A Viagem



N:A: Pessoal, antes do cap deixa eu responder umas duas perguntas.

Tati, a aliança do Harry está diferente porque o amor dele está inconsciente, mas isso não deve durar muito tempo, ok?

Paula e Leno, curioso vocês comentarem isso. Minha esposa, Selma, tem insistido nessa idéia desde que começou a ler o que eu escrevo. Quem sabe? Mas eu vou ser sincero, nas últimas semanas comecei a esboçar alguma coisa. Ainda está muito superficial, mas é algo inspirado em vários livros que eu li, como o Senhor dos Anéis, Crônicas de Nárnia, a trilogia Fronteiras do Universo - A bússola Dourada, A faca Sutil e A Luneta Ambar -, Eragon, Guerreiros de Darinka e mais recentemente, Crônicas do Mundo Emerso - A Guerreira da Terra do Vento e A Missão de Senar -. Todos esses livros livros se passam em mundos com Elfos, Magos, Guerreiros etc. E acho que estou conseguindo criar algo nesta linha.

Mas isso é assunto para daqui a pelo menos um ano, antes preciso terminar o que começei, não é mesmo?


Molly, você tem alguma bola de cristal embaixo da cama?


Sem mais delongas, vamos ao capítulo:



Capítulo 08 – A Viagem





- Como assim? – perguntou Gina, num sussurro – Ir?
- Sim, mestre Caine está me chamando para as homenagens a Ziang. E ajudá-lo a lidar com a situação.
- Certo! E quando nós vamos? – Perguntou a ruiva, recuperando-se do choque inicial.
- Me desculpe srtª Weasley, mas eu vou sozinho. – Disse ele, preparando-se para a batalha que estava prestes a eclodir.
- Eu acho que não senhor embaixador! – Retorquiu ela, sacando a varinha e concertando a louça que havia se partido ao cair no chão com um “Reparo!” E levitando tudo para a pia. Só quando terminou isso ela se virou e continuou – Caso tenha se esquecido, fui incumbida da sua proteção. E nas minhas ordens não dizia nada sobre deixá-lo voltar para Shangri-lá sozinho.
- Srtª Weasley, não haverá risco algum lá, pode ficar tranqüila. E assim que puder eu volto, eu lhe prometo.
- Escuta aqui Harry! – Ela cruzara os braços, ainda com a varinha na mão e batia o pé no chão.




Aquilo incomodava Harry de uma maneira absurda, ela parecia uma panela de pressão e o pezinho batendo era sua válvula de escape. O risco estava em quando ela parasse de bater o pé.




- Se você pensa que vai sair de baixo dos meus olhos por um minuto que seja, pode ir tirando o Hipogrifo da chuva, está me entendendo? Eu esperei você dar sinal de vida por quatro anos. Quatro anos, Harry Potter. Não vou passar por isso de novo.
- Eu não vou desaparecer! – Ofendeu-se Harry – E não preciso de sua autorização pra ir pra lugar algum. Fawkes!





No mesmo instante, a ave que estava descansando no quarto de Harry apareceu na cozinha e voou até o ombro dele.




- Precisamos voltar para casa, Fawkes. – Disse ele, acariciando suas penas.
- Não! Fawkes, você não pode ir com ele sem mim. Por favor, não vá com ele me deixando aqui nessa agonia. – Disse Gina, desesperada. A ave, como se compreendesse o pedido, levantou vôo do ombro de Harry e pousou no de Gina, que a recebeu com um sorriso e acariciando, agradecida, suas penas – Obrigada!
- Até tú, Fawkes? – Exasperou-se Harry – Então fique aí com ela, se é o que você quer. Eu não preciso de você pra voltar. Sei muito bem o caminho.
- Mas eu não sei. – Respondeu Gina, ainda acariciando a ave – Cinco minutos depois que você chegar em Shangri-lá, eu também chego levada por Fawkes.
- Mas será que ninguém consegue colocar um pouco de juízo nesta garota? Ronald faça alguma coisa, ela é sua irmã! – Disse ele, virando-se para o amigo.
- Quem, eu? – Rony fez-se de desentendido – Sinto muito meu caro. Mas quando essa aí coloca alguma coisa na cabeça, ninguém tira.
- Harry, presta atenção. – Recomeçou Gina, atenuando o tom de voz, não queria continuar com aquela discussão – Pelo que você me disse houve um assassinato lá. Pois bem, sou uma Auror treinada, na verdade sou muito boa no que faço. Posso ajudar. Talvez Ziang ainda tenha alguma coisa a nos dizer. Você não vai se arrepender em me levar.




