Lucy



N:A: Demorou mas finalmente saiu o capítulo. Agora estou livre da faculdade e finalmente vou conseguir me dedicar um pouco mais à estória. Era para ter postado na semana passada, mas devido um problema com o Pen Drive onde estava gravado o cap, perdi tudo que estava escrito e tive que recomeçar. Acontece. Mas chega de enrolação, segue o cap.


Capítulo 09 – Lucy




O tempo não para, como diria o poeta. É inexorável, independente de nossas vontades. Continua seguindo seu tique taquear ininterrupto. Os dias passaram e se tornaram semanas, que por sua vez se tornaram meses. O verão chegou ao fim, sendo substituído por um outono lúgubre e pesaroso, prestes a chegar ao fim e ser foi suplantado por um inverno que prometia ser pesado, frio e com intensas ventanias e nevascas.


Durante esse período, Harry e Rony treinavam todos os dias pela manhã. Rony era um aluno dedicado, de modo que seu progresso era significativo.



Era uma manhã de dezembro, uma leve nevasca caíra em toda a região durante a noite. O jardim da Toca estava forrado por um tapete branco, enquanto alguns flocos ainda se desprendiam do céu e caiam graciosamente. Os dois rapazes pareciam não sentir o frio e a neve à sua volta, estavam parados, com as espadas em guarda, se olhando fixamente nos olhos. A um pequeno movimento de Harry, a contenda se iniciou.




Rony deu um pulo, levantando sua espada sobre a cabeça e desferindo um golpe em diagonal em direção à cabeça de seu oponente, que aparou o golpe com maestria e em seguida lançou sua espada visando a perna direita de Rony. Este deu um salto, desviando-se do golpe certeiro e tentou atingir o peito de Harry. Os golpes fortes e precisos começaram a preencher o ar, ambos dançavam levantando uma nuvem branca de neve do chão. Era um balé lindo e perigoso, frio e quente ao mesmo tempo, pois logo os dois estavam visivelmente cansados e suados pelo esforço.







Hermione acordou e se espreguiçou sob as cobertas. Era uma manhã fria e ela não queria sair da cama. Olhou para o lado e viu Gina em pé, enrolada numa manta, olhando pela janela, fechada e embaçada devido ao choque térmico causado pela respiração da moça contra o vidro.




- Bom dia! – Cumprimentou Mione.
- Dia! – Respondeu a outra, desanimada.
- Vai me dizer que aqueles dois estão lá fora nesse frio? – Perguntou Mione também se levantando e se enrolando em sua manta, caminhando em seguida em direção da amiga.
- Pois é. Dá pra acreditar? Nem parecem estar sentido o frio que está fazendo. – Respondeu Gina.
- Garotos! – Exclamou Mione, revirando os olhos, virando-se em seguida para Gina de forma inquisidora – Você está bem Gina?
- Ah Mione! Não, eu não estou bem. Estou cansada.
- Cansada? Cansada do quê?
- Cansada de esperar! Já faz meses que ele voltou e nada de recuperar a memória ainda. Ele não está tão frio quanto no começo comigo, mas ainda está muito longe do que era. Não se aproxima e nem deixa eu me aproximar.
- Entendo. Então é isso... Sabe Gina, eu tinha esperança de que convivendo conosco, ele logo se lembraria do passado. Não entendo porque isso não aconteceu ainda.
- Eu acho que ele não quer se lembrar. Pelo menos não se esforça, sabe?
- E você vai desistir, ruiva? – Perguntou Mione, erguendo uma sobrancelha.
- Não sei. Sinceramente, não sei mais o que fazer. – Respondeu a outra, desconsolada.
- Então façamos o seguinte. Dê-me um tempo que vou pensar em alguma coisa. Se ele não se lembra do passado, do amor que tinha por você, precisamos fazer com que este amor desperte de novo.
- Tudo bem, eu confio em você. Não me custa nada esperar mais um pouco, pra quem já está esperando há quatro anos... Mas minha paciência está acabando, Mione. Não demore muito.
- OK! Mas agora, vamos descer para tomar café, temos que nos encontrar com Neville em Hogwarts daqui a pouco. Temos notícias a dar a vocês sobre as pistas que encontraram em Shangri-lá.
- Sério? E o que vocês descobriram? - Perguntou a ruiva, seu rosto se iluminando de curiosidade.
- Agora não. Mais tarde quando estivermos todos reunidos, falaremos. – Respondeu Mione, dobrando sua manta e dirigindo-se ao guarda-roupa para se trocar.
- Você não vai me dizer nem porque o Neville te chamou pra ajudar? – Insistiu Gina.
- Não. - Respondeu a outra, divertida.





Vendo que não conseguiria extrair nenhuma informação da amiga, Gina também se trocou e juntas, desceram para tomar o café.


A luta continuava acirrada. Já fazia mais de meia hora que os dois rapazes cruzavam as espadas, tirando faíscas escarlates quando elas se chocavam. Rony começava a sentir o cansaço se abatendo sobre seu corpo, mas não diminuía o ritmo imposto por seu professor. A sua vantagem era sua força física, e ele tentava usar isto a seu favor naquele momento. Desferiu um poderoso golpe visando a cabeça de Harry, que se não fosse aparado por ele, certamente lhe racharia o crânio. Faltando dez centímetros para a lâmina atingir o alvo, esta teve sua trajetória interrompida pela espada de Harry. As espadas ficaram assim por um momento, paradas, devido à pressão exercida por seus donos. O ruivo colocava toda a sua força, somado ao peso de seu corpo, empurrando, de modo que sua espada se aproximava mais e mais da testa de Harry. Este, com um grande esforço, conseguiu empurrar seu adversário para longe, e quando um novo ataque ia começar, disse:


- Basta!



Rony parou no meio do movimento, abaixando a espada e se apoiando com as duas mãos nos joelhos, respirando pesadamente para recuperar o fôlego.



- Até que enfim. Já não estava agüentando mais. – Disse ele.
- Muito bom Ronald! – Disse Harry, também se recompondo – Estou impressionado com o seu progresso. Apesar do pouco tempo de treinamento, você atingiu um ótimo nível.
- Pouco tempo? Estamos ralando há meses Harry.
- Não se esqueça que eu treinei quase quatro anos pra atingir o nível atual. E Chú ou Li, mais de dez anos. Você está apto a enfrentar a maioria dos Dragões Vermelhos em pé de igualdade, com exceção destes dois. E isso já é muito além do que eu esperava, pode ter certeza.
- Eh! Obrigado. Se estou tão bom assim, devo ao grande professor que você é. – Disse Rony, com sinceridade.
- Obrigado. Não tenho mais o que lhe ensinar do modo de luta tradicional que aprendi em Shangri-lá. Basta você continuar treinando e afinando sua perícia. Porém, acho que posso te ensinar um pequeno truque ainda.
- Truque? Que truque? – Perguntou Rony, franzindo a testa.





Harry não respondeu. Ao invés disso, levantou sua espada até a altura de seu ombro, armando um golpe em sentido horizontal e, dando um giro, desaparatou. Rony arregalou os olhos, xingando:



- Merda!





Levantou sua espada, tentando adivinhar de onde viria o golpe, quando ouviu o som característico de aparatação às suas costas. Tentou girar o corpo, mas antes que tivesse sequer iniciado o movimento, sentiu o toque frio do metal em sua nuca.





- Isso não vale Harry! Você sabe que não tem como alguém se defender desse seu golpe. – Resmungou ele, abaixando a espada.
- Nem Chú sabe como usar a aparatação de modo ofensivo numa luta. Os bruxos de Shangri-lá não têm costume de aparatar, diferentemente de nós. Isto pode fazer uma grande diferença numa luta. Quer aprender? – Perguntou Harry.
- O quê? Você vai me ensinar a aplicar esse golpe? Cara, você é demais. – Rony agora exultava de felicidade.
- Vou. Pra começar, deve entender que o golpe deve ser planejado com antecedência. Você não pode mudar a posição em que vai aparatar no meio do caminho, então tem que imaginar com clareza como e onde vai surgir, e desaparatar na posição ideal para desferir o golpe quando reaparecer.
- Caraça! Não pensei que fosse tão complexo.
- Mas é. Você tem que levar em conta seu adversário, sua altura, sua agilidade, suas fraquezas. Além de escolher o momento certo para usá-lo, pois caso seu inimigo consiga prever onde você irá surgir e se antecipar, você estará morto.
- Entendi. E quando vamos começar? – Rony estava meio aturdido com as instruções ainda.
- Amanhã. Hoje já está muito tarde. Sua mãe certamente está nos esperando para o café. - Disse Harry, tomando o caminho para a casa.
- Oba! Estou morrendo de fome. Esses treinamentos me deixam faminto, não sei por que. – Respondeu o outro, esfregando as mãos e seguindo o amigo.






