Fim de Semana N’A Toca



N:A: Pessoal, desculpe a demora para postar este capítulo. Infelizmente acho que não vou conseguir cumprir o prometido, que era postar um cap. por semana. Sabem como é, final de ano, faculdade acabando, provas, trabalhos etc. Sem falar no trabalho, onde estou assumindo um novo projeto que está me tomando muito mais tempo. Tinha a intenção de terminar esta FIC até final de Novembro, mas acho que só vou conseguir em Meados de Dezembro. Tenham paciência, ok?

Guil, também acho que faltou mais alguma coisa no reencontro deles, mas como já estava sob muita pressão quando estava escrevendo o cap, não consegui desenvolver melhor.

Vamos ao Cap?

Capítulo 07 – Fim de Semana N’A Toca







Na manhã seguinte Gina acordou antes mesmo do sol raiar. Na verdade, ela mal dormira. Passara uma noite agitada, entre sonhos e pensamentos cujo foco era o rapaz dormindo no quarto no fim do corredor, na maioria pouco inocentes. Ficou deitada olhando para o teto, pensando no que fizera durante a noite. Num dos sonhos, Harry havia ido embora sem se despedir. Ao acordar agitada, não teve dúvidas. Levantou-se e foi até o outro quarto, abriu a porta e espiou lá dentro. Harry dormia tranqüilamente, ressonando levemente. Voltou a fechar a porta, sem fazer ruído e voltou para sua cama.




Ao se lembrar desta loucura, não conteve um sorriso. Assim que o dia começou a clarear, levantou-se e resolveu abrir a janela para receber aquele magnífico dia, o mais belo dia em sua vida nos últimos anos. Ela tinha o costume de ficar na janela esperando seu irmão, Rony, que continuava praticando exercícios toda manhã, para tomarem o café juntos e irem trabalhar. Ela suspeitava que não o veria hoje, pois certamente ele acabara dormindo na casa de Mione, mas mesmo assim ela queria assistir o dia amanhecer de sua janela. Abriu-a e aspirou fundo o ar puro carregado de orvalho da manhã. Ao abrir os olhos, teve uma visão que não esperava.




Sentado sob a mesma árvore que ambos conversaram na noite anterior estava Harry, de pernas cruzadas, de costas para a casa, mãos estendidas sobre os joelhos, as palmas voltadas para cima. Parecia estar dormindo, mas reparando bem ficava claro que na verdade estava meditando. Estava tão sereno, era como ver um anjo de cabelos pretos e revoltos, usando aquela sua vestimenta branca de Shangri-lá. Ela recostou-se no umbral da janela e ficou olhando para ele durante algum tempo. Ele não mexeu um músculo sequer durante vários minutos, assim como ela. Quando não estava mais agüentando manter a posição em que estava, Gina se desencostou da lateral da janela e tomou um grande susto, pois ao mesmo tempo Harry levantou-se de um salto, girando o corpo e olhando diretamente para ela. Pega no flagra, totalmente de surpresa, Gina ficou sem ação, extremamente envergonhada. Harry apenas lhe cumprimentou com uma reverência, dando um pequeno sorriso, fez surgir uma bainha nas costas e dela sacou sua bela espada, com a qual começou a treinar golpes e movimentos de luta.




Gina fechou a janela e resolveu se arrumar para o café. Aproximadamente uma hora depois Harry também chegou, sentando-se à mesa com a família. Conversaram sobre vários assuntos, até que Gina disse:




- Você me deu um baita susto hoje, sabia?
- Desculpe-me srtª. – Disse ele – Não foi minha intenção assustá-la.
- Você sabia que eu estava na janela, não sabia? – Perguntou Gina.
- Meus sentidos ficam muito mais aguçados quando estou meditando, sabia que tinha alguém me observando, mas não sabia quem era. – Explicou ele.
- Muito legal isso, pode ser muito útil quando os gêmeos quiserem aplicar alguma contra a gente. – Disse ela sorrindo – Teremos um dia cheio hoje, senhor embaixador.
- Gostaria que não ficasse me chamando assim srtª Weasley. Não me vejo como embaixador. Na verdade não consigo me ver nem como Harry Potter...
- Olha, eu vou pensar no seu caso. Eu só deveria chamá-lo de Harry quando você me chamasse de Gina, mas a sua sorte é que eu também odiei te chamar de embaixador, portanto... Vai Harry mesmo. – Disse ela, com um sorriso mais maroto no rosto – Como eu ia dizendo, Harry, nossa agenda está cheia hoje. Primeiro vamos ao hospital ver a Mione, ela não vai sossegar enquanto não examinar você. Depois vamos ao Gringotes, a chave do seu cofre chegou enquanto treinava. Precisamos fazer compras...
- Compras? Que compras? – Assustou-se Harry.
- Precisamos comprar roupas para você, oras. Harry, você não pode ficar andando por aí com as roupas que usava em Shangri-lá. Mesmo no mundo bruxo elas não são nada discretas. Vamos dar uma volta pelo centro de Londres em algumas lojas trouxas para reformular o seu guarda-roupa. Aí voltamos para casa e almoçamos. À tarde, se quiser, pode ficar descansando enquanto nós estivermos no enterro de nossos amigos. – Encerrou, mudando completamente o semblante.
- Pelo que sei os rapazes que morreram eram meus conhecidos também, não eram? – Perguntou ele.
- Você conhecia dois deles, Terêncio Boot e Miguel Córner. Eles estudaram com a gente em Hogwarts, eram assim como nós membros fundadores da antiga Armada, que você criou quando estava no quinto ano, para nos ensinar a lutar.
- Então eu tenho obrigação de comparecer, mesmo que não me lembre deles. Gostaria de prestar uma homenagem conforme os costumes de Shangri-lá.
- Tenho certeza que eles adorariam. – Um sorriso triste voltou ao rosto da jovem – Mas você não pode se revelar ainda precisamos preparar os outros pra sua volta.
- Não tem problema. Vou como o “Embaixador...” – Respondeu ele sarcástico pela primeira vez, arrancando uma gostosa gargalhada da ruiva.
- Ah! Lembrei de uma coisa. Espera só um pouquinho que eu já volto. – Disse ela, saindo às pressas da cozinha.



Harry também se levantou e foi em direção à sala, onde Gina o encontrou minutos depois. Ela tinha uma pequena caixa nas mãos, que entregou para ele, dizendo:




- Abra!
- O que é isso? – Perguntou ele ao abrir a caixa e ver uma varinha enrolada em um pedaço de tecido.
- Sua varinha. E isto era a capa que você usava no dia que desapareceu. – Disse ela, retirando os dois objetos de dentro da caixa e oferecendo a varinha para ele – Pegue, vamos ver se acontece alguma coisa.