Harry não teve resposta pra isso. Não havia pensado naquela hipótese. Olhou para Rony e este lhe fez um gesto de quem dizia “Ela está certa!”. Não conseguindo encontrar nenhum argumento e se odiando por ceder novamente, ele disse.




- Está certo. Vamos então.





Gina não conseguiu segurar um grito de vitória, acompanhado por um soco no ar.




- Isso! Obrigada Harry. Você não vai se arrepender de me levar. Vai ver só.
- Ótimo, assim espero. Então vamos logo, é melhor arrumar suas coisas. Não sei quanto tempo vamos ter que ficar lá. Leve roupas pesadas faz muito frio no alto do Himalaia. Você tem cinco minutos.
- Cinco minutos? – Perguntou ela, desfazendo o sorriso no rosto e olhando pra ele. Quando viu a carranca que ele fazia, nem tentou contestar – Certo! Cinco minutos. É melhor me apressar, não é? Mamãe, a senhora me ajuda? Nunca fiz uma mala em tão pouco tempo...






Gina saiu correndo da cozinha, seguida pela mãe. Harry olhou para Rony e disse suspirando.




- Passou perto, não passou?
- Se passou. – Respondeu ele – Mais um pouco e ela tinha te azarado, cara.
- Ô gênio, hein! Como é que eu convivia com ela antes, afinal? Essa menina é osso duro de roer. – Disse ele, balançando a cabeça e não conseguindo segurar um sorriso. Aquele jeito da ruiva encantava-o, fazia seu sangue ferver nas veias.
- Vocês brigavam no começo. E você sempre perdia, é óbvio. Mas daí você aprendeu a lidar com ela. Se aceita um conselho, não bata de frente. Toda vez que tentar enfrentá-la vai ser essa briga.
- E só agora você me diz? – Perguntou Harry, sarcasticamente – Muito obrigado!
- Hum! De nada. – respondeu o outro, balançando os ombros – Olha, eu preciso ir pro ministério. É melhor que ninguém saiba que vocês viajaram, a não ser o Quin, é claro. Qualquer coisa me avisem, está bem?
- Tudo bem. Até a volta. Olha, desculpe por interromper nosso treinamento assim. Continue repassando tudo que nós treinamos até agora, retomamos quando eu voltar.
- Sem problemas. Tchau! – E Rony desapareceu na lareira.




Harry subiu para seu quarto e arrumou rapidamente suas coisas. Desceu e ficou esperando por Gina na sala. Depois de meia hora, durante a qual Harry estava prestes a fazer um buraco no chão de tanto andar de um lado para o outro, finalmente ela desceu, acompanhada da mãe.




- Pelos ancestrais! – Explodiu ele – Eu disse cinco minutos. Já se passou meia hora. Mestre Caine deve estar preocupado com a demora.
- A culpa é sua Harry. – Respondeu Gina, na maior simplicidade – Onde já se viu dar apenas cinco minutas pra alguém arrumar uma mala pra viajem?
- Eu arrumei a minha mala em cinco minutos. – Respondeu ele, novamente indignado.
- Mas você é homem, Harry. Uma mulher não pode fazer uma mala em tão pouco tempo. Não é assim tão simples.( N.A. – Meninas, não entendam como uma crítica, ok? Mas que é cientificamente comprovado que as mulheres são dureza na hora de fazer uma mala ou até mesmo de vestir uma roupa, ah isso são. Não estou reclamando, a espera sempre vale à pena...)
- Tudo bem. Será que podemos ir então? – Perguntou Harry.
- Por mim tudo bem. – Disse ela, com um sorriso angelical, enquanto se virava e beijava a mãe no rosto – Tchau Mamãe!
- Até a volta minha querida. Boa viagem Harry, e cuidem-se crianças.
- Podemos ir então, sua traidora? – Perguntou ele agora para Fawkes, que soltou um pio e desapareceu com o casal segurando em sua cauda.






Um instante depois, Harry e Gina se viram no topo de um morro coberto de neve. Devido à diferença de fuso horário, quando eles chegaram já era início da tarde. Gina sentiu um estremecimento causado por uma corrente de ar frio que a atingiu e vestiu rapidamente um sobretudo. Harry virou-se para Gina e perguntou:




- Sua mãe me chamou de criança?
- Ah! É o costume. Não liga não. – Respondeu ela, achando graça da cara dele, que balançou a cabeça e revirou os olhos, inconformado.
- Bom Srtª Gina Weasley, bem vinda a Shangri-lá.- Harry falou depois de alguns segundos, estendendo a mão em direção ao vale que se descortinava no sopé do morro.
- Harry! – Exasperou-se ela – É lindo. Agora entendo porque você deseja tanto proteger este lugar. Nunca vi algo tão belo, tão harmonioso. É um verdadeiro pecado alguém querer violar este santuário.
- Fico feliz que tenha gostado. Veja, mestre Caine já sabe da nossa chegada e está vindo nos receber.