Quando entraram na cozinha, encontraram as moças à mesa, conversando com a matriarca Weasley. Imediatamente a mulher se levantou para preparar o café dos dois e estes se sentaram, Rony beijou Hermione e sentou-se ao seu lado enquanto Harry contornou a mesa sentando-se ao lado de Gina. Esta, inconscientemente se retesou, o que não passou despercebido ao rapaz.




- Algum problema srtª Weasley? – Perguntou ele.
- Não. Problema algum. – Respondeu ela, com voz firme, porém pouco convincente.





Harry não insistiu, porém era obvio a contrariedade de Gina. Mas ela não dava o braço a torcer, sempre tentando parecer forte e independente e isso o deixava desconcertado. Não sabia como agir ou como se aproximar dela, acabava tomando uma atitude mais formal que, ele tinha certeza, transparecia como indiferença.




Quando os rapazes terminaram de tomar café, Mione disse:





- Muito bem, agora que terminaram, precisamos ir. Neville está nos esperando.





O grupo se dispersou em direção aos quartos, reunindo-se pouco depois já prontos. Despediram-se da Srª Weasley e instantes depois, aparatavam nas proximidades dos portões da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Os membros da Guarda que estavam nos portões, ao avistarem o grupo, abriram os portões imediatamente.






A escola estava no horário de troca de salas, havia uma grande movimentação de alunos pelo pátio e jardins, apesar do frio. O quarteto atravessou o portão e começou a subir a alameda que dava acesso ao castelo. Era a primeira vez que Harry visitava Hogwarts daquela maneira, sem precisar se esconder. Era também, a primeira vez em mais de quatro anos que aquela cena era vista na escola. Harry caminhava tranqüilo, com Mione ao seu lado esquerdo, que por sua vez estava de mãos dadas a Rony. De seu lado direito vinha Gina, altiva e linda como sempre. Assim que foram vistos pelos alunos, uma sucessão de sussurros e dedos apontando-os se fez presente.A agitação tomou conta da escola, e vários alunos correram em direção aos jardins para ver a cena.




Depois de mais de quatro anos, Harry Potter voltava a Hogwarts. Os alunos mais antigos, que haviam convivido com a presença de Harry e seus amigos quando eram calouros, relembravam o passado. Os novos, que só tinham ouvido falar das façanhas daquele grupo através dos colegas ou das notícias publicadas no Profeta Diário, sentiram como se agora fizessem parte da história. Alheios a tudo isso, o grupo continuava seu caminho até chegarem próximos ao castelo, onde uma menina de aproximadamente onze anos se destacou do aglomerado de alunos, vestindo as cores de Grifinória e se dirigiu a Harry:




- Senhor Potter! Meu nome é Candice. Desculpe-me estar incomodando, mas eu só queria dizer obrigada!





Harry parou e olhou para a menina à sua frente. Ela era um tanto mirrada para a idade, pele negra e os cabelos ostentavam belas tranças no estilo rastafari. Não o olhava nos olhos, era obvio que estava extremamente envergonhada. Mirava seus próprios pés, os quais mexia com intensa inquietação, traçando desenhos no chão úmido. Harry se curvou para a menina, levantando seu rosto ao segurar em seu queixo.





- Olá Candice. – Começou ele – É um prazer conhecê-la. Por que você teria algo a me agradecer?
- Por estar vivo, senhor. Agora que voltou, tenho certeza que todos os bruxos das trevas vão fugir de medo. Se nem o Lorde das trevas foi páreo para seus poderes, ninguém mais é. Agora teremos paz.



Harry ficou estupefato ao ouvir aquela afirmação. Até então ele não tinha consciência da fé que as pessoas depositavam nele. Instintivamente ele olhou para Gina, que tinha os olhos brilhando, com lágrimas que tentavam rolar de seus olhos. Esta se recompôs rapidamente, abriu um belo sorriso e se dirigiu à menina:




- Candice, você é da Grifinória, não é?
- Sou, srtª Weasley. Sou sim.
- Assim como nós. – Respondeu Gina, indicando os outros três – Sabe o que isso significa? Significa que você tem a mesma coragem fibra e bondade no coração que todos nós temos. É tão corajosa e valorosa quanto Harry e temos certeza de que se for necessário, depois que você crescer mais um pouco, você se juntará a nós para combater os comensais da morte e outros bruxos das trevas.
- Pode contar comigo. Estou me esforçando ao máximo para ser como vocês. – Respondeu a garota, com orgulho.
- Tenho certeza disso querida. E nesse caso, nós é que devemos agradecer-lhe, por sua fé e confiança num futuro melhor.






A garota sorriu satisfeita, estufou o peito e correu de volta para onde estavam seus colegas de turma. Harry endireitou o corpo, virou-se para Gina, um olhar de admiração no rosto e disse apenas uma palavra:



- Magnífica!




Gina corou diante do elogio e principalmente da cara dele, deu um leve sorriso e continuou o caminho até a porta do castelo, onde a diretora Minerva Mcgonagall aguardava pelos recém chegados, com um sorriso no rosto. Ao seu lado, Cho, Neville e Remo também aguardavam. Assim que chegaram, Mione se antecipou aos outros:




- Bom dia diretora Mcgonagall. E bom dia a todos.
- Bom dia Hermione. Rony, Gina e ... Harry. Você não imagina minha felicidade em vê-lo caminhando novamente por estes campos. Mesmo que não se lembre, este já foi o lugar que você chamou de lar, então é muito bom tê-lo em casa novamente.
- Estou feliz em estar aqui diretora. – Respondeu ele, fazendo uma reverência.
- Bom, vamos ao que interessa então? – Perguntou Neville, após os outros também se cumprimentarem – Acho que seria mais seguro usarmos a sua sala diretora.
- Claro, sem dúvida. Sigam-me! – Concordou ela, virando-se em direção ao corredor que dava acesso à sua sala.




Caminharam pelos corredores do castelo, ainda sob os olhares auspiciosos dos alunos. Quando entraram na sala da diretora, o quadro do ex-diretor Alvo Dumbledore deu um largo sorriso e cumprimentou os visitantes.




