Capítulo VIII




Operação: Garotos à Vista.
Copyright 2008 by Aline Fonseca (Nine Black)
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios.


Que o Jogo Comece.
ou Capítulo VIII.


“Não esqueça, Cinderela perseguiu o seu príncipe, se vestindo e indo ao baile.”
Meg Cabot




Narrado por: Lily Evans.
Hoje, Sábado, 15 de Fervereiro.
Ouvindo: Love You Much Better – The Hush Sound (Em Homenagem à Dorcas).
Local: Starbucks.


- Lily, pelo amor de Deus, desliga esse iTouch? – Marlene pediu, mas eu nem tinha reparado. – Eu estou tentando falar com você, será que dá pra você desligar essa merda e prestar atenção no que eu estou dizendo?

- Não grita, caramba! – eu resmunguei tirando o fone de ouvido. – Eu bebi demais ontem e estou com uma mega de uma enxaqueca.

É, meus caros, um momento do qual ninguém esperava... BOMBA DO MOMENTO! Lily Evans ultrapassou na dose da vodka, e virou quase uma garrafa na noite anterior. Perguntas que não querem calar:

1. Ela lembra/tem flashes do que fez depois do segundo copo?
Resp. Não.
2. Ela pagou calçinha/sutiã/peitinho nesse intervalo de tempo?
Resp. Espero que não.
3. Ela entregou seu tesourinho para James?
Resp. COM CERTEZA NÃO! Pelo menos, eu não lembro de ter feito isso. O que não é muito reconfortante já que eu não lembro de nada, depois do segundo copo.

- Você prestou atenção em alguma coisa que eu disse? – perguntou Marlene e eu fui bem sincera quando balancei a cabeça negativamente. Eu estava mais preocupada em imaginar o que eu fiz quando eu estava chapada ontem à noite. – Eu sabia que você não devia ter bebido ontem, eu lhe disse pra parar, mas você resmungava ”Eu não estou bêbada, eu só estou feliz... mimimimimimi... Me deixa ser feliz”.

Às vezes, eu fico impressionada com a imitação que a Marlene faz de mim, chega a ser convincente... Quando eu não me lembro de nada do que aconteceu.

- Mas, na moral, o melhor foi quando você rolou no chão do banheiro. – Marlene riu alto. – Como faz, ein?! Chegou a superar o que você disse para o James na hora do “Verdade ou Desafio”.

- P(RRA), O QUE FOI QUE EU DISSE PARA O JAMES? – eu arregalei os olhos, preocupada.

My Jesus, eu não devia ter bebido. Só que eu fiquei tão envergonhada pelo que eu falei no trote para o Mr. Oaks, que acabei virando mais de um copo de vodka pura, só pra esquecer.

- Antes ou depois de você ter declarado que queria ter oito filhos com ele? – Marlene indagou séria.

- Você ‘tá me zoando, né? – eu quis saber ainda mais séria.

- Não, você disse isso pra ele, de verdade. – PQP! Eu sou uma p(tona). – Agora, será que dá pra você me ouvir?

Eu não acredito que disse isso para o James. É a mesma coisa de colocar um outdoor no meio da Abbey Road dizendo “Eu dei para o George Harrison”.

Como eu estou obscena hoje. Vou parar, porque se não isso aqui vai ficar cheio de baixaria.

- Certo, eu vou te ouvir. Mas antes eu vou precisar pedir um Sundae de Prestígio porque se não eu não vou conseguir prestar atenção, tudo bem? – eu falei chamando o garçom-gatão. – Um Starbucks Doubleshot + Energy Beverage, e você Marlene?

- Um Mint Mocha Chip Frappuccino Blended Coffee com Chocolate Whipped Cream. – CARACA! O que a Lene tem pra me dizer deve ser muito sério, mesmo. Da última vez que ela tomou um Mint Mocha foi quando ela descobriu que só podia crescer mais 3cm.

- Mais alguma coisa? – o garçom perguntou dando um piscadela para Marlene.

Nóssa, pelo jeito ele deve gostar de gente com apetite de rinoceronte.

- Não, obrigada. – Marlene disse envergonhada.

- Então, o que foi que aconteceu? Alguém já te disse que é um perigo trazer você na Starbucks quando você tem algo sério pra dizer...

- Lily, eu vou “terminar” com o Sirius. – disse Marlene.

- Como assim? Por que? Você pagou ele por um mês inteiro. – Marlene me lançou um olhar super bizarro, e eu sabia que aquilo queria dizer que aquilo não tinha nada haver. – Ok, você está afim de quem?

- De ninguém. Mas eu não posso mais ficar prendendo ele... Eu sei que ele quer estar com outras garotas quando está comigo. É por isso que eu vou dizer que ele está livre do acordo. – continuou Marlene. – Eu nem queria me meter nessa história, mesmo...

- Mas... Por que? Como você... sabe? – eu indagava sem entender.

- Eu o vi hoje à tarde quase engolindo a Sophia Harrison, aquela que estuda na King High, perto da gruta Stuart. – Marlene disse e logo em seguida o garçom-gatão entregou a “refeição completa” dela.

- Tem certeza? Você viu o rosto dele? – eu indaguei dando um sorriso plus para o garçom-gatão. Ele deu um sorriso torto bem sexy.

