Contos de Fada e Poemas de Amo



SEGUNDA-FEIRA, 30 DE ABRIL
DORMITÓRIO FEMININO, 01:30

Estive desde depois do jantar junto com Remo e os outros monitores lá no Lily’s Garden, - que na verdade não tem esse nome; só o chamam de ‘Jardim do Baile’; e que eu descobri que é por minha causa que as meninas o apelidaram assim (porque o meu nome é Lily, oras, e o James meio que “deu” o jardim pra mim de aniversário) (N/A: só agora que ela sacou...) – arrumando umas coisas lá com o Hagrid; bem, não arrumamos exatamente, mas deu pra decidir como vai ser a disposição das coisas. Por enquanto só temos o palco lá; o Hagrid vai arranjar as fadinhas e soltar lá no jardim no dia do baile (que já é no próximo sábado), e nós vamos pegar umas luzinhas encantadas com o Prof. Flitwick, para espalhar nas árvores, arbustos, e deixar tudo iluminado. As mesas... bem, vamos levá-las aos poucos. Pelo o que eu sei, tem que se transfigurar uma a uma, e essa não é uma tarefa, digamos, simples... e também, precisamos fazer um caminhozinho do castelo até o jardim, com um tapete vermelho de preferência, e com arbustos iluminados ao longo dele, para guiar as pessoas da porta do castelo até o local do baile; ninguém conhece esse lugar, não seria legal que as pessoas se perdessem, sabe.

Aff, basicamente foi isso. Ah, tive que aturar a Narcisa reclamando que lá tem insetos e sereno, e que pode chover, e blá, blá, blá. Mas eu e os outros monitores calamos a boca dela, dizendo que se chover a gente coloca uma tenda gigante ou então faz um feitiços. E os insetos... ah, dane-se. Duvido que os insetos agüentem ficar perto dela por muito tempo. Se algum mosquito picá-la, com certeza vai morrer envenenado por ela.

Ah, e uma coisa muito importante que até já tinha me esquecido: Melissa Adams. Sim, ela ainda não conseguiu um par para o baile. Parece que está enlouquecendo. Espalhou cartazes pela escola, - os quais eu, como monitora-chefe, fui obrigada a retirar –anunciando que ela sairia com qualquer garoto. Qualquer garoto. Merlin. Ela está mesmo desesperada. Mas parece que alguém espalhou que ela é uma p... e que é uma verdadeira megera (como se metade da escola já não soubesse. Ela é horrível.), então ninguém quer ir com ela. Ninguém mesmo. Acho que ela até convidaria uns calouros do primeiro ano, já que provavelmente são os únicos que não sabem da “fama” dela, mas o baile é só do quarto pra cima, então: ela está ferrada.

Eu não sou uma pessoa que deseja o mal para os outros. Não sou mesmo. Mas todo mundo sabe que eu e Melissa somos, tipo, incompatíveis, e que ela sempre me odiou, e eu nunca soube o porquê. Talvez seja porque eu sou filha de trouxas, como ela mesma disse naquela briga fatídica; mas não acho que seja só isso. A Sonserina inteira me odiaria terrivelmente se fosse só isso. Mas tem uns que são até razoáveis; quando me vêem, apenas ignoram, ao invés de me xingar como a Narcisa faz sempre, assim como o namorado dela, o Malfoy. Nossa, ele é muuuuito nojento, de tão insuportável que é. Aliás, os dois são. Mas por que estou falando deles, hein?

Ah, peraí. Acho que me desviei do assunto. Tudo bem, voltando... eu não sou uma pessoa que deseja o mal para os outros. E eu também não gosto de guardar mágoa de ninguém, portanto, por mais que eu tenha motivos para não querer nem ouvir falar de Melissa Adams, eu prometi ajudá-la a encontrar um par para o Baile de Primavera.

Ok, eu vou explicar como tudo isso aconteceu.

Voltando para a sala comunal depois da reunião de monitores, eu encontrei Melissa num corredor sombrio, sentada no chão e encostada na parede, meio descabelada, e com um aspecto, de derrotada, acabada, arrasada. Remo tinha ido na frente, e eu estava sozinha com ela. A princípio ela não me viu, mas eu decidi me aproximar dela, lentamente, como um explorador se aproxima de um rinoceronte ferido e furioso no meio da selva africana (eu nunca tinha pensado isso antes, mas ela tem cara de rinoceronte).

- Adams? – perguntei cautelosa, ao que ela se virou e me olhou com seus olhos cinzentos.

- Evans... vá embora! – ela disse se levantando rápido, assumindo uma postura de louca-insana-que-acabou-de-fugir-do-hospício.

- Adams... – eu ignorei, e falei bem gentil e educada – Ta tudo bem com você?

- Eu... eu...

Aí eu presenciei uma coisa que eu nunca imaginei assistir em todos esses sete anos de Hogwarts, principalmente vindo de uma garota mimada e patricinha e perversa como Melissa Adams: ela chorou. Mas chorou mesmo, pra valer. Parecia estar tendo um ataque, algo assim. Tentei pedir pra ela falar baixo, mas ela ignorou, e como estávamos perto do quadro da Mulher Gorda, puxei-a pelo braço, enquanto ela se debatia e esperneava como uma criança chorona, e a arrastei para dentro da sala comunal, que para sorte de ambas, estava vazia. Remo devia ter mandando todos subirem quando chegou.

Bem, daí eu coloquei ela sentada numa poltrona, e peguei um copo d’água pra ela, que tão raivosa que estava, atirou o copo para longe, espatifando-o, e molhando o tapete vermelho e dourado do salão da Grifinória.

- Melissa, acalme-se. – usei o primeiro nome dela para passar segurança, passar tranqüilidade, confiança. Li isso em algum livro. – O que aconteceu?

Ela me olhou com olhos de fúria, o rosto vermelho, as longas unhas cravadas nos braços da poltrona, os cabelos com a tinta saindo, a raiz morena aparecendo até a metade, e meio frisado (tem tempo que ela não trata deles), e bufando feito um touro bravo. Por um momento achei que ela estivesse possuída, ou algo assim; mas depois me lembrei que ela sempre foi desse jeito mesmo.

- Minha vida está arruinada... e a culpa é toda sua! – ela esmurrou os braços das poltronas com os punhos. Eu bufei um pouco, revirei os olhos e falei calmamente:

- Me desculpe, mas se sua vida está arruinada, a única culpada é você. – ela ganiu, os dentes fortemente cerrados, prendendo o choro. – Eu nunca fiz nada contra você, Melissa. Você é que se meteu no meu caminho.

- O James era pra ser meu... você tirou ele de mim! – ela continuou, ignorando o que eu tinha acabado de dizer. Bufei novamente.

- O James nunca vai ser seu. Tampouco meu. Ninguém pertence a ninguém. Você não pode achar que vai prender as pessoas, só porque você quer. Ele não gostava de você, nunca gostou, e você não podia ter feito nada quanto a isso. – ela urrou, batendo com as palmas nos braços do sofá e se levantando enlouquecida, rodeando a sala como um urubu. Eu permaneci quieta, na minha.

- Você deu um jeito para eu não ir ao baile... eu sei que deu... você me odeia... convenceu todos os garotos a não me convidarem... a minha irmã você ajudou, mas eu... você não quer que eu vá a esse baile... você é muito ardilosa, Evans, manipula tudo e todos para fazerem as suas vontades... – por incrível que pareça, eu me mantive calma nesse momento. Apenas pestanejei e me ergui, cortando os insultos dela.

- Escuta aqui, Adams... eu não to aqui pra te insultar, eu só quero te ajudar. E depois, não me importa o que você pensa de mim. Na verdade, tudo isso o que você falou, se aplica a você, e não a mim. É você quem precisa de planos e manipulações para ter o que quer, você nem sequer pensa nos outros, se vai magoar alguém ou não. Você não se importa. E é por isso que ninguém te suporta nessa escola. – parecia que estávamos num ringue de luta, a cada palavra, íamos nos rodeando lentamente, sem nunca deixar o contato visual.

- Me deixe em paz! – ela gritou de repente, pressionando os ouvidos com as mãos e fechando os olhos, fazendo uma pausa e depois continuando - Mas o que é que você quer comigo, afinal? Ver como eu estou arruinada? Jogar na minha cara tudo o que eu fiz de errado e me condenar por isso?

- Eu só quero te ajudar... – falei simplesmente, com um ar cansado.

- Ah, claro. Eu tinha me esquecido! Você é a senhorita-certinha-monitora-Evans! Sempre pronta para ajudar os outros, toda boazinha, mesmo que estes cuspam na sua cara! Você não percebe que ninguém tolera esse seu jeito de ser, sempre seguindo as regras, fazendo tudo o que é certo, condenando qualquer ação que você considere radical demais... você é uma chata, é uma surpresa que seus amigos consigam te aturar! – ela cuspiu as palavras, os olhos semi-cerrados, com fúria.

- Mas pelo menos eu tenho amigos, Adams. – bum! Essa doeu feio nela, porque foi verdade. Ela nunca teve amigos, apenas comparsas. Nem a própria irmã a tem suportado nos últimos tempos.

Aí ela desmoronou pra valer. Começou a chorar compulsivamente, e antes que eu pudesse chegar até ela, eu a vi correndo para as chamas da lareira, ensandecida. “E aí a bruxa má se queimou toda e virou cinzas, e nunca mais ninguém ouviu falar nela.”

Se isso fosse um conto de fadas, teria terminado assim, mas como é vida real...

Antes que Melissa fizesse uma loucura, agarrei-a fortemente, impedindo-a disso, enquanto ela se debatia e chorava desesperada. Nisso, fomos acabar sentadas no chão, ela ainda presa ao meu abraço forçado, chorando como uma doida que... ah, sei lá, virou doida. Ela chorou por um bom tempo lá, e eu fiquei embalando-a, como eu fazia com Petúnia, quando ela se irritava com alguma coisa. - Petúnia sempre teve uns ataques de raiva sinistros, e saía quebrando tudo pela frente; só eu conseguia acalmá-la. - Quando ela se acalmou, a primeira coisa que disse foi:

- Eu te odeio, Evans.

- Eu sei. – respondi de volta, com um sorriso meio bobo na cara; quem é que ri quando uma garota insuportável como essa te diz que te odeia? – Gostaria de poder dizer o mesmo, mas como você mesma disse, sou “boazinha” demais para isso. Por incrível que pareça, Adams, eu não te odeio. Eu tenho todos os motivos do mundo para isso, mas não te odeio. – ela se levantou lentamente e me encarou incrédula.

- ‘Cê ta brincando? – eu abanei a cabeça negativamente sorrindo – Você só pode ser louca. Ou então muito burra. Garota... eu te atormento desde o primeiro ano... tentei te separar do cara que você gosta... briguei com você na frente de toda a escola... e você não me odeia? – eu ri. Ri!

- Não... você não é uma das minhas pessoas preferidas, mas eu não te odeio. Eu só acho que nunca tivemos a oportunidade de convivermos em paz. Nós poderíamos ter sido grandes amigas. – eu falei, no que ela gargalhou.

- Há! Nem vem... você é muito chata e certinha pra ser minha amiga...

- E você é muito metida e esnobe pra ser minha amiga... – ela olhou para baixo, pensativa, fungando e enxugando as lágrimas.

- Acho... talvez eu... tenha sido um pouco... cruel com você... – ela admitiu com muito sofrimento, sem me encarar e falando muito baixo. Quem diria, Melissa Adams admitindo seus erros!

