Prelúdio



Olá a todos vocês que se propuseram a ler esta fanfic!


Esta história, assim como a grande maioria de seus personagens são de propriedade de J.K. Rowling; eu só os peguei emprestado para me divertir um pouco.


Eu gostaria de agradecer às minhas beta readers: Simone Lima, também conhecida por estas bandas como Monesakura, à Miih (Camila) e à Cassandra Ridlle (Cassy), por terem me cedido seu precioso tempo revisando e me ouvindo.


Parte I - Prelúdio


A luz do sol se esvaindo preguiçosamente pela grama, com uma brisa suave que tocava tudo em seu caminho, fazia daquela uma bela tarde, embora ninguém reparasse.


O calor aconchegante de fim de tarde tornava o ambiente propício a brincadeiras à beira do lago, porém nada disso estava acontecendo.


Harry sentia um imenso vazio ao ver a fila fúnebre de botes afastando-se da ilhota no meio do lago, onde ele tivera de dizer adeus a Dumbledore. A cerimônia fora breve e solene, com alguns professores e o Primeiro Ministro a dizerem palavras que apenas ricochetearam em seus ouvidos inertes. O garoto sorriu, e uma lágrima escorreu pelo seu rosto, ao imaginar que talvez, seja onde estivesse, Dumbledore estaria lastimando o tom cinzento e monótono da “festa”, que em nada lembrava aquele Diretor alegre e jovial de seus primeiros anos em Hogwarts.


Os botes ancoravam na margem, alunos desciam, alguns deles talvez para nunca mais voltar. Uns se davam ao trabalho de olhá-lo e apenas balançar a cabeça. Por um momento, desejou ser qualquer uma daquelas pessoas, livrar-se da sensação de vazio que insistia em perturbá-lo. Sentia-se completamente sozinho e recluso em seus próprios pensamentos até uma mão tocar seu ombro.


- Harry... – disseram duas vozes.


- Lupin. Tonks. – ele cumprimentou. A expressão sempre suave do professor de uma forma estranha o fez sentir-se melhor, e ele soltou um longo suspiro.


- Harry, você veio até aqui e ficou solitário boa parte da tarde. Rony e Hermione já estão preocupados. Venha, é hora de irmos, um bom descanso lhe fará bem.


Harry foi obrigado a pensar numa outra coisa. - Terei de ir novamente passar péssimos dias com os Dursley – disse para si mesmo.


- Só vai ter de agüentar mais um pouco. Infelizmente isso é necessário, você sabe, Harry. E Dumbledore iria querer que você fosse. – Fez uma pausa só para notar como ele tinha o olhar distante – Mas não precisará ir agora. Você, mais do que ninguém, tem o direito de descansar um pouco na Toca antes.


Harry olhou mais uma vez a tumba branca, sem sentido, e obrigou-se a virar as costas.


- Então vamos – disse apenas. Logo eles eram mais um ponto à distância, se afastando dos jardins.


* * * *


Uma pessoa havia permanecido nos jardins da escola depois que todos se foram. Esta pessoa mirava com desconfiança um ponto além dos grossos e retorcidos troncos da floresta proibida, e se alguém pudesse ver sua expressão naquele momento, mudaria o trajeto e apressaria o passo.


Rufus Scrimgeour repassava aquela cena em sua mente, agora sentado em seu gabinete, o olhar fixo num ponto qualquer da janela enfeitiçada que por um acaso exibia a réplica de um céu nublado, embora ele nem notasse.


“Foram tempos difíceis”, pensou. “trouxas mortos, bruxos igualmente mortos ou desaparecidos... até mesmo muitos aurores...”


Desaparecidos.


A palavra vagava de um lado a outro do seu cérebro.


A visão que havia tido nos terrenos da escola, quase uma semana atrás, teimava em invadir seus pensamentos. Ele poderia jurar ter visto algo espreitando na borda da floresta. Algo familiar. Um corpo e um rosto, talvez.


Não, já havia analisado possibilidades mais nefastas, e aquilo estava fora de cogitação. Aquele homem não poderia estar se aventurando por ali. Não tão perto dos centauros, poderia?


Mexendo mais uma vez o corpo na cadeira, achou-se patético quando se deparou cogitando a possibilidade de “estar vendo coisas”. Um ministro da magia não pode andar por aí simplesmente “vendo coisas”, justamente agora que não podia nem pensar em tirar férias.


toc... Toc... TOC...


Já ouvira tanto essa batida na porta do seu escritório nos últimos dias que não precisava mais adivinhar de quem se tratava. Após ter dado a permissão para Percy Weasley entrar envolto em seus relatórios e manchetes d´O Proteta Diário, foi Alastor Moddy quem invadu a sala, mancando apressado até o gabinete, mantendo o olho bom focado em Scrimgeour.