- Lily?! – exclamou Marlene batendo no meu braço. – Deixa de ser depravada! Você está namorando!

- Eu só quis ser gentil, e depois eu posso pegar o telefone dele pra você... ele faz seu tipo. – eu murmurei mordendo o lábio inferior. – Tem um bumbum super circunferencial!

Marlene me ignorou e deu mais um longo gole no seu Mint Mocha. Jesus, só de pensar na quantidade de calorias que tem ali dentro, já sinto a cadeira pesar.

- Ok, mas você tinha certeza que era ele? – eu repeti.

- Eu não vi o rosto, mas eu tenho certeza que era ele. – eu levantei a sobrancelha e Marlene continuou. – Era ele sim, o mesmo corte de cabelo, e ele estava a mesma calça que usou quando saiu de casa pela manhã.

- Fala sério, você seguiu ele! – eu disse com os olhos arregalados.

- É claro que eu não o segui. – negou Marlene calmamente. – Eu estava indo naquela loja de cosméticos que fica na frente da gruta para comprar o meu lipstick que acabou.

- Você tem como provar isso? – eu indaguei fazendo a minha melhor imitação de Sherlock Holmes, ou seria do cara de Law and Order? Poutz, eu ainda estou muito chapada (que palavra horrível, mas não tem descrição melhor) para diferenciar.

Marlene enfiou a mão na bolsa, toda desgostosa, e de lá tirou o frasquinho de lipstick e um gloss da lancôme.

Tudo bem, eu realmente não achava que ela tinha seguido ele, mas era muita coincidência, eu não sei, não...

- Ok, é que... eu só acho muita coincidência, sabe? – eu falei fazendo uma careta frustrada.

- Eu também, ele me ouviu dizer ao Miguel que ia lá à tarde. – Marlene disse dando de ombros. – Talvez ele realmente quisesse que eu visse a cena toda, eu acho que... não sei, talvez ele não estivesse com coragem de me dizer na cara. Eu entenderia, sabe? Mas se ele achou mais fácil assim, por mim tudo bem, eu já estou de saco cheio de ter um falso-namorado como ele mesmo.

- Lene... – tentei consolá-la esfregando as costas da mão dela.

- Não, tudo bem, sério. – Marlene disse sorrindo. – Eu superei o pouco que tinha para superar, e eu até tive uma idéia genial para fazermos hoje à noite.

Marlene? Com idéias geniais? Eu sei que é errado duvidar de uma das minhas melhores amigas, mas é que isso não é muito comum vindo da parte dela.

- Que tal nós irmos para a festa da Claire? – OMG! O que foi que eu disse sobre as idéias geniais da Marlene? IN-SA-NI-DA-DE!

- Você enlouqueceu? – eu perguntei.

- Não. Eu já estava pensando nisso, eu vou ligar para o Sirius assim que chegar em casa e vou dizer as minhas conclusões, então depois a gente podia ir lá pra casa e se arrumar para a dancing party. – Marlene sacudiu os braços fazendo um biquinho. – Uma noitada só para garotas, o que você acha?

Eu não queria negar isso a ela, por mais que eu não estivesse gostando da idéia, ela precisava mais do que nunca de uma noite com as amigas por conta do acontecido. Eu sei que está sendo completamente difícil para ela “terminar” com o Sirius, talvez eu devesse concordar...

- E pensa também no seguinte: - Marlene começou. – A gente pode acabar com a Claire, começando pelo nosso visual, eu aproveitei para comprar um monte de make up e a gente podia usar.

É, nós agora temos definitivamente potencial para derrotar a derrota-da-Claire.

A culpa não é minha se a dióxido de dinitrogênio resolveu mexer com as garotas erradas. Coitada, a culpa não é só dela, tem toda uma tintura de quinta por trás disso.

Maldade minha? Não, imagina!

Eu sou a reencarnação da Madre Thereza de Calcutá. Não faço/penso/insinuou mal a ninguém.

- O que me diz? – perguntou Marlene com um sorriso malicioso nos lábios.

- Gloss Lancôme: £20. Sapatos Jimmy Choo: £402. Vestido Valentino: £1.300. – eu disse entre risos. – Acabar com a Claire na sua própria festa: Não tem preço.

- Lily, desde quando você é tão consumista? – Marlene indagou.

- Haha. – eu ri. – Eu vou fingi que não ouvi isso vindo de uma viciada em Burberry.

Marlene mordeu os lábios.



Narrado por: Marlene McKinnon
Hoje, Sábado, 15 de Fervereiro.
Ouvindo: Get Low – Flo Rida ft. T-Pain.
Local: Rua da Minha Casa.


“Shawty had them apple bottom jeans [jeans], boots with the fur [with the fur], the whole club was lookin at her. She hit the flo [she hit the flo] next time you know, Shawty got low low low low low low low low…”

A música ressonava alta e clara em minha cabeça. Fiquei morrendo de vontade de dançar e balançar a buzanfa, só que nem dava, estava à caminho de casa terminando de ligar para a Dorcas avisando sobre a nossa ida to claire’s rave”, e se eu começasse a rebolar ali mesmo eu seria o assunto da semana. Isso não seria legal, vocês sabem, mais do que qualquer outra pessoa, sobre minha fobia em relação a ser o centro das atenções.

