A SENHORA DO FALCÃO



Capítulo 5:


A SENHORA DO FALCÃO.



- Bram seguirá contigo.

Godric não precisou olhar nos olhos de seu filho para notar-lhe a decepção. No entanto, o fez para apaziguar os ânimos do rapaz, pousando as mãos sobre seus ombros.

- Bram é meu escudeiro e luta como qualquer de meus soldados. Tu és um aprendiz de Hogwarts, em idade de estudar para tornar-se ainda melhor bruxo do que já és! Teu lugar é aqui, aprendendo.

Mutombo sacudiu a cabeça, triste. Sem erguer as faces para o bruxo adulto, resmungou com amargura.

- Mas, eu sempre fui a combates...

- E eu me penitencio por isso! Arenas de combate não são lugares para...

- Crianças. – A voz do menino soou baixa e irritada.

- Jovens. – Retrucou Godric, sorrindo. Retomou as habituais passadas largas que ora o levavam em direção à sua tenda, sabendo que Mutombo o acompanhava de perto. – E anime-se, filho! Não ficarás para trás, solitário! Salazar e Hérocles permanecerão na escola, igualmente... – Contou, dando uma palmada amigável nas costas do leão, que como de costume, caminhava majestoso ao seu lado.

- Lord Salazar ficará? – O raro sorriso de Mutombo iluminou-lhe as feições. – Bom! – Flagrando-se de todas as implicâncias de tal fato, interpelou o pai novamente. – Mas por que ele ficará?

- Tenho certeza que ele prefere explicar-lhe pessoalmente, Mutombo. Assim que resolver nos agraciar com sua presença...

Neste instante um som gutural chegou até eles, interrompendo a ironia leve na voz de Gryffindor. Achavam-se a alguns passos de seus aposentos e era dali que o lamento assustado partia. Não tinha altura para ser um grito, mas vinha repleto de temor o suficiente para encher de apreensão o Leão das Charnecas e fazer eriçarem os pelos da juba de Hérocles, que disparou naquela direção.

- Mutombo,vá ao refeitório e traga Helga.

Sem esperar para ver atendida sua ordem, Godric Gryffindor puxou a varinha, xingando baixo por não ter sua espada à mão, já que esta se encontrava guardada seguramente entre suas tralhas de batalha. Entrou na tenda alguns passos depois de Hérocles.

Lady Ravenclaw encontrava-se quase imóvel, pois, apesar de se encontrar envolta pelas cobertas de seu leito, tremia levemente como se tivesse frio. Os longos cabelos escuros e desgrenhados escondiam parcialmente o seu rosto, e os olhos cerrados só abriram quando sentiu o focinho de Hérocles encostar-se nos dedos de sua mão direita, que agarravam com força as cobertas. Godric se espantou com os grandes olhos azuis da jovem, que pareciam ainda maiores no rosto encovado e pálido da doente. Mesmo assim, lembravam as águas profundas do mar Egeu quando alargaram-se, temerosos, ao encararem o olhar dourado do animal.

- Milady! – Apresentou-se Godric, curvando-se ligeiramente após vistoriar rapidamente o espaço da tenda com a varinha seguindo o olhar. No entanto, não encontrara nenhum perigo aparente. – Não te assustes com Hérocles ou comigo! Não temos intenção de fazer-lhe mal. – Acrescentou, ao ver o medo estampado nas faces pálidas. – Estás bem? Havia alguém aqui com a senhora?

Os olhos azuis estampavam incerteza. Entretanto, lentamente ela confirmou com um gesto de cabeça antes de dizer com a voz rouca, como ficam as vozes não usadas por muitos dias.

- Embora eu não saiba dizer quem ou o que era... Parecia... Uma cobra... Grande.

O bruxo cerrou as sobrancelhas de maneira intrigada, encarando-a intensamente, e quedou-se calado por alguns momentos. Depois, abaixando-se em um dos joelhos, murmurou algo ao leão. Com um rugido curto e baixo em resposta, Hérocles saiu da tenda de forma silenciosa, farejando o ar como se estivesse em plena caça.

