Emboscada



Olá a todos vocês que se propuseram a ler esta fanfic! Gostaria de dizer que esta história, assim como a grande maioria de seus personagens, são de propriedade de J.K. Rowling; eu só os peguei emprestado para me divertir um pouco.


E gostaria de agradecer às minhas beta readers: Simone Lima, também conhecida por estas bandas como Monesakura, à Miih (Camila) e à Cassandra Ridlle (Cassy), por terem me cedido seu precioso tempo revisando e me ouvindo.


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Parte II - Emboscada


...Percy surgiu atrás do velho auror logo em seguida, inspirando o ar como se tivesse acabado de ser salvo de um afogamento.


- Perdão... senhor – disse Percy, arfante – eu tentei... – porém Scrimgeour o dispensava com um gesto da mão. Sabia bem como segurar aquele velho auror podia ser um trabalho difícil.


- Alastor. Há quanto tempo.


- Não me venha com suas ironias, Scrimgeour – Moody cruzou as mãos nas costas e pôs-se a andar de um lado a outro – espero sinceramente que tenha posto seu orgulho idiota de lado e tomado alguma medida sobre o que conversamos.


O ministro soltou um curto suspiro e se recostou na cadeira, ciente o bastante do motivo dele o estar pressionando – como se fosse só ele - pensou, lembrando das cobranças e das notícias recentes nos jornais, sem falar dos boatos na boca do povo. Com isso tudo em mente, após um longo tempo analisando os prós e os contras, acabou por aceitar a sugestão que Moody lhe dera... inclusive já havia tomado as providências, tentando esquecer por um momento que o fato de acatar os conselhos de um auror aposentado apenas carimbava oficialmente o estado preocupante em que se encontrava o Ministério. Vendo-se sem opções, acabou por declarar derrota e admitir que era a ideia mais sensata de que dispunha no momento. E a mais arriscada, também.


Rufus se permitiu um flashback de uma semana atrás, quando encontrava-se de diante da lareira em seu gabinete, já bem depois da meia noite, analisando como a viagem pela rede de flu que estava prestes a fazer poderia causar desagradáveis efeitos colaterais devido à enorme distância física entre “aqui” e “lá”, além de requerer um pedido formal ao setor adequado do outro Ministério da Magia, em que constasse o exato porquê de se querer deslocar do país “A” ao país “B” via lareira. Mas ele era o Ministro da Magia, afinal de contas; tudo seria válido para manter aquela viagem no mais absoluto sigilo, ao menos por ora.


Infeliz do sujeito que tentar isso sem os devidos ajustes”, pensou Rufus, rindo para si mesmo. Sem mais demora, jogou o pó de flú nas chamas, esperando que seus miolos continuassem no lugar em que sempre estiveram durante o processo.


- Bulgária, Ministério da Magia – anunciou, deixando que seu corpo fosse envolvido pelas verdes labaredas.


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A luz da lua chegava com dificuldade àquela parte sombria do subúrbio da cidade. O único sinal de vida em um determinado beco escuro provinha do interior de uma construção de fachada decadente, que na melhor das hipóteses, passava a impressão geral de “mal conservado”, com rachaduras ameaçando as paredes, além de uma placa de ferro bastante enferrujada e caindo de um lado acima da porta de entrada. Luzes fracas e opacas emanavam das janelas superiores.


Uma densa névoa de fumaça de cigarros infestava o interior do local, somada ao cheiro forte de bebida destilada e algo mais sórdido. Seus frequentadores não pareciam se importar nem um pouco com o clima pesado do lugar, absortos em gargalhadas estridentes, abafadas pelo som vibrante de uivos e assobios, em pleno show de strip-tease.