- Ora, que bela visita. É um prazer vê-los meus jovens.
- Olá diretor. – Cumprimentou Rony, em nome de todos – Muito bem, agora que estamos num lugar seguro, será que alguém pode explicar o que descobriram?
- Claro. – Respondeu Neville, se adiantando – Muito bem. Vocês se lembram, obviamente, das sementes que me trouxeram. Pois bem, tive que chamar a nossa antiga professora Sprout, e juntos descobrimos que a planta não é do nosso mundo. Por isso precisamos da ajuda da Mione, não conhecemos tão bem as plantas trouxas.
- Bom. – Interveio Mione – Identificamos a planta como sendo a Angélica Sylvestris. E aí começam os nossos problemas.
- Por quê? – Perguntou Gina.
- Esta planta é conhecida por seus aplicativos medicinais. Serve para fazer chá e ungüentos para tratar de diversas enfermidades. Ela é originária do sul da França, foi descoberta alguns séculos atrás.
- Isso quer dizer que Chú e o rato albino do Malfoy estão na França? – Perguntou Rony.
- Não necessariamente. – Respondeu sua noiva – Vocês já ouviram falar das Cruzadas?
- As Cruzadas? – Perguntou a diretora – Mas o que elas tem a ver com isso?
- O que são Cruzadas? – Perguntou Rony, confuso.
- As Cruzadas Ronald foram as “Guerras Santas” promovidas pelos cristãos contra os muçulmanos na idade média. A idéia era levar a palavra de Deus aos impuros e pagãos, mas na verdade empreendeu-se uma verdadeira chacina em nome da religião por todo o mundo antigo.
- Eu me lembro de algo que vimos em História da Magia a respeito. – Intercedeu Gina – Essa guerra não foi precursora da Inquisição?
- Exato. – Confirmou Mione – Após centenas de anos lutando para conquistar e manter Jerusalém, os cruzados retornaram para a Europa e os religiosos acabaram empreendendo uma cruzada entre os cristãos, à procura de infiéis e hereges, que normalmente eram acusados de bruxaria e condenados.
- Foi uma época negra para o nosso povo, tivemos que tomar um cuidado redobrado para nos ocultarmos. – Disse Minerva Mcgonagall.
- E o que isso tem a ver com o nosso problema? – Perguntou Harry.
- Bom, a Angélica foi amplamente usada pelos cruzados naquela época. Eles a levaram em suas batalhas, espalhando seu cultivo do sul da França até Jerusalém.
- Você quer dizer que eles podem estar escondidos em metade da Europa e Oriente Médio? – Rony perguntou, apavorado – Sê ta brincando, não tá?
- Na verdade não, Rony. – Era a vez de Neville falar – Quando descobrimos isso, ficamos assustados também. Mas então nos lembramos das amostras de terreno que vieram junto com as sementes, e depois de descobrirmos que tipo de solo era conseguimos reduzir os prováveis locais.
- Isso mesmo. – Mione sacou a varinha e fez surgir um mapa-múndi numa das paredes da sala – De acordo com o que conseguimos apurar, o tipo de terreno encontrado é mais comum nas seguintes regiões: Na França, à base dos montes Pirineus, na região de Andorra, próximo à fronteira com a Espanha. – E com um toque da varinha, a região citada mudou de cor se sobressaindo no mapa – Obviamente, a região onde hoje fica Israel, nas proximidades de Jerusalém e às margens do Mediterrâneo. – E com outro toque, uma nova região do mapa se destacou – E por fim, a costa da Grécia e Turquia, banhadas pelo mar Egeu. – E a terceira e última região do mapa se destacaram.
- Mesmo assim é uma região muito grande para procurarmos. – Suspirou Gina, desalentada.
- Mas não podemos desistir. – Disse Harry, aproximando-se do mapa para analisá-lo melhor – É a única pista que temos.
- A Ordem da Fênix pode ajudá-los nas buscas. – Ofereceu a diretora Mcgonagall.
- E podemos pedir ajuda ao Radhi, ele pode cuidar de uma parte das buscas.Ele conhece bem aquela região. Só precisamos conseguir mais gente. – Lembrou Rony.
- Muito bem então. – Retomou Harry – Diretora, a srª pode pedir para a Ordem cuidar das buscas na região de Jerusalém? Pediremos a Radhi que vasculhe a Grécia e Turquia e nós ficaremos com a França. O que acham?
- Acho que vamos precisar de um guia. Não conhecemos nada da região. – Disse Gina pensativa.
- A quem podemos recorrer? – Harry virou-se para ela, olhando-a com uma firmeza e determinação que ela não via em seus olhos há muito tempo.
- A única pessoa que me passa pela cabeça é a Fleur. – Respondeu ela – Mas como ela está morando no Brasil, não sei se poderá nos ajudar.
- Bom, tem a Gabrielle. – Disse Rony temeroso, olhando para Mione, que lhe devolveu um olhar feroz.
- Sem chance. Eu não quero aquela Vaca-Veela com a gente, de jeito nenhum. Não vou ficar olhando ela se oferecendo pro Harry na minha cara de novo, não. – Explodiu Gina, esquecendo-se completamente que pensara em desistir do rapaz ainda naquela mesma manhã.
- Srtª Weasley, não precisa se preocupar comigo. – Disse Harry, não conseguindo conter um sorriso de satisfação, que deixou a garota rubra – Eu não vou ser envolvido pela magia Veela dela novamente.Prometo.
- Mesmo assim ela vai ficar te rodeando, ciscando, tentando tirar uma lasquinha de você. – Insistiu a ruiva.
- Vamos fazer o seguinte então! – Começou ele – Você a chama para participar da expedição, diga a ela que você é a Auror responsável, que é uma missão oficial. Não diga que eu vou, ela só vai ficar sabendo quando nos encontrarmos, e eu digo que estou apenas como observador. Assim ela ficará subordinada a você e não se atreverá a lhe desacatar.
- Ela não vai aceitar. – Refutou Gina.
- Vai sim, se você falar com o Gui e a Fleur. – Interveio Mione – Acho uma boa idéia. Apesar de não gostar muito dela rodando esses dois, será importante que alguém os guie, para não levantar suspeitas.
- Você não vai? – Perguntou Harry.
- Infelizmente não posso, devido meus compromissos no hospital. – Justificou-se ela.
- Nem nós. – Disse Cho, referindo-se a ela e Neville.
- Mas Luna está querendo ir. – Disse este, enquanto concordava com a cabeça.
- Ótimo, assim não terei que cuidar da Veela sozinha. – Disse Gina.
- Muito bem, então está resolvido. Vamos nos preparar para viajar. – Disse Rony, esfregando as mãos – Vou entrar em contato com Radhi e arrumar algumas pessoas para trabalhar com ele.
- E eu vou convocar alguns membros da Ordem. – Disse Remo – Gostaria de ir, mas assim como Cho e Neville, tenho que ficar para dar aulas.
- E eu, assim que chegarmos em casa vou falar com o Gui e depois com a Gabrielle. – Finalizou Gina.





Finalizada a reunião, todos se dispersaram para cuidar de seus afazeres. Gabrielle não gostou muito da idéia de participar de uma expedição por tempo indeterminado com Gina responsável, mas Fleur conseguiu convencê-la. Assim, na manhã seguinte, Harry, Gina, Rony e Luna aparatavam numa cidade do sul da França, chamada Toulouse, onde a jovem francesa já os aguardava.



- Bom dia. – Cumprimentou ela, de mau humor, mas mudando instantaneamente ao ver Harry – Harry! Como vai?
- Bom dia Srtª De La Cour. – Cumprimentou ele, formalmente, jogando um balde de água fria nas intenções da garota.
- Gabrielle! – Chamou Gina, severamente – Vamos tentar manter o foco aqui, está bem?
- Claro. Como queira. – Respondeu esta, fazendo uma careta.




Os dias que se seguiram foram monótonos e improdutivos. O grupo hospedou-se em um hotel trouxa, fingindo ser um grupo de turistas visitando o País. Logo pela manhã, saiam falando alto sobre as atrações turísticas da região e de como estavam se divertindo. Assim que se afastavam, aparatavam no sopé dos montes Pirineus e vasculhavam toda a região. Visitaram também toda a área de Languedoc e Montpellier, percorrendo os arredores das antigas vilas medievais da região, berço da população Cátara. Após dez dias de buscas, e não tendo mais onde vasculhar, resolveram dar por encerrada a missão. Fora duas ou três tentativas por parte da jovem francesa, totalmente ignoradas por Harry e duramente repreendidas por Gina, tudo correu bem. Na noite que antecedeu a partida deles da região, Luna flagrou a garota tentando entrar no quarto de Harry e a fez voltar correndo para seu próprio quarto.




Aparataram diretamente no Ministério, a fim de elaborar seus relatórios e analisar o progresso dos outros grupos, perdendo boa parte da manhã nisso. Descobriram que, apesar deles não terem concluído suas buscas, a situação era tão desanimadora quanto à deles. Enquanto Rony lia alguns memorandos, Gina e Harry resolveram ir para a Toca. Quando chegaram no Átrio, porém, Gina perguntou:




- O que acha de tomarmos um café antes de voltarmos?
- Café? – Perguntou ele, estranhando o convite.
- É, café! Gui me apresentou num ótimo local, que não fica muito longe daqui. – Explicou Gina.
- Tudo bem. Vamos lá então. Nunca tomei café, tomei? – Brincou ele.
- Não que eu saiba. – Riu ela, e se dirigiu para a saída que dava numa cabine telefônica.