- O que quer que estivesse aqui, Hérocles encontrará seu rastro. – Puxando uma das cadeiras de lona espalhadas por ali, Godric sentou-se próximo do leito e gentilmente apanhou uma das mãos frias que ainda se agarravam às peles como se disso dependesse sua sobrevivência, aconchegando-a entre as suas como faria com uma criança pequena e assustada. – Então, Lady Ravenclaw... Se estiveres mais calma, achas que finalmente poderemos ter uma apresentação como deve ser feita? Sem disfarces de menino, ou serpentes não convidadas?... Sou Godric Gryffindor.

- Rowena Jane Ravenclaw...

Ela recolheu a mão, firme, ainda que delicadamente.

- E não posso me inocentar do disfarce... Embora nada tenha a ver com... Aquilo que estava aqui. E também não imaginei, se é isso que estás a pensar!

Godric observou o leve rubor colorir as feições abatidas da moça enquanto esta provavelmente se dava conta de que poderia estar parecendo grosseira para aquele que, afinal, havia lhe recebido em seus domínios. Passando a mão pela barba curta, recostou-se à cadeira, a aparência séria contrastando vivamente com o brilho dos olhos castanhos.

- Não penso isto de Milady, em absoluto! Mas, como a senhora bem sabe, nem tudo o que parece, é. Ainda outro dia, um menino magricela transformou-se em formosa bruxa, aqui mesmo, em minha tenda...

Nesse instante, irromperam pela entrada Lady Helga, Mutombo, Bram, Caled Topfer e Tyl Noir, irmã de Cygnus, todos de varinha em punho.

- Rowena! – Exclamou Helga, correndo para sua cabeceira. Os outros olharam da convalescente para Lord Gryffindor, sem entender o que acontecia ali. Alarmados pelas palavras urgentes de Mutombo, vieram julgando encontrar perigo certo. Godric ergueu as mãos, acalmando-os.

- Aquietem-se, todos! Havia, com efeito, alguém aqui, cuja presença não foi consentida. Mas esse alguém já se foi, por hora. Topfer e Bram, se quiserem juntar-se a Hérocles em uma revista nos terrenos próximos, eu agradeço.

Os rapazes consentiram e saíram sem demora.

- Mutombo e Tyl, vocês podem verificar se algum dos aprendizes viu ou ouviu algo diferente. Vejam se descobrem algo faltando, ou avariado, em alguma das tendas.

- No caminho, - interrompeu Helga, ajeitando as almofadas às costas da enferma - peçam para os elfos da cozinha que mandem um lanche leve, de frutas e suco de abóboras para cá, sim?

Sem conseguir disfarçar o interesse provocado pela presença de Lady Ravenclaw, moça e menino também se apressaram em obedecer.

- E agora, minha querida Rowena, como estás? – Perguntou carinhosamente Lady Hufflepuff, ajeitando os cabelos negros da amiga para longe de suas faces.

- Sinto-me a cada minuto mais forte, na verdade... E devo isso a ti, estou certa? – Afirmou, sorrindo agradecida.

- Deves mais a Salazar, que é um exímio preparador de poções, e preparou caprichosamente cada uma das que precisastes.

- Não deixe que a modéstia da querida Helga a engane, Milady. Salazar, com efeito, sabe misturar bem os pós, mas é Lady Hufflepuff que conhece o sal da terra, e com ele cura...

A afeição entre Helga e Godric era aparente e inquestionável. Antes que sua mente permitisse o registro da dúvida sobre até onde ia aquele carinho, Rowena resolveu-se por outra questão.

- E onde está Lord Slytherin, para que eu possa também a ele agradecer?

- Eu temo, - e desta vez Gryffindor estava todo sério – que já o tenhas conhecido. E lamento pensar que ele a tenha feito vítima de uma brincadeira bastante infeliz, Milady.

