Boas notícias são bem vindas

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Desceu as escadas muito lentamente. O caminho até a cozinha, pareceu agora levemente diferente do que Harry se lembrava nos outros anos, quando voltava à sua casa na Rua dos Alfeneiros. Na estante da sala brilhava um imponente troféu conquistado por Duda devido ao tornei de luta em que o primo participara. Diferente dos tios – que achavam o prêmio um símbolo de sucesso e futuro promissor do filho – Harry achava que era apenas um entulho que brilhava um pouco mais do que um lixo normal. Não partilhou de sua opinião para com os tios, tinha certeza que a tolerância deles acabaria no momento em que o sobrinho ultrajasse a conquista de Duda.

Todos já se encontravam na mesa e tomando café no momento em que sentou na sua cadeira de costume. Pegou a torrada mais próxima para passar geleia. Na ponta da mesa, Duda comia verozmente o grande sanduíche que tia Petúnia tinha preparado para ele, parando somente para visualizar alguma imagem na televisão que se encontrava bem atrás de tio Válter.

- Saia da frente. Não estou conseguindo ver Policarpo, o treinados de cães! – rosnou para o pai com a boca cheia de pão.

- Ô, desculpe Dudiquinho. – e tio Válter se afastou para o lado de Harry, fazendo o garoto quase cair e levar a cadeira junto.

Era verdade que o primo não parecia mais uma rolha de poço, mas ainda possuía as formas e feições de um porco, e também o comportamento de um, a julgar pelos modos de se alimentar e tratar as crianças mais novas do bairro.

Harry olhou para a televisão e viu o que pareceu a ele um bando de cachorros vestidos fazendo números ridículos de malabarismo. Um podlle com um rabo pomposo pulava nas pernas traseiras atrás de um biscoito na mão de quem parecia ao goroto ser o tal Policarpo. O interesse de Harry logo se desanuviou e voltou sua atenção para a torrada.

- Sabe, Petúnia. Nós realmente precisamos fazer alguma economia, nada muito sério, mas você sabe, os preços sobem e as coisas da fábrica não andam nos melhores dias. Temos que cortar algumas despesas.

Os problemas financeiros dos Dursley para Harry não tinham a menor importância. Ele tinha coisas mais importantes para se preocupar. Sobreviver era uma das maiores preocupações do garoto. Como fazer para continuar vivo até pelo menos a sua formatura. Tinha que pensar em alguma coisa para fazer. Talvez se pedisse para alguém da Ordem lhe ensinar a se defender e a produzir maldições imperdoáveis. Lupin poderia lhe ensinar, já fizera isso uma vez quando Harry precisou aprender o feitiço do Expecto Patronum.

- Estou falando com você garoto! Será que pode ficar com as orelhas ligadas! – tio Válter se aborrecera com o sobrinho e batera o punho gordo na mesa, fazendo Harry dar um pulo na cadeira e voltar do seu devaneio. – Esta vendo Petúnia! O garoto está novamente olhando para o nada abobado!

- Você já escreveu aquela carta para aquelas pessoas? – perguntou tia Petúnia sem demonstrar a menor emoção ao que estava dizendo.

Harry pensou por um segundo, um segundo apenas, que a tia estava perguntando isso para fazer o tio não se alterar com o garoto, lembrando ao marido que Harry tinha que estar satisfeito naquela casa se não quisessem uma visita de Olho-Tonto. Tio Válter na mesma hora pareceu encolher e se escondeu atrás do jornal.

- Escrevi sim – respondeu o garoto para a tia que parecia não estar escutando – ontem antes de deitar mandei minha coruja...

Ao desviar o olhar para o jornal que cobria o rosto de tio Válter, Harry parou de falar abruptamente. Via-se agora cara a cara com a foto de um cachorro que parecia incrivelmente semelhante a... não podia ser... ou será que podia!

- Que diabos você pensa que esta fazendo? – gritou tio Válter quando o garoto arrancou das mãos do tio o jornal que estava lendo. Não se importava se o tio gritasse com ele, tinha que olhar direito para a cara do cachorro. – Me devolva isso moleque! Você perdeu totalmente os modos, ficou finalmente louco de vez!