Harry segurou a varinha na mão, virando-a de um lado para o outro, sem jeito. Então a devolveu para Gina:





- Nada. Não senti nada, nenhuma recordação.
- Você não vai ficar com ela? – Perguntou, não querendo pegar a varinha da mão dele.
- Não, eu não preciso dela. Há quatro anos que eu faço magia sem uma varinha, acabaria perdendo-a. Continue guardando pra mim, por favor. – Insistiu ele.
- Tudo bem. Quando você a quiser, basta me pedir, está bem? Vou guardá-la e já volto.




Gina subiu as escadas correndo e pouco depois já estava de volta. Harry vestiu sua túnica completa, incluindo a máscara, despediram-se da Srª Weasley e aparataram em frente ao Hospital Saint Mungus. Assim que entraram, Gina cumprimentou com um aceno dois Aurors que estavam de guarda. Margot estava sentada em sua mesa e levantou os olhos para os visitantes assim que entraram, abrindo um sorriso.



- Srtª Weasley, como vai? Há quanto tempo não aparece por aqui. – Disse ela.
- Oi Margot. Pois é, muito trabalho, sabe? – Respondeu Gina, já próxima dela.
- Srtª Weasley, eu sei que já faz muito tempo que aconteceu, mas eu queria dizer que acredito que a morte daquela comensal foi um acidente. Que a srtª seria incapaz de assassinar alguém a sangue frio. Sempre foi uma pessoa tão meiga, me lembro da época de escola, não acredito que alguém seja capaz de pensar que fosse capaz de algo tão hediondo. – Disse Margot, num só fôlego.




Gina parou onde estava, não esperava por aquilo. Aproximou-se de Margot, pegou suas mãos entre as suas, beijando-as em seguida, uma lágrima de emoção escorrendo pela face.Então abraçou a moça, que a esta altura também estava muito emocionada.




- Muito obrigada Margot. – Disse ela, com um sorriso tímido – Você não sabe o quanto foi bom ouvir isso.
- Desculpe-me se estou sendo inconveniente, mas eu tinha que falar srtª.
- Margot, você não está sendo inconveniente coisa nenhuma. E o que meu irmão falou outro dia vale pra mim também. Chame-me de Gina, está bem? Agora se nos dá licença, o Embaixador tem horário marcado com a Hermione. Tchau!
- Tchau! – Respondeu Margot, só agora olhando para o homem de branco que estava a alguns metros, observando a cena.





Harry ficara afastado assistindo o que acontecia. Cumprimentou com um meneio da cabeça a moça com quem Gina conversara e a seguiu em direção ao elevador. Quando entraram, perguntou:





- O que aconteceu? Acusaram você de assassinato?
- É uma longa história. – Respondeu ela – Basicamente, tentei prender a mãe de Draco Malfoy, aquele loiro aguado que tentou me matar ontem, ela resistiu, nós lutamos e ela caiu de uma janela e morreu. Ele e muita gente acham que a matei por vingança. Só isso.




Ele nada comentou. Quando o elevador chegou no terceiro andar, caminharam pelo corredor até a sala de Hermione. Havia um Auror de guarda ali também, Gina o cumprimentou e bateu à porta, entrando logo em seguida.



Hermione estava sentada em sua mesa e levantou-se assim que entraram. Abraçou a amiga, dando-lhe um beijo e foi em direção a Harry, tencionando fazer o mesmo. Mas este recuou, deixando-a completamente sem jeito. Ela havia se esquecido que ele não se lembrava dela, de tão feliz que estava. Seria natural que ele não se sentisse confortável com um gesto de intimidade como esse, então ela apenas esticou-lhe a mão para que ele a apertasse. Mais uma vez teve que sufocar a vontade de abraçar o amigo, como sempre fazia nos tempos de escola.




- Oi Harry! Como passou a noite? – Perguntou ela.
- Muito bem Drª Granger. – Respondeu ele – A família Weasley é realmente muito acolhedora.
- Isso porque você não conheceu os gêmeos ainda. – Disse Gina – Eles são terríveis. Escuta Mione, como você fez pra marcar um horário pro Harry?
- Eu disse que era uma autoridade estrangeira, o embaixador Arthur Pendragon, a pedido do ministro da magia. – Disse ela com simplicidade.
- Hermione Jane Granger! Eu não acredito que você registrou o Harry com o nome do Rei Arthur! – Gina não conseguia segurar uma risada debochada.
- Eu não dei nome nenhum. Foi o mestre Caine, eu só completei com o sobrenome. – Justificou-se a moça, com cara inocente.
- E ninguém desconfiou não? – Insistiu Gina.
- Claro que não. Eu nunca quebro as regras, lembra? – Encerrou Hermione, ainda divertida. Então se virou para Harry, dizendo – Muito bem, trate de tirar a roupa, Harry.
- O quê? – Assustou-se ele.
- Não é pra tirar tudo seu bobo. Só a camisa, preciso examinar você. – Insistiu Mione.
- Mas não dá pra me examinar assim, vestido? – Tentou questionar Harry, que não estava gostando nem um pouco da idéia de se despir na frente das duas moças.
- Não, não dá. Olha Harry, não precisa ficar com vergonha de mim, a gente se conhece a mais de dez anos. Já vi você e o Rony praticamente sem roupa diversas vezes, já estou acostumada a olhar o seu corpo e principalmente seus ferimentos. Pra falar a verdade, de tanto cuidar de vocês, foi que eu resolvi me tornar Medibruxa. – Disse ela.
- Como assim? – Perguntou Harry, curioso.
- É verdade. Nós passamos tanto tempo enfiados dentro da enfermaria da escola, que eu achei melhor estudar pra continuar cuidando dos dois depois que nos formássemos. Vocês queriam ser Aurors, então minha escolha foi lógica. Depois do que aconteceu, do seu desaparecimento, nada mudou, já que a ruiva aí resolveu te substituir na profissão e vive precisando de cuidados também. Ah! E ela passou tanto ou mais tempo do que eu na cabeceira da sua cama, então pode ficar tranqüilo que ela deve conhecer suas cicatrizes melhores do que você mesmo. Anda, tira a camisa, quero ver o estrago que andou aprontando com seu corpo nos últimos anos.





