Alarme anti-nascidos trouxas



Por mais que Harry estivesse satisfeito por ter voltado para a Toca, isso não o impediu de ter novos pesadelos com Voldemort e seus Comensais. Naquela noite ele teve outro sonho em que se achava ao que lhe parecia a Floresta Proibida. Respirava com tanta urgência que parecia que o ar iria sair dos seus pulmões se fosse mais devagar, tinha a varinha levantada para algum lugar na escuridão, as árvores não deixavam a claridade entrar. Harry não sabia ao certo para onde ou para quem estava mirando, mas tinha certeza que havia alguma coisa além do véu de escuridão. Tinha olhos e ouvidos atentos, o único som que ouvia era de sua respiração rasa e pios de algumas aves sinistras. Ouviu passos apressados no pé de uma árvore às suas costas e se virou automaticamente, a varinha preparada.

- Saia! Quem está ai? – berrou para a escuridão.

Neste momento saíram duas figuras bem conhecidas. Rony e Hermione corriam tropeçando nos próprios pés.

- Corra! – gritou Rony, que agarrara o braço do amigo e o forçara para dentro da mata junto com Hermione. Estavam correndo desabalados, Harry ainda sem saber a razão, mas não se atrevia a perguntar aos amigos, pareciam assustados e tinham cortes por todo o corpo. Nesse momento Hermione estancou.

- Ah não! Tenho que voltar! Eu o esqueci lá! – dizendo isso, a garota correu para a escuridão, longe dos meninos.

- Hermione não! – gritou Harry para a figura que se afastava – você está correndo direto para ele! – o garoto nem ao menos sabia como essa frase saiu de sua boca.

Os dois meninos correram atrás da amiga, mas não a encontraram. Harry foi tomado por um súbito desespero. Tinham perdido Hermione. Não sabiam onde a garota estava. Rony choramingava ao seu lado quando sua cicatriz queimou intensamente. Ele tinha acabado de matar alguém.

- Acorde nobre Harry! Temos muito o que fazer! – Fred sacudia para fora da cama o cobertor do garoto, acordando-o do sonho. Mas sua cicatriz não dava sinal de dormência. Fora só um mais um pesadelo.

- Vocês realmente não vão querer ficar dormindo num dia perfeito como esse para se praticar quadribol, vão? – Jorge estava jogado em cima de Rony silenciando as reclamações do irmão por telho acordado.

- Olá Fred! Jorge! – Harry tentou agir normalmente - Ótima maneira de me dar boas vindas, que horas são? Sete da manhã?

- Se isso realmente lhe interessa – Fred agora tirava a Firebolt de Harry do malão – são meia hora a menos do que isso. Mas é claro que você não vai achar ruim em treinar um pouco, não é mesmo! – o garoto deu um sorriso maroto.

- Como novo capitão do time de quadribol da grifinória, o sono é um estado supérfluo, como já dizia nosso ex-capitão Olívio Wood. – Jorge saia de cima da cama de Rony e se juntava ao irmão do outro lado do quarto - Espere morrer para poder dormir.

- Como vocês souberam? Ele me falou ontem a noite! – Rony se levantava também, agora totalmente acordado.

- Tivemos a liberdade de pegar sua correspondência de Hogwarts para mamãe ver a lista dos seus livros e encontramos o distintivo e também isto... – Fred fez uma careta e entregou a Harry os resultados do N.O.M. s

- Isso! – Rony agarrou a carta de Harry – Cara, você foi muito bem mesmo, quero dizer reprovado em adivinhação, mas isso foi um favor que eles lhe fizeram, e poções, aula extra – Rony fez uma careta pior do que a de Fred – Eu também vou ter aulas extras em poções e em transfiguração. Mas disseram que também sou apto para ser auror.

- Que bom Rony – disse Harry pensando que não ficaria sozinho nas aulas a mais com Snape no resto do ano.