Após saírem do ministério, caminharam pelas ruas do centro de Londres. Gina fazia-o mecanicamente, devido às dezenas de vezes que o fizera no passado. A grande diferença era que agora, ao invés de estar pensando e chorando por Harry, o tinha ao seu lado caminhando. Chegaram ao “Café do Brasil” e entraram, como sempre Gina se sentou em sua discreta mesa. O proprietário do local, João Carlos, estava atrás de seu balcão e, por um instante, sorriu abertamente quando viu a bela ruiva atravessando as portas. Já fazia meses que ela não aparecia e ele já estava perdendo as esperanças de voltar a vê-la. Porém seu sorriso morreu logo depois, ao ver que ela estava acompanhada por um rapaz moreno, alto de olhos verdes. Fora o irmão, ela nunca trouxera outros homens ali. Depois que o casal se sentou e ele conseguir se recompor do susto foi até a mesa com seu melhor sorriso forçado e perguntou:





- Bom dia! Em que posso servi-los?
- Oi João Como vai? – Cumprimentou Gina, estranhando a formalidade do rapaz – Ah! Este aqui é o Harry. Eu já te falei dele, lembra?
- Mas esse cara não morreu? – Espantou-se João, mandando às favas a formalidade e olhando estupefato para Harry.
- Não, eu não morri. Como pode perceber, estou bem vivo. – Respondeu Harry rispidamente, percebendo que o interesse do outro em Gina era maior do que um comerciante dispensava normalmente a um cliente.
- Ah! Bem, sabe João... Eu não vivia dizendo que não sentia que ele havia morrido? – Justificou-se Gina, chocada com o estranho clima de animosidade que pairou no ar entre os dois rapazes – Então, eu estava certa afinal.
- Mas se ele não morreu, por onde andou durante todos esses anos? – Perguntou João, sustentando o olhar de Harry – Como ele pode ter deixado você todo esse tempo pensando que estava morto?
- Eu não fiz de propósito! – Gritou Harry, levantando-se num impulso e derrubando a cadeira na qual estava sentado. Seu sangue fervia, a vontade que tinha era de sacar sua espada e partir aquele homem ao meio. Controlou-se, respirou fundo e continuou – Mas isso não é da sua conta.
- Claro que é. Se não fosse eu não estaria perguntando. – Gritou o outro de volta.




Ambos estavam agora cara a cara, olhos nos olhos, uma fúria insana emanando de seus poros. João Carlos era mais baixo Que Harry, porém tinha um corpo mais robusto. Cabelos castanhos, curtos e encaracolados. Gina, assustada com a direção que a situação estava tomando, levantou-se com urgência se colocando entre os dois, colocando as mãos no peito de cada e afastando-os, encarou então Harry e disse.




- Harry, calma. O que pensa que está fazendo? – Virou-se então para João e disse – Ele não voltou por que está com amnésia. Não lembra da gente, nem de quem é. Deixe-o em paz.



Ambos relaxaram ao ouvir a voz de Gina. Harry olhou para ela, pegou em sua mão e disse.



- Perdi a vontade de tomar café. Vamos embora. – E começou a se dirigir em direção à porta.




João, ao perceber que a moça ia embora e que talvez nunca mais a visse, segurou sua outra mão dizendo:



- Não, não vá Gina. Preciso lhe fa... – Mas não conseguiu concluir a frase, pois Harry ao perceber que o rapaz tentara impedir a saída deles, girara nos calcanhares e o agarrara no pescoço, apertando sua traquéia fortemente.
- Nunca! Mais! Toque! Nela! Novamente! – Grunhiu Harry devagar, enquanto pressionava o rapaz contra a parede.
- HARRY! Você vai matá-lo. Pare com isso. – Gina pediu assustada. Ela havia gostado do clima de disputa que se formara entre os dois alguns momentos antes, mas se Harry se descontrolasse poderia matar João facilmente e ela nada poderia fazer para impedi-lo – Por favor, solte-o.
- Você entendeu bem o que eu disse? – Insistiu Harry, olhando profundamente nos olhos de João – Nunca mais ouse tocar nela, ou eu posso perder a minha paciência. Você não gostaria de me ver nervoso




Em seguida relaxou a mão e João caiu pesadamente no chão, massageando o pescoço e tossindo seco, na tentativa de recuperar o ar que havia lhe escapado dos pulmões. Harry segurou novamente a mão de Gina e literalmente arrastou-a para fora do café. Chegando do lado de fora, soltou-a e virou-se enfurecido para ela:





- Você teve alguma coisa com ele? – Perguntou.
- Quê? – Gina não acreditou no que ele perguntou.
- Que intimidade toda foi aquela lá dentro? Ele não te tratou como uma cliente qualquer, estava óbvio que vocês têm alguma intimidade.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso. – Explodiu a ruiva, mas na verdade exultando de alegria. Aquilo era a maior cena de ciúmes que ela presenciava em anos, mas não podia se deixar levar pelo entusiasmo – É claro que ele não me trata como qualquer cliente. Sou cliente daqui a anos, desde que terminei a escola. Vinha quase todo o dia, sentava naquela mesa e ficava chorando a sua morte seu babaca.
- E ele nunca tentou alguma coisa? – Perguntou ele mostrando incredulidade.
- Se quer saber, tentou. Tentou sim, mas eu nunca dei esperanças a ele. Não posso fazer nada se não me esqueceu. – Disse ela, respirando fundo e retomando – E eu não sei nem porque estou te falando tudo isso. E se tivesse ficado com ele, qual o problema? Harry, você estava desaparecido, todos acreditavam que estava morto. Todos queriam que eu me relacionasse com alguém. Não teria feito nada de errado.
- Mas eu não morri. – Respondeu ele, sabendo que ela estava certa e que sua justificativa era completamente vazia.
- Não, não morreu. Mas mesmo assim, não temos mais compromisso entre nós, lembra? Você mesmo disse isso. – Ela despejou, chegando finalmente ao ponto que queria, e continuou, não conseguindo mais segurar um sorriso – Ou temos? Harry, por acaso você está com ciúmes?
- O QUÊ? Ciúmes? Eu? – Atrapalhou-se ele.



Seria possível ele estar com ciúmes de Gina Weasley? Seria ciúmes aquela sensação que ardia em seu peito, a vontade louca que ele tivera de matar aquela pessoa que ele nem conhecia pelo simples fato dele falar e tocar nela? Ele precisou de toda sua força de vontade para conseguir se controlar. Uma explosão de sentimentos confusos e controversos explodia dentro dele, não sabia o que eram e, por isso, não conseguia formular uma resposta para Gina. Então, foi salvo pelo gongo, pois sentiu alguém esbarrar nele e aliviá-lo de sua bolsa de ouro.



- Hei! – Gritou, levando instintivamente a mão ao local onde estava sua bolsa, comprovando seu desaparecimento.
- O que foi? – Perguntou Gina, desfazendo o sorriso que tinha nos lábios e descruzando os braços, que havia cruzado esperando a resposta dele.
- Eu fui roubado. – Respondeu ele, vasculhando os arredores à procura do autor do furto, localizando uma criança que fugia apressada entre as pessoas. Estava quase virando a esquina, mas ele levantou sua mão e sussurrou – “Imobilus!” Venha, acho que peguei o responsável.





O casal alcançou a criança, que estava estática em decorrência do feitiço lançado. Era uma menina de cabelos negros, na altura dos ombros, sujos e mal cuidados. Não devia ter mais do que seis ou sete anos de idade, suas roupas estavam sujas e rasgadas. Era magra, seu belo rosto sulcado devido à fome. Tinha olhos negros e profundos, que denotavam inteligência e perspicácia, mas que no momento estavam tão arregalados que pareciam querer saltar das órbitas. Mexiam-se desesperados saltando de Harry para Gina e de volta para Harry. Gina se aproximou, abaixou-se até ficar com os olhos na altura dos olhos da menina e disse:




- É apenas uma criança. Uma menina trouxa que vive na rua.
- Pode ser, mas ela me roubou e eu tive que usar magia nela. Vou liberá-la e depois alterar sua memória. – Disse Harry, retomando seu dinheiro que estava muito bem seguro nas mãos da menina, murmurando em seguida – “Finite!”.