Sem ter mais argumentos, Harry acabou cedendo. Enquanto tirava a camisa, as moças trocaram um olhar cúmplice e Gina murmurou um “Obrigada!” Apenas movimentando os lábios, pela oportunidade que a amiga estava lhe dando de admirar o corpo do amado. Assim que ele tirou a camisa, seu queixo caiu. Até Hermione ficou surpresa com o porte dele, Harry não estava “bombado”, mas tinha desenvolvido um físico invejável. O tórax estava bem definido, os músculos salientes e rijos, a barriga durinha. Gina, que estava ao seu lado, ficou estática, boquiaberta, admirando aquele deus grego. Mione se recuperou mais rápido e falou:




- Bom, parece que você cuidou bem do material, os exercícios e treinamentos que tem praticado te fizeram muito bem, não acha Gina? – E cutucou a amiga, que ainda estava de boca aberta.
- Quê? Ah! É! Ô, sem dúvida, muito bem. – Disse a ruiva, recompondo-se.
- Obrigado, mas acho que não é pra tanto. Tem alunos muito mais dedicados do que eu e muito mais fortes também. – Respondeu ele, encabulado.
- Mas o que é isso? – Mione tinha encontrado a cicatriz na lateral do corpo dele – Mas que droga Harry, parece que alguém tentou te fatiar ao meio. E quase conseguiu, não foi?
- Onde? – Perguntou Gina dando a volta correndo, pra ver melhor e passando o dedo sobre a cicatriz fina, com aproximadamente quinze centímetros entre duas costelas – O que aconteceu Harry?
- Foi um presente de Wang Chú, no dia que ele tentou dominar Shangri-La. – Respondeu ele – Mas eu lhe retribui a gentileza ontem.
- Eu odeio esses espetos que vocês usam. – Disse Mione, balançando a cabeça, em sinal de desaprovação – Vocês viram o estado da perna do Rony? Não suporto mais tanta violência...
- Desta aqui eu me lembro muito bem. – Disse Gina, às costas de Harry, passando a mão sobre outra cicatriz.
- E como foi que ganhei esta? – Perguntou ele, se arrepiando com o toque da ruiva.
- Fui eu que fiz. – Disse ela e completou, ao ver a cara de espanto dele – Na verdade, foi alguém se passando por mim. Malfoy mandou alguém te assassinar e quase conseguiu. Se não fosse Fawkes...
- E essas aqui são lembranças daquele feitiço Destrinchador. Nunca vou me esquecer daquele dia. – Mione tocava outra pequena cicatriz, o olhar distante.
- Nem me lembre, foi horrível. – Disse Gina, tremendo só de lembrar.
- Mas já passou. – Disse Harry, olhando as duas. Elas realmente se preocupavam com ele, não importava se lembrava o ocorrido ou não, o sofrimento no olhar das moças deixava claro que não eram boas lembranças – Agora eu estou bem, não estou? E alguma coisa me diz que em grande parte graças a vocês.
- É. Agora sim, está tudo bem. – Disse Mione, recompondo-se – Muito bem, vamos continuar o exame, quem sabe encontramos um jeito de trazer a sua memória de volta.





Hermione continuou os exames por mais de uma hora, até ficar completamente convencida de que não havia nada de errado com Harry. Gina permaneceu todo o tempo ali, sentada acompanhando tudo. Harry se vestiu novamente, despediram-se e finalmente deixaram o hospital. Gina conduziu Harry até o Caldeirão Furado e dali ao Beco Diagonal. Ele ficou maravilhado com o que via, nunca tinha visto nada parecido. Caminharam pelas ruas, as pessoas olhavam para ele insistentemente, realmente não poderia andar vestido da maneira que estava, nem poderia se esconder por muito tempo. A necessidade da máscara chamava ainda mais a atenção para si.




Chegaram em um prédio estranho, alto, que pelas leis da física não poderia estar em pé. Adentraram no banco bruxo, Gringotes, e se dirigiram a um dos funcionários, um duende com cara de pouquíssimos amigos. Gina disse quem eram e, após apresentarem a chave que Mestre Caine havia enviado naquela manhã, foram levados por outro duende até os cofres, localizados no subsolo do prédio. Meia hora depois, ambos já estavam andando pelas ruas de Londres, Harry nitidamente aliviado de poder tirar a máscara. Traziam uma boa quantidade de Libras nos bolsos, que haviam trocado ainda no banco, já que não poderiam usar Galeões para compras no mundo Trouxa. Entraram em um Shopping e passaram o resto da manhã fazendo compras. Na verdade, Harry apenas provava as roupas escolhidas por Gina, que parecia estar se divertindo muito com aquela tarefa. Pegava braçadas de camisas, camisetas, calças jeans etc., sentava-se próximo ao provador e o obrigava a experimentar as peças, analisando criticamente o resultado. Quando saíram, estavam carregados de sacolas, com tudo que se possa imaginar. Haviam comprado um guarda-roupa completo para ele.




Chegaram na Toca já na hora do almoço. Lavaram-se e sentaram-se à mesa. Rony também estava lá, havia passado a manhã atrás dos irmãos, avisando que deveriam estar ali na manhã seguinte. Como não conseguira convencê-los sem contar qual era o assunto, acabou tendo que dizer, o que causou desconfiança principalmente de Gui. Mas acabou conseguindo convencer a todos, e no dia seguinte a família Weasley estaria reunida. Após a refeição, Rony tinha que passar no ministério, mas Gina ficou em casa ajudando a mãe, enquanto Harry se recolhia para descansar um pouco antes do funeral marcado para à tarde.






Por volta das três da tarde ele foi chamado e foi, junto com Gina e sua mãe para o cemitério, que era localizado em Hogsmeade. A cerimônia foi muito bonita, a diretora Minerva Mcgonagall prestou uma homenagem aos jovens, entregando uma bandeira de Hogwarts para as famílias. Cho, que conhecia a todos, principalmente Miguel com quem namorara por um tempo e que ainda atualmente meio que ficava às vezes, falou em nome dos Guardiões, também entregando uma flâmula com as iniciais GH para a família dos rapazes. Quando estava acabando a cerimônia, Harry sussurrou no ouvido de Gina que gostaria de honrar os guerreiros conforme os costumes de Shangri-lá. Gina adiantou-se e, dirigindo-se a todos disse:




- Nós só não tivemos mais mortes ontem graças à chegada de nossos novos amigos, que vieram em nosso socorro sem nem mesmo nos conhecerem, da antiga e lendária cidade de Shangri-lá. Todos que estão aqui são de confiança, por isso eu peço que não comentem nada por enquanto sobre isso. – Respirou por um minuto e continuou – Eles nos deixaram um representante para ajudar-nos a descobrir onde aqueles assassinos estão escondidos e podermos trazê-los à justiça e eu tenho convicção de que vamos conseguir. Vocês vão ver. Hoje, quando soube que estaríamos enterrando nossos amigos, o embaixador Pendragon, - E olhou instintivamente para Hermione, que apenas sorriu para ela, discretamente – Fez questão de vir e prestar sua homenagem, em nome de seu povo.