- Muito bem, agora vistam-se e vamos tomar café – os gêmeos agora saiam do quarto – precisamos treinar nosso novo capitão.

Antes que saíssem, Harry se lembrou:

- Ei, e como vai indo o trabalho de vocês com a loja de logros? – os garotos entreolharam-se e sorriram para Harry sorrisos muito iguais.

- Você verá jovem Harry. Você verá com seus próprios olhos, amanhã.

- Isso quer dizer que estão indo bem? – perguntou a Rony quando se levantavam.

- Como eles disseram, só você mesmo vendo Harry, mas os negócios estão realmente fantásticos, sabe. As coisas aqui em casa melhoraram financeiramente quando a loja inaugurou. É incrível o que as pessoas compram deles. Acho que vou mandar uma coruja a Hermione dizendo para ela ir se encontrar conosco amanhã de manha no Caldeirão Furado. Acho que dessa vez ela já esgotou o estoque de desculpas. – Rony parecia ter uma nota de ressentimento na voz. A insistência de Hermione a não sair da casa dos pais parecia estar chateando o garoto.

Desceram depois que Rony mandou uma carta a Hermione por Edwiges no lugar de Pichi, para anunciar que Harry já tinha chegado. No caminho até a cozinha Harry notou que a escada que levava até o andar de baixo, que antes era torta, ruída e o piso desgastado, agora tinha um lindo corrimão de mármore talhado, e nos degraus tinha um lindo piso felpudo que dava a impressão de estar pisando em algodão, coisas que o garoto não tinha notado na noite de sua chegada.

- Que bom que acordaram tão cedo. – disse a sra. Wesley quando chegaram a cozinha, que parecia ter sido modificada também – suponho que vocês tem muito o que se divertir no final das férias não é mesmo? Bom, Arthur e eu temos que ir para a Sede da Ordem, posso confiar em vocês para ficarem sozinhos em casa? – ela olhou sugestivamente para os gêmeos

- Ora mamãe, somos homens de negócios agora – Fred falava com uma voz indignada – o que a senhora acha que
iríamos fazer na ausência sua e da do papai? Fazer uma festinha para os gnomos do nosso quintal?

- Vocês não ousariam! – a sra. Wesley falou com um tom de desafio, mas sua expressão logo se desanuviou – Ô
- meninos, tudo bem, me desculpem, é a força do hábito. Ultimamente vocês têm sido estranhamente responsáveis.

Era o necessário para faze-los felizes, um único elogio. Nesse momento o sr. Wesley entrou dentro da casa, estava
vindo aparentemente no quintal, trazendo o jornal.

- Bom dia para todos. Molly, é melhor nos apresarmos, iremos com pó de flu. É melhor do que aparatar, é mais
seguro. Deixe que os garotos cuidam do resto do café da manhã.

- Tudo bem nos irmos pro alto do morro treinar quadribol, papai? – perguntou Rony pondo grandes porções de
bacon em seu prato.

- Hã? Ah, claro, mas levem a Gina junto, não quero que ela fique sozinha em casa. Por falar nisso onde ela está?

- Vou acorda-la – e a sra. Wesley se dirigiu para a nova escada.

- Sobre o que é a reunião sr. Wesley – perguntou Harry esperançoso – Sei que deve ser algo que não devemos saber mas..

- Você tem razão Harry, não podem tomar conhecimento sobre o assunto de hoje, não por enquanto. Mas não se
preocupe, é uma reunião rotineira, Dumbledore provavelmente quer só saber se temos mais informações ou passa-las para
nós.

- Dumbledore vai estar lá? – o garoto sentiu sua vontade de estar nessa reunião aumentar, queria ouvir o que o
professor tinha a falar sobre os últimos acontecimentos.

- Claro que vai estar, quem você acha que convoca as reuniões!

Continuaram o dejejum entre discussões sobre manobras principais que deviam treinar e sobre os novos
lançamentos de vassouras na revista especializada “ Qual Vassoura”. O sr. Wesley, Harry percebeu, parecia cansado e mais
magro do que da última vez que o garoto o vira. Ele pensou se estivesse acontecendo algum problema para o sr. Wesley ter
uma feição tão preocupada.