Assim que o contra-feitiço a liberou, a menina levou a mão à boca segurando um grito e seus olhos começaram a lacrimejar.




- Fique calma criança. – Disse Gina, segurando-a pelo braço, percebendo que ela tremia. Mas não dava pra saber se era de frio ou de medo, mas a menina estava gelada – Nós não lhe faremos mal. Só vamos fazer você esquecer que nos roubou. Vai ser melhor assim, você vai ver. Não precisa chorar.
- Eu não estou chorando com medo de vocês não, senhora. Eu estou chorando com medo do meu tio. – Disse a menina, enxugando as lágrimas com as costas sujas das mãos – Ele vai brigar comigo quando souber que roubei um bruxo.
- Como é? – Perguntou Gina, sobressaltando-se com a revelação da criança – Você sabe sobre a gente? Você é de família bruxa?
- Sou. – Respondeu ela, fungando.
- E qual é o seu nome? – Gina perguntou novamente.
- Lucy! – Respondeu a pequenina.
- E você mora com seu tio Lucy? Por quê, onde estão seus pais? – Perguntou Harry.
- Moro com meu tio desde pequena, desde que meus pais morreram. Eu não me lembro direito deles, sabe. Mas lembro que minha mãe era muito bonita, assim como a senhora. E meu pai era alto, mais alto que esse moço aí. – Explicou Lucy.
- Seus pais morreram? – Perguntou Gina, com um aperto no coração e continuou, após a confirmação da menina – E você mora com seu tio, que te obriga a roubar as pessoas nas ruas?




Uma vez mais a garotinha concordou. Gina levantou-se e, após fazer um sinal para acalmá-la, impedindo que fugisse, virou-se para Harry e disse:



- Isso é um absurdo. É contra as leis bruxas e trouxas, contra os direitos das crianças fazer algo como isso. Esse tio dela deve ser um monstro, você viu como ela ficou apavorada com a possibilidade de ser castigada?
- Apesar de não me lembrar do meu passado, sei muito bem por tudo que vocês me contaram, que fui criado por tios que não gostavam de mim e que me obrigavam a fazer coisas como se fosse um criado. – Disse Harry – Mas o que esse homem faz com esta criança é muito pior, não podemos deixar que continue. Temos que fazer alguma coisa.
- Também acho. E vamos fazer. Venha, vamos até a casa deles.






Gina voltou a conversar com a criança e depois de algum tempo conseguiu convencê-la a levá-los até onde moravam. Seguiram por várias ruas, afastando-se do centro em direção aos subúrbios de Londres. Depois de quase uma hora andando, chegaram a um bairro horrível. Tudo denotava decadência. As casas eram velhas e sujas, com extensas rachaduras nas paredes. Portões quebrados, jardins tomados de ervas daninhas. As ruas não tinham iluminação, todas as lâmpadas estavam quebradas. Apesar de ainda ser dia, era evidente que à noite, o lugar era no mínimo apavorante. Lucy andava rapidamente, sem olhar para os lados, até chegar num casebre no final da rua. A casa não tina mais que dois cômodos, estava espremida entre dois sobrados, com mato alto na frente e não tinha portão. Na verdade, Harry notou que não havia sequer uma cerca. A menina não entrou. Parou na porta e chamou:



- Tio? Tio temos visita!





Houve um som de pés se arrastando dentro do casebre. Instintivamente, Gina levou a mão à sua varinha. Então, um homem abriu a porta com um puxão, quase a arrancando do batente. Era um homem magro, alto, pouco mais alto do que Harry. Seus cabelos eram negros como o da sobrinha, porém seus olhos eram castanhos. Estavam vermelhos, como se o homem estivesse dormindo e acabasse de acordar ou como se estivesse embriagado, o que era mais provável. Sua pele era bexiguenta, inchada devido à bebida. Aparentava estar a um passo (se já não tivesse) de contrair uma cirrose. Quando abriu a boca para falar, o bafo só confirmou a suspeita dos dois. O homem era um alcoólatra.



- Visitas? Eu já disse pra você não trazer ninguém aqui, sua burra.
- Mas tio, eles insistiram. Disseram que queriam conversar com o senhor. – Tentou justificar-se Lucy, encolhendo-se de medo ao olhar assassino que o tio lhe lançava.
- Eu não tenho nada pra falar com ninguém. – O homem praticamente cuspia as palavras, cambaleando e se escorando no umbral da porta – Vão embora!
- Mas nós temos o que conversar com o senhor. – Disse Gina, mostrando o cabo de sua varinha – Ou prefere que eu o estupore aqui na porta mesmo?




O homem arregalou os olhos, praguejou e abriu caminho para que os dois entrassem. Se por fora a casa já parecia deplorável, por dentro era a verdadeira visão do inferno. No cômodo em que entraram, havia um pequeno e imundo fogão num canto, uma pia suja e cheia de louça suja e uma mesa tosca ao centro, onde havia apenas uma cadeira, quebrada por sinal. O outro, eles calculavam que era um quarto. Após fechar a porta, o homem retomou a palavra.




- Quem são vocês? São bruxos, não são?
- Meu nome é Gina Weasley. Sou Auror do Ministério da Magia Inglês. – Disse Gina, dando abertura para Harry se apresentar, mas este permaneceu calado, olhando em volta para assimilar tudo com extrema repugnância – E o senhor quem é?
- Auror? Droga, o que foi que você fez, sua idiota? Trouxe aurores direto pra minha casa.
- Não a culpe. – Disse Harry – Ela não sabia. Nós insistimos em vir, ela não teve escolha. Agora responda a pergunta. Quem é você? E quem são os pais da menina?
- Muito bem, eu vou lhes contar. Gostaria de oferecer um lugar para se sentarem, mas como podem perceber só há a minha cadeira nesta casa. – Disse ele, sentando-se e olhando para os dois com olhar de desafio.
- Isso não é problema. – Respondeu Harry, convocando mais três cadeiras com um estalar de dedos – Sentem-se senhoritas.




A facilidade com a qual aquele rapaz conjurara as cadeiras sem o uso de uma varinha não passou despercebida ao tio de Lucy, que engoliu em seco e começou:



- Meu nome é Norman Randsome. Esta é minha sobrinha, filha de meu irmão. O nome dela é Lucy Randsome. Os pais dela morreram há alguns anos, quando houve um ataque de comensais ao Beco Diagonal.
- Ataque ao Beco? – Perguntou Gina – Mas isso foi a mais de quatro anos. Como foi isso?
- É, já fazem mais de quatro anos. – Respondeu Norman – Eles haviam ido ao Beco fazer compras. Lucy tinha pouco mais de três anos na época. Então houve o ataque, e o idiota do meu irmão tentou lutar contra os comensais. Mas ele nunca foi muito bom em duelos e acabou morrendo. Minha cunhada tentou ajudá-lo e foi morta também. Como minha cunhada era filha única e os pais já haviam morrido, e sendo eu o único parente vivo, fiquei responsável por esta mala.
- E posso saber porque ela estava num bairro trouxa, roubando as pessoas? – Perguntou de repente Gina – É contra a lei colocar crianças bruxas para trabalhar, quanto mais para roubar. Essa menina tinha que estar na escola, preparando-se para ingressar em Hogwarts.
- Bom, sabe... Eu sei que é contra a lei, dona. Mas eu não consigo trabalho há algum tempo, entende, por causa da minha coluna. Então alguém tem que ganhar dinheiro pra gente comer, não é?
- Não me parece que ela tem se alimentado muito bem. – Interrompeu-o Harry – O senhor, pelo contrário, parece estar muito bem “abastecido”.
- E eu desconheço pessoas inaptas a trabalhar no mundo bruxo por alguma doença. Bastaria procurar ajuda no Saint Mungus para tratar qualquer enfermidade. No que o senhor trabalhava antes?
- Bom... Então... Na verdade, eu não trabalho no mundo bruxo. Eu trabalho no mundo dos trouxas, porque sou um Aborto. – Gaguejou Norman.
- Sinto muito. – Disse Gina, mas insistiu – Mas o senhor não nos respondeu. No que trabalhava? Mesmo sendo um aborto poderia ter se tratado no hospital bruxo...
- Ele não tem nenhum problema de saúde. Não trabalha em nada e nunca quis ou tentou. É um vagabundo e um bêbado. – Disse Harry.
- Como pode dizer uma coisa dessas? Lógico que sou doente. E eu sou, quero dizer era... – Começou a justificar-se Norman novamente, mas parou diante do olhar perscrutador do rapaz e a verdade se revelou para ele – Você pode ler mentes, não pode?
- Posso. Apesar da sua ser nojenta, vi perfeitamente que nunca teve problemas de saúde e que explora Lucy desde pequena para sustentar seu vício. – Respondeu o moreno.
- Como o senhor pôde? – Perguntou Gina, no mesmo tom enojado – Usar uma criança para pedir e roubar, roubando-lhe a infância e a inocência. Você deveria protegê-la e não se aproveitar dela, seu canalha. Mas isso termina aqui. Vou tomar providências para que a menina seja levada para um lar bruxo decente.
- De jeito nenhum. – Esbravejou o bêbado – Não posso ficar sem ela. Quem vai trazer dinheiro pra dentro de casa? E quem vai me pagar todos esses anos que cuidei dela? Negativo, sem chance. Ela ainda me deve muito trabalho.
- Ela não é sua escrava. Não lhe deve nada, você é a família dela, seu cachorro. – Gina levantara-se, gritando assim como o homem.
- E tem mais. – Respondeu o homem, levantando-se também – Quem vocês pensam que são para chegarem aqui dizendo o que vou fazer ou deixar de fazer com minha sobrinha?