- Um pedido de desculpas me basta. – comentei casualmente, olhando para minhas unhas, ao que ela me olhou incrédula.

- Você não quer que eu...

- Posso ser bem cruel quando necessário. – falei sorrindo perversa.

- Ta... – ela grunhiu – Me desculpe. Por tudo.

- Está desculpada. – falei fingindo seriedade. – Hum... você ainda quer um par para o baile? - Ela me olhou com os olhos arregalados.

- Mas é claro!

- E... você aceita sair com qualquer um? – ela pensou um pouco antes de acenar que sim com a cabeça – Qualquer um mesmo?

- Claro! Eu preciso ir nesse baile!

- Então ta... acho que já sei quem pode ser seu par... – ela abriu a boca, para perguntar quem eu tinha em mente, mas eu a cortei antes disso – Amanhã você saberá, não se preocupe. Agora vamos, já está tarde. Enxugue essas lágrimas e vá dormir.

Ela me olhou com seu ar cansado, riu levemente pelo nariz e murmurou um “boa noite Evans”, se dirigindo lentamente para as escadas dos dormitórios femininos. Nesse exato momento, Sirius descia as escadas meio acordado meio dormindo, e se intrigou ao ver nós duas no mesmo recinto sem nenhum clima de guerra no ar.

- Ahn, Lil... aquela ali era...

- Sim, Sirius, ela mesma. Por que?

- Ahn... nada não. – ele bocejou, se servindo de um copo d’água da jarra que tinha na mesa próxima à parede.

- Ei, Sirius. Sabe se o Peter já tem par para o baile?

- Hum... já. Ele vai com uma garota da Lufa-Lufa. Por que?

- Não, nada. Só curiosidade.

Ok, acho que Peter não poderá ser o par de Melissa então. Bom para ele. Seria um belo castigo para ela ir com ele; não que ele seja muito ruim, e tal, é só que... ele não é, digamos, atraente. Mas, ele já tem par. Terei que pensar em outra pessoa...

- Sei... eu vou dormir... boa noite, Lil... – ele disse com um bocejo, beijando o topo da minha cabeça (é, ele é bem mais alto que eu, me sinto uma anazinha perto dele. Seria humilhante se ele não fosse um cara. Caras tem que ser mais altos mesmo).

E eu também fui, subindo os degraus de pedra do dormitório feminino. As meninas já estavam dormindo, então, contarei a história toda amanhã. Acho que elas vão dar boas risadas...

Ah! Já sei quem pode ser o par da Melissa: o Bryan. Afinal, os dois ficaram de planinhos e armações para me afastar do James, e como tudo deu errado, eles poderiam se juntar e... ah, sei lá. Acho que eles dois combinariam.

Por falar em James... preciso escrever sobre ele. Mas não agora, estou muito cansada. Amanhã falo sobre ele...

TERÇA-FEIRA, 31 DE ABRIL
BIBLIOTECA, 18:25

Contei às meninas sobre a conversa com Melissa Adams ontem à noite. Elas não acreditaram na minha passividade.

- Merlin, Lily, como você conseguiu agüentar aquela estúpida te xingar sem fazer nada? – perguntou Marlene incrédula no café-da-manhã.

- É! Se tivesse sido eu, teria quebrado a cara dela! – falou Emelina, enérgica, ao que eu ri, acompanhada de Alice.

- Pois eu acho que a Lily fez muito bem. – comentou Alice, se servindo de suco de laranja – Agiu civilizadamente, não se rebaixou ao nível dela. E ainda conseguiu que ela pedisse desculpas!

- É, Ali tem razão. Você mandou muito bem, Lil! – falou Marlene entusiasticamente.

- Mas... você vai mesmo ter que arranjar um par para ela? Não dava pra deixar ela de fora do baile, não? – perguntou Emelina desgostosa.

- Ah, eu até poderia... mas fiquei com pena dela. Sério. Melissa Adams é digna de pena. – concluí me levantando e me dirigindo para a aula.

- Isso é verdade... – concordou Alice sabiamente – Mas, já tem em mente quem vai persuadir para ser o par dela?

- Sim... tenho alguém em mente... depois falo com vocês, preciso resolver isso já!

No corredor da sala de História da Magia, vi Bryan Leigh encostado na parede.

- Ei, Bryan! – chamei.

- Ah, oi Lily. – ele sorriu gentil.

- Já tem par para o baile?

- Ahn... – ele pareceu intrigado – Na verdade ainda não... estive meio ocupado com uns estudos, não tive muito tempo para isso. Por que? Você não...

- Ah, não, eu não. – interrompi ele bruscamente – É que... tem alguém que gostaria de ir com você...

- Sério? Quem?

- Hum... Melissa Adams... – falei casualmente.

- O quê? Ir com ela? Mas ela é doida!

- Eu sei... mas vocês bem que ficaram amiguinhos por uns tempos, não foi? – insinuei maldosa, em relação aos planos que eles armaram para cima de James e eu.

- Er... é... mas... por que você está arranjando um acompanhante pra ela? Você quer que ela vá ao baile?

- Querer não é a questão... – admiti sincera – por mim ela ficava quietinha na Torre... mas é que apesar de tudo, eu fiquei com pena dela. E acho que ela merecia uma chance... e ela quer muito ir nesse baile, mas ninguém quer ir com ela... – ele não pareceu muito convencido – Ah Bryan, vai, me faz esse favor! Pense nisso como uma forma de se redimir, por todo o mal que você me causou. – ele ficou quieto e cabisbaixo, considerando o meu pedido.

- É... você tem razão... – ele concluiu envergonhado – Talvez ela... não seja tão ruim... vou pedir para ela me acompanhar hoje mesmo.

- Obrigada Bryan, fico muito grata por isso. – e me virei para ir para a aula.

- Espere, Lily. – me virei para ele. – Você é muito boa.

- Obrigada. – sorri gentil, e saí dali.

Acho que já esgotei o meu estoque de boas ações por esses dias. Estou começando a me incomodar pelo fato de eu ser tão “boazinha”. Não que seja ruim; mas é que boazinhas vivem menos. São mais felizes, mas vivem menos. Como as ruivas.

Durante a torturante aula de História da Magia, recebi um bilhetinho de James:

“Ei, Lily”

“Diga, James.”

“Tudo bem?”

“Tudo...”

“O Sirius me disse que viu você e a Adams na sala comunal ontem à noite... aconteceu alguma coisa?”

“Não se preocupe, nada aconteceu. Nós só... conversamos.”

“Sério mesmo? Ela não fez nada pra você?”

“Não, fique tranqüilo. E depois, eu sei me cuidar sozinha.”

“Oh... ok. E... eu vi você conversando com o Leigh ali no corredor?”

“Sim, a não ser que estivesse sem óculos.”

“E... sobre o que vocês falavam?”

“James. Você, por acaso, estaria com ciúmes?”

“Não... eu só gostaria de saber sobre o que vocês dois conversavam. Coisas de monitoria, algo sobre o baile...?”

“Mais ou menos isso. Mas por que o interesse?”

“Porque ele é um chato. E eu não gosto dele. E não acho que você deveria ficar por aí conversando com ele. Afinal, ele já fez coisas ruins pra você...”

“Ah é? Você também já fez coisas ruins para mim...”

“Ei! Você ta me comparando a ele?”

“Não, claro que não. Mas afinal, aonde você quer chegar com isso?”

“Só que... você vai ao baile comigo, e... não queria que ficasse andando por aí com ele, afinal, você é a minha garota... e eu bem sei que ele dá em cima de você...”

“James Potter, você é um idiota. E ciumento. E eu não sou sua garota.”

“Ainda não... Mas... Você ainda vai ao baile comigo, né?”

“Fica tranqüilo, eu vou com você.”

“Nossa, você diz isso como se fosse um sofrimento ir comigo... preferia ir com o Leigh?”

“Nossa, como é você está chato! Eu não quero nem nunca quis ir com o Bryan no baile, eu já disse que vou com você! Será que dava pra relaxar um pouco e me deixar assistir à aula?”

“Ok. Mas a aula já era. Até mais.”

Aí ele foi para a aula de DCAT e eu fui para Aritmancia.

Ok, eu sei que esse papo foi estranho. Mas não tão estranho se considerarmos o fato de eu ter praticamente me declarado para ele no domingo, e dizer que eu o namoraria. Certo, eu não falei diretamente tudo o que eu sinto por ele. Ainda. Mas acho que ele já sabe, de qualquer forma.

Não conversamos direito desde o domingo, a não ser por esse bilhete. Mas sei que está tudo bem entre a gente. Eu acho.

Relendo esses bilhetes, vejo que ele é realmente um idiota. E que não tem a menor possibilidade de eu namorar um cara como ele. Não que ele vá me pedir em namoro... não, acho que não. Mas bem que podia... Quero dizer, eu praticamente me declarei pra ele. E o que ele faz? Nada. O máximo que faz é ficar com ciúmes de mim. Só. Se ele me ama, do jeito que diz amar, por que ainda não me pediu em namoro? Quero dizer, eu derrubei todas as minhas barreiras! Tudo o que eu tinha contra namoros e James Potter se foi! Eu estou pronta para assumir de vez o meu sentimento reprimido pelo Potter, e o idiota não faz nada!

O que me leva a crer que, a idiota sou eu. É claro. Ele nunca gostou de mim. Ele nunca me amou. Tudo isso foi uma grande desculpa para que eu aceitasse sair com ele, no caso, ir ao Baile de Primavera, para ele mostrar à todos que James Potter conquistou Lily Evans. Merlin! Como consegui ser tão cega durante todo esse tempo? Foi tudo um grande plano! Tudo, tudinho, desde o início! E eu caí direitinho na armadilha dele!

Socorro, preciso respirar. Me sinto tão... vulnerável. Será que estou raciocinando direito? Será que tudo isso não é fruto da minha imaginação extremamente lunática? Não, não pode ser. Quer dizer, pode. Não, não pode. Ai caramba, me perdi!

Calma Lily, controle-se. O James gosta de você.
Como pode ter certeza?
Confie no seu coração. O que ele lhe diz?
Que eu gosto do James... e que ele é digno de confiança?
Exatamente. Você só está um pouco nervosa, recomponha-se, e verá que tudo isso é loucura. Nada disso é um plano para ele conquistá-la. É real.

Ok... só para confirmar a minha loucura, bati um papinho com a minha consciência. Talvez eu esteja mesmo exagerando. Mas como saber? Como saber que James realmente gosta de mim? Ok, consciência, ignore todas as provas de “amor” que ele já me deu nesses últimos meses, e analise bem a situação. Será que James gosta mesmo de mim?

Ok, como se não bastasse a minha crise da semana passada, sobre ser completamente inviável um namoro com James Potter, agora estou em crise porque acho que ele não quer namorar comigo. Maravilha.

Já sei o que tenho que fazer: relaxar. Esquecer essa estória toda. Pra quê pensar nisso agora? Só vou me estressar mais ainda. É, o que eu tenho que fazer é tomar um bom banho no banheiro dos monitores e parar de pensar nisso tudo. Isso.