- Como assim? – Quis saber Helga, imediatamente.

- Pode nos contar, exatamente, o que lembra da criatura que tanto a assustou, Lady Ravenclaw?

Enquanto dissertava sobre os poucos detalhes que tinha na memória, Rowena percebeu uma certeza furiosa formando-se nos olhos de Godric Gryffindor, ao mesmo tempo em que resoluta negação enchia as palavras de Helga.

- Improvável, Godric! Bem sabes que Salazar está... ocupado, em Hogsmead. Só retorna após a refeição do meio dia nestas... ocasiões.

Godric lhe enviou um olhar igualmente cético e impaciente.

- Então temos muitos problemas, se cobras gigantescas andam a solta por aí...

- Mas o que, - atalhou Rowena surpresa, antes da resposta mal humorada que Helga parecia prestes a deferir – o que tem Lord Slytherin a ver com aquela criatura?

Godric levantou-se e suspirou, alongando seus muitos palmos de altura.

- Helga lhe explicará tudo que precisas saber, milady. Infelizmente, preciso averiguar o que os nossos aprendizes e Hérocles puderam descobrir sobre o misterioso visitante... Há também questões a resolver fora desta escola e eu tenho uma longa viagem por começar. Então, com tristeza, devo separar-me de tão agradáveis damas!

Fez uma leve reverência e já se movia para a porta quando Rowena o chamou.

- Milord Gryffindor... – Ele voltou para junto delas e esperou, calado. – Antes que me aceites aqui em teu castelo e escola, tem algo que preciso avisar a respeito de minha presença.

Helga segurou a respiração e moveu-se involuntariamente, se preparando para uma defesa ferrenha da amiga, se preciso fosse. Godric limitou-se a erguer as sobrancelhas e ouvir. Lady Rowena continuou, olhando corajosamente dentro dos olhos castanhos.

- Talvez venham atrás de mim... E se vierem, farão qualquer coisa para me levar com eles. Haverá perigo, possivelmente.

Coragem no temor. Godric gostava disto nas pessoas. Cruzou os braços, e sem alterar o semblante, perguntou.

- “Eles” têm algum direito sobre ti? – Ela negou com a cabeça. – “Eles” são um exército de bruxos bem armados? – Nova negativa. – Queres voltar com “eles”? – Desta vez a resposta foi um “Não!” alto e veemente. – Então, fique dentro dos limites da escola, sempre próxima a Helga ou Salazar. Aqui, será difícil que “eles” consigam chegar até ti. E quando eu voltar, se quiseres, serei todo atenção a esta história que tens para contar.

- Eu agradeço sua generosidade em me acolher, apesar de tudo, Lord Gryffindor.

Ele recuperou a mão que ela retirara anteriormente, beijou os dedos longos e alvos e sorriu para as duas.

- Este castelo não é apenas meu. É de Salazar, Helga e seu, desde que aceitastes o convite para juntar-se a nós. E depois de nossa passagem por esta vida, anseio para que ele seja de todo o bruxo que se dispuser a ensinar nele. Sendo assim... Seja muito bem vinda ao lar, Milady Ravenclaw! E até minha volta!

Sustentou o olhar profundamente azul até que ela o desviou, e então voltou-se para Helga, abraçando-a brevemente.

- E você, minha irmã, mantenha tudo nos conformes por mim, certo? E tome cuidado, principalmente contigo mesma e com nossa fugitiva metamorfómaga cheia de segredos aqui...

Helga retribuiu o carinho, passando a mão na barba ruiva de Godric quase melancolicamente.

- E eu tenho alternativa? Sempre exploras minha amizade quando partes para tuas aventuras e me deixas responsável, e ainda assim, me enterneço por ti, aproveitador!...

Com uma trovoante gargalhada e uma discreta mesura, Godric sumiu pelas dobras da tenda.