Antes que Gina conseguisse responder, um vulto passou por ela em direção ao homem. Harry levantara-se de sua cadeira, e pela segunda vez naquele dia, pegara alguém pela garganta e prensara contra uma parede.




- Você quer saber mesmo com quem está falando? – Sussurrou ele para o homem, enquanto passava a mão livre sobre a testa, deixando sua cicatriz à vista – Isso lhe diz algo?
- Harry Potter! – Murmurou Norman apavorado. Devido sua embriaguez, não havia prestado muita atenção no rapaz e nem percebido que ele não se apresentara junto com a ruiva – Não pode ser, você morreu.
- Se estou morto, como posso estar aqui apertando sua garganta? – Perguntou Harry, afrouxando um pouco o aperto – Me diga uma coisa Norman. Se você sabe quem sou, certamente conhece minha história, não conhece?
- Sim senhor. Quem não ouviu falar do grande Harry Potter? – Uma humildade sem precedentes havia se apossado do homem.
- Ótimo. Então você sabe que eu tenho, sim, motivos de sobra para não ter gostado nem um pouco do que vi aqui hoje. Você é mau, Norman. Tão mau quanto um comensal ou Voldemort. – Norman estremeceu ao ouvir aquele nome.
- E pode ter certeza de que nós vamos tirar essa menina de você. – Disse Gina - Não vamos deixá-la nem mais um dia aqui. Vamos conseguir um lar provisório para ela, até conseguirmos uma família bruxa decente que queira cuidar dela.
- Vamos fazer melhor que isso Srtª Weasley. Eu mesmo vou enviar uma mensagem ao ministro, pedindo sua guarda provisória, assim que chegarmos em casa.
- Você vai o que? – Espantou-se Gina – Você está falando sério?
- Nunca falei tão sério na minha vida. – Respondeu ele – E o senhor vai comparecer ao ministério amanhã, sem falta, para assinar a papelada necessária e se entregar pelos crimes que cometeu contra essa criança. Eu lhe asseguro que, se não comparecer, virei atrás e lhe encontrarei. Não duvide disso.
- Sim senhor. – Respondeu o homem, encolhendo-se de medo – Eu irei.
- Mas e eu? – Perguntou Lucy, que estivera calada até aquele momento, olhando a cena de olhos esbugalhados.
- Lucy! – Começou Gina, novamente se abaixando até ficar na altura de seus olhos – Eu sei que você não nos conhece, mas eu juro que só desejamos o seu bem. Não somos sua família, mas como seu tio fez algumas coisas muito feias e erradas, como obrigá-la a roubar as pessoas, achamos que ele não tem condições de cuidar de você.
- Entenda Lucy, não seremos nós a decidir sobre isso. – Disse Harry, que ainda segurava Norman pelo colarinho – Mas gostaríamos que você viesse conosco, morar por algum tempo na casa da srtª Weasley. É uma autêntica casa bruxa, você vai gostar. Eu também estou morando lá, todos são muito bons. E aí, você aceita?
- Eu não vou mais ter que roubar as pessoas ou pedir dinheiro nas ruas? – Perguntou a menina, incrédula.
- Não querida, eu prometo que nunca mais você vai ter que fazer isso. – Respondeu Gina, tentando por tudo segurar uma lágrima que ameaçava surgir.
- E eu vou poder brincar e dormir numa cama? – retomou a criança, como se estivesse enumerando os itens de uma longa lista.
- Onde você dorme? Não é numa cama? – Perguntou Gina, olhando em seguida em direção ao local indicado pela menina, um amontoado de trapos e roupas velhas dispostos em um canto do cômodo, que mais parecia uma toca para elfos-domésticos – Sim, você terá uma cama macia e limpa. E refeições decentes também, minha mãe vai sentir um prazer enorme em empanturrá-la de doces.
- Você é mesmo Harry Potter? – Perguntou olhando para Harry, com um olhar curioso.
- Sou sim. Apesar de não me lembrar muito bem de algumas coisas, definitivamente eu sou Harry Potter. – Respondeu o rapaz, com um sorriso.
- Você é um herói. E heróis não mentem, não é?Não quebram promessas... – Disse ela, mas para si do que para os presentes.
- Não me considero um herói Lucy. Mas tento nunca quebrar uma promessa. E prometo que cuidarei de você. – Disse ele.




Esses últimos artifícios fizeram efeito, pois a menina abriu um sorriso sincero e esfomeado e depois perguntou.




- E quando podemos ir? Adoro doce.
- Só se for agora. – Respondeu Harry, retribuindo o sorriso e depois completou, voltando-se para o tio da garota – É bom comparecer amanhã no ministério, senão eu volto. E não adianta fugir, por que eu te acho. Procuro até os confins do mundo e te acho. Fui claro?
- Sim senhor. – Respondeu Norman, ao ter a garganta liberada das fortes mãos do moreno.




Rapidamente Gina ajudou Lucy a recolher seus parcos pertences, enquanto Norman permanecia sentado em sua velha cadeira, sob os olhares atentos de Harry, que permanecia no meio do cômodo de braços cruzados. Assim que terminaram, a menina despediu-se do tio de longe, com um tímido “tchau” e, segurando na mão de Gina, deixaram o local, seguidas de Harry. Retornaram pela rua e assim que viraram a esquina, os três desaparataram.




Um instante depois, já estavam no quintal da Toca, o lar da família Weasley. Assim que entraram na sala, ouviram passos vindos da cozinha e logo em seguida, a figura da srª Weasley surgiu pela porta, parando de chofre ao ver a menina suja e esfarrapada que estava se escondendo atrás das pernas de sua filha.




- Mas o que significa isso? – Perguntou ela, atônita.
- Mãe, nós podemos explicar. Lucy fique aqui com o Harry enquanto eu converso com a minha mãe, está bem? – Pediu Gina, desvencilhando-se do abraço que esta dava em suas pernas e a estendendo para Harry, que a segurou pela mão.





Gina levou sua mãe até a cozinha para explicar a história da menina, enquanto isso Lucy começava a explorar a casa. Andava pela sala admirando tudo à sua volta. Reparou e achou muita graça no relógio da família, que não tinha ponteiros, mas retratos de pessoas que mudavam de lugar conforme estas de deslocavam. Perguntou a Harry sobre isto e demais outras coisas e o rapaz respondia prontamente tudo o que podia para sanar a curiosidade da menina. Depois de aproximadamente quinze minutos, mãe e filha retornaram da cozinha. Lucy correu e se escondeu atrás de Harry, mas assim que viu a expressão no rosto da srª Weasley, percebeu que nada tinha a temer, pois ela trazia um semblante ameno, com um misto de pena e felicidade no rosto. Obviamente, havia chorado um pouco.