Deixemos a Emmeline gostar de ser “O Sol”, né?

Estava na esquina da minha rua quando vi uma conhecida moto preta parada enfrente a nossa garagem. !@$#¨%&*$@!##¨$%*¨&%#$@@$@!!@#$¨&*&*¨$%$$@*¨%$#@!&¨(*! Quando eu digo que sou azarada, NINGUÉM acredita.

Esse karma que eu carrego não deve ter sido por justa causa. O que será que eu fiz de tão ruim, ein? A Paris Hilton está aí, usando e abusando de casacos de pele, gastando rios de dinheiro com cotonetes desenhados por designers famosos (?) enquanto a galera da África passa fome. E ainda assim ela continua lá, linda e loira, rica e poderosa.

Não que seja sorte ser Paris Hilton.

Isso foi só um exemplo para mostrar a vocês como a vida é injusta, ok?

- Marlene? – Dorcas indagou no outro lado da linha.

- Eu sei que eu acabei de te ligar, mas eu estou com um problema. – eu disse mordendo o lábio inferior e me escondendo atrás da árvore do quintal da Sra. Cullen.

- Que tipo? – perguntou Dorcas.

- Dos piores, um “alerta-vermelho-extra-turbo”. – eu expiei por entre as folhas, aparentemente ele estava dentro de casa.

- Conta logo o que aconteceu? – Dorcas pediu com urgência.

- Sirius está na minha casa. – contei. – E eu não tenho coragem de falar o que eu tenho para falar com ele, pessoalmente, o que eu faço?

- Deixa de ser mamona, Marlene, é melhor você falar cara-a-cara do que por telefone. – ela me assegurou.

- Duvido muito, você sabe como eu sou... – Eu murmurei. – Eu travo quando nervosa e começo a gaguejar.

- É só você se acalmar e pensar antes no que você vai dizer, eu te ajudo. – Eu percebi que o tom de voz da Dorcas havia mudado, ela provavelmente tinha percebido a gravidade da situação. – Você chega nele e diz: “Broto, você é um verdadeiro pão, mas ultimamente você anda sendo uma pedra no meu sapato, acho melhor cada um seguir em frente na curtição só que com outros brotinhos.”

Ah, claro. Esqueci que estava falando com a Dorcas. Quando ela perceber a gravidade de alguma situação, o Osama Bin Laden já vai ter assumido a presidência dos United States.

- Tá, eu me viro. – disse desligando o celular e me debruçando em direção a árvore. – Ok, eu preciso mesmo é renovar as energias.

Abri os brações, e envolvi a árvore numa troca de afeto super amigável. Senti meu corpo com uma nova sensação. UAU! Descobri o segredo do Redbur!

Mentira, abraçar a árvore não me ajudou em nada. Isso costumava funcionar quando eu tinha 5 anos e acreditava em fadas.

Jesus, amado. Alguém me ajuda, pelo amor da Maria da Graça, a Rainha dos Baixinhos. Será que alguém pode vir socorrer a anãzinha, aqui?

Sério, o que eu vou fazer? Eu já estou entrando em pânico, imagina só quando eu entrar em casa e ver o Deus do Popozão, a Perfeição em Pessoa, o Deus Escultural dos Músculos Definidos, o Dono do Bíceps-Tríceps-Quadríceps mais Bem Feitos da Face da Terra.

POUTZ! Isso vai ser mais difícil do que eu pensava. Estou ficando igualzinha a Lily na época em que ela ficou na seca e começou a tarar os velhos do Asilo Mansfield Park.

Só que eu tenho um pouco mais de bom gosto, né? Covenhamos, eles tinham idade para ser, pelo menos, tataravô dela!

LILY EVANS, VOCÊ NOS MATA DE VERGONHA! Alguém contradiz o que eu acabo de dizer? Não? Foi o que eu imaginei.

Mó vergonha nacional – agora, internacional, já que vocês estão sabendo – eles quase tiveram que pedir um mandato judicial para manter ela afasta dos pobres idosos.

É, ela é uma SAFODONA! (6) ho*

Relaxe, Respire.

Relaxe, Respire. [2]

Relaxe, Respire. [3]

Relaxe, Respire. [4]

Ok, chega. Isso aqui já está ficando ridículo, é melhor eu seguir em frente e dizer logo tudo de uma vez para o Sirius.

E se o cara no parque que estava engolindo aquele pequeno troll(Sophia) não era ele? E se eu estiver completamente enganada? E se meu grau de miopia tiver aumentado? Não, isso é impossível porque eu fui ao oculista duas semanas atrás. Mas, sei lá, não custa nada acreditar que o que eu vi foi só uma obra da minha imaginação infantil e criativa para enganar minha confiança.

Aquele não era um comportamento que condizia com o meu Sirius.

Meu Sirius? Como eu sou iludida! O Sirius nunca ligou para mim, nunca se importou comigo ou com o nosso falso-namoro. Ele só está/estava comigo por conta das míseras 240 libras que nós pagamos!

Mas nem por isso ele tinha o direito de ter me traído. Falemos sério, eu PAGUEI a ele para ser meu namorado, no contrado (que contrato?) incluía FIDELIDADE! Nem se o mundo estivesse para ser destruído por conta de um meteoro gigante ele devia ter me traído.