A pessoa que o Ministro de fato esperava surgiu atrás do velho auror logo em seguida, inspirando o ar como se tivesse acabado de ser salvo de um afogamento.


* * * *


A luz de uma lua avermelhada revelava uma rua deserta. Casas jaziam embaladas por um sono profundo, alheias ao ar tenebroso se acumulando, deixando tudo silencioso como a morte. Assim permaneciam os cômodos da antiga Mansão da família Black, emanando antiguidade e exalando cheiro de mofo. Uma mão magra de unhas escarlate tateou a parede, agora fria e escura; acariciou também um velho armário cujo espelho sujo de poeira refletia com dificuldade uma mulher de longos e revoltosos cabelos negros que examinava despreocupadamente cada recanto da sala, iluminada fracamente por chamas azuis. Parecia que pedaços da própria escuridão haviam se desgrudado das sombras e agora vagavam pelo lugar. A mulher rodopiou sobre si mesma, seus olhos se iluminando ante a visão da figura alta de pele acinzentada no meio de outros tantos vestidos de negro assim como ela.


- Chegou a hora. – disse uma voz semelhante ao sibilo de cobras – Meus caros comensais... finalmente o dia que eu aguardava com tamanha intensidade. – Lord Voldemort abriu os braços enquanto falava – Está ao alcance de nossas mãos, o velho está finalmente morto. MORTO! – bradou por fim, abrindo um sorriso para fazer par aos braços esticados em uma exultação doentia.


Voldemort pareceu sair de um transe momentâneo, e sua expressão voltou a ser dura e implacável.


- Uma pena não ter saído tudo exatamente como planejado.


Vários pares de olhos fixaram-se num corpo caído e arquejante à sua frente: Draco Malfoy encontrava-se arqueado sobre si mesmo, tentando se controlar para não gritar de dor.


– Impossível tolerar tanta fraqueza na mesma família. – sussurrou Voldemort com desprezo na voz, então ignorou a cena e voltou a olhar os comensais. - Mesmo com este... erro, devemos parabenizar aquele que nos proporcionou este dia glorioso. – estendeu a mão tão branca quanto um fantasma para o meio das tantas figuras trajadas de negro que o rodeavam, entre as quais um homem se destacava por estar apenas de camisa branca e calças pretas.


- Foi um prazer servi-lo, milord.


Severus Snape se pôs diante de Voldemort ciente dos olhares invejosos sobre si, embora estivesse calmo e frio, com apenas um leve erguer de lábio denunciando o que deveria sentir naquele momento. Usava apenas a camisa branca da qual antigamente só se viam pequenas tiras no colarinho e nas mangas, quando ainda mantinha seu cargo de professor e braço direito de Dumbledore. Tal vestimenta, antes impecável, agora se encontrava em estado de total miséria, retalhada por longos rasgões ainda com manchas frescas de seu próprio sangue, e Voldemort fizera questão que ele permanecesse assim até aquele momento.


- Observem todos vocês, o que acontece no fracasso – Voldemort apontou o torturado Draco caído no chão – e na vitória – continuou, erguendo a varinha e lançando um feitiço que cicatrizou as feridas de Snape, deixando ali apenas os rasgos avermelhados.


- Muito obrigado, milord. – Snape murmurou, inclinando o corpo em reverência.


- Os fracos devem ser punidos. – murmurou Voldemort, e voltou a olhar Draco – O que acha que devo fazer com o inútil do seu pai?


Ainda no chão, Draco ergueu a cabeça, os olhos vermelhos não conseguindo esconder o medo que sentia. Narcisa se precipitou de entre os comensais presentes e caiu de joelhos ao lado de seu filho.


- Não! Por favor, meu marido não!


- Ah, entendo. Talvez prefira seu filho, que se mostrou incapaz de servir a mim. – sua varinha era erguida mais uma vez – Avada...


- Milord – interveio Snape –, se me permite, penso que Draco ainda merece uma oportunidade. Deixe o garoto vivo e, caso ele realmente seja capaz, lhe dará alguma prova. Caso contrário – e baixou a vista para Narcisa – morrerá tentando.


Voldemort fixou os olhos afilados em Snape por alguns instantes. Snape manteve o olhar, e não moveu um músculo sequer.


- Como estamos numa ocasião especial, e para mostrar minha... generosidade, que assim seja. Agora, meus comensais, espero que cumpram com êxito as ordens, estamos mais livres do que nunca! 

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