DORMITÓRIO, 00:50

Estava eu, a caminho de um banho relaxante, quando esbarrei em Bryan Leigh, e ele, galante como sempre, começou a puxar conversa. Depois vi um grupo de sonserinos importunando uns primeiranistas da Lufa-Lufa, e aí tive que dar umas broncas, tirar alguns pontos, esse tipo de coisa... Quando vi já era a hora do jantar, e segui para o Salão Principal. Me sentei à mesa da Grifinória ao lado das minhas amigas e comecei a comer sem nem trocar uma palavra com elas. Obviamente que Alice estranhou, e logo perguntou:

- Lily, ta tudo bem com você? Está tão abatida...

- Não, ta tudo bem sim... só estou... cansada, só isso. – respondi brincando com a comida no prato.

- Hum... hoje você vai lá pro Lily’s Garden com os outros monitores? – perguntou Marlene.

- Vou... assim como todas as noites dessa semana... – suspirei cansada

- Hum... então ta... a gente te espera acordada – falou Emelina sorrindo gentil, ao que eu retribuí.

- Ok... bem, agora eu tenho que ir... antes que a Black dê chilique...

- Boa sorte! – falou Sirius, que passava perto de nós. O jantar já tinha acabado, estávamos no corredor – Fui encher o saco dela hoje, e ela está insuportavelmente mal-humorada.

Sirius estava certo. Narcisa Black parecia esta de TPM, só que dez vezes pior. Já colocamos algumas mesas lá, as tolhas, e os arranjos florais; colocamos um toldo mágico gigante cobrindo tudo, caso chova essa semana, o que eu acho que não vai acontecer; mas no dia do baile, ficará descoberto. Os equipamentos de som já foram alugados, e devem chegar na quinta. Ah, e quando a Narcisa viu a relação dos alunos que vão ao baile, e viu o nome das irmãs Adams lá, teve um chilique. Eu sei, Narcisa, você não é a única que tem um desafeto com elas. Mas já que eu sou a boazinha da história, eu devo perdoar os meus inimigos, porque eu sei que sou superior, de qualquer forma. Ok, lá venho eu com essa estória de “boazinha” de novo. Parece que isso... cola na gente, sei lá. Eu sou legal, mas não sou “boazinha”. Ok, chega disso.

Voltei para a Torre da Grifinória, exausta, acompanhada de um solidário Remo, e encontrei minhas amigas também solidárias me esperando acordadas no dormitório. Batemos um papinho rápido, e fomos dormir. Bem, elas foram. Eu fiquei escrevendo. Mas agora vou dormir. Amanhã é um outro longo dia...

QUARTA-FEIRA, 01 DE ABRIL
SALA COMUNAL, 17:50

Hoje é o dia da mentira. Portanto, se eu por acaso escrever algo aqui que não seja verdadeiro, não me responsabilizo.

As aulas foram totalmente tranqüilas, nenhum stress, nenhum dever para semana que vem; as refeições também, maravilhosas. Adorei os brócolis no vapor que tivemos no almoço! Também não tive nenhum stress em relação aos meus sentimentos por um cara que eu nem sei se gosto, e tenho certeza que a reunião com os monitores hoje vai ser super legal e descontraída!

DORMITÓRIO, 23:55

Sem dúvidas, um dia realmente perfeito.

QUINTA-FEIRA, 02 DE ABRIL
SALA COMUNAL, 20:30

Ok, estou um pouco assustada com o quanto eu posso ser irônica, até mesmo sarcástica, quando se trata da minha vida e minha perspectiva sobre ela. Mas é que meus dias têm sido bem ruins, mesmo. Tenho desabafado com Emelina, minha psicóloga de plantão, mas não tem adiantado muito. Em parte porque eu não conto pra ela exatamente tudo o que vem me afligindo durante esses dias. Como, por exemplo, a minha incerteza sobre os sentimentos de James por mim. Porque, se eu dissesse isso a ela, além de estar confirmando meus sentimentos por ele (apesar de que eu tenha certeza de que ela já sabe, de qualquer jeito), ela me mandaria procurá-lo e dizer toda a verdade. Mas eu não posso! Justamente porque não tenho certeza se ele gosta mesmo de mim... Porque, se ele gostasse, acho que já teria, sei lá, feito alguma coisa. Já que eu já dei uma dica sobre meus verdadeiros sentimentos por ele, sabe. Quero dizer, ele nunca mais falou comigo, só “bom dia” e etc.’s do gênero. E no meio de toda essa minha loucura, ainda não consegui tomar o meu banho relaxante no banheiro dos monitores. Fui lá hoje de novo, mas estava ocupado, e ontem também. É, eu ando meio sem sorte ultimamente.

Ai ai... agora preciso ir... esse Baile de Primavera é realmente um saco!!

DORMITÓRIO, 23:35

Falando sério: por que James Potter gostaria de namorar comigo, Lily Evans, sem que fosse para exibir-me como seu troféu? Não faz sentido... não sou tão bonita, existem outras garotas mais bonitas que eu na escola... não tenho nada de interessante... pra falar a verdade, eu sou uma chata... só faço reclamar, brigar, estudar, e escrever compulsivamente sobre todos os meus sentimentos insanos nesse diário. Só. Se ele gosta mesmo de mim, gostaria de saber o que o atraiu. Porque, sinceramente, ele só podia estar louco quando se apaixonou por mim.

SEXTA-FEIRA, 04 DE MAIO
POÇÕES, 15:00

Bilhetinho do James:

“Ei, Lily. Podemos conversar?”

“Agora não James. Não vê que estou ocupada com essa poção?”

“Ora, Lírio, tenho certeza que você pode deixar isso daí de lado e me dar um pouco de atenção... vamos, eu quero falar com você!”

“Já disse que agora não dá! Me deixe terminar isso, ok?”

“Ta bom... não precisa ficar nervosa...”

“Eu não estou nervosa, você é que está me irritando!”

“Ta bom, já entendi o recado. Tchau.”

Ok, eu queria falar com James; eu queria que ele falasse comigo; no entanto, fui rude com ele. O que está acontecendo comigo???

BIBLIOTECA, 17:15

Bem, agora eu tenho um motivo pra ficar realmente chateada com James. Quero dizer, o que ele fez foi mesmo muito infantil.

No meio da aula de Poções, só porque ele não curte muito a matéria, resolveu aprontar uma pro Snape! E eu achando que ele tinha mudado de vez.

Ele jogou umas bombas de bosta (tão típico dele) no caldeirão do coitado, e a poção dele que estava mais perfeita que a minha (pra ver o talento do garoto, já que eu sou uma das melhores em Poções, senão A melhor.), explodiu bem na hora que o professor Slughorn estava passando pra conferir.

“É, parece que o senhor acrescentou ingredientes demais na sua poção, Sr.Snape. Sinto muito, mas terei que te dar um zero.”

Coitado do garoto! Eu sei que ele é asqueroso, e que não hesitaria em fazer algo para me prejudicar se tivesse a oportunidade, mas eu sinceramente não acho que ele merecia algo desse tipo! Eu acredito no melhor das pessoas.

E a Lily-Boazinha ataca novamente!

Enfim, os marotos gargalhavam, talvez apenas com a exceção de Remo, que apenas ria, do desastre que eles causaram ao pobre Snape. Eu apenas encarei James friamente, revirando meus olhos em seguida e soltando um “Francamente!” daqueles bem típicos de mim. O sorriso dele murchou um pouco, mas quando viu a cara toda suja do Snape, voltou a gargalhar.

E esse é outro motivo para eu ficar chateada com o Potter! Ta, eu sei que o tema Snape é meio recorrente nas nossas brigas, mas é que eu detesto injustiça. E se eu já não estava falando com James antes, agora estou falando menos ainda. Ou seja, nada. Mas um nada com amargura. Quando encontro com ele nos corredores, viro a cara. Mas é claro que depois me arrependo, porque nesses momentos de raiva, eu esqueço que gosto dessa criatura. Uma criatura detestável. Mas que eu amo.

Oh, maldita contradição!

DORMITÓRIO, 23:30

Saindo da biblioteca, fui novamente tentar tomar o meu tão sonhado banho no banheiro dos monitores, e dessa vez a sorte estava comigo. O banheiro estava livre e desimpedido, pronto para meu uso!

Passei um bom tempo na banheira (que mais parece uma piscina) apenas relaxando. Estive muito estressada por esses dias. Foi a morte do meu avô, aquela febre doida, a minha quase-confissão dos meus sentimentos por James, a conversa-discussão com Melissa Adams, a organização do Baile de Primavera, minha recente depressão por auto-estima baixa... é coisa demais. E a tendência só é piorar, já que depois que o baile passar, a única coisa que saberei fazer é estudar para os N.I.E.M.’s. Mas não devo pensar nisso agora. Preciso relaxar.

Felizmente, já não estava mais me importando tanto com a história do Snape na aula. Menos um motivo pra ficar emburrada.

Depois fui jantar. Minhas amigas se preocuparam com o meu sumiço, já que fiquei umas duas horas no banho, mas menti (não sei porquê, mas tenho uma certa tendência a contar mentiras) e disse que estava estudando. E aí elas se preocuparam mais ainda, porque acham que eu ando fazendo coisas demais. Aí eu expliquei todos os meus motivos para estudar tanto, e tal, e elas me chamaram de louca. Ok, eu sou mesmo louca, não? É, foi o que pensei.

De qualquer forma, James veio falar comigo depois do jantar, num dos corredores do castelo:

- Ei Lily, ta tudo bem com você? – ele é muito observador! Eu podia jurar que a minha cara de “pára o mundo que eu quero descer e vomitar” estava bem discreta...

- Ahn... sim... quero dizer... não... er... não sei ao certo... – respondi meio tonta, tentando respirar fundo, me apoiando numa janela próxima.

- Nossa, eu diria que você está péssima! Me conte, o que aconteceu? Foi a Adams? Ou então o Leigh? Você ainda está chateada com aquele lance do Snape? Olha, se for por isso...– ele começou, com um tom meio-desesperado-sem-querer-ser-mas-já-sendo.

- Não, não foi nada disso. Eu só... preciso ficar um pouco sozinha. É. Só isso... – e recomecei a andar lentamente, em direção à Torre da Grifinória, sem dar atenção a ele.

- Lily...

- Me deixe em paz, Potter. Por favor. – e saí dali, sem olhar pra cara dele. Mas acho que era uma cara de cervinho abandonado, ou algo parecido.

Ok, eu fui rude com ele de novo. Reclamo a semana inteira que ele não fala comigo, e quando ele finalmente fala, eu só dou patadas! E certamente não entendi porque o chamei de Potter. Afinal, nós já passamos dessa fase. E eu não estava mais com raiva por causa do lance do Snape, eu juro! Enquanto voltava para a sala comunal o mais rápido possível, e tentando respirar coordenadamente, esbarrei em Bryan, que prontamente me arrastou para o Lily’s Garden para resolver umas coisas, afinal, sou monitora-chefe. Fui lá, resolvi tudo; já está tudo pronto para amanhã à noite.

Voltei para a Torre da Grifinória mais cansada que o normal, mas dessa vez não tinha nada a ver com os ataques de Narcisa Black, ou trabalho excessivo na organização do baile; o cansaço vinha de dentro. E eu não sei por quê. Não entendo, simplesmente não entendo. Não entendo porque fui tão rude com James. Estou tão confusa... talvez eu só precise descansar um pouco... amanhã é sábado, vou aproveitar para dormir a manhã toda...

SÁBADO, 05 DE ABRIL, (DIA DO BAILE)
SALA COMUNAL, 11:00

Ok, eu sei que eu disse que ia dormir a manhã inteira; e até teria conseguido, se não tivesse tido insônia. O que acabou se tornando parte do meu cotidiano este ano. Felizmente, não fiquei acordada sozinha. Bem, vou contar tudo desde o início.