Caminhando pelas ruelas da vila, vinha um homem velho, andando devagar e apoiado em um cajado. Como Gina nunca estivera na cidade, não era de bom tom entrar sem ser convidada. Então aguardaram pacientemente até que Kwai Chang Caine chegou onde eles estavam, um sorriso puro e sincero estampado no rosto, o que ressaltava ainda mais as suas infindáveis rugas.


- Meu filho, que bom vê-lo. – Disse, quando Harry o saudou com uma reverência – E fico ainda mais feliz em ver que não retornou sozinho.
- Mestre Caine, desculpe por vir sem ser convidada, mas era meu dever acompanhar Harry. Por uma questão de segurança, entende?
- Sim minha criança. Eu entendo perfeitamente. – Sorriu ainda mais o ancião – É um prazer recebê-la, você não precisa de convite ou formalidades para entrar em nossa cidade. É um prazer tê-la entre nós. Só lamento que sua primeira visita seja num momento tão triste quanto este. Mas vamos, vamos entrar na cidade.
- Mestre o que aconteceu exatamente? O bilhete que me mandou não estava muito claro... – Questionou Harry, enquanto se dirigiam para o interior da pequena vila.
- Foi muito triste, meu discípulo. Hoje pela manhã, os vigias ouviram o lamurio de uma Fênix. Quando chegaram ao local de onde vinha, encontraram Xanthia ao lado de um corpo, muito mutilado, irreconhecível. Mas só podia ser Ziang, pelo desespero mostrado pela ave. Quando cheguei, não pude acreditar no que meus olhos viam. O corpo não passava de uma massa disforme, mal dava pra reconhecer como humana. Devem ter mandado os Yetis matarem-no, não sei. Retalharam seu corpo completamente, devoraram suas entranhas. Horrível, simplesmente monstruoso.
- E quando será o funeral? – Perguntou Gina.
- No final da tarde. Estávamos esperando por Gafanhoto. A mãe de Ziang passou muito mal quando recebeu a notícia, é melhor acabar com tudo de uma vez, por isso vamos prestar nossas homenagens ainda hoje.
- O senhor já contou a todos sobre ele? – Perguntou por sua vez Harry.
- Sem dúvida! Assim que voltei do local onde estava o corpo, reuni todos e disse o que havia combinado com Ziang. E assumi a responsabilidade por sua morte também, naturalmente.
- O senhor não tem culpa pelo que aconteceu, mestre Caine. – Interveio Gina – Se alguém tem culpa pelas mortes ocorridas aqui ou em Hogwarts, esta pessoa é Wang Chú. – Ela respirou, pensando se era o momento adequado e continuou - Eu gostaria de pedir algo ao senhor, mestre.
- E o que seria minha jovem? – Perguntou ele curioso.
- Eu gostaria de ver o local onde encontraram o corpo de Ziang. E seus pertences também, qualquer coisa que estava com ele quando o encontraram.
- Vou providenciar. Mas não creio que seja possível hoje. Logo a cerimônia se iniciará e deverá durar até a noite. Mas amanhã pela manhã eu mesmo a levarei ao local.
- Obrigada. – Respondeu, um tanto decepcionada. Quanto mais tempo demorasse a examinar o local, menores as possibilidades de encontrar alguma pista. Mas ela não poderia faltar com respeito aos costumes daquele povo, então teria que esperar até a manhã seguinte pra colocar seu treinamento em prática.




Dirigiram-se para o prédio onde ficava a escola de mestre Caine, o local que Harry chamara de lar durante quatro anos. Este permaneceu em seu antigo quarto e um outro foi preparado para recepcionar Gina. Não estavam acostumados a acomodar mulheres ali, então houve um certo constrangimento por parte dos responsáveis pelas acomodações, apesar da moça insistir que não se importava nem um pouco com a simplicidade das acomodações. Descansaram um pouco e lancharam, quando deram conta, já era final da tarde.Foram chamados por um jovem aluno, que não conseguia esconder a devoção ao ex-pupilo da escola, que defendera tão corajosamente a cidade no dia da tentativa de golpe. Só não se podia adivinhar se a sua devoção era maior a Harry ou à jovem ruiva que estava com ele. O rapaz estava simplesmente abismado com a beleza de Gina, não parava de fitá-la furtivamente durante todo o trajeto que fizeram até o cemitério da cidade. E isto não passou despercebido a nenhum dos dois. Enquanto Harry demonstrava grande irritação com a “falta de respeito” do jovem, Gina se mostrava um tanto divertida com a reação deste com relação à situação e se perguntava intimamente se aquilo não seria uma pequena demonstração de ciúmes.




