquilo!? – David gritou puxando o braço de Nicole para chamar sua atenção e apontando para algo que ia rapidamente em direção ao solo.


- É alguém do nosso time! – alguém próximo gritou e, logo, o ar se encheu de gritos apavorados.


 


E quando todos, até os jogadores, pareciam ter parado para observar, a pessoa parou de cair e foi descendo lentamente. No instante seguinte, os jogadores voaram para perto do Grifinório caído, que já alcançara o chão, mas não sofreu impactos pela queda.


 


Os alunos nas arquibancadas começaram a correr para o campo também, mas a voz magicamente aumentada de Dumbledore os fez parar. Ninguém sabia, ainda, quem tinha sido a vítima, mas percebia-se que estava acontecendo uma grande confusão no campo enquanto os professores levavam o jogador desacordado para o castelo.


 


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Sirius Black


 


 


- ELE FEZ DE PROPÓSITO! – gritei o mais alto que conseguia enquanto tentava me livrar dos braços que me seguravam – EU SEI QUE FEZ!


- BLACK, ACALME-SE OU VAI SER EXPULSO! – o árbitro gritou de volta.


- EXPULSO!? ESTÁ DIZENDO QUE AINDA VAI HAVER JOGO!?


- CLARO QUE AINDA VAI HAVER JOGO, SEU IMBECIL, ACHA QUE É A PRIMEIRA VEZ QUE ALGUÉM SE MACHUCA? VAI LER AS REGRAS! – Robert Bage, o cara que acertou James com o balaço e a quem eu estava tentando socar, falou.


- Acalme-se, Black! – o Sr. Fabocci advertiu de novo.


- ELE QUASE MATOU JAMES!


 - A visibilidade está horrível e, mesmo que não estivesse, atirar balaços é permitido! Agora, Black, você tem dois minutos pra se acalmar e retomaremos a partida. Caso contrário, estará expulso! – e, dizendo isso, se afastou.


 


Como diminuí um pouco a resistência, o resto do time conseguiu me arrastar para a entrada do vestiário, onde estaríamos protegidos da chuva.


 


- Aquele filho de uma puta! Vocês viram a cara dele? Estava quase rindo de prazer! – xinguei quando chegamos. – Estou fora! Vou ver o que está acontecendo com James.


- Black, você não pode! – Rose Dixon, uma artilheira, disse segurando o meu braço.


- Me dê só um bom motivo, Dixon, para que eu fique aqui enquanto meu amigo está passando por sabe Merlin o que na enfermaria.


- Primeiro, com James fora de campo, você vira o capitão e o capitão não deve abandonar o barco. – respondeu enumerando com os dedos – Segundo, quando James acordar e souber que abandonou um jogo, ele vai querer matar você. Terceiro, as coisas já estavam difíceis com nós sete, agora somos apenas seis e nem quero pensar em como ficaremos se baixar pra cinco! – ela estava quase ficando histérica – E, quarto, - fez uma pequena pausa antes de continuar – você não sabe quando terá outra chance tão boa de quebrar os dentes do Bage com um balaço.


 


Olhei pensativo e frio para ela.


 


- Está bem. – disse por fim – Mas vê se agarra logo esse pomo, Collins!


 


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Jéssica Buttler


 


Aproveitei para fugir de Nicole enquanto ela estava distraída com o tumulto. Não foi assim tão fácil porque muita gente estava saindo das arquibancadas. Bando de urubus curiosos.


 


Fui correndo até o castelo assim que consegui me livrar da massa que seguia os professores e, apenas depois de estar protegida da chuva (não que adiantasse muita coisa, já que eu estava encharcada até os ossos), me dei ao luxo de andar tranquilamente até o dormitório. Tinha que tirar aquelas roupas imediatamente ou acabaria sem sair da cama por alguns dias.


 


Quando saí de meu banho quente, pude ouvir o barulho abafado que vinha da sala comunal, o jogo devia ter acabado. Mas as cortinas fechadas da cama de Lily me chamou mais atenção do que saber o resultado do jogo.


 


Lá estava a ruiva, dormindo profundamente. Quase deu pena de acordá-la. Quase. Por isso, peguei meu travesseiro e comecei a golpeá-la até que acordasse.