Lá estava eu, às duas da manhã, deitada em minha cama de dossel; já tinha desistido de dormir há muito tempo, e como minhas mãos estavam cansadas de escrever, preferi contar carneirinhos, que logo viraram hipogrifos. E contei até 3794 hipogrifos, mas depois me entediei completamente, e ainda estava acesa demais para conseguir dormir. Foi então que me lembrei: o baile era hoje! É claro que eu sabia, todos na escola comentavam, até os alunos mais novos, como Anabeth Green, que não podem ir ao baile, comentavam sobre ele; mas é que ainda não tinha caído a ficha, que hoje, era o dia em que eu iria ao baile acompanhada de James. Potter. E aí eu fiquei mais preocupada ainda.

Porque eu tinha dado aquele passa-fora nele, e nem tive a chance de me explicar. E se ele não quisesse mais me levar ao baile? Não que seja problema, eu acho que poderia ir sozinha, já que sou a monitora-chefe, e uma das organizadoras do baile, acho que Dumbledore ou qualquer outro professor me deixaria ir ao baile desacompanhada sem problemas, mas... a grande questão não é essa. O problema é: e se ele estiver chateado comigo?

Porque se estivesse, eu ficaria realmente péssima. Bem, quando pensei nisso, de madrugada, já estava me sentindo péssima. E decidi então que precisava falar com James. Imediatamente.

Vesti um roupão por cima da minha camisola de florzinhas e desci as escadas, decidida a entrar no dormitório dos garotos e chamá-lo para conversar; porém, antes que eu pudesse bater na porta deles, a porta se abriu. Adivinha quem era?

Errou se pensou “James”.

Era, na verdade, Remo.

- Lily? O que faz aqui? – ele perguntou, esfregando o olho com uma mão e com a outra encostando a porta atrás de si.

- Er... estava sem sono e... eu estava descendo as escadas quando vi você abrindo a porta... – menti. – E você, o que está fazendo acordado?

- Ah, eu vim buscar um copo de água... – ele me olhou intrigado, já na sala comunal. Eu suspirei e me sentei no sofá, ao que ele repetiu o gesto.

- Ta tudo bem com você, Lily? Eu tenho te achado tão cansada ultimamente... você está se esforçando demais na organização desse baile... – pelo menos alguém notou que eu não estou normal...

Encarei-o de soslaio (se é que dá pra fazer isso) e soltei um gemido, me acomodando melhor no sofá, abraçando minhas pernas, ignorando um estalo baixo que escutei vindo das escadas.

- Pra falar a verdade... eu não to muito bem não... e não só em relação ao trabalho da monitoria... – agora eu desviara meu olhar para as chamas dançantes da lareira, ponderando se eu devia continuar nesse assunto.

- Hum... tem alguma coisa que eu poderia ajudar? – ele perguntou solidário, ao que eu sorri de levinho. Suspirei mais uma vez, e mandei bala.

- É em relação ao James. – ele deu um micro sorrisinho, olhando o copo que tinha em suas mãos antes de voltar a me encarar – Eu... meio que briguei com ele hoje, e... bem. Eu queria me desculpar.

- Só se desculpar? - ele me lançou aquele olhar professoral, que não te deixa esconder nada, sabe? Ele é muito bom com esses olhares...

- Bem... ok. A questão é que eu gosto do seu amigo. Nunca deixei de gostar, mesmo depois de todos aqueles problemas que tivemos; mesmo ele sendo um idiota completo; mesmo sabendo que provavelmente nós dois nunca daríamos certo, porque somos opostos demais; e que se um dia ficássemos juntos um de nós poria tudo a perder e sairíamos magoados; e mesmo incerta se sou digna dele ou não, porque ele é “O” cara e eu sou apenas eu, ruiva e sem graça, por mais que eu deteste me colocar em uma posição tão submissa. Mas, por mais que eu o odeie; eu o amo.

Pronto. O que eu levara muito tempo para descobrir e aceitar, eu tinha dito sem rodeios para o amigo ao meu lado; porque pra ele eu disse tudo isso numa boa e pro James eu não conseguia nem pedir desculpas?

- Nossa... bem, eu já sabia que você o amava; só não sabia desse resto todo... – Remo admitiu surpreso, ao que eu não fiquei surpresa nem um pouco, já que isso não devia ser mais segredo pra ninguém. Eu não consigo esconder meus sentimentos. Por mais que eu me esforce...

- Pois é. Entende porque pra mim é tão difícil resolver tudo com o James? Não é tão simples quanto pode parecer...

- Bem, analisando desse ponto de vista...talvez você até tenha razão. Mas eu acho que você pensa demais, Lily. – arqueei uma sobrancelha, a cabeça encostada no encosto do sofá.

- Continue...

- Bom... você se preocupa demais com os detalhes. Esqueça todos esses supostos problemas e complicações; vocês se amam, e isso é o que importa. – soltei um suspiro, ainda não convencida pelas palavras de Remo – Veja o meu caso. Eu terminei com a Mel por medo de ela descobrir a minha condição e não me querer mais... aí ela ficou magoada e eu também, e se não fosse ela ter descoberto, e me aceitado desse jeito, ainda estaríamos separados e sofrendo.

Remo estava certo quanto a isso; se a gente pensa demais, não aproveita o momento. E foi pensando nisso que eu disse em seguida:

- Hum... talvez você tenha razão...

- É claro que tenho – ele deu um sorriso maroto - E então, vai contar a ele?

- Hum? – perguntei; tinha me distraído com um barulho que pensei ter ouvido atrás de nós.

- Vai contar ao James que você o ama?

- Nem pensar! – respondi, com obviedade, ao que ele me encarou confuso. – Eu não posso me expor assim... não sem ter certeza de que ele me ama mesmo, - e não me diga que ele me ama - e que não está chateado comigo no momento. E além do mais, se ele for esperto e juntar toda as peças, saberá que eu o amo. Aliás, duvido que ele não saiba. E se não fez nada a respeito, é porque provavelmente não está mais interessado em mim. – completei, como se tivesse dito a coisa mais certa do mundo. Ou talvez da conversa.

Remo estava perplexo com a minha linha de pensamento. Até eu estava. Eu sou brilhante, não? (N/A: não!!!)

- Lily, ele pode até saber... mas já pensou que talvez fosse importante pra ele saber isso vindo de você, e não de suposições que ele tenha feito? E depois, como você ainda afirma que ele não te ama, mesmo depois de todas as provas de amor que ele já te deu? – Remo não conseguia acreditar no que eu estava dizendo.

- Remo. Os sentimentos das pessoas mudam da noite pro dia, com qualquer coisinha. Quem me garante que ele ainda me ama, mesmo depois de eu ter brigado com ele? E se ele se cansou de correr atrás de mim? Não, não posso me expor. A menos que eu tenha certeza. – respondi com a voz sem um pingo de esperança, e ignorando na resposta a primeira parte da fala de Remo; realmente, eu não tinha pensado que talvez James precisasse me ouvir dizendo que o amo...

- Mas, vocês vão ao baile juntos amanhã, não vão?

- Vamos, eu acho. Bem, talvez eu tenha que confirmar isso amanhã. Mas isso não significa que ele esteja “de bem” comigo; Até porquê, a essa altura não há mais ninguém disponível, mesmo para James Potter. Ele não tem escolha a não ser ir comigo... .

- Lily. Você está pensando.

- Mas é claro que estou pensando, é a única coisa que consigo fazer no momento. Pensar no quanto eu sou ridícula por amar um cara que eu nem sei se me ama, sabendo que nunca daria certo...

- Lily. – ele interrompeu a minha divagação – Não pense. Aja com o seu coração.

- Mas Remo, e se...

- Não pense! – ele mandou, antes que eu concluísse meu pensamento – Agora, já está bem tarde, e eu acho que você deveria ir dormir um pouco; amanhã é o grande dia.

- Eu sei. Tenho pensado nesse dia desde que Dumbledore o anunciou em janeiro... – confidenciei com um olhar temeroso.

- Ok; olha, vai dar tudo certo amanhã. O baile vai ser legal, apesar de tudo. E você vai conversar com o James, e vocês dois vão resolver tudo. É só você não pensar muito nisso. Esqueça todos os empecilhos, não pense nas conseqüências; pense apenas com o seu coração.

- Ok... você tem razão. Vou... tentar não pensar... boa noite, Remo. E... obrigada. – sorri, subindo as escadas.

- Disponha. – ele sorriu de volta, e eu entrei no meu dormitório.

Remo disse que era pra eu não pensar, agir com o meu coração, e tudo se resolverá. Espero que ele esteja certo.

14:10

James não apareceu no almoço. Bem, ele também não apareceu no café-da-manhã, mas os garotos disseram que ele ainda estava dormindo; mas acho que ele não poderia estar dormindo até agora.

Acho que eu devia falar com ele. Isto é, quando ele aparecer; para pedir desculpas por meu comportamento estranho dessa semana. E quem sabe conferir se ainda vamos juntos ao baile. Mas e se ele não aparecer...

Ok, Remo disse para eu não pensar; tudo bem. Eu não tenho que me preocupar com nada, não é mesmo? Uma hora James vai ter que aparecer, e aí eu falo com ele. É. Tudo sob controle.

BIBLIOTECA, 16:20

James finalmente apareceu. Explicou que tinha ido ao corujal e depois à cabana de Hagrid.

Eu estava passando no corredor, vindo para cá, quando esbarrei nele:

- Lily! Eu estava te procurando...

- Ah, oi... – falei, sem entusiasmo nenhum em minha voz, que permaneceu desse jeito durante toda essa conversa.

- O baile hoje à noite... ainda ta de pé? – ele parecia ansioso, embora eu tenha percebido um micro-sorrisinho nos lábios dele.

- Claro, nós vamos juntos, certo? – ele assentiu com a cabeça – Ah, e eu queria te pedir desculpas... eu fiquei muito nervosa essa semana, e... acabei descontando em você... – pronto, essa parte já tava resolvida.

- Ah, tudo bem... eu entendo... – ele sorriu passando as mãos nos cabelos. Gesto irritante... – Então, eu te pego às sete e quarenta e cinco no Saguão de Entrada, ok?

- Ahn... tudo bem, mas porque a gente não se encontra na sala comunal mesmo? – isso tava esquisito...

- É que eu tenho que resolver uma coisa antes... mas não se preocupe, eu estarei te esperando.¬ – ele mudou para uma feição misteriosa.

- Hum... está bem...

- Então até mais! – ele saiu agitado, mas não sem antes me beijar a bochecha.

Estou achando muito esquisito... o que será que ele vai fazer antes do baile? Hum... talvez eu não devesse pensar muito nisso. Remo disse para não pensar. Bom, talvez seja algum tipo de tradição marota. É, deve ser isso.

Bom, agora vou voltar ao meu livro e...

Espere! Estou escutando alguma coisa... uma conversa... sinistra... vou tentar transcrever tudo aqui!

Malfoy: então, vai ser hoje à noite? Naquele lugar?
Snape: sim, logo antes do baile. Ninguém irá procurá-lo por lá.
M: perfeito... aquele exibido vai aprender uma lição...
S: e eu vou me vingar, por todos esses anos de humilhação!

E os dois riram maleficamente, em silêncio, numa seção inabitada da biblioteca antes de saírem e tomarem rumos separados.