- Oh! Minha criança deixe-me olhar para você. Que pecado, por Merlin, como alguém em sã consciência pode cometer uma atrocidade dessas com um anjo como você? – Disse Molly, tirando a menina detrás de Harry e analisando-a criticamente, como fazia com os filhos quando estes chegavam em casa depois de um período fora, como para certificar-se de que estavam inteiros. E continuou, falando agora para Harry e Gina – Vocês fizeram muito bem meus queridos. Esta criança precisa de cuidados, precisa de um lar decente.
- Se a senhora me permitir srª Weasley, vou enviar uma carta ao ministro solicitando a guarda provisória de Lucy. Sinto-me responsável por ela. Afinal, ela perdeu os pais por causa dos comensais, era minha responsabilidade controlá-los. – Disse Harry.
- Você não tem culpa nenhuma pelas ações dos outros Harry. – Respondeu ela – Mas pode enviar a carta a Rufus sim. Lucy ficará conosco o quanto for necessário. E ai dele se não concordar com isso.
- Muito obrigado. – Agradeceu Harry.
- Não há de que, querido. Vai ser muito bom ter uma criança correndo por esta casa novamente. Mas agora, vamos levar essa mocinha lá para cima. Ela precisa de um bom banho, trocar estas roupas sujas e depois, vamos almoçar. O que acha, Lucy?
- Eba! – Foi a única resposta que a menina conseguiu emitir.





A srª Weasley e Gina levaram Lucy para o andar de cima, diretamente para o banheiro, onde deram um belo banho na menina. Lavaram e escovaram seu cabelo, o que deu muito mais trabalho do que elas previram, pois estava tremendamente embaraçado. Precisaram de alguns feitiços para completar o trabalho, mas finalmente conseguiram.Depois de quase uma hora, finalmente deram a missão por encerrada. A criança que desceu para almoçar, em nada lembrava aquela que haviam tirado das mãos de Norman a pouquíssimo tempo. Lucy estava com um lindo vestido amarelo e um casaquinho de lã por cima, que Gina encontrara entre suas coisas. Não eram roupas novas, pelo contrário. Estavam bem surradas, mas estavam limpas e eram confortáveis. Seus cabelos, limpos e penteados, passavam um pouco dos ombros. Eram lisos e negros e estavam presos com um laço.


Quando chegaram na cozinha, foram inundados pelo cheiro maravilhoso da comida preparada pela senhora Weasley. Um ronco de fome se fez ouvir, vindo da barriguinha da criança, que ficou extremamente envergonhada e pediu desculpas, o que fez com que os outros rissem. Não pelo ronco, mas sim pela reação da srª Weasley, que literalmente saiu correndo pela cozinha afora, desesperada, arrumando a mesa. Quando esta foi posta e todos se sentaram, Gina viu que os olhos de Lucy brilhavam de fome.




- Lucy querida. – Começou ela, chamando a atenção da menina para si – Enquanto você estiver nesta casa não passará mais fome. Mas agora, você precisa tomar cuidado. Não coma muito nem muito rápido, senão você pode passar mal, está bem?





A menina não respondeu, apenas balançou a cabeça concordando, sem tirar os olhos de um magnífico bolo de carne à sua frente. Gina sorriu e serviu o almoço para ela. Apesar da fome, até que Lucy se comportou bem à mesa. Fez um pouco de sujeira, claro, natural para uma criança na idade dela e com a fome que estava. Derrubou comida na roupa, quando viu começou a chorar. Mas Harry imediatamente interveio e, com um aceno da mão, fez a roupa ficar limpa novamente, piscando para Lucy, divertindo e alegrando a menina.




Depois do almoço, enquanto ela “ajudava” Gina e sua mãe a arrumar a cozinha, Harry subiu e enviou uma carta, por intermédio de Fawkes para o ministro, contando o ocorrido, o que fizera e sua intenção de assumir a responsabilidade pela menina, mesmo que fosse provisoriamente. No final da tarde ele recebeu a resposta do ministro, com relação à confirmação da história contada por Norman sobre a morte dos pais de Lucy e anuência na permanência desta com ele e os Weasleys, com uma bela ressalva dizendo: “ Você tem uma das melhores pessoas para lhe ajudar nesta tarefa. Se Molly Weasley não souber cuidar de uma criança, ninguém mais sabe”. Enquanto isso, Molly e Gina estavam em seu quarto, com Lucy, organizando-o para que coubesse mais uma cama. Ficaria apertado, principalmente quando Mione fosse passar a noite ali, mas daria para as três dividirem o espaço. Uma pequena cama foi conjurada e disposta próxima á cama de Gina e após uma boa garimpagem em seu guarda-roupa, mais algumas peças antigas foram encontradas, para deleite da menina, que as recebia como se fossem novas em folha.




Quando a noite chegou e a família se reuniu, com a presença de Mione também, contaram o ocorrido. Todos se sentiram tocados com a situação da menina e apoiaram a decisão de Harry e Gina. Logo esta era tratada como alguém da família, com todo carinho e respeito. No dia seguinte, Harry foi até o ministério para tratar da papelada necessária. Lá ficou sabendo que Norman cumprira a palavra e se apresentara, indo para Azkaban pelos crimes cometidos. Gina, que havia saído de casa com ele, porém com destino diferente, mais especificamente o Beco Diagonal, já voltava com os braços cheios de sacolas contendo mais roupas, sapatos, casacos, etc. para Lucy, resolveu encontrá-lo no Ministério. Quando entrou pela sala dos Aurores, despertou a curiosidade dos colegas, já que ela nunca fora propensa a fazer compras. Depois de resolver os problemas ali, ambos deixaram o ministério com destino à Toca, ambos carregando sacolas, ambos felizes pelo que estavam fazendo juntos. Quem olhasse, diria que era um belo e feliz casal fazendo compras para o natal.




E por falar em natal, o espírito natalino parecia estar tomando conta de tudo e de todos. Apesar do frio, o natal que se aproximava parecia quente e acolhedor. Na Toca, com a presença de Harry e Lucy, o clima era pura alegria. Os preparativos ocupavam a todos, prometia ser um ótimo natal.






*****






Radhi navegava pelo Mar Negro. Estava cansado, com a barba por fazer. Ele sabia que aquela região estava fora do perímetro determinado para buscas, mas como ele nada havia encontrado em toda a costa de Mar Egeu, e lembrando-se do encontro entre Chú e Malfoy ali perto, em Istambul, passou por sua cabeça que o esconderijo poderia ser por ali. Expôs sua idéia a seus companheiros, sua cunhada Padma Patil e Dino Thomas, e mais dois colegas Aurores da Índia e estes concordaram em estender a busca. Ele sabia que as chances eram pequenas e que a equipe dele era a única ainda procurando. As outras haviam desistido uma semana atrás. Mas ele persistia. Atravessou o Bósforo e adentrou as águas turvas e sufocantes do Mar Negro. Olhando a sua volta agora, percebeu o desanimo se abatendo sobre seus colegas. O natal estava chegando e eles estavam ali, a centenas de quilômetros de suas famílias, há quase vinte dias dentro daquele barco alugado. Sentiu uma saudade sufocante de sua esposa, a linda Parvati e de sua filha, a bela Sulan. Não agüentando mais estes pensamentos, foi até o capitão do barco e deu ordens para retornarem ao porto de origem, estava desistindo da busca.




Se Radhi não estivesse tão cansado ou perturbado, teria percebido que aquela decisão de retornar naquele momento não havia sido tomada por ele, e sim por um feitiço protetor que havia na região. Apesar de não reparar, eles estavam navegando diretamente para uma certa ilha, encoberta por feitiços que faziam exatamente aquilo. Desviavam os navegadores e curiosos, faziam-nos desistir de ir em frente. Mas o cansaço e a fadiga falaram mais alto, e Radhi, assim como seus amigos, sucumbiram aos efeitos da proteção, viraram seu barco e deixaram o Mar Negro, sem perceberem nada.