Gina se afastou, dando passagem a Harry. Este se posicionou defronte os quatro túmulos, sacou sua espada e, ajoelhando-se, cravou-a no chão. Apoiou as mãos sobre o cabo e começou a recitar uma espécie de cântico, numa língua desconhecida para todos. No começo nada aconteceu, mas de repente, a Fênix grafada na lâmina começou a brilhar intensamente e então, uma imagem exatamente igual se desprendeu da espada, como se fosse um fantasma, o mesmo tom branco-perolado. A pequena ave levantou vôo, Harry fez um movimento com a mão direita e a imagem de dividiu em quatro. Então voaram em direção às lápides, com elas se fundindo. Agora, no alto de cada uma, havia um pequeno círculo, com uma bela ave Fênix em alto relevo gravada. As pessoas que assistiam a homenagem ficaram sem palavras, enquanto Harry voltava para o lado de Gina e voltava a lhe sussurrar no ouvido, o que ela repassou para os outros em voz alta.





- A Fênix é o símbolo de Shangri-lá. A ave representa a vida eterna, a ressurreição. É uma homenagem pelo modo honroso que eles morreram, dando suas vidas para proteger os inocentes.





Dois jovens de cabelos ruivos, que estavam assistindo ao velório, seguravam-se para não atravessar o espaço que os separava do estranho. Seu irmão Rony lhes assegurara que era Harry, mas eles não podiam acreditar. Se não tivessem jurado não fazer nada, que esperariam até o dia seguinte para conversarem, certamente acabariam com aquela farsa ali mesmo. Mas de uma coisa eles não tinham dúvida, aquele bruxo que ali estava era extremamente poderoso.





A cerimônia terminou e as pessoas foram embora. Harry acompanhou os Weasleys para casa, onde uma bela refeição foi preparada por Molly. Mione, que viera jantar com eles explicara para todos o resultado dos exames. Conversaram por algum tempo e depois que Mione partiu pela lareira para descansar, já que trabalharia no dia seguinte, todos resolveram se recolher também.





Na manhã seguinte quando acordou, Gina novamente foi para a janela. E lá estava ele novamente, meditando. Desta vez, seu irmão também estava pelo jardim se exercitando. Ela fechou a janela, se trocou e desceu para os jardins também. Sentou-se num banco, ao lado da porta e pouco depois Harry, que estava meditando levantou-se e sacou sua espada, começando uma série de exercícios e movimentos intrincados com ela. Rony, que estava acabando suas abdominais, parou e sentou-se ao lado da irmã. Depois de uma hora, Harry deu por encerrado seu treinamento e se aproximou dos irmãos, que continuavam assistindo.




- Cara, muito maneiro esse seu treinamento. – Disse Rony, que estava boquiaberto com o que vira.
- Obrigado Ronald. Mas eu observei você e percebi que também gosta de manter a forma física e se exercitar. Isso vai ser muito bom pra gente. Sabe, ontem sua irmã me falou que você tem um probleminha com um certo lobisomem. É verdade?
- É, mas e daí? – Perguntou o ruivo, sem entender.
- Pensei que poderia te ajudar a resolver esse problema. Olhe! – E Harry sacou sua espada e mostrou-a para os irmãos – Veja, o fio desta espada é revestido de prata. É ótima para liquidar lobisomens. Quer aprender a usar uma destas?
- O quê? Eu? É sério? – Perguntou Rony, surpreso.
- Nunca falei tão sério. E aí, aceita? – Insistiu Harry.
- É lógico que aceito. Vai ser maneiro aprender a lutar com uma espada destas, Harry – Concordou Rony, com um brilho no olhar.
- A Mione não vai gostar nada dessa história Rony. – Disse Gina.
- Mas ela precisa saber? – Perguntou Rony para a irmã.
- E como é que você vai esconder, hein gênio?
- É melhor que ela saiba, não pode mentir para sua noiva Ronald. – Disse Harry, e completou – Começamos amanhã?
- Certo, eu vou pensar num jeito de contar a ela. E amanhã começamos, com certeza. – Concordou Rony, coçando a cabeça enquanto se dirigia para a porta, estava morrendo de fome.




Os outros o acompanharam e logo estavam à mesa, junto com o resto da família. Após o café, Harry resolveu se recolher em seu quarto para meditar um pouco mais. Mas não conseguiu fazê-lo por muito tempo. Sua concentração foi quebrada por uma verdadeira balbúrdia que se instalara no andar de baixo. Saiu do quarto e quando estava descendo as escadas, não teve como não parar diante da cena que viu na sala.




Dois homens, exatamente iguais entre eles e de cabelos vermelhos como o resto da família estavam correndo pelo ambiente, jogando de um para o outro um pequeno objeto. Correndo de um para o outro, gritando, bufando e xingando a plenos pulmões estava Gina:




- Fred, devolve minha presilha agora mesmo.
- Presilha? Que presilha, maninha? Talvez seja aquela que está com o Jorge? – Perguntou um dos gêmeos, lançando o objeto para o outro, que estava a metros de distância.
- Jorge! – Gritou Gina, virando-se para o outro irmão – Não se atreva a jogar pro Fred de novo. Me dá isso aqui, antes que eu perca a minha paciência.
- E como você pode me pedir algo que não tenho? – Perguntou Jorge, esticando a mão para que ela não alcançasse e jogando de volta para Fred.





Harry olhou para as outras pessoas na sala, ninguém ainda havia notado a sua presença. Rony estava sentado em um sofá com Carlinhos, os dois discutiam quanto tempo levaria para Gina azarar um dos gêmeos. Vera e Natasha engrossavam o coro do “Devolve pra ela seus babacas”, mas não estava fazendo muito efeito. Harry olhou para Gina, que estava escarlate. Pelo pouco que ele conhecia a ruivinha, ela estava a ponto de explodir, e certamente aqueles dois iam penar nas mãos dela. Resolveu acabar com a confusão e quando Fred Jogou a presilha de volta para Jorge, ele levantou sua mão e com um gesto a convocou para si. Instantaneamente o silêncio se fez presente na sala, todos acompanhando o caminho que a presilha fazia pelo ar, até pousar suavemente na mão dele. Então ele terminou de descer as escadas, com um sorriso no rosto. Gina veio em sua direção, ainda vermelha como um pimentão, tentando arrumar o cabelo, que ficara todo bagunçado devido à correria.