DROGA! Agora é que me caiu a ficha. EU SOU CORNA! C-O-R-N-A! COR-NA, CARAMBA! CHIFRUDA! GUAMPUDA! CORNUDA! O que você preferir.

E ainda foi com a Sophia Harrison, qual é, ela poderia pegar qualquer cara, tipo, o Dougie Poynter (o Cover-Dougie também, por conseqüência), o Daniel Radcliffe, o George Clooney, sei lá, qualquer cara famoso, mas pegou o MEU FALSO-NAMORADO.

Ela é filha de um cara mega importante, poderia pegar qualquer famoso. Mas não, parece que o que PERTENCE AOS OUTROS é melhor e mais gostoso.

Não que o Sirius não seria gostoso na visão de todas as mulheres se ele estivesse solteiro.

UM...

Mão na maçaneta.

DOIS...

Gira o trinco.

TRÊS...

Empurra a porta.

OMFG!

Lá estava ele, sentado no sofá, sozinho e coçando o saco... BRINCADEIRA!

Os olhos dele se prenderam em mim quando eu abri a porta, era para logo ter notado que ele usava as mesmas roupas de hoje cedo – sim, era ele mesmo que estava na gruta engolindo a S.H. – mas eu fiquei vidrada naqueles olhos azuis-bola-de-gude que sempre penetram como raio na minha alma e me fazem suspirar.

- Oi, Lene? – a voz doce e calma invadiu meu cérebro me trazendo de volta a realidade.

Lene? Pra você é M-A-R-L-E-N-E, ta legal? Seu ridículo, está pensando que é só ficar me encarando assim e dizer meu apelido numa espécie de sussurro que vai ficar tudo bem? Nem F(DENDO), meu amigo!

- Ah, oi, Sirius. – eu disse secamente. – Tudo bom?

- Aham. – ele balançou a cabeça e se levantou abrindo os braços.

FILHO-DA-MÃE! O que você pensa que está fazendo, ein? ACABOU, A-C-A-B-O-U, ACABOU! Viu só? Não preciso nem pedir aplicação numa frase. Mas você com certeza precisa, né? Então, lá vai:

O que existia, entre mim e você, ACABOU!

É isso aí, PÉRDEU PLAYBOY!

- Que bom que você está aqui, eu estava mesmo precisando falar com você. – eu disse jogando minha bolsa em cima do sofá, era melhor deixar ela lá, porque às vezes eu não me controlo e o Sirius pode acabar saindo daqui com uma grande desculpa para me processar por espancamento. – Escuta, eu queria agradecer por você ter aceitado ser meu namorado quando a gente propôs aquela história, mas agora eu olhei a situação por outros ângulos e acho que a gente não precisa mais disso.

Eu dei um breve suspiro, tentando escolher melhor as palavras. Não era culpa dele, ele meio que foi intimado a namorar comigo para promover a sua banda.

- Já faz um tempo que eu andei pensando em parar com essa história. – eu falei, na verdade fazia umas 4 horas, que eu tinha visto a cena e tinha começado a pensar nisso. – E só queria te comunicar que não precisa mais fingir que é meu namorado, nem nada disso, ok?

Ele ficou me encarando e ouvindo tudo com uma expressão séria, eu não conseguia decifrar o que ele estava pensando.

- Ok, então. – foi o que ele disse antes de pegar a jaqueta e se encaminhar até a porta. – A gente se vê por aí.

A porta se fechou e eu senti meu corpo desabar no sofá. Cadê o Sirius dos últimos cinco dias atrás? Cadê o Sirius fofo e carinhoso? Cadê o Mr. 212 Sexy que me arrepiava até a alma quando dizia que eu ia andar na garupa de sua moto? O que houve com o Sirius-Perfeito-Espécime-de-Ser-Humano? É, eu acho que autoflagelação deve cair muito bem em mim.


Narrado por: Dorcas Meadowes.
Hoje, Sábado, 15 de Fervereiro.
Ouvindo: London’s Calling – The Clash.
Local: Minha Casa - Cinema.

Eu sei que eu estou praticamente deixando a Marlene, a Lily e a Emmeline na mão. Mas eu não estou me sentindo nem um pouco culpada. Talvez eu seja egoísta, só que eu não estava pensando só em mim quando eu decidi não desmarcar o meu compromisso, digo encontro.

Qual é, justo agora que as coisas entre mim e o Remus estão começando a se aprofundar? Quero dizer, esse relacionamento – ainda que falso – está começando a fluir de verdade! Não, nem a pau, Juvenal que eu vou dar um bolo no Remmie.

Quem mandou ela me avisar tão em cima? Na verdade, nem se ela tivesse anunciado mais cedo eu iria negar o convite dele. Porque ele finalmente, FINALMENTE, me chamou para sair! Só EU e ELE, e a única coisa que vai ficar entre nós são o combo de pipoca e os copos de coca-cola.

Nós dois, juntos, no cinema! Tudo bem, assistindo Batman, mas pelo menos não é Star Wars – Episódio 123 ou O Exterminador do Futuro 15.