- Muito bem, podemos ir agora, vamos Arthur. Gina já vai descer, e vocês não saiam de casa sem ela.
Comportem-se, voltaremos logo.

Depois que saíram da cozinha, Harry escutou o flamejar de chamas, o que indicava que os Wesleys já
tinham partido. Tinham ido para o Largo Grimmauld, e de repente, o garoto sentiu uma enorme vontade de estar lá também,
lutou com o impulso de sair da cozinha e ir direto para o jarro onde os Wesleys quardavam o pó de flu.

-Mamãe não deveria me acordar tão cedo – Gina agora chegava a cozinha com o rosto muito pálido diante do
ruivo intenso dos seus cabelos – chega a ser um pecado nas férias. Olá Harry! Tudo Bom?

- Tudo. Vamos jogar quadribol agora, você tem uma boa razão para acordar cedo hoje! – sorriu para a garota.

- Pelo menos isso. – disse a garota servindo-se de bacon na mesma quantidade da de Rony.

Foi realmente uma tarde muito agradável. Harry conseguiu tirar seu novo sonho dos seus pensamentos e ainda
estava fazendo uma das coisas que mais gostava, jogar quadribol. Harry não via necessidade de ser treinado, mas os gêmeos
insistiam que, agora sendo capitão, os riscos de ter balaços perfurando sua cabeça era maior, que eles mesmo tentaram
atingir Olívio quando ele era capitão em alguns treinos, quando ele estava exigindo muito dos garotos. Gina era realmente
uma boa jogadora, e Harry se viu escolhendo um de seus novos artilheiros. Rony também tinha melhorado muito, Harry
sempre soube que o amigo era um bom jogador, seu único problema era realmente a falta de confiança.

Voltaram para a Toca quando o sol estava se pondo. Quando chegaram o sr. e a sra. Wesley já estavam em casa.
Harry teve a impressão que estavam discutindo alguma coisa sobre a reunião, pois assim que os garotos chegaram eles se
calaram.

- Harry, querido. Ediwges chegou com uma carta pra você – disse a sra. Wesley, agora servindo os garotos de suco
de abóbora em uma jarra que parecia semi nova.

- É a resposta de Hermione. – Harry abriu a carta e leu em voz alta.


Estarei no Caldeirão Furado amanhã de manha. Irei esperar por vocês.
Hermione


- Sinceramente, dessa vez ela fez progressos. Duas frases em uma carta. – resmungou Rony.

- Bom, mas tudo se ajeita agora não é? – disse sra. Wesley – amanha vamos ao Beco Diagonal comprar o material
de vocês para este ano. A propósito, Harry, parabéns pelos seus N.O.M.s. Auror, é realmente emocionante você
seguir essa carreira, tenho certeza que você e Rony se darão muito bem, claro que é necessário tomar certos cuidados.

- Eles vão precisar de muito mais do que tomar certos cuidados Molly. – resmungou o sr. Wesley. – se não me
engano, Hermione também se inscreveu neste curso, auror?

- Sim, - respondeu Rony – ela queria continuar com aquela baboseira de FALE, mas Harry e eu conseguimos
convecê-la à uma profissão mais digna.

O sr. Wesley não pareceu participar da mesma opinião de Rony. Fez apenas um muxoxo e Harry descobriu-se
aborrecido com ele por ter demonstrado insatisfação em relação à profissão. Qual era o problema em ser auror?

O resto do dia transcorreu calmamente, o sr. Wesley isolado à um canto da casa lendo algumas revistas ou
dormindo, os garotos jogando xadrez de bruxo ou snap explosivo, e quando Gina não estava ajudando a sra. Wesley em
alguma coisa, estava sempre com os garotos, divertindo-se com eles.