- Acho que isto lhe pertence Srtª Weasley. – Disse Harry, entregando-lhe a presilha.
- Er! Obrigada. – Respondeu ela, enquanto prendia os belos cabelos com a presilha que recebera dele – Não repara nesses dois aí não. Eles se esqueceram de crescer, sabe?
- Cara, não é que é ele mesmo? – Disse um dos gêmeos, Fred.
- Não acredito. Não é miragem? – Disse Jorge.
- HARRY! – Gritaram os dois em uníssono, pulando sobre o rapaz e abraçando-o.
- Calma aí vocês dois. – Disse Gina, que foi empurrada por eles e quase caiu no chão.
- Eu sabia, sabia que se tinha alguém capaz de acabar com o cara-de-cobra e se safar era você, Harry. – Disse Fred, largando o amigo.
- É verdade que você passou esse tempo todo com aqueles bruxos de Shangri-lá? – Perguntou Jorge.
- Hei vocês dois, deixem o Harry respirar. – Disse Carlinhos, agarrando os irmãos pelo colarinho das camisas e puxando para trás – Lembrem-se do que o Rony nos disse, ele não se lembra da gente.Harry, eu sou Carlos. Carlinhos Weasley.
- Muito prazer, Carlos. – Respondeu Harry, apertando a mão que lhe era estendida.
- Estes dois são Fred e Jorge. – Continuou Carlinhos, apresentando os gêmeos e, virando para as moças, que estavam sentadas no sofá com cara de espanto – Aquelas ali são Natasha, minha esposa e Vera, namorada de Fred. Ainda falta Gui, nosso irmão mais velho com a esposa, Fleur e a filhinha, Sophie. Logo devem estar chegando, estão loucos pra te ver.
- É realmente um prazer conhecer a todos.Peço que me perdoem por não me lembrar de vocês, espero que tenham paciência.
- Não precisa se preocupar Harry. – Disse Natasha, se aproximando depois de se recuperar do susto inicial – Nós estamos é muito felizes que esteja vivo, é muito bom vê-lo de novo.
- É isso mesmo, nós estamos muito felizes. – Emendou Vera, também se aproximando.




Logo todos estavam conversando animadamente. Pouco depois chegaram Cho, Remo e Tonks. Já era o meio da manhã e estavam conversando numa pequena roda Harry, Remo e Rony. Do outro lado da sala, estavam Gina, Cho e Tonks, quando da lareira saiu o mais velho rebento Weasley, com a filha no colo. Estava com uma cara contrariada, cumprimentou os irmãos com um aceno de cabeça. Logo atrás surgiu Fleur e, em seguida, sua irmã Gabrielle. A jovem estava mais linda que nunca, seus longos cabelos já passando de sua cintura, os olhos azuis elétricos.






Quando viu Harry deu um lindo sorriso, dirigindo-se para ele com andar sensual. Passou pela irmã e o cunhado, ignorando-os. Seus olhos estavam cravados em Harry, que por sua vez não conseguia desviar o olhar da bela moça que acabara de surgir. Parecia que nada mais havia, nada mais era importante no mundo, não havia mais ninguém a sua volta. Rony se afastou urgentemente, ele sabia que a jovem estava usando seus poderes de Veela, sabia que se ficasse ali seria enfeitiçado também e não queria correr o risco de fazer alguma besteira. Pediu desculpas a Harry e se afastou. Mas este não ouviu as desculpas e nem percebeu que o rapaz havia saído do lado dele. Continuava a fitar os olhos que vinham em sua direção.




- Oi Harry! – Sussurrou ela em seu ouvido, assim que se aproximou – Minha irmã me contou que você estava vivo e eu tinha que vir te ver. Eu estava morrendo de saudades, pensei que o tinha perdido pra sempre.
- Eu te conheço? – Conseguiu perguntar Harry, totalmente aéreo.
- Claro que conhece. Eu sou aquela que te ama e a quem você também ama, Harry. – Gabrielle rodeava-o, deslizando a mão pelo seu corpo, provocativamente, despertando em Harry sensações perturbadoras.




De onde estava, Gina viu quando o irmão chegou e percebeu imediatamente que alguma coisa de errado estava acontecendo. Então viu Gabrielle sair da lareira e entendeu. Fleur havia contado para a irmã e esta o obrigara a trazê-la com eles. Ficou olhando para a jovem estava realmente muito bonita. Viu quando fixou o olhar em Harry e este paralisou.






- Mas o que é que ela pensa que está fazendo? – Perguntou para as amigas.
- É lógico que ela enfeitiçou o Harry. – Respondeu Tonks – É muita cara-de-pau dela fazer isso aqui, na sua frente.
- Gina basta você pedir que eu azaro aquela safada. – Disse Cho, sacando a varinha.
- Não. – Respondeu Gina, segurando a mão da amiga – Eu não tenho o direito, nós não temos mais nada, lembra? Não tenho o direito de impedir que ela tente, mas não sou obrigada a ficar aqui assistindo.




E dizendo isso, saiu para os jardins, para onde Rony já fora a pouco, seguida de Cho. Tonks foi para junto do marido, lançando um olhar fulminante para a jovem Veela. Esta por sua vez, não perdeu tempo. Quando terminou de rodear Harry, parou a sua frente, enlaçando seu pescoço e dando-lhe um beijo voluptuoso.





Harry sentiu o toque dos lábios macios nos dele, era uma sensação maravilhosa. Aquela devia ser a mulher mais bonita que vira na vida, estava ali dizendo que o amava e que o sentimento era recíproco da parte dele, então o que ele devia fazer era relaxar e aproveitar o momento. Mas então, uma vozinha começou a falar com ele, bem lá no fundo da sua consciência. Percebeu que havia algo de errado naquilo. O beijo era bom, sem dúvida nenhuma, mas não lhe parecia natural, sincero. Lembrou-se do beijo que recebera a pouco menos de dois dias, como era diferente. Neste havia desejo, no outro, paixão. Neste havia necessidade, no outro, saudade. E principalmente, neste não havia o perfume. Se o beijo que trocara com a bela ruiva já considerara errado, este então era um absurdo. Então percebeu que não queria aquele beijo. Mas se não queria, porque continuava a corresponder? Só podia ter alguma coisa de errado, ele só podia estar sendo manipulado, forçado àquilo. Concentrou-se e com muito esforço, conseguiu afastar a jovem dele, não com a mesma delicadeza que afastara Gina, desta vez foi muito mais rude.



- Acho que a srtª está enganada. – Disse ele, fitando-a friamente nos olhos – Posso não me lembrar da minha vida anterior, mas tenho absoluta certeza de que nunca tivemos nada e que se fosse para beijar alguém, certamente não seria a srtª.





Empurrou Gabrielle e olhou em volta, procurando Gina. Esperava que ela não tivesse assistido aquela cena deplorável, mas não a localizou na sala. Deixou Gabrielle parada no meio do ambiente e saiu para o jardim, à procura da jovem. Imediatamente, Fleur pegou a irmã pelo braço e saiu para a cozinha, já aos berros com a moça.







Harry viu Gina conversando com Cho e Rony no jardim e se aproximou, envergonhado.