Que seja, só sei que agora que vou conhecê-lo melhor já vou poder inventar um apelido criativo para ele, alguma coisa nas internas que seja só minha e não seja tão óbvia quanto o odor do perfume dele ou o fato de ele ser parecido com algum ator.

Pode ser até legal ter um apelido desses, mas qualquer um pode dar. O meu tem que ser mais original, algo que só eu fui capaz de pensar. Tipo: “Remus, O Senhor de Vênus”.

Está aí, curti! Mas soa como filme épico adaptado de uma trilogia best-seller.

O relógio da parede está marcando vinte para às oito e eu ainda estou de jeans CK, sutiã e toalha enrolada na cabeça para meu cérebro não cair.

Eu tenho que estar com a roupa perfeita. Frugal, mas ainda assim deslumbrante. Meu suéter rosa por cima da minha camisa de algodão seria perfeito. Mas não posso usar rosa demais porque se não vou ficar parecendo uma das personagens daquele filme Bratz.

Ewwwwwwwwwww! Nós não queremos isso, né? Não queremos que Remus vomite quando me ver.

Talvez se eu usasse alguma sandália da minha mãe, e o meu sobretudo bege.

- Mãe! – eu berrei saindo do quarto enquanto terminava de enfiar o suéter pela cabeça. – Manhê!

Fui direto para o “retiro emocional” dela, o escritório. Já sabendo o que ela estava fazendo lá. Se ligarmos tudo parece até que eu estou falando de trabalhar, mas isso seria uma coisa que uma mãe normal e independente faria.

Mas estou falando da minha mãe. Aquela que manda questionários-policiais para as ex dos caras que ela está saindo.

- Mãe? Você me ouviu chamar? – Eu perguntei entrando no escritório, enquanto ela parecia ter sido abduzida pela tela do computador.

Isso tem acontecido bastante ultimamente, desde que ela descobriu uma maneira de entrar no site da MI5¹ e ver se o seu novo namorado é um criminoso que tem ficha manchada no serviço de segurança da Inglaterra.

(¹: Abreviatura de Military Intelligence, section 5, que é a designação tradicional, ainda vulgarmente usada, do Serviço de Segurança Britânico.)

- Mãe? – Eu chamei, dessa vez eu cutuquei seu ombro só para ter certeza de que ela estava viva. – Uau, ele é gato!

“Comandante Dexter Wale” dizia o distintivo no peito do homem na foto. Bonitão, tipo o Cal Langdon de “Todo Garoto Tem”, olhos azuis, cabelos louros, e ombros largos.

- Esse eu não me importaria de ter como “figura paterna”. – falei dando mais uma cutucada e juntando com uma piscadela. Não me importaria, mesmo.

- Ele não é maravilhoso? – Ah, mãe, não me pergunta uma coisa dessas! Eu gosto de me manter como “moça pura” na sua imaginação.

Eu fiz que sim com a cabeça.

- Conheci na escola da sua irmã. – contou ela. – Na reunião dos pais, ele é viúvo, tem um filhinho que é uma graçinha, e um senso de humor incrível para um integrante da MI5.

“Na escola da sua irmã”, o que nos diz que o filho dele é super-dotado e tem um cérebro tão infalível quanto o do Bill Gates.

- Se quando diz “senso de humor incrível” você está se referindo continência que ele te deu como cantada... – minha irmã, de nove anos entrou no quarto. – Você, com certeza, tem uma visão distorcida do que é humor de qualidade.

- Ele fez isso, mãe? – Eu perguntei sem acreditar.

Meu deus, não acredito que ela caiu numa cantada dessas! É tão U.S.A anos 30 na época da Segunda Guerra Mundial.

- Fez sim, e eu achei super bonitinho. – Acho que eu vou vomitar.

- Ok, eu não quero ouvir mais nada, daqui a pouco você vai me dizer que ele beijou sua mão e te chamou de “madame”. – Eu falei tapando os ouvidos. – Só quero saber se você pode me emprestar àquela sua sandália de fita.

- Está no meu closet. – Mamãe disse com uma cara de culpada. Na certa ele tinha beijado a mão dela ou a chamado de Madame.

Saí rápido do quarto para não ouvir as replicações da minha irmã sobre romances mútuos não nascerem de forma repentina, e que aquilo tudo que minha mãe estava sentindo era apenas um frenesi, um frisson momentâneo.

Peguei a sandália e enfiei no pé, só faltava arrumar o cabelo que eu tinha lavado com shampoo de morango e estava com um cheiro delicioso.

Tomara que o Sr. De Vênus note.




Juro por Deus que se eu não parar de suar agora vou acabar ficando ensebada que nem o Prof° de Geografia – Ah, que saudade de Sebo Sebá! – e fedendo a catinga de bueiro que nem o Prof° de Física.

Não, eu não quero isso. Nem eu, nem o Sr. Vênus, né?

- E então? – Mamãe apareceu como uma assombração na sala. – Está esperando seu paquerinha?

Afundei dentro do sofá e enfiei meu rosto na almofada tentando me matar asfixiada esconder.

- Mãe! Por favor! – Eu implorei com a voz abafada pelo estofado da almofada. – Gírias new age se perderam nos anos 80, por favor, tenta atualizar o vocabulário.

- Então, quer dizer que ele é o seu boyzinho? – Ela perguntou dando uma piscadela nada marota.