Quando chegaram ao cemitério, perceberam que toda a cidade deveria estar presente. Centenas de pessoas estavam espalhadas pelo local, com tochas acesas. A cerimônia foi muito bonita e emocionante, uma vez mais mestre Caine contou o que Ziang havia feito, do que ele abrira mão para servir a cidade. Assim como Harry fizera há poucos dias, no final da cerimônia Mestre Caine conjurou uma Fênix, que saiu de seu cajado e se alojou na lápide de mármore. Quando as pessoas começaram a deixar o local, Gina percebeu uma mulher pequenina, chorando copiosamente ao lado da tumba e perguntou:




- Aquela é a mãe de Ziang?
- Sim é ela. – Respondeu Harry.
- Eu gostaria de falar com ela. Posso? – Insistiu ela.
- Claro. Vamos lá. Eu traduzo pra você. – Disse ele.





Caminharam até onde ela estava, amparada por amigos e parentes. Gina se ajoelhou à sua frente, olhou para Harry e depois que este lhe fez um sinal, começou.






- Srª, meu nome é Gina Weasley. – Aguardou até Harry traduzir e a mulher levantar o olhar para ela, um olhar vazio e cheio de dor – Sabe, eu perdi um irmão a pouco mais de quatro anos. Na verdade ele foi assassinado na minha frente e eu sei que não há nada que nos digam que possa aliviar esta dor. Eu me lembro que a única coisa que eu sentia era revolta e ódio, alimentando meu desejo de vingança. Se não fosse pelo homem da minha vida, provavelmente eu teria me afundado em auto piedade e rancor. – E nesse momento ela olhou de soslaio para Harry, que enrubesceu levemente. Sabia que se tratava dele – Mas tenho certeza que isso tudo não chegou nem aos pés do que a minha mãe sentiu. Afinal ela acabara de perder um de seus filhos. Ela chorou por meses a fio. Até hoje quando lembra do Percy, ela não agüente e chora. E é por isso que nossa família será eternamente grata à sua. Eu e todos os meus irmãos estávamos em Hogwarts no dia daquele ataque. Se seu filho não tivesse avisado mestre Caine, todos nós estaríamos mortos hoje. Pois assim como Ziang era fiel aos seus princípios e lutava pelo que acreditava, a ponto de sacrificar sua vida por esses ideais, eu e meus irmãos também o somos. Nenhum de nós teria recuado um milímetro frente aos homens de Chú e certamente, morreríamos lutando. E hoje minha mãe estaria chorando a morte de seus outros seis filhos.





A velha senhora olhava incrédula para aquela jovem de cabelos vermelhos, olhar doce e voz melodiosa, e Harry traduzia completamente assombrado com as palavras que saiam da boca de Gina, que continuou:





- Como eu disse, não há palavras que possam amenizar a sua dor. Mas eu, em nome da minha mãe, trago nossa solidariedade para a senhora. E juro, por tudo que há de mais sagrado, que não vou descansar enquanto não levar os responsáveis pelo assassinato de seu filho à justiça.






Gina começou a se levantar, mas se sentiu puxada de volta ao chão por uma mão trêmula. A mulher lhe segurava o pulso e com um gesto, pediu para que se ajoelhasse novamente. Depois falou e Harry traduziu:






- Quando mestre Caine disse que a morte de meu filho não havia sido em vão e que ele havia sido um verdadeiro herói, eu achei que era mentira. Afinal, ele poderia muito bem estar inventando uma história apenas para aquietar o coração de uma velha mãe que acabou de perder seu único filho. Mas agora que eu olho pra você, minha filha, eu não preciso realmente de nenhuma palavra de consolo pela morte do meu Ziang. Se a morte dele foi necessária para salvar a sua e se seus irmãos são parecidos com você, então ele realmente teve uma morte honrosa, o que me deixa muito orgulhosa. – A velha senhora respirou fundo e continuou – E diga a sua mãe que ela deve ter muito orgulho da filha que tem. Ela educou-a muito bem, você se tornou uma mulher magnífica. E tenha certeza de uma coisa, minha querida. O acalento que as palavras não podem me dar nesta hora, você com seus gestos e seu belo rosto conseguiram me dar. E eu só posso lhe agradecer por isso.