No outro dia, quando iriam para o Caldeirão Furado, acordaram um pouco mais tarde. Viajaram com pó de flu.
Definitivamente, Harry não iria se acostumar com esse tipo de viajem, assim que chegaram ao bar, a sra. Wesley pediu uma
poção para fortalecer e obrigou o garoto a beber. Apesar de insistir que estava bem, sentia o bacon e ovos do café da manhã,
lutando para voltar para a boca de Harry. Enquanto o garoto se recuperava, os outros Wesleys foram para a porta ao fundo do
bar que dava para o Beco Diagonal e que se encontrariam ali depois de uma hora com todos os matérias comprados. Quando
se sentia melhor e teve certeza que o café decidiu ficar parado em seu estômago, Harry sugeriu que Rony e ele perguntassem
de Hermione para Tom, o dono do pub.

- Com licença. – o garoto tentou chamar atenção de Tom que estava do lado de dentro do balcão muito interessado
em uma lista de hospedes. – Tom... com licença!

O homem olhou para eles como se tivessem tirado-o de uma diversão a parte. Olhou para Rony e em seguida para
Harry, e seus olhos foram parar quase que instintivamente para a cicatriz do garoto. Tinham ganho a sua atenção.

- Pois não? – perguntou Tom

- É que nós estamos esperando uma amiga nossa, ela já se hospedou aqui a alguns anos. Hermione Granger,
gostaríamos de saber...

- Ah sim, claro. Ela disse que vocês chegariam. Ela foi ao Beco Diagonal não faz muito tempo.

- Obrigado. – os garotos iam se retirando quando Tom os chamou de volta.

- Sugiro, se me permitem, que uma garota de pouca idade não ande por aí sozinha, principalmente nos dias de
hoje.

Harry e Rony franziram as sombracelhas.

- Desculpe. – Harry tentou entender - não estou entendendo.

- A srta. Granger chegou aqui pouco mais de duas da manhã – falou mais lerdamente, como se os garotos não
entendessem o inglês – sugiro que a aconselhem, que nos dias em que estamos vivendo hoje, uma garota não saia por ai
a noite, sozinha. – e se retirou.

Os garotos se entreolharam. Harry tinha certeza que Rony pensava o mesmo que ele. Depois de cartas tão
insuficientes sem razão, convites de ir a casa dos Wesleys desprezados e agora isso. Hermione saindo no meio da noite para
ir ao Caldeirão Furado.

- Eu acho que Hermione finalmente enlouqueceu de vez. O que eu mais temia aconteceu. Ela tem um buraco na
cabeça, perdeu o juízo. – admitiu Rony.

- Olhe – Harry tentava raciocinar diante de tanto barulho – tenho certeza que ela tem uma boa explicação. Depois
falaremos disso com ela em particular. Anda, vamos para o Beco Diagonal, talvez nos a encontremos lá.

Os garotos se dirigiram para a porta ao fundo do pub, Harry abriu a porta pronto para atravessa-la mas não
conseguiu. Ao invés disso sentiu seu nariz colidir com alguma coisa bem dura. Quando olhou para o que tinha trombado, viu
Hermione parada na sua frente.

- Ah! Oi! Finalmente encontrei vocês! – a garota massagiava a testa onde o nariz de Harry esbarrara
dolorosamente.

Sorria feliz por encontrar os amigos. Não tinha nenhum sinal de estar preocupada com alguma coisa ou aborrecida.
Os cabelos lanzudos pareciam milagrosamente mais baixos, Harry reparou.

- Onde você esteve? - perguntou Rony com um tom aborrecido, mas o garoto sorria e tinha uma expressão
satisfeita. – Pensei que você estaria aqui dentro do bar. E Tom disse...hmpf.

Harry deu uma cotovelada discreta no estômago do amigo, achava que aquela não era a hora de discutir a razão
por Hermione sair no meio da madrugada até o Caldeirão Furado.

- ...Que você esperaria por nós. Você já comprou seu material, Mione? – disfarçou o garoto.