 


- O que... Em nome de Merlin... Você estava pensando!? – disse entre as travesseiradas – Tem alguma noção... De toda... A preocupação... Que eu tive!


- Ai! Ai! – ela gritava entre risos – Pára, Jeh! Ai!


- E você... Ainda fica... Rindo!


- Kkkkkkkkkkkkkkk... Pára... Jeh! – respondeu sem ar.


 


Fiz uma careta antes de largar o travesseiro e me largar em cima dela.


 


- Você me deve um bocado de explicações. – resmunguei.


- Eu te darei em detalhes, acredite... Que horas são? – perguntou, de repente, alarmada.


- Hum... Não tenho certeza. Acho que perto de meio dia. Por quê?


- Esse barulho... O jogo já acabou? – agora estava realmente agitada e querendo sair de baixo de mim.


- Acho que sim, não fiquei até o final... Conta logo o aconteceu, Lily! Vai me matar de curiosidade!


- Agora não... Pode sair de cima, por favor? – pediu.


- Tá bem... – respondi contrariada – Mas serão mínimos detalhes! – impus enquanto me levantava.


- Todos eles. Até os segundos de pausa entre as conversas... – disse enquanto ficava de pé – Mas só depois que eu descer... Não! Tenho que ficar apresentável primeiro... Espera, nós ganhamos o jogo? – ela estava realmente agitada agora.


- Alôô? Não me ouviu? Não fiquei até o final.


- Ah é... Então vai lá embaixo e descobre agora que eu tenho que me arrumar! – disse correndo para o banheiro.


- É... Alguém tirou o queijo ontem a noite. – falei para mim mesma e suspirei enquanto me dirigia para a sala comunal.


 


O barulho de comemoração atingiu meus ouvidos assim que abri a porta do quarto e tive certeza que havíamos ganhado o jogo, mas resolvi descer mesmo assim, para ouvir a narração que Black e Potter sempre faziam do jogo sob seus pontos de vista, era divertido. Porém, chegando ao fim das escadas, reparei que, não só os dois não estavam em cima da mesa como nenhum dos jogadores estava presente. Lupin e Pettigrew também não estavam presentes.


 


- Mas será que foi algo grave com o Potter? – ouvi a voz de Alice Lafferty e parei para prestar atenção à conversa.


- Não sei, ninguém viu direito o que aconteceu com ele. – respondeu uma garota do sexto ano cujo nome não lembro – Mas falei brevemente com a Rose depois da partida, parece que o Bage, batedor da Sonserina, acertou o James de propósito. Ela disse que o Black estava fora de si... Bem, você viu o que aconteceu quando eles voltaram ao ar, os jogadores da Sonserina mal tinham tempo de olhar para o lado, Black estava determinado a derrubar tantos quantos conseguisse.


- Sim, eu vi. – comentou Lafferty – Mas ela falou algo sobre o estado de James?


- Eles não tem certeza, por isso foram à enfermaria assim que o Collins pegou o pomo. – a garota respondeu prontamente – Mas Rose também me disse que não estava nada bonito quando o encontraram no chão, algum ponto na cabeça dele estava sangrando muito e os professores pareciam preocupados.


- Hum... Espero que ele esteja bem, James é um cara super legal.


 


Como depois disso eles mudaram de assunto, voltei para o dormitório já pensando em como diria aquilo à Lily. Conhecendo-a como conheço, sei que ela ficará quase louca de preocupação.


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Remus Lupin


 


 


Depois de expulsar todo o time, Peter e eu aos gritos e ameaças, a Sra. Higgins trancou as portas da enfermaria, mas nenhum de nós se moveu. Ninguém falava também.


 


Não sei quanto tempo esperamos no corredor, só sei que fomos expulsos de lá aos gritos outra vez sem nenhuma pergunta respondida e que isso não podia ser coisa boa.


 


- Tem certeza que ela pode nos tirar pontos e dar detenções? – perguntou Peter.


- Está nas regras da escola. – respondi distraído – Tecnicamente, ela é do corpo docente.