Em seguida, ela beijou a testa de Gina, que tinha lágrimas no olhar. Em resposta, Gina beijou-lhe as mãos e finalmente se levantou para ir embora. Deu alguns passos e se virou, constatando que a mulher não mais chorava, pelo contrario. Acenava de longe para ela, com um sorriso no rosto.





- Foi muito bonito o que você disse para ela. – Disse Harry, enquanto caminhavam para os aposentos.
- Só repassei um pouco do que aprendi na vida. – Respondeu Gina – Fico feliz que tenha levado um pouco de paz ao coração sofrido dela.







Jantaram e se recolheram cedo naquela noite. Quando Gina acordou pela manhã, saiu para o pátio. E não se surpreendeu em encontrar Harry treinando com os alunos. Depois do café, mestre Caine veio até eles para levá-los até os arredores da vila, onde haviam encontrado o corpo. Caminharam para a ala leste da vila, entre um pequeno desfiladeiro. Não tinham andado muito quando encontraram o local. Haviam conjurado um feitiço protetor sobre o local, provavelmente após Gina ter falado da sua intenção de examiná-lo. Mestre Caine removeu o encantamento e o pequeno grupo se aproximou.




Uma grande poça de sangue congelado se espalhava no chão coberto de neve. Havia sinais de animais que haviam fuçado o sangue e a neve, à procura de alimento. Não era uma visão muito promissora, mas Gina tinha que tentar. Calçou luvas e conjurou uma lupa e pinças, ajoelhou-se no chão e começou a procurar pistas. Trabalhou por horas a fio, perscrutando centímetro a centímetro do local, incansavelmente. Mas no começo da tarde não teve outra opção a não ser desistir e se dar por vencida. Se havia alguma pista ali, havia sido encoberta pelo gelo ou removida por algum animal. Decepcionada, cansada e faminta, Gina resolveu voltar para a vila.





- Não desanime minha jovem. – Disse mestre Caine no caminho de volta – Ainda tem as roupas dele para analisar após o almoço.
- Sem dúvida mestre Caine. Não estou desanimada. Vamos encontrar uma pista à tarde, vocês vão ver. – Respondeu ela, tentando dar ânimo à sua afirmativa. Um ânimo que estava longe de sentir.







Almoçaram, descansaram um pouco e à tarde já estavam em uma sala do hospital da cidade, onde haviam guardado o corpo de Ziang e onde guardaram sua roupa. Esta estava totalmente em frangalhos. Muito sangue, muita terra misturada, mas nada além disso. O exame ali também foi demorado e meticuloso e conseqüentemente, demorado. Já era início da noite e eles estavam quase desistindo quando Gina resolveu examinar as sapatilhas que Ziang estava usando quando foi morto. Logo que pegou o pé direito, seu coração deu um pulo dentro do peito, parecia que queria sair pela boca.






- Achamos! – Gritou ela, entusiasmada – Achamos uma pista!
- O que é? – Perguntou Harry, aproximando-se – O que é isso?
- Sementes Harry. Olhe! – Respondeu a ruiva, mostrando a sola da sapatilha onde havia cinco pequenas sementes grudadas, para ele e mestre Caine que também se aproximara.
- Sementes? Mas o que... – Começou o velho mestre, mas foi cortado por Harry.
- É claro! Veja mestre, algumas destas sementes estão esmagadas. Isso significa que Ziang ainda estava vivo quando pisou nelas.
- Exato. – Completou Gina – Elas ficaram grudadas ao sangue e a terra, que ele pisou antes de morrer. O que significa que devem ser do local onde é o esconderijo de Chú. Se pudermos identificar que planta é essa e de onde é este tipo de terreno...
- Será que conseguimos separar a terra do sangue para tentar uma identificação? – Perguntou Harry, analisando a sola do calçado.
- Nós com certeza não. Mas felizmente temos um dos melhores herbologistas como nosso amigo, ele certamente conseguirá nos ajudar. – Retorquiu a jovem, com um sorriso vitorioso no rosto.
- Longbotton! – Exclamou Harry, também abrindo um generoso sorriso.
- Muito bem meus filhos. Estou impressionado. – Interveio mestre Caine.
- Harry precisamos partir imediatamente para Hogwarts. – Gina retirou a sapatilha da mão de Harry e começou a coletar em pequenos frascos o material encontrado.
- Mas já é noite minha filha. Vocês estão cansados, deixem para partir amanhã. – Pediu o ancião.
- Muito obrigada, mas precisamos ir o quanto antes. – Respondeu Gina.
- Mestre Caine tem razão srtª. Trabalhou duro o dia inteiro, está cansada. Precisa descansar. Amanhã iremos logo pela manhã. – Disse Harry, sorrindo-lhe.
- Bom, pra falar a verdade eu estou um lixo. Preciso mesmo de um bom banho e de uma cama. Tudo bem, amanhã nós iremos então. – Cedeu ela, diante o sorriso do rapaz, mas emendou, não podendo perder a oportunidade – Não disse que podia ajudar? Que não se arrependeria em me trazer?
- É, você disse, não disse? É um prazer reconhecer que estava errado srtª. – Disse Harry, tomando uma das mãos de Gina e a beijando com um sorriso ainda mais doce no rosto e fazendo uma reverência - Aceite minhas mais sinceras desculpas, prometo que isso não voltará a acontecer.
- Desculpas aceitas. – Respondeu ela numa meia reverência, entrando na brincadeira, quase não conseguindo disfarçar a emoção pelo gesto do rapaz. Era o mais íntimo da parte dele desde que voltara – Vamos descansar então? Estou um trapo!