- Não, estava esperando por vocês. Onde estão os outros?

- Papai e mamãe foram comprar o material de Gina e deixaram dinheiro comigo. E Fred e Jorge foram para a loja.

- A loja, é mesmo – disse a garota quando se dirigiam para o muro de pedra – afinal, como eles estão indo?

- Sinceramente, muito bem – respondeu Rony - estão ajudando em casa e tudo. Temos dinheiro de sobra para comprar o material.

- Você deve estar bem orgulhoso, não é Harry? – sorriu a garota travessamente para o amigo – sendo você o patrocinador deles!

- Não posso dizer que estou arrependido, não é mesmo! – agora ele batia no tijolo certo para a entrada abrir-se. – E Mione! Como foram os seus N.O.M.s? Você não falou nada a respeito disso em suas cartas tão insuficientes – Rony fez um muxoxo de concordância, mas pela parte da carta do que pelos N.O.M.s, Harry teve certeza.

A garota fingiu não notar a menção das cartas na pergunta. Em vez disso deu um largo sorriso.

- Fui realmente bem, claro que eu esperava mais, tirei E em Runas por ter cometido o erro estúpido de confundir algumas palavras, mas tirando isso foi tudo bem. Espero que eu não esteja errada quanto ao curso. Levar a F.A.L.E. em frente era uma das coisas que penso em fazer quando sair de Hogwarts.

- Acredite em mim Hermione. Você fez a escolha certa. - disse Rony quando entravam pelo Beco apinhado de bruxos de todo tipo.

Andavam muito devagar, olhando as vitrines e desviando dos bruxos. Passaram em frente à loja do sr. Olivaras. A sorveteria onde Harry ia muito em seu 3º ano, viram a loja de Madame Malkin - Roupas para Todas as Ocasiões. Viram também vários avisos pregados em paredes e jogados no chão inundando a rua, sobre os Comensais e as últimas supostas investidas de Voldemort. Um sumiço misterioso, alguém que tomou uma atitude estranha e não se lembrava do que fez em seguida, relatos de cidadãos bruxos alegando que viram alguns Comensais da Morte em frente de suas casas ou espiando a rua em cima de telhados, e tinha também um aviso dizendo que um velho ex-funcionário do Ministério da Magia vira Sirius Black se escondendo entre as papoulas do seu jardim. Harry logo parou de acreditar nas coisas que lia nos folhetos. Viram poucos colegas, os garotos imaginaram que os amigos já tinham comprado o material, que eram eles mesmos que estavam em demasia atraso com as compras para o ano letivo. Decidiram passar na loja dos gêmeos depois das compras, então decidiram começar pelo Floreios e Borrões para comprar os novos livros de Defesa Contra Artes das Trevas. Os três garotos entraram, e quando estavam no interior da loja, ouviram uma sirene tocar tão alta que foi preciso tapar os ouvidos com as mãos, as pessoas na rua olhavam horrorizadas para dentro da loja e para os meninos com as mão nas orelhas.

- Que está acontecendo? – perguntou Hermione em voz alta

- Quê – Harry via os lábios da amiga se mexendo mas não a escutava.

O gerente da loja, o mesmo que atendeu Harry quando o garoto comprou seus livros do 3º ano, passou correndo pelos garotos, foi até a porta e deu leves batidinhas em uma caixa preta que estava acima dela, logo o barulho parou.

- Muito bem, qual dos três? – perguntou o homem para os garotos numa expressão totalmente furiosa.

- Qual dos três o quê? – retorquiu Rony aborrecido

- Não se faça de desentendido garoto! Vamos falem logo! Qual dos três é um nascido trouxa?

A pergunta foi seguida de entreolhares indignados entre os meninos e depois se viraram confusos para o gerente.

- Desculpe senhor – falou Harry – mas... como assim quem nasceu trouxa, o que tem a ver com...