Fiquei meio intrigada com essa conversa. Eles com certeza estão aprontando alguma, e sendo quem são, não será nada bom... se ao menos eu soubesse quem é a vítima, talvez poderia avisar...

DORMITÓRIO, 17:05

Depois de ler muitos livros na biblioteca, por incrível que pareça eu me entediei, e resolvi voltar à Torre. Até porquê eu já devo começar a me arrumar.

O dormitório das garotas do sétimo ano está um caos. De um lado, uma Alice de roupão, com os cabelos molhados, fazendo ajustes em seu vestido vermelho; de outro, uma Marlene agitada, transitando entre o banheiro e o quarto, o cabelo preso em bobes e procurando desesperadamente pelo outro par da sandália prateada de salto fino que usará com seu vestido azul-claro. Emelina acaba de sair do banheiro, uma toalha enrolada na cabeça e vestindo um roupão, e abre calmamente uma frasqueira que contém suas poucas maquiagens e jóias/bijuterias. Na porta do armário, nossos vestidos de baile estão estendidos. E eu estou aqui, parada, olhando o caos, sem ser notada.

- Lily, o que está fazendo que ainda não está se arrumando ? – pergunta Alice histérica. – O baile é daqui a pouco, você tem que se arrumar!

É, acho que não posso mais ficar deitada no conforto da minha cama. Tenho que me arrumar para o Baile de Primavera. Oh Merlin.

SALA COMUNAL, 19:35

Tomei um bom banho, e vesti meu lindo vestido cor-de-rosa clarinho. Nossa, tinha me esquecido de como ele é mesmo bonito. O decote em forma de coração, o corpete todo bordado de flores coloridas (que eu tenho certeza de que não era assim antes; isso tem cara de coisas de Alice e sua agulha mágica incontrolável), a saia de tule rodada com mais flores coloridas, e ainda brilhando um pouco. (N/A: sabem o vestido da Lisbela, de Lisbela e o Prisioneiro? Tipo ele, mas em vez de branco, rosa) Fiz uma maquiagem bem leve no rosto (não gosto de nada muito exagerado, carregado. Tem que ser bem clean), e prendi meus cabelos num coque frouxo, deixando alguns fios cacheados caindo harmoniosamente. Ainda usei a tiara que mamãe me deu (idéia de Marlene), no alto da cabeça. Felizmente a tiara é bem pequena e discreta.

Bem, eu estou pronta, e minhas amigas também.

Alice está estonteante em seu vestido vermelho, a saia rodada e de tule como a minha, a parte de cima do vestido bem apertada marcando seus atributos normais (e não descomunais como os de Marlene) e usando luvas vermelhas. Alice adora luvas. Seus cabelos estão mais lisos que o normal, com franja, e soltos, sem nenhum penteado. Mas ainda assim está bonito.

Marlene está até delicada demais para seu estilo; o vestido azul-claro tomara-que-caia com uns detalhes prateados e azul-marinhos na parte de cima, e a parte de baixo não é muito rodada, é quase reta. E o vestido não é como o meu, o de Mel e o de Alice, que tem uma espécie de separação do corpete para a saia; ele é todo unificado. Uma coisa só. Ah, e tem uma écharpe azul-marinho acompanhando. Lene abdicou de seus costumeiros cabelos lisos por um cabelo ondulado e cacheado nas pontas, realmente muito bonito, com duas mechas, uma de cada lado, presas para trás com uma presilha de prata.

Emelina está tão fofa em seu vestido cor-de-pêssego! Ela fez uma trança gorda com seus cabelos loiros e cacheados e colocou pequenas presilhas de borboletinhas neles.

Quando descemos as escadas, em fila, encontramos lá em baixo um Sirius ansioso, um Remo calmo e sentado numa poltrona, conversando com um Frank também calmo. Quando eles nos viram, tiveram que se segurar pra não babar. Foi tipo, tão fofo! Igual àquelas cenas de filmes de romance (que eu simplesmente amo). Frank abriu um sorriso fofo para Alice, disse que ela estava linda e a cumprimentou com um selinho. Remo fez basicamente o mesmo com Emelina, mas com mais timidez, porque convenhamos, mesmo depois de anos de namoro, eles sempre serão tímidos. E Sirius, eu simplesmente preciso descrever com detalhes a reação dele.

- Lene... – ele permaneceu estático, a boca aberta, olhando Marlene terminar de descer os degraus daquele jeito dela, lançando um olhar fatal.

- Fecha a boca se não entra mosca, Black! – ela riu maliciosa, postando-se à frente dele, esperando ele reclamar por ela tê-lo chamado pelo sobrenome.

- Lene, você está maravilhosa... – eu tenho certeza de que ela corou um pouquinho! – Ei, você me chamou de Black?

E aí todos riram, inclusive eu, porque o Sirius é assim mesmo: meio lesado. Depois que os casais se reconheceram apaixonados, minha presença – segurando vela – foi notada pelos homens do recinto:

- Lily, você está muito bonita! – falou Remo gentil, no que eu sorri amarelo.

- É Lil, você está um arraso. Ai! – Lene deu um chute na canela de Sirius. Por mais que ela tivesse disfarçado, eu vi! E ri discretamente.

- Ah, obrigada. Er, por acaso vocês sabem do seu amigo? – perguntei tentando não parecer preocupada, alisando meu vestido.

- O James ficou pronto tem tempo, e disse que ia resolver uma coisa... mas falou que vai te encontrar daqui a pouco lá no saguão...

- Hum... ok. Então... suponho que vocês já estejam indo, certo?

- É... – falaram.

– Mas se você quiser, a gente pode esperar vocês e vamos todos juntos! – disse Alice, no que os outros concordaram com murmúrios.

- Ah, não se preocupem comigo! – falei tentando soar casual – Eu tenho mesmo que pegar uma coisa lá em cima, e provavelmente retocar a maquiagem... podem ir! Nos encontramos lá no jardim!

- Ok... então vemos você e o James lá, certo? – Marlene quis confirmar. Assenti com a cabeça, eles deram tchauzinhos e eu aqui fiquei, na sala comunal.

Observei todos os outros grifinórios saírem para o baile, inclusive as irmãs Adams que surpreendentemente me sorriram simpáticas, usando vestidos quase idênticos: Melissa usava um vestido preto de um ombro só e de barra assimétrica, que por acaso era o que eu experimentei lá na Trapobelo; ela combinou muito com aquele vestido sem graça. E a irmã usava um modelo igual, mas era cinza, meio prateado.

Bem, acho que já está quase na hora de encontrar James lá no saguão. É melhor eu ir. E encarar meu destino.

Nossa, essa frase soou muito legal! Tipo um filme! Mas não se aplica à minha situação atual. Quero dizer, o meu destino no momento presente é encontrar o James e irmos para o baile, mas não é como se fosse uma coisa permanente e definitiva. Não é como se depois desse baile nós fôssemos ficar juntos pra sempre. Não, espero que não. Porque nós íamos brigar muito, e... o que estou dizendo? Estou divagando sobre um possível futuro com James? Estou ficando louca!

Ok Lily, relaxa. Vou respirar fundo, e vou encontrá-lo para irmos juntos ao baile. Só isso. É. Tudo sobre controle.

SAGUÃO DE ENTRADA, 20:15

Tudo não está sob controle. Já estou aqui há uma meia hora, já passa da hora que James combinou comigo, e ele ainda não apareceu!

Ok, primeiro devo explicar porque estou escrevendo em meu diário aqui, no Saguão de Entrada. Bem, é simples. Eu sou uma escritora-compulsiva e arrumei uma bolsa para trazer o meu diário para a festa. Mas é claro que na bolsa tem outras coisas, como um espelho de bolsa e um batom, além da minha varinha – achei aquela conversa do Snape e do Malfoy muito suspeita... Mas não se espante, minha bolsa não é enorme. É de um tamanho normal. E ela até que combina com o meu vestido: é florida.

Mas, voltando ao que realmente importa... estou aqui, sentada na escada, meu penteado está lentamente se desfazendo de tanto que movo a cabeça de nervosismo, atenta a qualquer som ou movimento. O baile está rolando lá no Lily’s Garden, o lindo jardim que eu decorei e que James me “deu” no meu aniversário, eu estou aqui, em meu lindo vestido de baile, sentada na escada, escrevendo em meu diário. Porque o meu par do baile não apareceu. E isso já tem meia hora. Ok, eu já estou começando a ficar ligeiramente chateada. Na verdade, já estou na parte dos bufos. Daqui a pouco começarei a xingá-lo.

Maldito Potter! Por que ele está fazendo isso comigo? Será uma espécie de brincadeira? Ele está aprontando uma comigo, é isso? Me deixar plantada esperando? Isso não é coisa que se faça! Não com a pessoa que se diz amar! Se bem que tem muito tempo que ele não me diz isso... talvez eu esteja certa; talvez ele não me ame mais, e tenha desistido de mim. Cansou-se. E eu só fui descobrir que o amo mesmo, pra valer, agora. Tarde demais, Lily. O momento passou.

Que dramático. Me sinto tão... esquecida. E desimportante – se é que essa palavra existe... Acho que vou chorar... (N/A: não, essa não é uma atitude emo, ok? Nada contra, mas a Lily não é emo. Pelo menos eu tento que ela não seja. :s) Ok Lily, recomponha-se. Você está borrando sua maquiagem.

/Pausa para retocar a maquiagem/

Ok, chega de pensar asneiras. Talvez a demora de James não tenha nada a ver com o ex-sentimento de amor que ele tem por mim – agora, no caso, desamor. Talvez eu esteja sendo egoísta demais, como ele costuma ser, achando que James está extremamente atrasado porque decidiu me fazer de palhaça; apesar de esta ser uma possibilidade. Quero dizer, a única. Por que outro motivo ele estaria desaparecido?

Ai, eu sei... não devo pensar muito nisso... Remo disse para não pensar... e não é como se eu seguisse exatamente tudo aquilo que me dizem... mas é que Remo é uma pessoa sábia, e provavelmente entende mais de sentimentos do que eu, que sou tão obtusa nesse assunto quanto James o é. Eu tenho que agir com o meu coração. Confiar no meu coração. Isso. Confiança é a palavra-chave.

James me ama. – eu acho - E... eu também o amo. - certo? - Eu realmente devia dizer isso a ele... talvez o deixasse feliz.

E pode ser que esse sumiço dele não tenha nenhuma relação comigo. Talvez uma pessoa vingativa o tenha encontrado e o azarado, e ele agora está preso pelo pé em algum lugar por aí...

Ei! Essa com certeza é uma possibilidade! A conversa que eu escutei hoje do Snape com o Malfoy... é isso! Eles falavam de James!

Oh Merlin, por favor me ajude! Onde é que pode estar o James? Eles disseram que seria
num lugar onde ninguém o encontraria... provavelmente num lugar que ele nunca vai... bom, tem a biblioteca, mas a esta hora está fechada... ah, vamos Lily, pense...

Já sei! As masmorras! O Snape está sempre por lá, e o James nunca vai lá!

Oh Merlin, ele deve estar em apuros!

Eu preciso ir agora! Salvá-lo e dizer que o amo!

LILY’S GARDEN, PLENO BAILE DE PRIMAVERA, 21:50

James e4stá a salvo; e nada poderia estar mais perfeito!

Depois escrevo mais, estou indo dançar com as garotas!

DORMITÓRIO, 02:45

O baile foi... maravilhoso! Amanhã conto em detalhes!