Saíram da sala, levando os frascos com suas preciosas pistas. Tomaram um belo banho, jantaram e depois Gina se recolheu. Harry ainda ficou conversando em particular com Mestre Caine até mais tarde, mas também se recolheu assim que pôde.





Quando Gina acordou na manhã seguinte o dia já ia alto. Nem ela percebera como o dia anterior havia sido extenuante. Acabara dormindo muito mais do que desejava. Levantou –se de um pulo, se arrumou e saiu à procura de Harry. Este estava, como ela já esperava, conversando com mestre Caine. Após o café, seguiram-se as despedidas e finalmente o casal estava pronto para partir. Antes, porém, Gina se lembrou:




- Você não pode chegar lá assim Harry. Precisa se disfarçar.
- Já estou cansado de me esconder. Não temos tempo até eu vestir toda aquela roupa, já deveríamos ter partido. – Respondeu ele, impaciente.
- Nem precisa. Tome, cubra-se com isto. – Disse ela, tirando uma bela capa de dentro de sua mala e completando, diante do olhar indagador do rapaz – É sua capa da invisibilidade. Estava guardada comigo já há alguns anos... Pertenceu a seu pai, sabe.
- Sei. E você sempre anda com ela por aí? – Perguntou ele, balançando a cabeça e pegando a capa de suas mãos.
- Claro que não. Mas achei que poderia ser útil, oras... – Respondeu ela, tentando parecer a coisa mais natural do mundo andar com uma capa de invisibilidade a tiracolo.




Após Harry se cobrir e certificar-se de que nada podia ser visto “de fora”, ambos pegaram uma carona com Fawkes e em poucos minutos já estavam caminhando pelos gramados da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Seguiram em direção às estufas e lá chegando, felizmente as encontraram vazias. Gina chamou Neville, que saiu detrás de uma touceira de Visgo do Diabo na qual estava trabalhando. Ao ver a jovem abriu um sorriso cativante, em seguida levou um grande susto quando Harry saiu debaixo da capa.




- Que susto Harry! Ainda não estou acostumado com essa história de te ver assim, vivo de novo.Quase me mata do coração...
- Desculpe-me, não tive a intenção. – Desculpou-se Harry.
- Neville desculpe-nos aparecer assim sem avisar, mas tínhamos urgência em lhe falar. – Interrompeu Gina e emendou, retirando os frascos do bolso e não dando chance de ninguém se pronunciar – Precisamos saber que planta é essa e de onde ela veio.



Neville pegou os frascos com curiosidade. Direcionou os amigos até uma mesa de trabalho, lacrou a porta da estufa e sentou-se com eles, analisando o material. Gina lhe explicou do que se tratava e ele imediatamente se prontificou em ajudar:


- Não dá pra saber que tipo de planta é apenas pelas sementes. – Disse ele finalmente, virando as cinco sementes que tinha nas mãos - Vou ter que cultivá-las e isso não será fácil. Vejam, três delas estão danificadas, provavelmente não vingarão. Mas estas outras duas têm grandes chances, requerem certo cuidado, mas acho que vai dar.
- E quanto tempo você acha que vai demorar? – Perguntou Harry.
- Não sei ao certo. Pelo menos algumas semanas. Se a planta não for mágica, provavelmente alguns meses.
- Tudo isso? – Perguntou Gina, desanimada – Não dá pra lançar um feitiço ou usar alguma poção para agilizar?
- Dar até dá, mas como só temos duas sementes o risco é muito alto. Alguma coisa pode dar errado e perderemos tudo. – Respondeu ele.
- Tudo bem então Neville. – Gina resignou-se – Não podemos correr este risco. É a nossa única pista.
- E quanto à terra que trouxemos? Dá pra identificar de onde é? – perguntou Harry, tentando encontrar uma nova chama de esperança.
- Por si só não. Mas se cruzarmos a informação dela com o tipo de planta poderemos identificar as prováveis regiões a que pertencem.
- Bom, então só nos resta esperar. Concluiu Harry – Obrigado pela ajuda Neville.