Rowena o observou partir achando-o, em resumo, bastante instigante. Helga, por sua vez, estudava com um sorriso matreiro o olhar interessado da amiga pelo cavaleiro ruivo. Lady Ravenclaw acabou por flagrar tal sorriso.

- De que estás rindo? – Perguntou, corando levemente.

- Não te melindres, minha amiga! Não és a primeira a quem Godric Gryffindor faz brilhar os olhos...

- Eu estava apenas admirando seu desprendimento e generosidade...

- E a coragem, os modos cavalheirescos, os cabelos cor de fogo, os olhos...

- Que parecem firewhisky em uma noite nevada... – A risada franca de Helga a fez deparar-se com o próprio deslize. Fortemente enrubescida agora, admoestou a outra com um olhar magoado e mudou de assunto.

- Vais me dizer agora o que infernos têm a ver o famoso Lord Slytherin com o ser assustador que encontrei ao acordar?

Helga tornou-se instantaneamente séria. Tomando a mesma cadeira que Gryffindor usara, ajeitou as vestes, ganhando tempo.

- Antes de tudo, quero que saibas que não participo da opinião de Godric. Salazar sabe que estás a se curar de uma perigosa doença e não seria tão imprudente. Mas... Godric acha que Salazar resolveu fazer-lhe uma visita, a título de brincadeira, na forma de Phobos, a serpente.

Rowena levou alguns segundos para compreender o que a outra havia dito, e antes que pudesse expressar toda sua surpresa, Helga completou, com voz cansada.

- Salazar é um anímago, Rowena. Um anímago que se transforma em uma gigantesca naja, batizada por ele mesmo de Phobos. É por isso que além de possuir algumas capacidades destes répteis, ele também consegue se comunicar com eles... - Endireitando-se, Helga a olhou nos olhos, a voz tomando acento de feroz lealdade. - Mas não o olhe com preconceito por isso! Ele é um bom homem e um grande bruxo! Eu posso lhe jurar isso, se preciso for!...

==*==

Saindo do espaço coberto, o bruxo parou com as mãos na cintura e elevou as faces em direção ao Sol, suspirando profundamente, imóvel. Após o momento de reflexão, ergueu a varinha acompanhando com ela todo o desenho do terreno cercado ao seu redor.

· Este é um local de proteção. – Enunciou Gryffindor com sua voz grave, durante o movimento da varinha. – Nenhuma alma aqui guardada será perturbada, nenhum corpo atingido, nenhum sentimento será ferido. Quem está dentro não sofrerá, quem está fora só com boas intenções entrará! Um local de proteção! É isso que quero, e é para isso que deixo magia neste chão! – Concluiu, apontando a varinha diretamente para o solo sob seus pés, finalizando o feitiço.

Um tanto apaziguado em suas preocupações pela providência tomada, seguiu para os estábulos em busca de Molnia. Foi lá que Hérocles o encontrou pouco depois. O leão grunhiu baixo para anunciar sua chegada, sentando-se próximo para observar o bruxo acabar de ajustar os arreios no garanhão, que já pateava, ansioso por partir. Atentando para a atitude sempre solene do felino, Gryffindor deduziu em voz alta:

- Nada acharam, presumo?

Hérocles sacudiu a juba e deitou-se, abanando a cauda pausadamente. Molnia relinchou e cutucou o leão com o focinho, em flagrante provocação. Recebeu apenas um olhar entediado como resposta. Aquietando o garanhão com suave reprimenda, Godric abaixou-se diante do leão.

- Fique sempre perto dela. Proteja-a, mesmo quando não pressentir perigo! Há maldades cercando lady Ravenclaw... Maldades que por hora só posso adivinhar. Posso contar contigo, leão?

Outro grunhido, seguido de uma patada brincalhona que teria derrubado um homem mais desatento, foram a confirmação. Bram aproximou-se, trazendo pelas rédeas seu próprio cavalo. Ambos com suas montarias e seguidos de Hérocles dirigiram-se aos portões, sob as despedidas dos aprendizes por ali. Mutombo esqueceu a contrariedade e correu a abraçar aquele que considerava pai. Já na entrada, Godric estacou novamente.