- Válter, não! – tia Petúnia foi impedir que o marido pulasse no pescoço de Harry.

Era uma cena até engraçada. Tio Válter fazendo frenéticas tentativas de passar por cima da mesa com os braços estendidos para o jornal, tia Petúnia puxando com força a manga de sua camisa, Duda olhando a cena boquiaberto ao lado da televisão com pedaços de presunto saindo pelo canto da boca e finalmente Harry, encostado o mais que podia na parede para fugir dos braços do tio como se fosse atravessa-la, com o jornal a apenas cinco centímetros de distância do nariz.

Era o tipo de coisa que Sirius faria. Podia não estar morto, só se escondendo para salvar a pele do Ministério e dos Comensais da Morte, só até tudo ficar calma e esperar o momento certo de retornar. Tinha que ser isso. Mas a manchete que aparecia acima da foto do cachorro foi como um balde de água fria na cabeça de Harry.

Cachorro treinado encontra 50 Kg. de drogas em bagagem de velhinha de 83 anos.

Sirius não participava de buscas por drogas, de fato, não poderia saber se tinha alguma coisa estranha com nenhuma bagagem. Ele não era treinado para isso, era um animago. Não podia ser o mesmo cachorro. De fato, olhando mais de perto, nem parecia a forma de cachorro de Sirius. Este tinha uma cara mais redonda e abobada. Não era Sirius, era impossível que fosse ele.

Tio Válter bufava e continuava fazendo investidas para tomar seu jornal do sobrinho.

- Tome – disse Harry arremessando o jornal por cima do pote de geleia – não tem nada de importante ai. É melhor usar isso como aparador de titica de passarinho.

- Sinceramente Petúnia, ser paciente com esse garoto não funciona, ele esta abusando da nossa boa vontade. Juro que ainda vou perder a cabeça até ele ir embora para aquela escola de loucos que ele freqüenta.

Harry escutou o tio esbravejar enquanto se dirigia a escada com o pior sentimento de solidão desde que voltara para a Rua dos Alfeneiros. Por um único segundo, era como se Sirius tivesse voltado por um segundo apenas.
Chegou em seu quarto e se largou na cama. Como fora tão idiota! Fizera os tios gritarem com ele e ainda aumentara sua depressão. Não podia ficar tentando encontrar sinais em todos os cantos à procura de Sirius. Iria fazer isso a vida toda e nunca encontraria resultado na sua procura. Tinha que tirar o padrinho de uma vez por todas da sua cabeça, afinal, não estava completamente sozinho. Tinha a Ordem que eram amigos de seus pais, toda a família Wesley o tinha como um membro da família, e encontrou em Rony e Hermione os irmãos que não tivera. Não tinha razão para se sentir sozinho.

Um pio ao lado de sua cama também lembrou a Harry que ele tinha Edwiges, a coruja nunca lhe falhara, sempre estivera ao lado do garoto. Ele se levantou e foi até a coruja, fez um afago em sua cabeça e tirou o pergaminho da perna dela. Tinha mandado uma carta à sede da Ordem, mas quando a abriu viu a letra de Rony. O garoto deduziu que o amigo ainda se encontrava no Largo Grimmauld com a família.


Harry,

As férias continuam as mesmas? Imagino que sim. Espero que estejam bem chatas e você esteja louco pra sair daí, porque mamãe disse que Dumbledore mandou pegarmos você para passar o resto das férias conosco. Eu pensei que ele ia fazer você passar o resto do mês aí. Bom, arrume suas coisas, quando você menos esperar estaremos aí.

Você tem notícias de Hermione? Ela mal responde minhas cartas isso quando não responde nada. Estou ficando preocupado, não que tenha acontecido alguma coisa com ela, mas preocupado que ela esteja estudando demais e faça um furo no meio da cabeça dela.

PS.: você já recebeu os resultados dos NOMs?

Rony


Harry escreveu outra carta ao amigo dizendo que espera por eles e a amarrou na perna de Edwiges.

- Entregue a carta a Rony, e não precisa voltar. Amanha ou mais tarde irei ao encontro de vocês.