Tópicos para escrever amanhã:
- luta
- show
- dança
- Torre de Astronomia
- poema.

DOMINGO, 06 DE MAIO
JARDINS, 10:30

Hoje eu até que acordei bem cedo, tendo em vista que o baile de ontem foi terminar lá pelas três da manhã... provavelmente sou a única (além dos professores) que já acordou. Me vesti, e tomei café-da-manhã no Salão Principal vazio, e decidi vir para cá, aproveitar essa manhã gloriosa, junto às árvores, à beira do lago, observando a minha companheira Lula-Gigante nadar tranquilamente pelas águas calmas desse lindo e maravilhoso lago...

Ok, eu sei que suas páginas já estão ansiosas pelos acontecimentos de ontem à noite, Diário. Então, irei direto ao assunto.

Me levantei da escada e saí para as masmorras, decidida a encontrar James e salvá-lo, caso estivesse realmente em apuros como eu imaginava. Bingo.

Encontrei Snape com a varinha apontada para James, que estava dependurado de cabeça para baixo, vestido em seus trajes bruxos de gala – de cor preta -, os braços cruzados, os cabelos para baixo, numa expressão de tédio extremo. Era até engraçado. Me mantive escondida atrás de uma parede, esperando pelo momento oportuno (N/A: Piratas do Caribe! xD).

- Agora somos só eu e você, Potter! – ouvi Snape sibilar, da parede em que eu estava escondida. – Você se acha engraçado, pregando peças em mim o tempo todo... mas agora eu vou me vingar!

- Ah, deixa de conversa mole, ranhoso. Grande coisa, você me pendurou de cabeça pra baixo aqui nas masmorras, onde ninguém pode me ver e me ridicularizar. É o melhor que pode fazer? – ouvi James resmungar, no que Snape ficou mais raivoso.

- Cale a boca, Potter! – ele atingiu James com algum feitiço, no que este gritou de dor. – Vou te deixar aí durante todo o Baile de Primavera, e ninguém vai te encontrar! – isso é verdade; ninguém procuraria James nas masmorras. A não ser o cérebro, aqui.

Bem, decidi que não podia mais tolerar aquilo; eu admito que não impedi o Snape logo de primeira para que ele tivesse o prazer de se vingar um pouquinho por tudo o que o James fez pra ele. Mas tudo tem limite. Ele não pode simplesmente lançar azarações e outro feitiços no Potter; a única pessoa que pode causar dor nele, tanto física quanto moral, sou eu! E então eu saquei minha varinha e saí detrás da parede que estava, marchando em direção à dupla.

- Snape! Parado aí! – ele crispou os lábios, imóvel.

- Evans. A que nos deve o desprazer de sua presença imunda? Veio salvar o namorado Potter? – ele falou numa voz calma e controlada, irônico como sempre.

- Ei, não fala com ela assim não, ranhoso! – exclamou James, a cabeça vermelha, devido ao tempo que passara com ela para baixo, tentando chutá-lo mesmo com os pés presos para cima. Coitado; acho que James não bate bem da cabeça...

- Cala a boca James. Deixa que eu resolvo isso... – me virei para ele rapidamente, e voltando a encarar Snape à minha frente. – E você, tenha mais respeito comigo. Menos vinte pontos para a Sonserina. Agora solte o Potter.

- Ora Evans, se pensa que vai me intimidar descontando pontos... – ele debochou – está muito enganada. E eu aconselho que você saia agora se não quiser acabar como o seu namoradinho.

- Snape, eu não estou brincando. Solte o Potter ou vai ser pior pra você. – falei ameaçadora, a varinha apontada firmemente para ele.

Mas aí apareceu outro sonserino: Lucius Malfoy.

- Ora, ora, Severus, o que temos aqui? Eu saio por um minuto, e já temos companhia? Pena que seja tão desagradável e de sangue indigno...

- Cale a boca, Lucius. – ele vociferou nervoso, enquanto eu começava a me afligir, a varinha bem apertada em minha mão direita. Agora eram dois perversos contra euzinha?

- Snape. – falei num tom autoritário – Pela última vez, solte o Potter e saia, antes que seja pior.

- Ora Evans, o que vai fazer? Todos os professores e funcionários estão lá fora, você sabe disso... você não pode fazer nada... e olha... acho que você está em desvantagem. – falou agora Malfoy, com sua voz arrastada, sacando a varinha, tão rapidamente que eu nem pude impedir com um Expeliarmus, e apontando para mim, imitando o gesto de Snape.

- Seus covardes! O duelo era pra ser comigo, e não com ela! Venham lutar comigo e deixem-na em paz! – bradou James, e agora se dirigindo a mim, preocupado - Lily, sai daqui! Eu me viro! – James foi atingido por um ataque de Snape (N/A: sinto muito, mas eu não sei como dizer isso... não é como se fosse um feitiço, ou uma azaração... é um ataque... sei lá. E eu não vou procurar nos livros, portanto... vai ficar assim tosco mesmo; afinal ,essa é uma fic de romance, e não de aventura/ação! Sorry. ), que o fez gritar e o deixou meio mole, mas ainda pendurado pelos pés.

- Tem razão Potter, nossos planos se alteraram um pouco... mas eu estou apreciando essa nova situação... torna tudo mais divertido...

- Deixe de papo, Lucius, vamos terminar logo com isso! – vociferou Snape mais uma vez; dava pra ver que ele não estava gostando da interferência do colega de casa; aposto como ele queria derrotar a mim e James sozinho.

- Está bem, Severus, vamos logo com isso, sem mais delongas (N/A: ele adoora enrolar...) Evans... prepare-se para o seu fim!

Ouvindo eles falando assim, até parece que eles iam mesmo levar esse duelo – ou “trielo” - à sério; como se fossem me deixar mortalmente ferida, ou algo do tipo. Como provavelmente queriam ter feito com James. Mas, eles são covardes e babacas (N/A: adoro essa palavra e chamar todo mundo que merece de babaca), e preferiram atacar a “garota indefesa”. Há! Pobres deles! Depois daquelas aulas de DCAT que tive com James, fiquei craque nisso... eles não sabiam o que tinha por vir...

Bem, ao que Malfoy terminou de dizer aquela frase, ele lançou um ‘feitiço’ em minha direção, mas eu consegui desviar, e lancei um Expeliarmus nele, fazendo a varinha dele voar para longe, e me desviando de um outro ataque vindo agora de Snape. Isso tudo, com meu vestido de baile. Pobre vestido... Ah, vale ressaltar que a essa hora meu lindo coque já tinha se desfeito... Enfim, eu estava realmente sem esperança alguma de sair bem daquela luta, sozinha. James estava se debatendo e xingando os dois de tudo que é nome, até que o Snape ‘limpou’ a boca dele com um feitiço, o que deixou o James com mais raiva ainda, porque é esse o tipo de coisa que ele costuma fazer, e aí ele ficou impossibilitado de falar... E eu ainda estava lá, lançando feitiços estuporantes pra todo lado, (minha mira não é lá essas coisas...) e fugindo dos deles, até que tive uma idéia... Havia um candelabro enorme bem acima das cabeças de Malfoy e Snape. Rapidamente lancei um feitiço estuporante na corrente precária que o prendia ao teto, me jogando no chão para desviar dos ataques dos dois sonserinos. Meu plano funcionou com perfeição: o candelabro caiu em cima do Malfoy, (não se preocupe, não é muito pesado; eu acho) e eu estuporei – finalmente! – o Snape, o que fez com que o feitiço que mantinha James pendurado pelos pés no ar se desfizesse e ele caísse no chão com força; os dois garotos ficaram deitados no chão, inconscientes, e eu estava muito orgulhosa de mim mesma, e feliz com minha incrível sorte.

Sorri satisfeita e, me dando conta de que James estava estatelado no chão, corri para ajudá-lo a se levantar.

- James! Você está bem? – ajudei-o a se reerguer, no que ele fez precariamente, ajeitando as vestes e ‘ajeitando’ o cabelo.

- Só estou um pouco tonto... – ele me sorriu bobamente – Você é minha heroína...

- Agora, que história é essa de duelo? Poderia me explicar, senhor Potter? – ignorei o ‘elogio’, pedindo satisfação com meu tom autoritário, colocando as mãos na cintura, ao que ele soltou uma risadinha e me olhou com cara de pidão.

- Foi só uma das minhas, como você gosta de dizer, muitas idiotices... e da qual você bravamente me salvou... – não pude conter um sorriso tímido, olhando para tudo ao meu redor, menos para ele.

- Bem, você já me ‘salvou’ tantas vezes esse ano... Era o mínimo que eu podia fazer...

James sorriu mais ainda, pegando minhas mãos. Naquele cenário de filme de aventura, com os dois vilões derrotados ao fundo, o mocinho olhou fundo nos olhos da mocinha e disse:

- Não sei o que seria de mim sem você...

- Ah, eu sei...

Comecei risonha, pronta a dizer que sem mim ele estava perdido, porque era muito irresponsável, e a me gabar como ele sempre faz. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou. Não importava o fato de Snape e Malfoy estarem logo ali, prontos a se reerguerem e quererem uma revanche; ou o fato de que eu não tinha certeza de nada sobre a minha relação com James; o importante é que estávamos ali, juntos. E eu não pensei quando ele resolveu aprofundar o beijo, segurando as minhas costas delicadamente; nem enquanto minhas mãos alisavam seu peito tonificado; e certamente não estava pensando quando ele me abraçou e me girou no ar.

Quando ele me colocou de volta no chão, encarei aqueles olhos de avelã e todo o meu medo e insegurança anteriores em relação a mim e James vieram à tona, e eu o encarei apreensiva. Quando ia abrir a boca para dizer alguma coisa, como por exemplo, que eu o amava, ouvimos Snape e Malfoy se mexendo e praguejando contra nós, e achamos que seria melhor sair dali logo.

Ficamos silenciosos durante todo o caminho até o jardim, que consistia em um tapete vermelho ladeado por pequenas roseiras e iluminado pelas luzinhas encantadas, mas não largamos as mãos um do outro. Ah, e eu refiz o meu coque com um aceno de varinha. É isso que dá, ser tão genial... caramba, essa convivência com Potter’s e Black’s me faz ser completamente convencida!

Enfim, chegamos às “portas” do jardim, que é circundado por uma cerca-viva, e lá estava a professora McGonagall, com seu tradicional traje de baile escocês, mas com uma flor vermelha no coque, ao invés do costumeiro chapéu cônico. Ela implicou com nossa falta de pontualidade, ao que nós apenas sorrimos inocentes, mas nos deixou entrar e entrou logo em seguida.

Bem, lá estávamos. Tudo estava maravilhosamente lindo como eu planejara e imaginara; luzinhas coloridas encantadas por toda parte, assim como fadinhas também, as mesas redondas espalhadas por toda a extensão do jardim, com toalhas de mesa brancas e uns tecidos leves por cima, cada mesa de uma cor diferente; no centro de cada mesa, um arranjo de flores brancas (pra não ficar muito espalhafatoso) e velas coloridas; as flores do jardim estavam lindas, e no centro, dentro do laguinho, tinha um chafariz. Ao fundo, o palco, já com os instrumentos, e logo à frente dele a pista de dança, com uma bola prateada daquelas de discoteca trouxa, só que ela era flutuante, e comandava as músicas que tocavam na festa, no lugar do DJ.