- Ora ora, seu jovenzinho insolente. – o homem estava realmente furioso – como se você não soubesse dos Alarmes anti-nascidos trouxas que estão por todo o mundo bruxo, ele é ativado quando algum desses entra em nosso recinto, uma invenção maravilhosa devo dizer. Esses nascidos trouxas nos expondo ao perigo de sermos raptados por Você-sabe-quem!

- Isso é absolutamente ridículo! – revoltou-se Rony, expondo para fora os mesmos pensamentos de Harry – ninguém com o juízo perfeito instalaria Alarmes anti-nascidos trouxas. É um absurdo, é...

- É segurança garoto, e não tente me enrolar. Vamos, qual dos três é um nascido-trouxa?

Ele falava isso como se fosse uma doença contagiosa, tentando expulsa-los da loja. Harry sentiu muita vontade de mandar o gerente do Floreios e Borrões botar aquele Alarme em outro lugar. Ia sugerir isso a ele, quando Hermione falou:

- Hum... bem... sou eu, mas.... – a garota não conseguiu terminar a frase. O homem arregalou os olhos, pegou o braço de Hermione com tanta força que Harry jurou que escutou um estalo, e começou a arrasta-la em direção à porta – Ei! Me solte! Não é razão... – a garoto indignava-se.

Nessa hora, Harry e Rony correram em direção ao homem com Hermione, forçaram-no a soltar o braço da garota e os dois postaram-se na frente dela para impedir que ele voltasse a agarra-la.

- O que vocês estão fazendo? – gritava o homem desesperado – ela tem que sair o mais rápido possível!

- E o senhor é um grande idiota, racista e um grande filho... – esbraveja Rony

- Muito bem, quer dizer que não posso me proteger contra esse alvo, não posso tentar salvar minha vida da presença desses... desses... anormais!

Agora ele fora longe demais. Harry agüentara os tios sempre o chamando de anormal, sabia como era desagradável ser tratado como daquele jeito, chamar Hermione daquilo numa atitude totalmente racista, de um jeito tão humilhante, fez o garoto sair do sério. Ele agarrou a varinha e a apontou para o homem.

- Harry não! – gritou Hermione.

- Peça desculpas – murmurou o garoto. – imediatamente.

- Não seja estúpido menino. Baixe essa varinha antes que eu estupore você. Aprendi muito com esses livros de artes das trevas. Não vai querer saber do que sou capaz. – disse num tom de ameaça.

- E eu aprendi muito quando tive duelos com Voldemort e seus Comensais da Morte. O senhor não vai querer saber do que EU sou capaz. Peça desculpas.

O homem tremeu ao ouvir aquele nome, então olhou para a cicatriz de Harry e ficou totalmente imóvel de surpresa.

- Harry. – Hermione segurou seu braço forçando-o a baixar a varinha. – Tudo bem, não precisa fazer isso. Vamos embora. Eu não me incomodo.

- Mas eu sim.

- Por favor, vamos embora.

O garoto olhou para trás onde a amiga estava. Seu rosto estava vermelho, tinha certeza que ela tinha o desejo de sair correndo dali e se esconder em algum lugar de tanta vergonha que o homem a fizera passar. Sentiu que podia jogar uma azaração no gerente naquela hora, mas Hermione realmente queria ir embora.

- Vamos por favor. Anda Rony, deixa pra lá! – ela empurrou os amigos para fora da loja.

- E se querem um conselho... – disse o gerente quando passaram denovo pela porta fazendo soar o alarme e silenciando-o com a varinha.

- Não queremos. – disse verozmente Rony.

- Sugiro que saiam do Beco. Estamos todos equipados com o Alarme anti-nascidos trouxas!

Quando estavam finalmente do lado de fora, Harry reparou que realmente tinha caixas pretas em cima de praticamente todas as portas das lojas do Beco Diagonal. Percebeu também que as pessoas que tinham presenciado a confusão do lado de fora da loja, olhavam com um olhar furiosos para Hermione, que por sua vez parecia querer se jogar em algum buraco.