Fez mais um afago na cabeça da coruja e ela levantou vôo. Estava bem mais satisfeito agora e as lembranças do café daquela manhã sumiram da cabeça do garoto. Já estava quase no final de agosto e o garoto ficava se perguntando quando iria voltar para o Largo Grimmauld, no começo das férias não estava tão ansioso para voltar, mas agora a vontade era tanta que ele se via pensando em maneiras não mágicas de chegar ao Largo. Não se importava como os Wesleys iriam pega-lo, sair da Rua dos Alfeneiros significava não escutar as reclamações dos tios.

Harry leu novamente o final da carta falando sobre Hemione. Era verdade que as cartas que recebia da amiga eram até mais insuficientes das que ela enviou ao menino no verão passado, quando não podia dar informações ao garoto sobre o que estava acontecendo. Harry se via cheio de curiosidade e preocupação sobre o que estaria acontecendo à amiga, ela nunca lhe deixara de escrever uma resposta as suas cartas, mas agora isso acontecia com freqüência. O que ela estaria fazendo?

Os pensamentos do garoto foram trazidos de volta ao quarto quando uma coruja marrom de igreja irrompeu pelo seu quarto com um pergaminho de aparência oficial e com o emblema de Hogwarts, o garoto se lembrou então do PS escrito por Rony. Era verdade, ainda não tinha recebido os resultados do NOM, sua cabeça estava tão cheia de preocupação que nem ao menos se lembrava que receberia os resultados dos exames nas férias de verão.

Harry se viu então preocupado com uma coisa que não era sua sobrevivência até a formatura. Seu futuro depois que sair de Hogwarts estava escrito naquela carta preta. Pegou-a como se fosse um berrador prestes a explodir. Era grossa e pesada. Na opinião de Harry não era motivo para se orgulhar, deveria estar cheio de notas baixas e ele sentiu um aperto no estômago. E se não conseguisse as notas necessárias para se tornar auror quando se formasse em Hogwarts? Sentiu um leve frio na espinha, não imaginava o que fazer no mundo bruxo a não ser ir atrás de bruxos das trevas. Se lembrou também do empenho da Profª Minerva dizendo que ele iria se tornar auror nem que fosse a última coisa que iria fazer na sua vida, até enfrentou Dolores Umbridge com perigo de uma suspensão. O que ela pensaria se ele tivesse levado bomba nos exames. Precisava ter passado nas provas. Harry começou a se sentir extremamente nervoso e abriu o pergaminho maior e preto, dele, o garoto retirou a carta e leu:



Resultado do NOM ( Níveis Ordinários em Magia)

Aluno: Harry James Potter

Escola: Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Casa: Grifinória

Diretor: Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore Vice-diretora: Minerva MacGonnagal

Orientação Vocacional: Auror

Opção de Curso: Auror

Resultado:

Feitiços.............................................................432%.......... Nota: E O: Ótimo

Herbologia.......................................................358%...........Nota: E E: Excede as Expectativas

DCAT...............................................................500%...........Nota: O A: Aceitável

Poções.............................................................283%............Nota: A P: Passável

TCM................................................................461%............Nota: E D: Deplorável

Astronomia.....................................................418%............Nota: E

Adivinhação...................................................149%............Nota: D

História da Magia.........................................263%............Nota: A

DCAT: Defesa Contra Artes das Trevas TCM: Trato de Criaturas Magicas

Analise: De acordo com o curso escolhido pelo aluno e analisando as matérias necessárias para esta profissão e as notas obtidas, o estudante está apto a exercer as matérias até a conclusão do curo na Escola em que reside atualmente. Diante das matérias necessárias, o aluno deverá receber notas mais convincentes nos próximos dois anos na disciplina Poções.

Conclusão: APTO ao curso que escolheu.