- Tenta atualizar o vocabulário, mas com palavras que sirva para alguém da sua idade. – Eu falei com a voz mais abafada ainda. – Adulto, foi o que eu quis dizer. – Acrescentei imediatamente.

- Minha bebê já está tão crescidinha. – Ela sentou-se ao meu lado e afastou a almofada do meu rosto para poder apertar minhas bochechas. – Olha só que coisa mais linda.

- Mãe, por favor, dá pra parar? – Eu sentia minhas bochechas ferverem. Só faltava essa, o Sr. Vênus chegar e eu estar com marcas roxas na bochecha.

- Ah, mas é que meu bebê já está tão grandinho. - Mais um apertão hematomático (?) e eu me jogo do telhado.

- Bem observado. – Eu falei me levantando e indo olhar meu visual no espelho da sala. – Ai, mãe. Você me deixou roxa, o Remus vai pensar que eu fui espancada.

Mamãe soltou uma risada esganiçada.

- Você ficou coradinha. Está linda, meu amor. – Mamãe se levantou também, e começou a me encarar que nem a minha avó me encarou quando eu usei o casaco de tricô que ela fez pra mim. – E já está de namorado! O meu bebê.

Oh, Jesus. Era o que eu precisava! Juro por deus que se não estivesse chovendo lá fora eu iria ao cinema a pé e ligaria para o Sr. Vênus me encontrar lá.

Só que eu não quero pegar chuva, meu cabelo vai ficar parecendo, no mínimo, um monte de feno.

O telefone tocou e tirou a minha mãe do transe – graças a deus – fazendo-a subir as escadas correndo e cantarolando alguma coisa que envolvia o nome Dexter no meio. É, ela está igual a aquelas adolescentes apaixonadas, parece que eu estou tendo um déjà vu todas as vezes que ela atende ao telefone.

- Alô? – Ela atende totalmente despreocupada e sem demonstrar nenhum sinal de que estava saltitando e dando gritinhos depois de checar o número no bina.

- Ellen? – Isso é o que eu deduzo que ele diz, ok? Só pra deixar claro que eu não fico escutando a minha mãe no telefone pelo outro lado da extensão... Nem sempre. – É o Dexter.

- Dexter? – Ela indaga fazendo uma careta forçada, só para a coisa toda sair com mais “naturalidade”, se é que é possível. – Ah, sim! Dexter! Da reunião de pais, não é?

- Isso mesmo. – Deduzo que ele diz. – Lembra de mim?

- Lembro, lembro sim. – Mamãe abre um sorriso malicioso. – O pai do Seth, não é?

- Não, não. – Mais uma vez: Pura dedução. – Do Ryan.

- É mesmo! Do Ryan! – Ela diz ainda com o sorriso malicioso. – E então, como você está?


Devo acrescentar que o “Como você está?” é do tipo casual, nada como o “How You Doing?” do Joey, porque mamãe diz que os homens gostam de um pouquinho de desprezo para valorizar a mulher que tem.

Não que ele tenha a minha mãe ou algo assim, eles só estão flertando.

Pelo menos eu espero que sim, não gosto de imaginar minha mãe... Vocês sabem.

Tin-Don (Onomatopéias Sucks).

God save the Queen New Budha! A campainha tocou! Eu estou tentando um freak-it. Qual era o segredo da Marlene para esses momentos de super-tensão cardíaca? Contar até 10?

1...
2...
3...
4...
Tin-Don (Onomatopéias Sucks, again).

Irmãzinha aparece no corredor resmungando:
- Você não vai atender a porcaria da porta? Eu estou tentando estudar! Tenho a porcaria de um teste sobre Física Quântica amanhã e quero no mínimo descobrir uma nova fórmula. Então, atenda logo essa porta, pelo amor da Figura Sagrada que os Seres Humanos se apegam?

Eu a encaro perplexa. A campainha toca de novo.

- Anda logo, por favor!

- Certo. – Corro pra porta, mas antes de abri-la respiro fundo.

- Oi, Dorcas? – Remus responde com um sorriso bobo e sem graça. – Cheguei cedo demais?

Encarei meu relógio de pulso, eram exatamente 20:00hs. Pelo menos o Remus é pontual, não é um Sirius Black da vida, né?

- Não. – Eu disse abrindo o sorriso mais sincero (e grande) do mundo.

Ele estava completamente perfeito. Da cabeça aos pés, eu acho que fui muito generosa comparando Vênus com ele.

- E então... Preparado? – Eu digo saindo de casa e fechando a porta atrás de mim. – Devo alertá-lo que posso ser bastante tagarela durante filmes.

- Isso não vai ser problema. – E um sorriso malicioso brotou no canto dos lábios dele.

JESUS! Será que ele estava pensando a mesma coisa que eu? Será que eu entendi o sorriso e o que ele falou da maneira certa? O Sr. Vênus também quer me pegar?

Lucky, lucky. This is my luck day.

- Chequei os horários e nós temos três opções. – Remus disse enquanto abria a porta do carro para eu entrar.

- E quais são elas? – Eu perguntei enquanto tentava controlar as tentativas frustradas do meu coração para quebrar minhas costelas.