- E daí que ficássemos doentes por estarmos molhados? Ela nem sequer nos disse o que estava acontecendo! – Collins disse com raiva.


- Isso não pode ser bom... – disse Rose.


- Hey, vamos ser mais otimistas, gente! – falou Arthur Palmer, um dos artilheiros – Quantas vezes já nos machucamos numa partida? A Sra. Higgins é muito competente, James vai estar novinho amanhã ou, no máximo, dentro de alguns dias.


- Que Merlin te ouça, Arthur. – disse Rose – Agora, acho melhor mesmo irmos para a torre.


 


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Lily Evans


 


 


- Espera. Repete. – pedi sem acreditar no que estava ouvindo.


- Calma, Lily, tenho certeza que não foi nada demais. – Jeh disse cautelosa – Não é necessário que você fique tão preocupada.


- Não estou preocupada. – menti imediatamente.


- Sei que está, Lily... – ela insistiu – Olha, vamos procurar a Nick e almoçar e conversar e distrair você, ok?


- Não estou com fome, Jeh...


- Mas vai comer! – falou quase gritando – Vem logo, não vou deixar você aí.


 


Depois que passamos pelo buraco do retrato, eu estava me perguntando como encontraríamos Nicole quando avistei um grupo de pessoas vindo em nossa direção.


 


- Remus! Por favor, me diz tudo que você sabe! – pedi sabendo que eles estavam vindo da enfermaria. Ele me olhou pesaroso antes de responder.


- Infelizmente, sabemos tanto quanto você, Lily. – disse fazendo uma careta.


- Mas...


- A Sra. Higgins não nos disse nada, sabe que eu te contaria se soubesse. – respondeu antes mesmo que eu perguntasse – Hey, não se preocupe demais, ok? Ele vai ficar bem. – completou.


- Vai sim, Lily. – reforçou Jéssica – Agora vamos. Obrigada, Remus. – e saiu me puxando para longe do grupo.


- Não há de quê. Aviso a vocês se souber de alguma coisa. – Remus gritou, já que estávamos nos afastando rápido.


- O que deu na Evans pra estar preocupada com o Potter? – ouvi alguém perguntar de maneira muito indiscreta, mas não dei nenhuma atenção.


 


Por idéia de Jéssica, fomos primeiro ao salão, onde encontramos Nick e David almoçando juntos, mas Nicole o beijou na bochecha e veio se juntar a nós assim que nos viu.


 


Conversamos durante horas, contei a elas tudo que havia acontecido noite passada.


 


- Que fofo! – comentou Nick quando falei do beijo.


- Ah, pareceu coisa de filme! – disse Jéssica.


- Foi... Uma sensação indescritível! – tentei explicar, mas as palavras não eram suficientes.


- Jeh, que lindo, nossa amiga está apaixonada. – Nick fez biquinho no fim da frase nos fazendo rir.


- É sim. Agora conta, o que ele fez depois? - perguntou Jéssica.


 


Éramos as únicas pessoas no salão quando saímos.


 


 


XxXxXxXxXxXxX


 


 


Acordei com o barulho abafado vindo do banheiro e fui olhar o que estava acontecendo. Eram dez horas da noite.


 


- Jeh, você está bem? – perguntei já sabendo a resposta, afinal, ela estava sentada no chão do banheiro, toda suada e com um tom esverdeado no rosto.


 


Jéssica apenas balançou brevemente a cabeça antes de voltar a vomitar no sanitário. Vou ter de levá-la à Ala Hospitalar a força, já sei que não vai querer ir.


 


XxXxXxXxXxXxX


 


 


- Qual o problema? – a Sra. Higgins perguntou quando abriu a porta da enfermaria.


- Minha amiga está passando mal, Sra. Higgins, será que pode cuidar dela? – perguntei o mais calma e educadamente que pude ao perceber o mau humor da enfermeira.


- Ah, claro. – respondeu repentinamente bem humorada – Desculpe ser rude, as pessoas têm vindo aqui de cinco em cinco minutos atrás do Potter.


- Hum... Ele está bem, Sra. Higgins? – arrisquei.