*****







Quando amanheceu no dia de natal, Lucy acordou e espreguiçou-se. Quando abriu os olhos, seu queixo caiu. Nos pés de sua cama, havia uma pilha enorme de presentes. Ela deu um gritinho e pulou em direção aos pacotes, com uma avidez sem precedentes. Ela nunca havia ganhado presentes do tio e não lembrava de ter ganhado tantos dos pais. Na verdade, ela nunca vira tantos presentes em toda sua vida. Abriu os presentes com um desespero e uma alegria indescritíveis, maravilhando-se com o que ganhava a cada pacote aberto. Quando terminou a pilha – O que demorou mais de uma hora – Levantou-se, trocou-se e desceu as escadas correndo. A primeira pessoa que viu foi Harry, que estava em pé na sala, conversando com Gui, que viera passar o natal com os pais. Ela correu para ele e pulou em seu pescoço, quase derrubando o rapaz.




- Harry! Obrigada, obrigada, obrigada. Adorei o presente. Você é demais, sabia? – Disse ela.
- Hei, calma aí. – Disse ele, rindo – Assim você me mata, baixinha.
- Eu não sou baixinha. Você é que é muito grande. – Respondeu ela, cruzando os braços – Oi Gui. Obrigada pelo presente também.
- Foi um prazer Lucy. E aí, estão te tratando bem por aqui? - Disse Gui.
- Uhum! Muito bem, obrigada.- Agradeceu ela.
- Estávamos combinando de desgonomizar o jardim. Quer nos ajudar, projeto de bruxa? – Perguntou Fred, entrando pela porta da cozinha.
- Eu posso? – Acendeu-se a garota.
- Só depois de tomar café. Senão a mamãe desgonomiza a gente. Vai lá, a gente espera. – Disse Jorge, que entrava atrás do irmão.






Lucy correu para a cozinha, tomou seu café apressadamente e passou a manhã inteira ajudando os gêmeos e Rony a desgonomizar o jardim, numa verdadeira bagunça. O resto do natal foi tão divertido e harmonioso quanto até ali. Era o melhor natal da vida de Lucy e era ótimo para Harry também, que se sentia fazendo parte de algo, de uma família ali. E Lucy também ajudava a alegrar seu coração.




Apesar de não terem mais tocado no assunto, ele sentia que alguma coisa estava diferente entre ele e Gina. Ele não sabia se o que havia sentido era ciúme, mas o que mais poderia ser? Ele nunca havia sido tão irracional em sua vida. Ficava pensando no assunto sempre que estava sozinho e não encontrava outra explicação. Ficava extremamente envergonhado quando seus olhares se cruzavam e ela dava aquele sorriso maravilhoso. Ele sabia que ela estava se lembrando da cena, e sabia que ela havia gostado do ocorrido. Mas o que isso significava? Isso ele ainda não sabia responder.




À noite, Mione trouxe de seu apartamento seu conjunto de som enfeitiçado, onde tocou várias músicas, trouxas e bruxas com temas natalinos. A família se reuniu na sala, em volta da lareira, cantando as músicas animadamente. Um em especial agradou a todos e foi repetida diversas vezes. Era de autoria de um Inglês, um trouxa, que morrera há pouco tempo. Seu nome era John Lennon, e a música era...


So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young

A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas
For weak and for strong
For rich and the poor ones
The world is so wrong
And so happy Christmas
For black and for white
For yellow and red ones
Let's stop all the fight
A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
And a new one just begun
Ans so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear
War is over
If you want it
War is over
Now...




*****





O ano novo chegou e passou na mesma alegria e com a mesma comunhão que o natal. Todos celebraram juntos, felizes e satisfeitos. Mas a vida já retomava sua rotina normalmente. O primeiro fim de semana do ano se aproximava, era uma sexta-feira à tarde e era o primeiro plantão de Mione do ano. Era também o primeiro plantão em noite de lua cheia que ela pegava em meses. Hermione aparatou na rua do hospital e caminhou tranqüilamente, acessando a recepção do hospital. Por ser uma sexta-feira, inicio da noite, o movimento ainda era pequeno. Olhou para a mesa da recepcionista e estranhou ao ver Margot ali. Ela era do turno da manhã, não do turno da noite.




- Margot? O que você está fazendo aqui? – Perguntou ela.
- Boa noite Drª Granger. – Respondeu a moça, levantando o olhar – Eu estou cobrindo a Sally, a recepcionista da noite. Parece que a mãe dela não está bem e ela teve que ir visitá-la na Escócia, e pediram para eu substituí-la.
- Sério? Espero que não seja nada grave. Uma boa noite para nós duas, então. – Disse Mione, dirigindo-se para o elevador que dava acesso ao seu consultório, cruzando distraidamente com um homem que arrastava uma perna e se dirigia para a porta.





O homem, que arrastava a perna, tinha a cabeça coberta pelo capuz de sua capa. Sorria discretamente, enquanto saia do hospital. Lá chegando, foi até próximo a uma grande lixeira, onde mais algumas pessoas estavam escondidas, sentadas no chão.






- Finalmente! – Disse Fenrir, tirando o capuz – Esta é a noite, companheiros. Eu vi a sangue ruim entrando no hospital para trabalhar.
- Tem certeza, Fenrir? – Perguntou um homem de tez negra, que devia ter mais de dois metros de altura e uma cicatriz no rosto – Estamos esperando há meses, não agüentamos mais essa história, essa espera.
- Sim eu tenho. Acabei de cruzar com ela. Reconheci seu cheiro, seu perfume é maravilhoso. E ela está linda, Karl. – Disse ele, olhando para o homem negro – Mais linda do que nunca. O sangue dela deve estar ainda mais doce, regando todo aquele corpinho... A carne dela deve ser macia e suculenta... Mal posso esperar para cravar meus dentes nela. Não se esqueçam, podem devorar todos que estiverem aí dentro, mas a Granger e o Weasley, se ele aparecer, são meus. Entenderam?
- Claro chefe. – Disse Karl, em nome de todos.
- Muito bem. Chamem os outros. Agora só precisamos esperar a lua surgir e então senhores... O jantar estará servido... – Concluiu o monstro, com uma estrondosa gargalhada enquanto se sentava e esperava o pálido dia de inverno terminar e a lua cheia nascer. Aos poucos, outras pessoas se juntavam a eles, em pouco tempo eram aproximadamente trinta, entre homens e mulheres, nas imediações da entrada do Hospital Saint Mungus.


Aos poucos o sol desapareceu e assim que a lua cheia se fez presente, uma sinfonia de uivos lancinantes se fez ouvir pela noite.


N:A: - O personagem Lucy, que inseri neste capítulo, no inicio havia me inspirado apenas no personagem de mesmo nome do filme Cronicas de Narnia. Achei aquela menina linda, muito fofa. Mas, depois, achei uma boa oportunidade de mandar a minha mensagem com relação à situação das crianças que vivem nas ruas ou são exploradas por parentes nas grandes cidades. É uma vergonha, e precisamos fazer alguma coisa. Pode ter sido uma colaboração pequena esta, mas é mais um aviso, para que não nos esqueçamos.


Por outro lado, estamos nos aproximando do natal, época de pensarmos no próximo. Espero que o que escrevi dê algo para pensar neste sentido.


Molly, quando escrevi a parte da recepção da Lucy na Toca, pensei em você. Parabéns por ser a maezona de todos que você é.


Espero postar o próximo cap - Lua cheia... De Sangue antes do natal, espero que de certo. Não demorei para postar este cap pensando especificamente nesta data, foi conicidencia a proximidade.


Queria agradecer mais uma vez aos comentários, já são mais de trezentos, me dando apoio, me corrigindo e me cobrando. Muito obrigado mesmo. Espero que a espera tenha valido a pena.


Até o próximo.

Beijos e abraços,


Claudio

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Comentários (2)

  • vitoria67

    esta incrivel esta fic e e claro que lucy com dona molly em... e acho que e uma claro referencia a vidadde harry

    2013-02-19
  • Jonathan

    achei otimo a sua ponderação sobre as crianças, esta de parabens. há e vc escreve muito bem.

    2011-04-03
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