- Milord, os homens aguardam no vale adiante de Hogsmead...

- Já vamos, Bram, já vamos! Estou apenas aguardando...

- “Que Salazar chegue para que possa amaldiçoá-lo pelo sumiço, nas vésperas de minha partida para o combate.”– Completou jocosamente o próprio Slytherin, surgindo da direção de sua tenda – Já estou aqui, irmão!


- Folgo em vê-lo bem, apesar do iminente desgaste físico. – Devolveu Gryffindor, observando as olheiras sob os olhos cinzentos do outro. – Não tens mais idade para tais noitadas, meu amigo!

- Olhe quem falando... – A troca de pilhérias seria divertida, não fosse o tom de discussão velada, disfarçado por elas. – Vá sem preocupação, Godric. Tomarei conta de tudo e de todos aqui. Concentre-se em mandar Herpo e seu comparsa andaluz de volta para onde vieram. Em pedaços ou não!...


Sem sorrir, Gryffindor montou em Molnia, controlando o fogoso animal com rédeas firmes.

- Eu também tomei minhas medidas de segurança, tenha certeza! Preciso lhe contar que Lady Ravenclaw já está desperta? – Acrescentou de maneira direta.

- Não... – Respondeu Salazar, com cuidado na voz. – Mutombo já me havia avisado, ainda agora quando estive com ele. – O menino assentiu silenciosamente, parado ao lado do bruxo. - Cuidarei das necessidades de Lady Ravenclaw, Godric! E de Helga, igualmente...

- Isso é bom. – Já passara da hora de partir, mas algo invisível e forte o mantinha preso ali, encarando seu amigo de infância com uma suspeita mal vinda no coração. Descartando tal ansiedade, finalmente sorriu, deixando que a antecipação empolgante que uma boa batalha lhe trazia a substituísse em seu coração. – Até breve, então!

- Que sejam bravos nossos inimigos! – disse alto Salazar.


- E que sejam belas suas viúvas! – Completou Godric, em cumprimento comum entre eles desde as primeiras justas que disputaram juntos. Lançando um último olhar ao redor, baixou a viseira do elmo e dirigiu o garanhão negro para fora dos portões da escola.

Dentro dos aposentos rubro e dourados, Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff observavam a partida, cada uma com o coração tomado por emoções vívidas, porém diferentes. Após o rastro de poeira deixado pelos cavalos que se iam finalmente dissolver-se no ar, Rowena voltou-se para a já grande amiga e suas damas de companhia e, após olhar divertida para as vestes que usava, curtas demais para o decoro da moda em vigor, perguntou bem humorada.

- Bem, agora preciso de minha bagagem... Alguém viu um falcão Branco voando por aqui?

Diante da risada de Helga, que sabia do que ela falava, e da estupefação das jovens diante de tal pergunta, Lady Ravenclaw saiu da tenda e parou de frente para a floresta escura ali próxima. Levou dois dedos à boca e emitiu um silvo alto e agudo, que repercutiu por todo o acampamento. Com os olhos fixos nas árvores, aguardou, sem se importar com as perguntas que tal comportamento suscitou ao seu redor. Depois de algum tempo, repetiu o procedimento, desta feita soltando um silvo mais demorado e talvez mais alto que o anterior.

De dentro das copas ao longe elevou-se a figura de um enorme pássaro, que carregava preso pelas garras um volume de tamanho médio e que, pela facilidade com que era carregado, não deveria ser muito pesado.