- É cedo pra dizer, querida, mas vai ficar. Agora traga sua amiga pra dentro. – disse nos dando espaço para entrar – O que você tem, querida? – perguntou a Jéssica.


- Tudo. – ela respondeu – Dor de cabeça, dores, moleza, garganta dói, náusea...


- Bem, venha se deitar aqui. – disse indicando uma cama num canto da enfermaria.


 


Reparei que bem ao lado havia outra cama com as cortinas fechadas e supus que James estivesse ali. Se eu conseguisse que a enfermeira se distraísse apenas por alguns minutos...


 


A Sra. Higgins estava prestes a me dizer para sair quando Jéssica voltou a vomitar.


 


- Você. – me chamou – Pegue esse balde e tome conta dela pra mim uns instantes enquanto eu preparo uma poção rápida para ela. – completou e foi para o seu escritório.


 


Lancei um olhar significativo à Jéssica.


 


- Eu me viro, mas seja rápida, não sabemos quanto tempo você tem. – ela disse.


 


Entrei cuidadosamente entre as cortinas e parei um instante observando. James dormia (ou estava inconsciente, não soube dizer) tranquilamente, tinha algumas bandagens envolvendo a cabeça com um volume maior na parte onde estava o curativo.


 


Passei as pontas dos dedos suavemente pela lateral de seu rosto e lhe dei um beijo na testa.


 


- Fique bom logo, ok? – sussurrei com a boca ainda perto de seu rosto – Eu estarei aqui todos os dias.


 


Teria ficado mais algum tempo, mas ouvi o som de passos e corri para junto de Jéssica. Assim que chegou, a Sra. Higgins me colocou para fora da enfermaria.


 


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Jéssica Buttler


 


 


Odeio ficar na enfermaria! Por alguma razão aparentemente inexplicável, nunca consigo dormir aqui e, como se isso já não fosse o suficiente, nunca lembro de pegar um livro qualquer pra passar o tempo que não durmo. Também tem esse maldito cheiro de hospital que me deixa louca.


 


Eu cantava baixo e for a do ritmo enquanto olhava para o teto sem conseguir dormir, já havia desistido de tentar. Foi quando escutei o som discreto de passos se aproximando, mas não havia ninguém a vista.


 


- Sra. Higgins? – chamei baixinho – Oi?


 


Não houve resposta. Eu não tenho medo de fantasmas e, mesmo assim, não poderia ser um, fantasmas não fazem barulho quando andam.


 


- Tem alguém aí? – perguntei outra vez começando a ficar com medo.


- Buh! – a voz estava colada ao meu ouvido.


 


Eu teria gritado se não houvesse algo invisível tampando minha boca, mas logo deixou de ser invisível e Sirius Black se materializou ao meu lado.


 


- Não faça barulho. – não era um pedido. Apenas concordei com a cabeça.


- O que está fazendo aqui? – perguntei alarmada enquanto ele sentava em minha cama de frente pra mim.


- Não me deixaram vê-lo mais cedo. – respondeu apontando para a cama onde James estava.


- Ah... Bem, não vai fazer muita diferença, ele não acordou ainda.


- Não importa. – deu de ombros – Eu tinha que verificar. E você?


- A chuva não me fez bem. – respondi um pouco mal humorada.


- Humm... E não deveria estar dormindo? Doentes devem descansar.


- Eu tentei, acredite, mas nunca consigo dormir aqui.


- É, eu também não... Tem alguma idéia do por quê?


- Não sei. Talvez seja o cheiro. – disse fazendo uma careta.


- Tem razão. – concordou sorrindo levemente – Ah... Bem, eu já verifiquei James e os caras estão me esperando então... Boa noite. E melhoras.


- Obrigada. – ele sorriu brevemente e desapareceu de novo.


 


Fiquei observando enquanto a porta da enfermaria abria e fechava e só então me dei conta do que havia acabado de acontecer. Isso foi real? Quer dizer, eu acabei de ter uma conversa civilizada com Sirius Black. Ele não foi sarcástico ou frio e até riu! E ele nem precisava ter aparecido se não quisesse... Ao menos tive algo em que pensar pelo resto da noite.


 


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N/A: Aaah, comentários? Façam uma autora feliz!


 

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