- Batman, como eu já tinha dito antes. – Ele estava super másculo segurando o volante (Não levem a coisa para o lado pornográfico, por favor) e usando aquela camisa Pólo da Tommy, era difícil controlar meus batimentos e a minha ansiedade. – Hancock e Mamma Mia.

Minha perna balançava sem parar eu estava pronta para roer as unhas quando me toquei que ele estava me encarando para ouvir uma resposta.

- Qual dos três? – E ele estava me deixando escolher o filme! Isso seria outro sinal do que ele (também) queria? Ele não iria se importar de ver qualquer filme porque estaria... me beijando comigo?

- Batman, sem dúvida nenhuma. – Eu disse abrindo um sorriso.

- Boa escolha. – Ele piscou o olho e voltou a atenção para a direção.

- Estão dizendo que o Heath Ledger ficou perfeito como o Coringa. – Eu comentei só para que não houvesse silêncio e ele escutasse o meu miocárdio pressionando a minha costela.

- É, a atuação dele está muito boa, mesmo. – Ele deixou escapar.

- Você já assistiu? – Eu perguntei surpresa.

- Bom... Alguém tem que te contar como foi o filme antes que você chegue em casa. – E um sorriso lateral brotou no canto dos lábios dele.


Narrado por: Emmeline Vance.
Hoje, Sábado, 15 de Fervereiro.
Ouvindo: In Love – The Kooks.
Local: Casa Mansão da Claire.


Ok, desisto. Peço demissão. Abdico. Renuncio. Largo. Deixo. Rejeito. Está entregue aqui, este comprovante por escrito, do meu pedido de exoneração. Não agüento mais esse assédio e essa dúvida que corrói meu cérebro todas as noites antes de dormir.

Por que eu fui me meter no meio de um triângulo amoroso? Estou me sentindo a própria Guinevére: Traindo meu namorado “arranjado” com o melhor amigo dele (ou um dos, tanto faz a qualificação não diminui a minha culpa).

- Emmy? – Está vendo só o que estou dizendo? Parece perseguição, acredito que terei que me dividir em duas.

- Oi, Eddie. – Eu tentei abrir um sorriso convincente e me esforcei ao máximo para não soltar um suspiro de cansaço.

- Por que você está sentada aqui? – Ele perguntou puxando-me levemente pelo braço. – Tem uma pista de dança inteira nos esperando.

Edgar colou nossos corpos e começou a dançar me conduzindo com uma das mãos em meu quadril.

Eu não estava nem um pouco a fim de dançar, toda vez que eu o encaro acabo lembrando dos integrantes do N’Sync ou dos Backstreet Boys. O jeitão dele fez desaparecer por completo a lembrança do Dougie Poynter que ele trazia no rosto (e olha que para desaparecer uma coisa dessas não é assim fácil, viu?).

- Na verdade, eu estou um pouco cansada. – Sussurrei em seu ouvido da forma menos sensual possível. – Pode ir se divertir, acho que vou ficar por aqui, tomando um ar e me animando.

Edgar fez uma cara super fofa de abandono e me deu um leve beijo. O gosto de álcool não era forte, mas também não era imperceptível.

- Tem certeza? – Ele perguntou. – Eu posso ficar aqui com você.

- Tenho sim. – O problema é que no fundo, eu sei que ele é completamente fofo. E isso é que torna tudo mais difícil. – Obrigada.

Eu devo ser muito boa amiga, viu? Sério, acho que vou ganhar passaporte para o céu rapidinho porque deus sabe o quão ruim essa festa está para mim com dois caras me consumindo o tempo todo.

Cover-Dougie... Não, M&M... Não, Cover-Dougie... Não, M&M... Não, Cover-Dougie... Não, M&M... Não, Cover-Dougie... Não, M&M... Não, Cover-Dougie... Não, M&M... Não, Cover-Dougie... Não, M&M...

Acho que eu vou tirar no palitinho... Mas eu aposto que aqui na casa da Claire não existe palitinhos de dentes. Não de madeira pelo menos, se tiver é daqueles de prata ou de cobre.

Meu Deus! Agora eu entendo o por quê dela ser tão vaca. Ela tem tudo o que quer na palma da mão, olha só aquele elevador de comida! Pergunto-me pra que isso, considerando que a Claire não põe nada na boca que tenha caloria.

- Emmy? – A voz do Miguel tirou-me do meu frívolo transe.

Eu levantei os olhos encarando o rosto digno de capas da Vogue dele. Seus olhos estavam arregalados e lá no fundo eu pude ver um vestígio de receio e de curiosidade.

Ou talvez eu só tivesse vendo o que eu queria ver, deixei minha mente flutuar no meio de mais uma das minhas alucinações, desta vez eu e o Miguel estávamos na casa de campo em Hampshire, ele correndo atrás de mim e eu tropeçando na grama quando ele me alcançava...

- Emmeline? – Fui trazida de volta, mais uma vez, pela voz dele.

É melhor eu responder logo antes que ele pense que eu tenho algum déficit mental.

- Sim? – Eu disse abrindo um sorriso mais consciente e firme do que o da cara abobalhada durante a alucinação.

- O Edgar me pediu para ver como é que você estava. – Miguel disse e eu sobressaltei.

- O quê? – Eu perguntei com os olhos arregalados. – Ele te pediu o que?