Depois de deixarem a estufa, Harry e Gina ainda visitaram a diretora para deixá-la a par da situação, bem como Cho Chang. Depois, partiram de volta à Toca, lá chegando próximo à hora do almoço. Estavam famintos e almoçaram com vontade. Depois da refeição, Gina foi ao ministério, elaborar o relatório de suas atividades naqueles últimos dias, só voltando ao final da tarde, em companhia do irmão. Pouco depois chegou Hermione e o Senhor Weasley, e todos juntos, jantaram. Mais tarde, enquanto conversavam na sala sobre o ocorrido em Shangri-lá, Harry pareceu se lembrar de alguma coisa e cortou a conversa:





- Já estava me esquecendo de uma coisa. – Começou ele – Ronald, quando mestre Caine ficou sabendo que você estava aprendendo a lutar comigo, resolveu lhe dar um presente.




Ele então se levantou e conjurou um pacote, longo e estreito, entregando-o em seguida a Rony, que estava sem palavras. Quando este abriu o pacote, seu queixo caiu. Dentro, havia uma espada, muito parecida com a de Harry. Possuía cinqüenta centímetros de diâmetro e cinco de largura, aço forjado por duendes e banhada em prata. O que a distinguia da de Harry eram os desenhos em relevo. Na sua havia dragões. Belos espécimes estavam gravados na lâmina, cujo cabo era também de uma presa da criatura, com o desenho de uma cabeça de dragão, e em lugar dos olhos dois magníficos rubis.




Rony agora estava completamente sem palavras. Olhava para sua espada, lágrimas nos olhos. Depois de algum tempo em suspenso, conseguiu falar:





- Harry é linda. Não mereço, não posso aceitar algo tão bonito assim...
- Você fez por merecer sim, Ronald. Mestre Caine ficou muito feliz que estivesse aprendendo a lutar e deve fazê-lo de acordo. Mas não se esqueça, apesar de muito bonita esta é uma arma perigosa. Nunca a use levianamente. Vou repetir o que me foi dito quando recebi a minha: A espada é sempre a última opção, quando o diálogo não mais é possível. Ser um bom espadachim é importante, mas ser sábio o suficiente para não ter que sacar sua espada é primordial.Uma vida, mesmo a de um inimigo, não tem preço.
- Uau! – Respondeu Rony, visivelmente emocionado – Vou honrá-la Harry. Eu juro.Olha só Mione, ela não é linda?
- É sim Rony. Muito bonita. Só espero que nunca precise usá-la. – Respondeu a moça, que apesar de ter concordado que este treinasse, não escondia que a idéia não lhe agradava.





Na manhã seguinte, tiveram a primeira seção de treinamento com espadas verdadeiras e Rony pode sentir pela primeira vez o peso da espada durante uma contenda e começou a ter uma melhor noção de espaço para manuseá-la. Os dias continuaram transcorrendo normalmente, ambos se dedicavam muito ao treinamento. Duas semanas depois do retorno de Harry e Gina de Shangri-lá, eles haviam acabado a sessão e estavam entrando para tomar o café quando foram saudados por Gina:




- Bom dia! Bem vindo oficialmente ao mundo dos vivos, Harry. – E estendeu-lhe um fascículo da revista Pasquim, que trazia uma foto sua na capa e a manchete: “Harry Potter está vivo!”
- Publicaram a notícia então? – Perguntou ele, devolvendo a revista para a moça.
- Acabou de chegar. Agora é só esperar a reação das pessoas. – Respondeu ela, abrindo a revista e lendo a matéria:






Harry Potter está vivo!
Por Luna Loveggod

Esta repórter tem a honra de comunicar à comunidade bruxa que Harry Potter, o bruxo que venceu o auto intitulado Lord Voldemort, não morreu na batalha ocorrida a mais de quatro anos, como se julgava até poucos dias.Veio à tona a informação de que, ao final da batalha, extremamente ferido, Harry conseguiu refugiar-se em um vilarejo bruxo ermo, onde ficou em coma por quase um ano. Depois, permaneceu em tratamento por um longo período, só retornando ao nosso convívio recentemente.
De acordo com a amiga e medibruxa responsável, Drª Hermione Granger, não há seqüelas físicas, mas a recuperação ainda não foi total.