- Oi! – Disse ele.
- Oi! – Respondeu ela, de cabeça baixa, não conseguindo esconder a tristeza na voz.
- Harry! – Disse Gui, que vinha atrás dele, desesperado – Harry, me desculpe. Eu sou Gui, esta é Sophie minha filha e aquela maluca que te agarrou é Gabrielle, minha cunhada. Ela tem sangue Veela, acho que ela sofre de uma paixonite por você desde que a salvou alguns anos atrás. Infelizmente resolveu se aproveitar da situação para tentar algo com você, já que nunca tinha tido chance antes. Mas te beijar daquela maneira foi o fim da picada.
- Ela beijou o Harry? – Perguntou Rony, chocado.
- Como é que você me traz aquela safada aqui, Gui? – Perguntou Gina.
- Eu não tive escolha. Ela chegou lá em casa pra passar o final de semana e a Fleur já foi contando, eu não tive como impedir. Ela jurou que ia se comportar, mas eu sabia que ela estava tramando alguma. Mas ela teve o que mereceu, foi bem feito o empurrão que você deu nela Harry.
- Empurrão? Que empurrão? – Perguntou Gina, curiosa.
- O Harry deu um empurrão nela que quase a derrubou no chão. – Completou Gui, rindo.
- Eu peço desculpas se a machuquei, não foi minha intenção. – Disse ele, sério.
- Bom, vamos esquecer isso, está bem? – Disse Gina, tentando esconder um sorriso de satisfação. Saber que ele não havia sido nem um pouco delicado com Gabrielle, muito diferente do que com ela lhe deu uma ótima sensação.





Depois desta confusão as coisas se acalmaram. Fleur e Gabrielle discutiram e a irmã mais nova acabou indo embora para a casa dos pais, não sem antes prometer não contar a ninguém que Harry estava vivo. Chegou a hora do almoço e todos se sentaram à farta mesa preparada pela srª Weasley, que estava exultante, diante de praticamente toda a sua família reunida. A certa altura, Harry não agüentava comer mais nada e a bondosa senhora continuava insistindo para que ele continuasse comendo. Gina, que estava sentada ao seu lado murmurou ao seu ouvido, quando a mãe não estava olhando.




- Enrola ela.
- Enrolar? Como? – Perguntou ele, também em tom baixo.
- Finge que continua pegando, depois finge que está comendo. Só termina quando todo mundo estiver terminando, senão ela vai continuar enfiando comida em você. É assim que eu faço desde pequena. – A ruiva explicou, com ar maroto.
- Sério? E ela nunca notou? – Riu-se Harry, enquanto fazia como ela instruiu.
- Que nada! Todos aqui são bons de garfo, então ela não tem muito tempo de reparar nisso. A Mione faz assim também, já pensou se a gente comesse do jeito que meus irmãos? Hoje eu seria do tamanho de um Trasgo. – E ambos caíram na gargalhada.





Após a refeição, estavam todos conversando animadamente. O assunto, como não poderia deixar de ser, era Quadribol. Logo alguém propôs que eles disputassem uma partida, o que foi aceito de pronto pelos outros.




- Vamos lá Harry. Vai ser ótimo pra desenferrujar as juntas. – Disse Fred, animado.
- Eu não estou com as juntas enferrujadas, posso garantir. E não sei jogar, muito menos voar. – Respondeu ele, rindo.
- Você conhece os conceitos básicos, não é? – Perguntou Jorge, abraçando-o pelos ombros – Então, tudo bem. Voar pra você é fácil, você é um voador e um apanhador nato, acho até que aprendeu a voar antes de aprender a andar. Só precisa lembrar.
- Vamos lá Harry. Vamos jogar, vai ser divertido. – Disse Gina, puxando-o pela mão em direção ao barracão, atrás da casa – Tome, esta é a sua vassoura.
- Minha? – Perguntou Harry, segurando sua antiga vassoura, muito bem conservada por Gina durante todos aqueles anos – Está bem então. Vamos ao jogo.




Depois de muita discussão formaram os times: Num havia Rony como goleiro, Fred e Natasha como artilheiros e Harry como apanhador. No outro o goleiro era Carlinhos, os artilheiros eram Jorge e Gui e a apanhadora era Gina. Quem não ia jogar se acomodou como pode em volta do campo improvisado para assistir ao jogo, que começou entusiasticamente.




Realmente estavam todos enferrujados, muitas vezes erravam os passes ou deixavam a bola cair. Mas estavam se divertindo muito. Harry estava dando voltas com sua vassoura sobre as cabeças dos outros jogadores. Realmente não tivera grandes problemas para montar e voar. A sensação do vento zunindo em seus ouvidos, a sensação de velocidade e o poder do controle desta em suas mãos, bastando manusear aquele estreito pedaço de madeira era algo fabuloso. Depois da adrenalina inicial, ele resolveu dar essas voltas pra se acostumar com a vassoura, enquanto assistia a partida que transcorria logo abaixo e ria das trapalhadas, principalmente dos gêmeos. Voando do lado oposto estava Gina, linda em sua vassoura. Prendera os cabelos num charmoso rabo-de-cavalo, para que este não ficasse atrapalhando sua visão e ria de se acabar assistindo as palhaçadas que os outros faziam.






Depois de um tempo, o time de Harry estava vencendo por 90 a 20. Ele tinha a nítida impressão que o goleiro do time adversário, Carlinhos, não estava se esforçando muito para defender as Goles lançadas pela esposa, Natasha. Os irmãos também deviam ter percebido, pois não paravam de gritar com ele para fechar o gol. Então ele viu um brilho dourado à sua esquerda. Virou sua vassoura para lá, e percebeu Gina também vindo na mesma direção. Acelerou a corrida, o pomo deu uma guinada de 90 graus que fez com que tanto ele quanto Gina fizessem o mesmo movimento, voando agora emparelhados em perseguição à pequena bola. Quando estava quase tocando nas pequenas asas, ele desviou os olhos para ver onde estava a ruiva, olhou para aqueles olhos castanhos, profundos, lindos, acabou se distraindo e perdeu velocidade. Gina aproveitou sua distração e o ultrapassou, agarrando o pomo e dando a vitória ao seu time por 170 a 100.






Gina comemorava como se fosse a final de um campeonato, gritando “Eu ganhei! Ganhei do Harry!”, ao que os irmãos respondiam que não valera, que Harry havia facilitado pra ela. Harry resolveu pousar e sentou-se ao lado da srª Weasley, que assistia seus filhos, que agora voavam atrás de Gina, que fugia e mostrava a língua em sinal de desafio e jacota.





- Muito obrigada, Harry querido. – Disse ela, assim que ele se sentou.
- Obrigado pelo que srª Weasley? Eu não facilitei pra ela pegar o pomo não, eu juro. – Respondeu ele, fitando a mulher.
- Oh não! Eu sei que não, você nunca faria isso. – Começou ela – Eu preciso te agradecer por estar vivo, por estar aqui. Graças a você, tenho minha filhinha de volta como era antes.
- Srª Weasley, por favor, entenda. Eu não posso dar a sua filha o mesmo amor que vocês dizem que eu já dei uma vez. Não depende de mim, eu simplesmente não me lembro, não sinto mais. Sinto muito. Não posso iludi-la, simplesmente não posso.
- Harry, meu filho. – Começou Molly, sorrindo para ele – Não se preocupe, ninguém está te cobrando nada. Nós sabemos o que se passa com você, assim como Gina. Mas veja, o simples fato de você estar vivo e ter voltado pro nosso meio já tirou minha filha da melancolia e passividade que ela estava. Gina estava definhando, morrendo aos poucos. A mais de quatro anos ela não ri e brinca do jeito que você está vendo agora, e é por isso que eu estou lhe agradecendo. Por trazer luz novamente para o mundo dela e conseqüentemente para o de todos nós, já que Gina sempre foi o sol de todos e tivemos que ver este sol se apagando dia a dia. Se vocês vão se acertar de novo? Isso não é importante agora, meu querido. Se tiver que ser, será. – Completou ela, dando um beijo no rosto do rapaz, que ficou extremamente vermelho.