- O que estão olhando? – gritou Rony para as pessoas que faziam comentários ruins sobre a garota. – nunca viram três adolescentes serem expulsos dessa espelunca pelo gerente estúpido! Caiam fora! Vamos Mione, vamos para a loja do Fred e Jorge.

Os três caminharam por entre olhares de censura, até que chegaram a uma loja que tinha o patamar em roxo berrante e em cima uma placa dourada com dizeres em preto : “Gemialidades Wesley”. Tinha uma aparência bem chamativa, e estava apinhada de jovens bruxos que se divertiam com as amostras dadas pelos gêmeos que se encontravam no fundo da loja.

- Vomitalhas por apenas 3 nuques! Uma pechincha e você não precisa mais assistir as aulas que não gosta. Temos estoques lá em baixo. – sorria para um garotinho que levantava a cabeça do balde ao lado das amostras.

Era realmente uma festa para os olhos, via-se várias prateleiras coloridas com todos os tipos de objetos e comidas que os gêmeos tinham inventado. Os chapéus e os Kit mata aula, estavam mais a vista dos compradores, provavelmente eram os produtos que mais saiam. Os gêmeos sorriram para os garotos quando se postaram ao seu lado.

- Então? – perguntou Fred – o que acharam? Claro que ainda temos muitos produtos lá no sotão, mas queremos que os clientes primeiro de deliciem com as invenções mais antigas para depois botarmos as novas a venda. Olá Hermione!

A garota deu um sorrisinho.

- O que houve com você? Está tudo bem? – os garotos se calaram diante da pergunta. Então Jorge falou.

- Você passou em alguma loja com aquele alarme ridículo? – a garota afirmou com a cabeça, incapaz de produzir
algum som.

– Bom, é de deixar qualquer um com os cabelos em pé. Temos visto muito disso por aqui. Ontem mesmo Madame Malkin expulsou a vassouradas um homem que queria comprar um vestido para a mulher. É vergonhoso o que estão fazendo.

- Eu pensei que eles não funcionavam direito – Fred franziu a testa – uma vez Jorge e eu entramos em uma loja de quadribol e aquela coisa começou a buzinar, e definitivamente não nascemos trouxas.

- Você não viu aquela criança entrar junto com a gente na loja? – perguntou Jorge – estava bem na altura dos seus joelhos!

- Ah! Então foi isso! Você quer que nós ofereçamos um Vinho-Tinto-Sangue para eles Mione? – perguntou Fred – garanto que é uma ótima vingança, imagine só a cara deles quando sentirem o gosto. Era bem engraçado quando testamos lá em Hogwarts.

- Não precisa – a garota se atirou em uma cadeira ao lado – eles não tem culpa. Você leu o que o Profeta Diário, tem escrito nesses dias. Fizeram lavagem cerebral neles, outra vez.

- Isso não é razão para aquele imbecil lhe tratar do jeito que tratou Hermione – Rony ficava vermelho de fúria agora – se ele tivesse um pingo de bom senso, perceberia que estava ralhando com a pessoa errada.

- É o Profeta Diário que está fazendo isso Rony, de fato, ele está trazendo muitos problemas pra mim nesses últimos dias. – a garota olhou para o chão como se pudesse ver através dele, estava lembrando de alguma coisa.

- Que tipo de problemas – perguntou Harry desconfiado – você não sabia desses Alarmes!

- Deixa pra lá! – a menina se virou para os gêmeos – então, os negócios estão indo bem!

- Mais do que bem – sorriu Jorge – Estamos arrecadando muito dinheiro e fazendo mais pesquisas para novos produtos, mamãe nem ao menos esta ralhando conosco. E olha ela aí!

O sr. e a sra. Wesley acompanhados por Gina, entravam na loja desviando-se dos compradores com enormes sacas de compras.

- Até parece que nós marcamos aqui! Hermione, tudo bem querida, pensei que você não viria mais a nossa casa! – os três sorriram para a garota que retribuiu com entusiasmo enquanto Gina lhe dava um caloroso abraço.