Voando alto e velozmente, a ave aproximou-se das tendas, grasnando ocasionalmente. Logo, estava próximo o suficiente para se mostrar um magnífico falcão branco, com as penas claras do peito contrastando com as pontas das enormes asas, que iam gradualmente do bege para o mesmo castanho escuro que cobria sua cabeça. Pairando sobre o exato ponto onde se encontrava Rowena, desceu gradativamente em sua direção, deixando cair a bolsa de couro que carregava quando próximo do chão, terminando por pousar cuidadosamente no braço da bruxa. O qual ela erguera ao ar em forma de arco, protegido por um pedaço das peles do leito de Godric.

Quando pousada, a ave fixou os olhos amarelados em Rowena e piou baixo, obviamente feliz por revê-la. A bruxa acariciou-lhe as penas, também emocionada.

- Olá, meu amigo! Que visão reconfortante és...

Girando o corpo em direção a audiência, apresentou formalmente.

- Helga, meninas... Esse é Gibbor, meu amigo e protetor. Ele, e os pertences que carregou para mim naquela sacola, são os únicos bens de meu pai que me deixaram, e os únicos com os quais realmente me importo...

- Emocionante! Mas devo dizer que espero uma apresentação um pouco mais detalhada de sua vida até aqui, lady Rowena Ravenclaw.


Ela desviou a atenção de Gibbor para fixá-la no homem que acabava de manifestar-se. Vestes bruxas de veludo, capa esvoaçante, cabelos escuros e longos, permeados aqui e ali por finíssimas tranças, botas trabalhadas de camurça, anéis e um pesado medalhão onde refulgia algo em verde sobre o céu da manhã. E olhos cinzentos que a mediam detalhadamente, fazendo-a ciente de que era julgada e sentenciada naquele exato momento, por sua aparência mais que por suas ações.

Helga, a boa Helga, veio em seu socorro, esclarecendo com voz conciliadora.

- Salazar, esta é Rowena Ravenclaw, como já sabes. Rowena, este é Lord Salazar Slytherin, de quem tanto já te falei.

Bastou dois passos do bruxo, na intenção de aproximar-se de sua senhora, para o valente Gibbor alçar vôo e postar-se entre os dois, agitando as asas para Salazar como se o desafiasse a tentar passar. Com um meio sorriso, a Serpente dos Brejais aceitou o desafio.

Lentamente, ele ergueu a varinha para o belo pássaro...




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N/B: É sempre um prazer ler o que a Sônia escreve. Imagine ler em primeira mão? Ok, eu me candidatei ao cargo de Beta, assumo. Vim com aquele papo de dar consultoria histórica e ela caiu, hehe. Querida, o texto está fabuloso. Tem originalidade e cada personagem é trabalhado em detalhes para que a gente não perca nem um olhar e saiba exatamente quem são. Seu Godric é a perfeição. Sua Helga é simplesmente apaixonante. Rowena é ainda um mistério, mas daqueles que dentro e fora da fic se quer desvendar. E o Salazar está maligno, hehe. Não sei quanto aos outros, mas eles são exatamente como eu imaginava. Adorei o fato do Godric começar a desconfiar do sonserino mor nesse capítulo. Obrigada por me deixar participar dessa obra, querida. E, claro, ler em primeira mão, hehe. Beijo grande!!


N/A: Minha demora tem perdão? Espero sinceramente que sim! Esse ano tem sido tumultuado, profissionalmente falando, e isso atrasa um pouco as atualizações. Espero que me desculpem! Assim como desejo de coração que vocês se divirtam lendo essa fic, tanto quanto eu o faço ao escrevê-la!

Sally Owens e Morgana Black! Adoro vocês! Muito, muito, muito obrigada pela cooperação, e também pela paciência com essa autora cheia de marés que sou eu! Beijo enorme no coração de vocês!

Fã clube do GG: Em homenagem a vocês, tem fotos novas no Multiply... É só clicar no banner abaixo, ok?

O mesmo leva também à música do capítulo, foto de Mutombo e algumas curiosidades sobre os personagens, para quem quiser dar uma olhada!

Desejo a todos um ótimo final de semana! Beijo grande e fiquem bem!




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