As pessoas ao meu redor pareciam estar se divertindo, estavam maravilhados com o lugar, já que era desconhecido pela grande maioria dos alunos e professores. Pude ver num canto a Narcisa Black, bonita até, com um vestido longo e negro, tomara-que-caia, os cabelos loiros presos num coque e bufando, obviamente pela demora de seu namorado Malfoy, que a deixara ali plantada para ficar desacordado nas masmorras. Coitada. Numa mesa próxima à de Narcisa, as irmãs Adams fofocavam, enquanto Bryan Leigh e um outro garoto pareciam entediados com a conversa delas. Na mesa mais próxima ao palco, estavam Alice e Frank, Emelina e Remo, Marlene e Sirius, e Peter e uma garota gordinha da Lufa-Lufa que eu esqueci o nome. Minhas amigas acenaram animadas quando nos viram aproximar, e eu pude ver pelo olhar delas que indagavam se a minha situação com James estava resolvida. Dei um sorriso enigmático, desviando o olhar em seguida, no que elas ficaram mais curiosas.

- Ah, vejo que finalmente se encontraram! – exclamou Sirius, oferecendo um copo de alguma bebida (nada muito forte, eu supervisionei tudo!) para James, e outro para mim, que recusei com uma piscadela.

James sorriu com o canto dos lábios sem dizer nada e sentou-se ao meu lado, na grande mesa redonda. Todos estavam conversando animados, sobre coisas que eu não seria capaz de me lembrar agora, e posso afirmar que não tinham tanta importância quanto ao que eu pensava sorrindo bobamente no momento:

Eu e James nos beijamos.

Bem, não tinha passado disso, e eu não tinha dito que o amava... mas estava perto, certo?

Comemos uns salgadinhos que Sirius trouxe da mesa de comida, e ficamos conversando, eu e as garotas dançamos umas músicas animadas no que os garotos preferiram ficas nos assistindo a se juntarem a nós... homens...

Até que Dumbledore subiu ao palco, lá pelas dez e meia, com suas costumeiras vestes roxas de luazinhas e disse, com sua voz magicamente ampliada e sua simpatia e calma tão características:

- Boa noite a todos! Espero que estejam se divertindo com esse maravilhoso Baile de Primavera, e eu gostaria de agradecer aos nossos monitores e monitores-chefes, pela magnífica organização! – algumas palmas foram ouvidas, o que me deixou muito surpresa, não imaginava que o baile seria um sucesso tão grande – Agora, é com muito entusiasmo que eu gostaria de chamar ao palco, uma pequena surpresa que preparamos. Com vocês, a banda Marotos S.A!

Mais palmas, principalmente das garotas do fã-clube dos marotos. Sirius se levantou, encaminhando-se ao palco seguido de James, Remo e Peter, que recebiam mais palmas à medida que iam assumindo suas posições no palco. Logo todos já estavam de pé, ansiosos para o que iriam escutar, inclusive eu, as garotas e Frank, que estavam tão surpresos quanto o resto dos alunos. Olhei de relance para Marlene enquanto arranjávamos um lugar bem em frente ao palco, e vi que ela estava com os olhos brilhando e um sorriso de incrdulidade, ao ver Sirius lá em cima, próximo ao microfone.

- Boa noite, galera de Hogwarts! (N/A: eu sei, muito tosco isso...) Nós decidimos reunir a banda novamente, especialmente para o baile desta noite, tão bem organizado pela monitora-chefe mais legal dessa escola, nossa adorada amiga Lily Evans! Palmas pra ela! – e surpreendentemente, eu fui aplaudida. Sorri, mesmo morrendo de vergonha pelo o que Sirius havia me feito passar. Ele ia ver depois...

- Ok, agora chega de enrolar! É música o que vocês querem ouvir? – perguntou James animado. Todos responderam com um “sim!” bem alto e animado, assim como eu e Marlene, e o resto do nosso grupinho. – Então vamos lá, pessoal! 1, 2, 3, 4!

Well, shake it up baby now
(Bem, agite seu corpo agora, baby)
Twist and shout
(gire e grite)
Come on, come on, come, come on baby now
(vamos, vamos, vamos, vamos agora, baby)
Come on and work it on out
(anime-se e se exercite bastante)
You know you twist, little girl
(Você sabe que agita, garotinha)
You know you twist so fine
(você sabe que se agita muito bem)
Come on and twist a little closer now
(venha e agite um pouco mais perto agora)
And let me know that you're mine, woo
(e me deixe saber que você é minha)

Ah, ah, ah, ah

Todos cantaram e dançaram animados ao som da banda Marotos S.A.; não lembrava que eles fossem um sucesso tão grande.

E eles emendaram em várias outras músicas dos Beatles, como I Wanna Hold Your Hand, All You Need Is Love, All my Loving, Love Me Do, Eigh Days a Week, She Loves You, entre muitas outras. Por acaso, essa última música tem uns trechos bem sugestivos... Sirius cantava ela sorrindo, como se insinuasse alguma coisa, olhando pra mim e pro James... não sei, acho que me identifiquei... olha só:

(...)
She said you hurt her so
(ela disse que você a magoou muito)
She almost lost her mind
(ela quase perdeu a cabeça)
But now she says she knows
(mas agora ela diz que sabe)
You´re not the hurting kind
(que você não é do tipo que magoa)

She says she loves you
(ela disse que ama você)
And you know that can´t be bad
(e você sabe que isso não pode ser ruim)
She loves you
(ela ama você)
And you know you should be glad
(e você sabe que deveria ficar feliz)

She loves you yeah, yeah, yeah
She loves you yeah, yeah, yeah
(ela ama você, yeah, yeah, yeah)2x
With a love like that
(com um amor como esse)
You know you should be glad
(você sabe que deveria ficar feliz)

She loves you yeah,yeah,yeah...
(ela ama você, yeah, yeah, yeah)


E finalmente, chegou a parte da música cantada para Marlene...

- E agora, me perdoem a interrupção caríssimos fãs, mas esta música que iremos cantar agora é para uma garota muito especial... – ele e James trocaram olhares marotos, e Marlene sorriu faceira, olhando para mim, certamente achando que seria uma música cantada por James para mim. A cara que ela fez depois foi tão engraçada... – Marlene McKinnon, por favor suba ao palco!

Vários aplausos e assobios foram ouvidos, ao que Marlene olhou deles para mim e novamente para eles, chocada e ligeiramente vermelha. Empurrei-a para a escadinha do palco, no que ela recebeu mais aplausos, morrendo de vergonha, fazendo uma cara ameaçadora para Sirius.

- Não se preocupem, fiel público, a expressão dela será bem diferente desta ao final desta música... – ele piscou para a platéia, no que todos riram, apenas deixando Marlene mais envergonhada e brava.

You'll never know how much I really love you.
(você nunca saberá o quanto eu realmente te amo)
You'll never know how much I really care.
(você nunca saberá o quanto eu realmente me importo)


Sirius cantava sorridente, olhando para uma Marlene completamente surpresa; ela não esperava isso dele. Agora até Remo estava tocando o baixo mais animadinho, e James tocava a guitarra, ocasionalmente me lançando olhares e sorrisos.

Listen,
(escute,)
Do you want to know a secret,
(quer saber um segredo,)
Do you promise not to tell, whoa oh, oh.
(você promete não contar, whoa, oh, oh?)

Closer,
(mais perto)
Let me whisper in your ear,
(me deixe sussurrar em seu ouvido,)
Say the words you long to hear,
(dizer as palavras que você espera ouvir)
I'm in love with you.
(eu estou apaixonado por você)

I've known the secret for a week or two,
(eu sei desse segredo há uma semana ou duas)
Nobody knows, just we two.
(ninguém sabe, só nós dois)

Listen,
(escute)
Do you want to know a secret,
(quer saber um segredo,)
Do you promise not to tell, whoa oh, oh.
(você promete não contar, whoa, oh, oh?)

Closer,
(mais perto)
Let me whisper in your ear,
(me deixe sussurrar em seu ouvido,)
Say the words you long to hear,
(dizer as palavras que você espera ouvir)
I'm in love with you.
(eu estou apaixonado por você)

Quando Sirius terminou de cantar, e todo mundo o aplaudiu, Marlene continuou lá em cima, no palco, com cara de besta. E então ele chegou pra ela, com aquele sorrisão e disse no microfone (N/A: eu sei que eles provavelmente não usam microfone, mas aqui sim! Ta? Por favor, não me condenem pelo meu ‘pouco caso’ em relação a detalhes...):

- Marlene McKinnon... será que você aceitaria esta humilde declaração – aham, como se ele fosse modesto... – como um pedido de desculpas por todas as cachorrices e me aceitaria como seu humilde namorado?

Marlene ficou pálida, e todos que assistiam ao “show” fizeram um “oh” conjunto. Eu e as garotas estávamos apreensivas, e Sirius mais ainda, aguardando a resposta de Marlene; que veio com um sorriso malicioso...

- Black, seu... eu aceito namorar com você!

E então, em meio a muitas palmas entusiasmadas, os dois se beijaram com paixão; não sei quem foi que deu a iniciativa, se foi ele que a agarrou ou se foi o contrário... só sei que os dois pareciam não querer se largar mais.

Depois do longo beijo, Sirius pegou o microfone, ainda abraçado à Marlene e disse:

- Não disse que a expressão dela ia mudar depois da música? – risos, e ele levou um tapinha de leve de Marlene, que também riu.

- É... parece que é isso saí, galera! Muito obrigado! Aproveitem o Baile de Primavera! – anunciou James carismático, em meio a aplausos, e fez um feitiço para a bola prateada voltar a tocar músicas dançantes. Sirius tomou a mão de Marlene, e os dois desceram do palco juntos, mas não voltaram para mesa; foram para um cantinho reservado do jardim, meio escondido, para conversarem sobre o assunto; bem, talvez mais que isso... os outros três marotos deixaram o palco e se juntaram a nós novamente na mesa.

Nós comemos mais salgadinhos, conversamos, contamos piadas, e nos divertimos muito. Até que então começaram a tocar umas músicas lentas, e Alice e Frank, acompanhados de Emelina e Remo, mais Peter e a acompanhante dele, foram dançar. Olhei para o canto em que Marlene e Sirius haviam se escondido, e agora eles tinham saído e estavam indo dançar na pista de dança. Eu estava distraída, vendo os casais dançando, com um sorriso meio bobo; agora Melissa Adams estava dançando com Bryan Leigh, e não é que os dois formam um belo par? Até notei que eles se olhavam diferente agora... E, depois de brigar muito com o namorado, Narcisa Black arrastou ele pra dançar com ela, mesmo sem olhar na cara dele. Era até meio engraçado, apesar de eu ter ficado com um pouco de pena dela, no começo; mas ela não pode nem sonhar que eu tive algo a ver com a demora do Malfoy para o baile...

De qualquer forma, lá estava eu, completamente entorpecida pelo aroma das flores do jardim, que estava cada vez mais forte e cheiroso, olhando Alice dançar com Frank, os dois visivelmente apaixonados, e de repente lembrei de umas cenas de contos de fada... Bela Adormecida, Cinderela, a Bela, de a Bela e a Fera, todas dançam com seus príncipes e tem seus finais felizes... não que eu acredite piamente nisso... mas sei que me peguei sonhando bobamente com o meu príncipe encantado... até que ele me despertou de meus sonhos e me trouxe de volta à realidade...