Havia um pequeno grupo de homens reunidos diante do balcão, parcialmente alheios ao espetáculo que se desenrolava a poucos metros. Seus trajes negros e longos, alguns com capuzes cobrindo a cabeça, destoavam do visual geral do local, mas eram na maioria das vezes simplesmente ignorados ou confundidos com um bando de malucos vestidos para o Halloween, já que a variedade de roupas, penteados, mechas de cabelo coloridas, piercings e tatuagens circulando ao redor os tornava praticamente imperceptíveis.
Alguns destes homens ora olhavam ao redor com nada menos que repugnância na face pelo simples fato de estarem ali, ora não tiravam o olhar dos seios à mostra da stripper, balançando ao som da música. Outros deles exibiam sorrisos amarelos e maliciosos a esmo, como se soubessem que algo estava para acontecer.


De certa forma, eles estavam certos.


Por um breve instante, ninguém do grupo percebeu um homem com rosto oculto e vestes negras semelhantes às suas, esgueirar-se entre a maré masculina que se esbarrava para chegar mais perto do palco – e dos tornozelos da jovem dançarina seminua -, com uma das mãos ocultas nas costas, vir na direção deles e parar a poucos metros. Foi quando um mais atento de cabelo louro levantou o olhar e o percebeu.


- Ah, Avery – o louro disse para que seus companheiros ouvissem – mais um pouco lá dentro e pensaríamos que você tinha se afogado na privada – o comentário arrancou gargalhadas do resto do grupo.


O sujeito a quem chamaram de Avery gargalhou junto, embora o capuz e a máscara que encobriam seu rosto ocultassem sua expressão. O som da ironia ainda continuava, quando Avery silenciou de súbito e revelou a mão,  erguendo-a acima da cabeça.


Ele segurava um objeto metálico negro, composto de uma pequena empunhadura provida de gatilho e uma peça cilíndrica afixada à base de um cano curto e oco que agora apontava para o teto. O metal do cano refletia vermelho em contato com a iluminação artificial do local.


Antes que as pessoas ali presentes pudessem reconhecer, brancas de pânico, o objeto em sua mão, ouviram um estampido breve e ensurdecedor, seguido do aroma inconfundível de pólvora.


- Liberem o local. – ecoou uma voz masculina suave, porém forte e clara o suficiente para que fosse ouvida nos breves instantes entre o silêncio causado pelo choque inicial e a instalação do tumulto que se seguiu. Apenas o pequeno grupo de homens em frente a Avery permaneceu no local, assistindo passivamente o aglomerado de pessoas a espremer-se de qualquer modo na a única porta de saída. Alguns deles riam e questionavam entre si porquê fugir do ruído daquela coisa metálica como se ela pudesse fazer algum enorme estrago de repente.


Não demorou muito até que a sinfonia estridente de gritos cessasse e o portão duplo de metal se fechasse sozinho com um rangido atrás deles, deixando o silêncio cair pesado sobre o ambiente.


Clap... clap... clap...


O louro levantou-se de seu assento batendo palmas. Os outros quatro agora analisavam o recente espetáculo com um misto de curiosidade e desconfiança.


- Foi um belo show, Avery, devo admitir. Só não entendo o porquê de ter interrompido nosso pequeno... divertimento, fazendo todo mundo ir embora mais cedo – concluiu, erguendo uma peça íntima deixada no chão – e ainda por cima com este artefato estúpido que tem nas mãos.


- Ah, peço que me perdoe, Nott. Eu realmente sinto muito. – ele respondeu, tirando sua máscara e atirando-a ao chão displicentemente, revelando uma face marcada por cicatrizes, ainda mais deformada pelo sorriso cínico estampado no rosto. Avery começou uma caminhada lenta de um lado a outro do salão sem nunca tirar o grupo de seu campo de visão, girando o objeto metálico nos dedos numa espécie de brincadeira maliciosa.


Nott olhou de soslaio para os outros comensais, finalmente assimilando o tom estranhamente sarcástico na voz de Avery. Suas ações de alguns minutos atrás não haviam sido como planejado; ao invés disso ele acabara de simplesmente afugentar e dispersar aquele bando imundo de trouxas. Definitivamente, havia algo errado. Um outro comensal já se adiantara e tratava de enfiar lentamente a mão por dentro da capa.


- Estamos lentos para perceber as coisas hoje, não? – Avery deu um pequeno esgar - E, a propósito...