A tarde terminou muito alegre e a noite chegou no mesmo clima. Mione chegou do plantão no hospital, estava cansada, mas não quis se recolher logo. Brigou com Rony por ele ter abandonado Harry com Gabrielle e este, por sua vez, tentou se defender dizendo que teria sido bem pior se tivesse ficado e feito alguma bobagem levado pelo feitiço destinado a Harry. No fim, ela teve que concordar que a coisa poderia ter sido realmente pior pra ele se não tivesse saído de perto daquela “Ninfeta”. Depois do jantar os gêmeos, Carlinhos e Natasha foram embora, prometendo voltar na manhã seguinte, pois haviam combinado uma desforra no Quadribol. Gui e Fleur ficariam no quarto de Harry, pois estavam morando no Brasil ainda e a viajem ficaria muito cansativa. Ele dormiria com Rony, enquanto Hermione dormiria com Gina. Não era segredo para ninguém que Rony e Mione já dormiam juntos, mas por uma questão de respeito aos pais dele, quando ela passava a noite na Toca, dormia junto com Gina, como sempre fora. Depois de conversar um pouco mais, começaram a se recolher para descansar.






Na madrugada de domingo Harry acordou e chamou Rony, que se levantou prontamente. Estava apreensivo e eufórico ao mesmo tempo, devido começar suas aulas de esgrima naquela manhã. Saíram para o jardim, ainda sob a luz do luar.





- Bom Ronald, felizmente você já possui o costume de se exercitar. Isso vai nos poupar um bom tempo, pode ter certeza. Mas a primeira coisa que precisa fazer é aprender a desenvolver ainda mais os seus sentidos, a entrar em comunhão com a natureza à sua volta. Por isso vamos começar todos os dias com a meditação.





Rony não gostou muito da idéia, mas obedeceu. Seguindo as orientações do amigo, sentou-se e tentou esvaziar sua mente de qualquer pensamento, concentrando-se na natureza a sua volta. Demorou um pouco, mas finalmente ele pareceu sentir algo diferente. Parecia conseguir ouvir os insetos à sua volta, o orvalho que caia das folhas e até as flores que se abriam com o novo dia. Depois de uma hora, quando o sol já começava a despontar no horizonte, Harry chamou-o. Ele se levantou, mais leve e descansado do que antes. Parecia que tinham tirado um peso de suas costas, estava se sentindo extremamente bem. Então Harry disse que iriam começar a treinar com espadas. Fez um gesto com a mão e duas espadas de madeira surgiram no chão.





- Harry! Nós vamos treinar com isso? – Perguntou ele, decepcionado.
- Sim, vamos começar com essas. É melhor assim pode acreditar em mim. No final do treino o máximo que terá serão alguns vergões ou hematomas, enquanto que se usássemos espadas de verdade poderia sair seriamente ferido. Precisa se acostumar com uma espada primeiro, sentir que ela faz parte de você. Depois que tiver aprendido os movimentos básicos, então começaremos a usar uma espada de verdade.
- Beleza! – Respondeu Rony eufórico, pegando uma das espadas do chão.






Começaram a duelar, Harry lhe ensinando como se posicionar, como se movimentar, etc. Em pouco tempo Rony agradecia por estar usando espadas de madeira, pois Harry o atingia sem dó nem piedade, principalmente nas pernas e braços.







Hermione acordou quando um raio de sol banhou-lhe o rosto. Abriu os olhos e viu Gina debruçada na janela. Espreguiçou-se e perguntou para a amiga:





- Bom dia! O que é que está fazendo pendurada aí na janela, ruiva?
- Bom dia! – Respondeu Gina, virando-se para a outra – Venha ver você mesma. Vai ficar sabendo de qualquer jeito mesmo.
- Vou saber do quê? – Perguntou Mione, levantando-se da cama e chegando até a janela, arregalando os olhos ao ver a cena nos jardins – Mas o que é que ele pensa que está fazendo? – E saiu pisando duro do quarto, vestindo o robe pelo caminho. Gina vinha logo atrás dela, balançando a cabeça como quem diz “Eu sabia que não ia dar certo.”






Assim que chegou no jardim, Mione correu para onde estavam os dois lutando de espadas e gritou:




- Ronald Weasley, o que você pensa que está fazendo?
- Mione? Ai! – Começou ele, levando a mão à testa, onde Harry lhe acertara um golpe certeiro com sua espada de madeira – Isso doeu Harry!
- Foi pra você aprender a não desviar a atenção durante um duelo, não importa quem chame. – Respondeu ele, enquanto recolhia a espada da mão do outro e olhava para Mione, que agora estava parada ao seu lado com uma cara péssima – Você não contou a ela que iríamos treinar?
- Er! Não tive tempo, sabe? Não conseguimos conversar muito depois que ela chegou ontem à noite. – E continuou, agora virando pra noiva – Eu ia te falar Mione. Juro que ia, mas você estava tão cansada que eu não quis te incomodar, ia te falar hoje.
- Mas o que é que você tem na cabeça Ronald? Espadas? Já não basta querer caçar todo lobisomem que aparece, agora você quer sair se retalhando por aí contra aqueles Dragões Vermelhos com uma espada? – Ela perguntou, cruzando os braços e batendo um pé no chão coberto de grama.
- Mas é justamente por causa disso que eu vou aprender a usar uma espada Mione. Você acha que isso, – E Rony sacou de um bolso interno das vestes um pequeno punhal de prata – É suficiente pra derrotar Greyback? Ou você se esqueceu dele?
- Claro que não me esqueci. – Respondeu ela, se desarmando e abaixando a voz – Mas o que isso tem a ver?
- Como assim o que tem a ver, Hermione Granger? – Foi a vez de Rony se inflar – Desde aquele dia eu ando com esse punhal, esperando por um novo ataque dele. Você sabe tão bem quanto eu que ele provou o seu sangue e pode te encontrar a hora que bem entender. Este punhal é a única arma que eu consegui pra lutar contra ele até agora, é com ela que eu tenho requisitado todos os casos que envolvam lobisomens esperando encontrar aquele maldito e acabar com ele antes que ele venha atrás de você.
- Eu sei que ele pode vir atrás de mim a qualquer momento. – Respondeu Mione, o rosto riscado de lágrimas, enquanto Harry olhava para os dois, ao lado de Gina – Por isso eu não deixo você ficar em casa nas noites de lua cheia, ou fico de plantão no hospital. Por isso não quis me casar com você até hoje. Pra não correr o risco de você estar por perto se ele vier atrás de mim e te perder.
- Você deve me achar realmente um grande idiota, não é? Acha que eu não percebi? Acha que eu não passo as noites de lua cheia de guarda na frente da sua casa? Pois passo, Mione. E por que você acha que eu insisto tanto pra me casar com você? Assim eu estaria contigo todas as noites, tomando conta de você. Eu não posso sequer pensar na hipótese daquele lobo asqueroso chegar perto de você novamente. E o Harry me deu uma chance de poder te defender melhor, então eu vou aprender. Ah, se vou. E quando encontrar aquele lobo ele vai se arrepender do dia que provou o seu sangue.
- Ah! Rony! – Suspirou Mione, se jogando nos braços do noivo – Eu tenho tanto medo que ele te machuque de novo, que ele te mate.E essas espadas, eu não sei, não gosto delas.
- Mione, me escuta. – Disse ele, segurando o rosto dela com as duas mãos e fazendo com que o encarasse – Eu não sou louco, não pretendo morrer. E quem está me ensinando a lutar com espadas é o Harry. Você não confia nele?
- Claro que confio. Confio minha vida ao Harry. – Disse ela, olhando para o amigo e sorrindo – Promete que vai tomar muito cuidado?
- Claro que vou, pode ficar... – Mas Rony não conseguiu concluir a frase, pois Mione arrematou-o num beijo apaixonado.
- As brigas deles são sempre assim? – Perguntou Harry para Gina, apontando para os amantes.
- Sempre! – Respondeu ela, secando uma lágrima com as costas das mãos – Não são muito fofos?
- Eles são é loucos, isso sim. – Respondeu ele, não conseguindo reprimir um sorriso, mais para disfarçar a comoção que sentia pela demonstração de amor que assistira, coroada com a crença depositada nele e depois, virando-se para o casal que ainda estava se beijando – Hei vocês dois. Será que podemos continuar treinando?
- Claro! Desculpe! – Disse Mione, separando-se de Rony – Cuida bem dele pra mim, Harry?
- Pode deixar. Vou ensinar tudo o que eu sei. – Respondeu ele.




Mione e Gina se sentaram num banquinho ao lado da porta e ficaram assistindo o resto do treinamento.







O domingo foi tão gostoso quanto o dia anterior. Jogaram duas partidas de Quadribol, uma pela manhã e outra à tarde e desta vez, Harry pegou o pomo nas duas vezes, o que causou uma grande confusão onde agora Fred jogava na cara de Gina que aquela é que era a ordem natural das coisas e teve que fugir para não ser azarado pela garota. E assim terminou o dia, todos se despediram e partiram para suas casas. Harry não podia negar que aquela família era uma coisa de outro mundo. Nunca se sentira tão bem em algum lugar, eles realmente agiam como se fossem a sua família. Tratavam-no como tal. Ele realmente se divertira naquele final de semana.




A semana começou sem novidades. Harry e Rony treinavam todas as manhãs e Harry se impressionava com a dedicação do rapaz. Ainda tinha uma certa dificuldade para se concentrar, mas isso era natural. Já no manuseio da espada, era uma grata revelação. Tinha ginga de corpo, força e principalmente, dedicação. Após o café, Rony ia direto para o Ministério, onde continuava a procurar pistas sobre o paradeiro dos Dragões e dos Comensais. Gina ficava com Harry e só ia ao ministério quando este também ia, ainda disfarçado. Na Quarta-feira, houve uma reunião dos fundadores da Guarda onde contaram aos outros que ele estava vivo e Luna foi encarregada de escrever um artigo sobre a sua volta, para ser publicado em alguns dias. Mais uma vez, a comoção tomou conta das pessoas. Neville quase teve um ataque, Luna disse que já desconfiava pela cara de Gina, e os demais ficaram sem palavras.






Era sexta-feira e eles haviam acabado de tomar o café. O Senhor Weasley já se despedira da família e estava indo para a sala, Gina ajudava a mãe a tirar a mesa do café e Harry ainda estava sentado, conversando com Rony sobre o andamento do treinamento, quando uma explosão multicolorida aconteceu bem no meio da cozinha.





- Xanthia? – Estranhou Harry, levantando-se da mesa com urgência e retirando a mensagem que a ave trazia.
- O que aconteceu Harry? – Perguntou Rony, também se levantando e olhando de soslaio para a irmã, que estava a meio caminho da pia, com uma pilha de louças.
- Vocês se lembram que mestre Caine disse que só conseguimos ajudar vocês por que tínhamos um homem infiltrado entre os Dragões Vermelhos? – Perguntou ele, encarando a todos.
- Claro, lembramos sim. É graças a ele que estamos vivos. – Respondeu Gina.
- O nome deste homem era Ziang. Esta é a ave de sua família. – Disse ele, apontando pra ave que desaparecia num novo lampejo – Mestre Caine me contou isso pouco antes de irmos resgatar vocês, Ziang ficou anônimo por vários anos. Só mestre Caine sabia que ele não era um traidor.
- Certo! – Começou Rony com cuidado, não sabia se queria ouvir a resposta à pergunta que ia fazer – E o que aconteceu pra você nos contar isso se era segredo?
- Esta carta é de mestre Caine. Ele diz que encontraram um corpo próximo à vila, estava irreconhecível. Mas Xanthia o reconheceu. Era Ziang. Chú o descobriu e o matou.
- Isso é horrível Harry. – Disse a Srª Weasley, manifestando-se pela primeira vez.
- Mestre Caine está me chamando. Devo voltar para Shangri-lá imediatamente.





O silêncio tomou conta de todos, quebrado apenas pelo som da louça que estava nas mãos de Gina e que ela largara, ao levar a mão à boca, numa tentativa de reprimir o soluço de choro que tentava subir por sua garganta.


N:A: Bom, a minha intenção era escrever um capítulo mais leve(mas não muito), depois dos dois últimos que foram meio tensos, espero que tenham gostado.


Lica, agradeço a intenção de me indicar para o Pottercast, não tive tempo de ver mais a fundo do que se trata, mas parece ser legal. Pelo que entendi, tem um botão ao nado do nome do autor que deve ser clicado para a indicação.

Lize, eu te desculpo se você também me desculpar, ainda não tive tempo de ler as suas também. Mas assim que der dou uma passadinha e comento, ok?


Muito obrigado por todos os comentários, vocês são maravilhosos. Um abraço e até o próximo capítulo.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.