A reportagem continuava, com uma entrevista com Hermione e outros pormenores, porém nada era dito sobre o lugar onde Harry passara aqueles quatro anos ou sobre sua falta de memória.



- Bom, pelo menos agora eu não preciso mais me esconder. – Concluiu Harry.






*****







Em uma ilha no Mar Negro, três pessoas acabavam de ler a mesma reportagem:


- Eu não acredito! – Disse Belatriz, furiosa – Aquele maldito Potter sobreviveu!
- Quem não acredita sou eu Bela. – Disse Chú – Convivi com aquele moleque por todo aquele tempo e nunca me passou pela cabeça que pudesse ser o Potter.
- Você podia tê-lo liquidado há muito tempo, Chú. – Disse Malfoy – Agora que ele se juntou aos amigos novamente, vai ser muito mais difícil.
- Se ele voltou para os amigos a culpa é de vocês. Eu disse que não era uma boa idéia atacar aquela escola. O velho também não sabia, deve ter descoberto naquele dia. Se não tivéssemos atacado, talvez nunca descobrissem. Mas o Potter não lembra quem é, ainda não representa um perigo muito grande.
- Mas aquela sabe-tudo da Granger vai dar um jeito dele recuperar a memória. Ela sempre consegue... – Disse Malfoy, com asco.
- Então precisamos fazer alguma coisa pra evitar. – Belatriz se levantara e seguia em direção ao guarda, postado ao lado da porta e lhe dizendo – Mande chamar Greyback com urgência.
- Greyback? – Perguntou Malfoy, sem entender – Mas ele mal consegue andar, de tão deformado que está por causa das queimaduras. Desde que o Weasley o atingiu, ele não serve pra mais nada.
- Não serve na forma humana, querido sobrinho. Porém, nas noites de lua cheia ele continua um Lobisomem fenomenal, na verdade está ainda mais feroz. Tenho certeza que ele gostará de fazer uma visitinha à sua amiguinha Granger, se eu não o tivesse impedido, já teria ido há muito tempo. Mas nada como paciência, acho que agora chegou o momento certo.




Depois de alguns minutos de silencio, entrava na sala um homem que mancava, tinha o corpo todo retorcido pelas queimaduras. Aproximou-se e olhou para Belatriz, que não disfarçou um olhar de repugnância.




- Meu caro Fenrir! – Começou a bruxa - Estávamos pensando se ainda tem intenção de se vingar dos amiguinhos do Potter.
- Você sabe que sim Bela. Por mim já teria ido atrás daqueles dois há muitos anos, assim que melhorei dos meus ferimentos. Só não fui porque você me pediu. – Respondeu ele, com a voz arrastada.
- Mas agora chega de esperar, meu caro. Você está liberado pra fazer o que bem quiser, principalmente se for com a Granger. – Bela não escondia o prazer de dizer aquilo.
- Finalmente! – Esbravejou o lobisomem – Quisera eu que você tivesse me dado esta notícia há três dias e hoje ela já estaria morta. Mas quem já esperou tanto tempo pode esperar mais um ciclo da lua, sem problemas.
- Por que não tornar isso num evento ainda maior? – Perguntou Chú, de repente.
- Maior como? – Perguntou Malfoy, curioso.
- Por que atacar apenas a garota? Por que não aproveitamos a oportunidade pra festejar o retorno de Potter, com um belo ataque ao hospital onde a amiguinha dele trabalha? – Chú estava entusiasmado com a idéia e continuou – Fenrir pode levar seus amigos ao hospital numa das próximas noites e atacá-lo. O número de mortos entre os civis fará com que eles nos temam.
- E no meio da confusão, você mata a Granger, Fenrir. – Disse Bela, satisfeita.
- Ótimo, será ótimo. Meus irmãos precisam de ação. Teremos que esperar uma noite de lua cheia em que ela esteja de plantão. Vou mandar alguém investigar. – E Fenrir deixou a sala, satisfeito com a missão.


N:A: Então, vocês acharam mesmo que a ruivinha ia ficar pra trás? É ruim, hein!!! Bom, agradeçam este capítulo a uma noite de insônia, escrevi quase tudo durante a noite.


Foi uma grata surpresa a permanência da FIC entre as dez mais lidas da última semana, muito obrigado pelos Views e principalmente pelos comentários. Até o próximo.


Claudio

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Comentários (1)

  • vitoria67

    nossa esse chu em que pessoinha simpatica.....e gina uma verdadeira sherlock...a amizade de rony e harry surge....vitoria

    2013-02-19
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