O garoto leu a carta novamente, olhou atencioso para as notas, e seus olhos percorreram a última linha, na sua opinião a que mais interessava: apto ao curso que escolheu. Leu alto mais uma duas vezes. Então ele era apto! Iria se tornar um auror. O que será que os pais falariam se estivessem vivos? Com certeza ficariam muito orgulhosos e Sirius também. Com esse pensamento, o rosto do garoto se iluminou num imenso sorriso, puderia até gargalhar agora. Seu futuro não era tão sombrio quanto imaginava. De que importava se teve notas baixas em Poções! Iria se recuperar, tinha dois anos para isso e Snape nunca conseguiria tirar a alegria por Harry ser apto para ser auror, o garoto decidiu que iria fazer o seu melhor nas aulas, ia fingir que o professor simplesmente não existia. E quem realmente precisa passar em Adivinhação! Isso fora um prêmio para o garoto. Iria ter uma profissão, uma coisa por que lutar depois de sair de Hogwarts. Dentro do envelope continha outro pergaminho com a carta de convocação à Estação de Gringotes no dia 1° de setembro, e uma carta com uma grande relação de livros que Harry iria precisar para o novo ano, todos é claro, de acordo com o curso que Harry escolheu, o qual ele era apto a exercer.

Alguma coisa dura caiu no chão e o garoto a apanhou. Era um distintivo vermelho com um “C” dourado que tomava todo o espaço do distintivo do tamanho do emblema de Hogwarts das vestes do garoto. Harry olhou com atenção, não fazia a menor idéia do que puderia ser aquilo. Pensou que fosse algo sobre o NOM. Percebeu que outra carta que viera com as outras estava esquecida em cima da mesa. Harry a abriu, leu, e sentou na cadeira, pois não conseguia mais se equilibrar nas pernas. Levantou os olhos para a janela com as sobrancelhas muito juntas, como se encontrasse uma explicação para aquilo. O sol estava mais alto do que nunca. Baixou a carta até o colo e tentou digerir a informação recebida.

-Isso é absolutamente... totalmente... – disse para si mesmo. Resolveu ler denovo, agora a carta quase tocando seu nariz.

Caro Sr. Potter

É com imenso prazer que informamos que o senhor foi nomeado o novo capitão do time de quadribol
da sua casa, Grifinória. Devido à conclusão de curso da aluna Angelina Jonhson, consideramos o senhor totalmente apto a ocupar seu lugar no cargo de Capitão do time.

Esperamos que o senhor exceda nossas expectativas.

Atenciosamente, Minerva MacGonnagal , Vici-diretora


E lá estava a palavrinha novamente, apto. Era demais para o garoto. Tantos dias de desespero e frustração e agora isso! Apto para ser auror e capitão do time de quadribol. Harry poderia pular se quisesse, mas tinha medo que o distintivo caísse de suas mãos. Ao invés de pular, pregou o distintivo na camisa e correu para o espelho no quarda-roupa, admirando sua imagem.

Se lembrou que a alguns meses, quando fora tirado do chão por um centauro na Floresta Proibida na companhia de Hermione, o centauro falou que ele era quase adulto. E não deixava de ser verdade. Harry não tinha mais a aparência de um menino magricela, doentio e mirrado. Crescera bastante no físico e na maturidade, era uma aparência de adulto que começava por dentro do garoto e transparecia no seu rosto.

O distintivo brilhava pregado nas roupas velhas, Harry imaginou como ficaria nas vestes de jogo. Imaginou-se apertando as mãos dos adversários antes dos jogos. A cara que Malfoy faria quando o visse como capitão seria um prêmio para o menino.

Visualizou sua imagem no espelho, percebeu os olhos muito verdes, a cicatriz em forma de raio, o cabelo totalmente desgrenhado, as roupas velhas, e os óculos redondos. Descrevendo-se em palavras, Harry era o mesmo de quando entrou em Hogwarts. Mas houve tanto sofrimento e esforço físico nos últimos cinco anos, que o garoto viu sua vida separada em duas, antes de Hogwarts e depois de Hogwarts.

Quem se preocuparia com Voldemort agora? Uma pessoa que era apta para ser auror e capitão do time de quadribol podia muito bem derrota-lo! No outro dia teria a companhia de toda a Ordem, dos Wesley e dos seus melhores amigos. Como fazia tempo que Harry não tinha um pensamento feliz como os que estava tendo agora. Chegou a desejar que tivesse ali um dementador só para o garoto produzir o maior pratono que podia.
A vida era uma grande aventura e Harry iria vive-la o mais intensamente possível. Era apto para isso.

E com um grande sorriso como a muito tempo não dava, e sentindo-se muito feliz pela correspondecia do dia, se dirigiu para a sala no andar de baixo. A presença dos Dursley se tornou magicamente suportável agora.

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