- Bom, a senhora entende, não! Meus pais realmente queriam que eu ficasse mais tempo em casa nesse verão. Não largaram de mim um minuto. Me trouxeram para o Caldeirão Furado esta manhã.

Harry e Rony olharam tão rápido para a garota que ele ficou com medo que a sra. Wesley notasse alguma coisa. Hermione estava mentindo, mentindo para todos eles.

- Totalmente compreensível Hermione – sorriu o sr. Wesley – mas, não vejo as compras de vocês, onde estão?

- Eles não puderam fazer papai – responde Fred quando os garotos pareciam acanhados – sabe aqueles Alarmes anti-nascidos trouxas que estão por todo o Beco? Bom, eles realmente funcionam, detectaram Hermione e o dono da loja os expulsou.

- Isso é um absurdo! – idignou-se a sra. Wesley – Eu sabia que esse Alarmes ainda iam causar problemas. Não se preocupe querida, me dêem o dinheiro que vou comprar os livros de vocês. Não há motivo para você passar por mais humilhação.

- Obrigada sra. Wesley.

- E vamos deixar isso assim! – protestou Rony – deixar pra lá o que fizeram com Mione?

- Não há o que fazer Rony – disse o sr. Wesley – não podemos obriga-los a tirar os Alarmes, o Ministério os aprovou, uma maneira de tentar recuperar o prestígio perdido no começo do verão.

Enquanto esperavam a sra. Wesley com as compras, os garotos ficaram na loja dos gêmeos divertindo-se com os novos produtos e com os compradores mais corajosos que resolviam experimentar as mercadorias. Hermione voltou a sorrir como se nada tivesse acontecido, mas Harry não tirou da cabeça a mentira que a amiga inventara para eles. Mais tarde, quando a loja fechou, voltaram para o Caldeirão Furado, e depois de jantarem lá, pegaram as coisas de Hermione e foram de volta para a Toca. Os dois garotos tentaram esperar o momento oportuno para abordar Hermione com perguntas sobre as cartas que escreveu durante as férias e sobre a mentira que inventará, dizendo que foi deixada no Caldeirão pelos pais quando na verdade chegou lá no meio da madrugada. Mas essa oportunidade não aconteceu, a garota se retirou cedo para o quarto de Gina, dizendo que estava muito cansada, mas subiu conversando tão animadamente com a garota, que Harry teve certeza que elas não iriam dormir tão cedo.

- O que você acha que aconteceu para ela mentir para nós – perguntou Rony quando os dois se achavam no quarto se preparando para dormir.

-Realmente não sei. Mas acho que ela nos dirá quando não houver mais desculpas.

- Não é a primeira vez que ela faz isso sabe, aquele Vira-tempo, ela escondeu de nós também. – lembrou Rony.

- O que ela está escondendo deve ser bem diferente do Vira-tempo! – concluiu Harry. De repente o garoto sentiu que não podia exigir que Hermione contasse a eles o que aconteceu a ela o verão todo. Pois ele mesmo estava escondendo o maior dos segredo. Não contou aos amigos sobre o que dizia a profecia. Não teve coragem de dizer aos amigos que iria virar um assassino, ou morrer tentando tornar-se um. Se viu então diante de um sentimento que não sentia desde a sua volta a Toca, o desespero de não saber como matar Voldemort.

- Ela nos dirá – Harry ouviu a voz de Rony no escuro depois de algum tempo – afinal, somos amigos. Ela não pode esconder um segredo de nós durante muito tempo. Você não acha? Harry?

O garoto fingiu que estava dormindo. Rony tinha razão, ele não poderia esconder dos amigos muito tempo sobre o assunto que o afligia desde que chegara a Rua dos Alfeneiros. Tinha que contar. Antes que eles soubessem por outra pessoa, e essa outra pessoa era o problema de Harry.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.