- Hum? – murmurei em tom de pergunta, já que não tinha escutado o que James falara. Ele sorriu, olhando em meus olhos, e repetiu calmamente, ajeitando os óculos:

- Eu perguntei se você não queria dançar.

- Ah, claro! – respondi, no que ele voltou a rir, me estendendo a mão, que peguei com timidez.

Andamos juntos até o centro da pista de dança, e agora todos, todos mesmo, até os professores estavam dançando; até a McGonagall, que dançava com o prof. Dumbledore. Todos dançavam na pista de dança, até fora dela, já que não cabia direito; todo mundo que pôde ir ao baile dançava. A não ser por Snape, que acabou não indo; deve ter se sentido humilhado, ou então não tinha par; sei lá. Mas isso não é importante no momento. Bem, começamos a dançar, quando a música mudou. E eu não podia estar mais certa sobre o meu conto de fadas.

Someday
(algum dia)
When I'm awfully low
(quando eu estiver terrivelmente pra baixo)
When the world is cold
(quando o mundo estiver frio)
I will feel a glow just thinking of you
(vou me sentir bem só de pensar em você)
And the way you look tonight
(e como você está esta noite)

A música que tocava, era The Way You Look Tonight, do Frank Sinatra, que é simplesmente a minha preferida. Na verdade, é a preferida dos meus pais, e eu cresci espiando-os dançá-la à noite, quando eu e Petúnia deveríamos estar dormindo. Mas era tão romântico vê-los dançar, e a música era tão bonita... na verdade o que eu mais gosto é dessa lembrança, mas a musica faz parte dela, então...

Yes you're lovely
(sim, você é adorável)
With your smile so warm
(com seu sorriso tão aconchegante)
And your cheeks so soft
(e suas bochechas tão macias)
There is nothing for me but to love you
(não existe nada mais para mim a não ser te amar)
And the way you look tonight
(e como você está esta noite)

Eu dançava abraçada a James, ele com as mãos na minha cintura, e eu com os braços em volta de seu pescoço, sorrindo sonhadora.

- O que está pensando que te faz sorrir assim? – ele perguntou ao meu ouvido, me fazendo sorrir ainda mais e corar um pouquinho.

- Ah, nada... é só que eu adoro essa música... – ele me olhou com um sorriso sério; não sério, sério, mas ao contrário dos outros sorrisos dele, que são brincalhões; ele usou aquele sorriso especial, que só usa para mim, e que eu sei que posso confiar.

With each word your tenderness grows
(a cada palavra sua ternura aumenta)
Tearing my fears apart
(levando meus medos embora)
And that laugh
(e essa risada)
Wrinkles your nose
(enruga o seu nariz)
Touches my foolish heart
(toca meu coração bobo)

- Lily... – ele disse sorrindo, como se saboreasse o meu nome.

- James... – fiz o mesmo, rindo um pouco da situação; não é sempre que vemos James Potter falar com tanta seriedade e sentimento. E aí então eu lembrei da coisa importante que precisava dizer a ele, e achei que aquele era o momento oportuno. Enchi-me de coragem, e encarei aqueles olhos de avelã, por detrás das lentes redondas – Eu preciso te dizer uma coisa... Eu... te amo...

Ele sorriu e me beijou a testa, dizendo em seguida, me olhando fundo em meus olhos:

- Eu sei. Eu também te amo Lily, nunca deixei de amar. E... tenho que te confessar uma coisa... – encarei-o curiosa – Eu escutei a sua conversa com o Remo na outra noite...

Surpreendentemente, sorri; normalmente eu ficaria possessa e morreria de vergonha por tudo aquilo que eu falei sobre meus sentimentos, e tal; mas não; fiquei feliz.

- Que bom... eu queria mesmo que tivesse escutado... – ele me beijou romanticamente, como nas masmorras, e voltou a me encarar em seguida, acariciando os meus cabelos:

- Sabe que eu adoro o seu cabelo ruivo? E certamente não acho que você seja sem graça... – sorri, lembrando da conversa com Remo. Ai, como ele é fofo!

Lovely
(adorável)
Never ever change
(nunca, jamais mude)
Keep that breathless charm
(mantenha esse charme de tirar o fôlego)
Won't you please arrange it
(você não irá, por favor arranjar isso?)
Cause I love you
(porque eu te amo)
Just the way you look tonight
(exatamente como você está esta noite)

Continuávamos dançando, e ouvi alguns “urrus!” vindo de nossos amigos, é claro, que não tinham deixado passar esse nosso momento romântico. Eu sei que eles esperavam por isso há muito tempo, mas podiam fazer isso depois, sabe... não estragar a magia do momento...

- Você ainda tem dúvidas de que eu te amo de verdade? – James perguntou ao meu ouvido, no que eu ri; não sei se pelas cócegas que suas palavras tinham me causado, ou então pelo o que elas realmente significavam.

- Hum... acho que não... – respondi vagamente, sorrindo e apoiando minha cabeça em seu ombro, ainda dançando.

And that laugh
(e essa risada)
That wrinkles your nose
(que enruga o seu nariz)
It touches my foolish heart
(toca meu coração bobo)

Por cima do ombro de James, eu observava tudo a meu redor; Marlene dançando abraçada a Sirius, ocasionalmente rindo de algo que ele dizia; Alice e Frank, de olhos fechados, sendo embalados pela suave melodia; Emelina e Remo, se encarando com ternura, ambos um pouco corados. De um outro lado, pude ver Melissa e Bryan, envolvidos num momento realmente romântico; acho que dei uma de cupido... a professora McGonagall dançava com o professore Dumbledore ainda, ambos dando risinhos. O baile era realmente um sucesso, em termos de romances...

Lovely
(adorável)
Don't you ever change
(nunca jamais mude)
Keep that breathless charm
(mantenha esse charme de tirar o fôlego)
Won't you please arrange it
(você não irá, por favor, arranjar isso?)
Cause I love you
(porque eu te amo)
Just the way you look tonight
(exatamente como você está esta noite)

- Lily... – sussurrou James docemente, ao que eu murmurei, sinalizando que estava ouvindo – Você quer namorar comigo?

Olhei-o nos olhos; sabe quando você vê ou escuta algo que te deixa extremamente feliz, que você sente que seus olhos estão brilhando? Bem, eu conheço bem a sensação...

- Sim, James... eu quero namorar com você... – ele me acariciou a face, e me beijou ternamente...
Hmm...
Hmm...
Just the way you look tonight
(exatamente como você está esta noite)

A música acabou; agora já deviam ser quase umas duas da manhã. Encarei James com meus olhos verdes brilhando de felicidade, e ele fez o mesmo, me roubando um beijo rápido e me puxando pela mão para fora do jardim, não sem antes acenar para os outros.

O clima no jardim agora era de fim de festa; só musicas lentinhas tocando, a maioria do pessoal sentado, alguns já até tinham voltado para o castelo; os professores também estavam bem relaxados. A mesa de comida estava quase devastada, e havia muitos copos de bebidas espalhados por todas as mesas.

- James, para onde está me levando? – perguntei curiosa, quando passamos pelo portal da cerca-viva.

- Surpresa. – ele me sorriu maroto.

Percebi que ele me levava para o castelo, e entoa relaxei; mas aí vi que ele tinha passado do andar da Torre da Grifinória, e voltei a perguntar.

- James, é sério; pra onde você está me levando?¬ – ele meramente riu, e disse:

- Já disse que é surpresa! Vamos, já estamos quase lá...

Fiquei completamente intrigada; o que mais estaria James aprontando para mim? Quero dizer, já não bastava ele ter se declarado e eu também, e me ter pedido em namoro ao som da minha música preferida? O que mais estaria faltando?

Finalmente percebi aonde ele tinha me levado: à Torre de Astronomia. Fiquei quieta, esperando ele se pronunciar e explicar a tal “surpresa”.

- Ok, não é realmente uma “surpresa”... bem, pelo menos não é coisa minha... mas... olhe. – ele apontou para algo no céu.

Fiquei sem palavras. Só então havia reparado no céu estrelado acima de nossas cabeças. E quando digo estrelado, é algo realmente inimaginável de tão lindo. Sem nenhuma nuvem. E a lua nova, linda e cândida, tão próxima, que nem parecia verdade.

- James! Isso é... lindo! – ele me olhou com ternura, um sorriso simples estampado em seus lábios.

- Bem, eu sei o quanto você gosta da lua e das estrelas... – olhei para ele confusa, sem entender o que ele estava dizendo – “Tenho fases como a lua; fases de andar sozinha, fases de vir pra rua. Perdição da minha vida, perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, outras de ser sozinha...” espero que agora e para sempre, você continue na fase de ser minha...

E então compreendi a que James estava se referindo: ao poema que eu escrevera e lhe dera no Natal! Fiquei perplexa; como ele lembrava desse fato, e ainda, como ele sabia de cor??

- James... você se lembra! – exclamei surpresa.

- Mas é claro que lembro. – ele respondeu simplesmente – E durante um tempo fiquei imaginando o que você queria me dizer com isso... e então entendi; e comprovei que você é mesmo uma mulher de fases, como a lua; durante o tempo em que ficamos separados, eu sabia que seria passageiro, e esperei pacientemente até que você constatasse que o seu lugar era, de fato, ao meu lado. – convencido... – Para sempre.

Eu estava sem palavras. Não é sempre que alguém te diz que quer ficar com você pra sempre. Como esse cara romântico e sensível, pôde ficar tanto tempo escondido sob a faceta de maroto?

- James... eu... eu... não sei o que dizer! – o sorriso em seus lábios aumentara, frente à minha admiração por esse gesto amável.

- Então não diga nada. – ele falou maroto, e me beijou, ali, na varando do alto da Torre de Astronomia, com o céu estrelado e enluarado ao fundo. Um cenário perfeito.

Não sei por quanto tempo ficamos ali; só sei que quando voltamos para a Torre da Grifinória, tivemos que usar a capa de invisibilidade que James sabiamente havia guardado em seu bolso, por precaução, porque o baile já tinha terminado e todos já deviam estar em seus dormitórios, e não se declarando para outro alunos em torres altas e românticas do castelo.

Ao chegarmos na sala comunal, após termos gritado para acordar a Mulher Gorda, como esperávamos, não encontramos ninguém ali; era até aceitável que ficássemos ali por um tempo, sabe como é, agora que somos namorados, e tal... mas eu estava muito cansada, e apreciaria muito uma boa noite de sono, acompanhada de sonhos extremamente agradáveis. Então, me despedi de James com um beijo apaixonado e fomos cada um para um lado.

E assim foi a noite do Baile de Primavera. Até que foi mais legal do que eu imaginava...

Quero dizer, eu estou namorando o James! O cara que, depois de anos odiando, eu descobri que amava, e que me ama também! E ele quer ficar comigo pra sempre!

Chegando no dormitório, as garotas já estavam dormindo. Despi meu vestido de baile, vesti minha camisola e dormi. E devo acrescentar... nunca dormi tão bem.

E agora estou aqui embaixo, nos jardins. Bem, é isso aí. Eu finalmente perdi todos os meus medos e inseguranças em relação aos meus sentimentos por James, e agora sim estou aprendendo a ser feliz de verdade, e a lidar com os meus sentimentos mais puros e belos.

E sabe o que mais? Acho que gosto dessa sensação...
Opa, preciso ir. James acaba de se juntar a mim, com seu sorriso e atitude extremamente cativantes, que me deixam mais apaixonada do que nunca.

É. O amor é assim.

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