Enquanto falava, apontou o objeto para o comensal que havia tirado sorrateiramente a varinha das vestes, provocando outro estampido alto como aquele que dissipou a multidão. O impacto que atingiu o braço do homem o fez soltar um grito lancinante de dor e largar longe a varinha.


– ...Estas belezinhas até que são bem úteis.


O comensal atingido se atirou gemendo ao chão em busca da varinha, mas o que caiu foi apenas seu corpo inerte quando um jato vermelho lhe acertou o flanco. Os outros quatro já estavam de pé com as varinhas em punho quando Avery voltou a encará-los com a própria varinha também erguida, fazendo um par inusitado com a outra arma.


- Isso é traição? – Nott murmurou entre os dentes, mas logo mudou de expressão e passou a exibir um brilho diferente no olhar – Não importa, levarei sua cabeça de presente para o lorde, tenho certeza de que ele ficará bastante satisfeito.


Avery não parecia mostrar sinais de medo ou preocupação mesmo em clara desvantagem numérica, o que não impediu os comensais de fecharem um círculo ao seu redor, visando encurralá-lo contra a parede oposta.


- Afastem-se todos vocês, ele é meu. – Nott anunciou.


Faíscas roxas voaram de sua varinha, mas chocaram-se contra um escudo translúcido conjurado por Avery. O comensal atacante só teve tempo de notar, abismado, seu feitiço voltar contra si mesmo antes de seu corpo ser violentamente arremessado contra as prateleiras de bebidas e despencar para trás do balcão.


Ao invés de preocupar-se com a própria integridade física devido ao restante do grupo, Avery manteve o escudo e deixou que sua atenção fosse desviada para algo no teto.


Seus adversários ficaram confusos ante a atitude do ex colega e cometeram a sandice de também olhar para cima, de onde avistaram uma figura humanóide se atirar de seu esconderijo entre as vigas de madeira do alto e cair agachada no espaço vazio entre eles.


A figura se ergueu em posição ereta, revelando a forma de uma pessoa de estatura alta. O que os comensais puderam ver, a princípio, foram as costas de um sobretudo negro e longas mechas castanho avermelhadas caindo-lhe pelos ombros, além mãos esguias e quase impossivelmente pálidas. Eles decidiram não esperar pelas apresentações formais e atacaram-no ainda por trás, porém seus feitiços apenas bateram nas costas do estranho sem causar nenhum dano aparente.


O espanto daqueles homens foi ainda maior quando o recém-chegado continuou imóvel, perfeitamente imune aos ataques. Eles conheciam um tipo de ser capaz de resistir a uma grande variedade de feitiços provenientes de magia negra: os lobisomens. Não raro, era necessário que vários ataques fossem lançados em conjunto para derrubar uma fera como esta, e mesmo assim, tal habilidade se dava apenas quando transformados sob a lua cheia, o que não parecia ser o caso ali.


A possibilidade de haver uma outra classe de seres com habilidades semelhantes se encontrava bem adiante, com o rosto agora de perfil mostrando os dentes cerrados, esboçando uma espécie de sorriso nada amigável, de onde sobressaía um canino branco como marfim.


- Isso faz cócegas – disse o recém-chegado, com um tom de voz  suave e afável que continha uma leve insinuação de ameaça – mas eu detesto que um bando de marmanjos me faça cócegas.


O rosto dos comensais se distorceu em fúria, não apenas pela ameaça na voz do sujeito, mas porque muitos deles tentaram em vão aparatar, constatando que o lugar havia sido previamente enfeitiçado contra fugas.


-~oOo~-


No próximo capítulo:


Você acha mesmo que Você-sabe-quem mandou seguidores fiéis tão longe apenas para matar um único traidor, que por sinal era o Diretor de Durmstrang? Nós sabemos o que ele planeja fazer, e também sabemos exatamente como ele pretende fazer isso. Karkaroff foi só um maldito bônus!


Nota:


Olá novamente!


Vocês reconhecerão alguns trechos como pertencentes à linha cronológica do 7º livro, e outros não. O plano é ser tão fiel ao livro quanto me for possível, à medida que a história for avançando.

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