- Para ver como você estava... – Miguel repetiu fazendo uma careta. – Ele tem razão, você não parece muito bem.

Isso é porque vocês dois me deixam completamente confusa e esclerosada. Será que vocês poderiam ser menos complicados? De forma que meu cérebro conseguisse compreender as atitudes de vocês? Hein?

- Eu estou bem! – Exclamei indignada. – Por que não estaria, Miguel?

- Não sei. – Ele deu de ombros. – Pensei que você pudesse me responder.

- Mas eu estou bem, não precisa se preocupar comigo. – Eu falei dando um sorriso amigável. – Nem você, nem ele.

- Como não? – Ele perguntou. – Você costumava dançar até o fim da festa, lembra? E, convenhamos, você está tomando... – Miguel pegou meu copo. – Suco de laranja?

- Tangerina. – Eu o corrigi. – Estou tentando me manter sóbria e tomar decisões conscientes, ok? Será que eu não posso mudar? Querer levar uma vida mais frugal?

- Que tipo de decisões conscientes? – Miguel quis saber.

- Do tipo... – Escolher entre ele e você. – Eu não sei.

- Emmy se você está falando em escolhas tipo: “Que blusa irei usar amanhã? Azul ou Rosa?” – Miguel gesticulou com as mãos. – Sinto lhe dizer que isso não é ser frugal.

- Ai Meu Deus! – Eu exclamei me levantando. – Vocês realmente me subestimam!

Saí de lá em passos rápidos. Que idiota! Até parece que eu sou assim! Eu posso realmente ter dúvidas quanto a vestuários e moda, mas não dessa forma. Eu não sou apenas uma patricinha fútil e mimada, eu me preocupo com o mundo e com as minhas notas, e com eu realmente gosto.

Por que diabos uma vez na vida eu não posso ser levada a sério? Até parece que eu sou o bozo ou o presidente Bush!

Ok, acho que o Bozo pode ser mais levado a sério que o Bush, francamente, quem ele pensa que é? O Jim Carrey em “O Todo-Poderoso”?

Passei pela pista de dança sem reconhecer nenhum rosto até chegar na porta dos fundos quando eu consegui encontrar uma área vazia lá fora no quintal.

Miguel às vezes consegue ser tão prepotente e absurdo!

E... No entanto... Eu não consigo parar de gostar dele! E de quando ele me surpreende vindo atrás de mim e me abraçando pela cintura, exatamente como agora. Da maneira que ele pega meu rosto e enxuga minhas lágrimas, exatamente como agora. De como ele me hipnotiza quando olha nos meus olhos, exatamente como agora. Do aroma que o perfume dele tem quando eu encosto a cabeça em seu ombro, exatamente como agora. Da voz dele sussurrando um pedido de desculpas no meu ouvido, exatamente como agora. Do jeito como ele beija o topo da minha cabeça e levanta meu queixo, exatamente como agora.

- Você sabe que eu só quis ser engraçado. – Ele disse fazendo aquilo de novo, com os olhos. – Eu não devia ter dito aquilo, eu devia ter percebido que você estava falando sério. Fui estúpido em dizer aquilo, eu sei que você não é assim.

- Você... Você sabe? – Eu disse com a voz engasgada.

- É claro que sim. – Miguel sorriu. – Todos nós sabemos que você não é assim, Emmy. Eu só falei aquilo porque estava...

Miguel mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, parecia que ele estava com receio de dizer algo.

- Estava... – Eu o aticei a dizer.

- Estava com ciúmes. – Ele sussurrou fazendo uma careta. – O Bones não tinha me pedido para falar nada, eu só queria saber qual seria a sua reação quando... Quando ouvisse que ele se preocupava com você. E é óbvio que eu também queria saber como você estava.

- Queria? – Eu soltei ainda mais surpresa.

- Claro que sim. – Miguel pegou a minha mão e voltou a encarar meus olhos. – Eu gosto de você, gosto de verdade, sempre gostei.

Meu coração começou a palpitar desesperadamente, juro por deus que dava para ouvir o barulho que ele fazia quando batia na minha costela há uns 15 metros de distância.

Eu sorri constrangida. Miguel levou as mãos até a minha nuca, trazendo o meu rosto mais para perto. Se a distância antes era ínfima agora era execrável. Nossos narizes se encostaram e eu sorri fechando os olhos e levando, agora, a minha mão até a sua nuca. Quando nossos lábios finalmente se encostaram eu pude sentir toda a dopamina se espalhando no meu sangue.

A melhor sensação do mundo, eu estava, naquele exato momento, beijando o garoto mais perfeito do mundo, aquele que eu sempre nutri uma paixão pueril desde os 8 anos, o garoto que era a última coisa que eu pensava antes de dormir.




N/A: Ai, ai. Vestibular, a razão do meu sumiço, da minha falta de criatividade, do meu cérebro ter entrado em curto-circuito. Estava com saudades disso aqui, de postar alguma coisa nova, de escrever uma N/A merdona (Vocês sabem que eu não sou boa nisso). Acho que vou voltar a postar regularmente em breve. Dia 24 de Novembro estou de FÉRIAS!!!!! Qualquer erro peço aqui, desculpas, estou sem beta. X.X

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