O segredo de Julie



Capítulo 17

O segredo de Julie


Lily observava o gramado de Hogwarts. Sempre o achara mais bonito a noite, quando se tornava verde escuro e o castelo era iluminado pela fraca luz das estrelas.

Imaginava-se correndo pela grama com um lindo vestido branco. Por vezes olhava para trás, como se esperasse alguém.

De repente um homem moreno, forte e de olhos castanhos incrivelmente esverdeados pelo luar aparecia e começava a correr atrás dela.

Com um sorriso bobo, corria para a orla da floresta e finalmente o rapaz a alcançava.

Passava a mão devagar sobre seu rosto, tirando-lhe o cabelo da face que teimava em voltar por culpa da ventania.

-Você está linda, mas ficaria ainda mais bonita de coque...

-Como você é bobo Tiago.

“Chega Lílian.” – disse Lily se interrompendo. – “O que você é uma garotinha de onze anos? Pior: Tiago. Você teve essa fantasia ridícula com o Tiago. Não que ele continue o mesmo Tiago, sabe como é... Ele tem andado muito melhor. Mas mesmo assim...”

Samantha bocejou da sua cama, despertando a ruiva de pensamentos.

-Você não está se intrometendo, né? – a ruiva perguntou na defensiva.

-Óbvio que não. – respondeu Sam, no que Lily sentou na cama parecendo aliviada. – Mas não entendi a parte do coque.

-SAMANTHA!

A morena riu e mordeu o lábio inferior:

-Alguém ‘tá afim do Potter, hein?

Lily bufou.

Julie entrou no quarto e jogou-se na cama da ruiva:

-Cheguei meninas. Sentiram minha falta?

-Não. – disseram Lily e Sam em uníssono.

A loira fechou a cara.

-Do que vocês estavam falando?

Lily lançou um olhar à amiga de “Não-se-atreva”.

-Do Potter. – a morena respondeu com um sorriso malicioso.

Julie sentou-se na cama interresada.

-Do Tiago? Lily, você falando do Tiago?

A ruiva revirou os olhos e se manteve quieta.

-É. Sobre como é bizarro o “negócio” que ele faz com os cabelos. – disse Sam, com um sorriso discreto. Lily inspirou profundamente. Graças a Deus! Samantha não abrira a boca.

-Ah. – fez Julie. – Isso?

A loira bagunçou os cabelos como o maroto, fazendo as outras rirem.

-Exatamente. – disse a ruiva.

-Não entendo como somos amigas deles, Lil.

-Nós? Desculpe, eu adoro o Remo, Ju, mas quem sempre foi amiga do Sirius e do Tiago foi você.

Julie riu:

-Mas a nossa vida seria um saco sem eles, né?

Lily revirou os olhos e observou a cama da Charly.

-Onde será que ela foi?

Samantha e Julie deram de ombros.

-Provavelmente está por aí com alguém. – disse Sam.

As outras consideraram a afirmação da morena. Charly era exatamente o tipo que saia atrás de meninos e voltava no dia seguinte.

Julie se lembrou do momento incômodo que passara durante a tarde e começou a estalar os dedos.

-Você ‘tá bem? – perguntou Lily vendo que a amiga adotara uma postura nervosa.

Sem raciocinar muito bem, virou-se para a morena:

-Doeu?

-O que doeu? – ela retrucou em um bocejo.

-Quando você fez amor com o Mattew.

Samantha sentou-se na cama risonha:

-“Fez amor”... Isso é tão clichê. Mas me digam vocês duas nunca...?

Lily e Julie fizeram que não com a cabeça.

-Mas e o Remo?

-Bem... – Julie começou levantando-se e andando de um lado para o outro. – Hoje a tarde a gente quase transou. Quero dizer, não quase... Ele queria não eu. Foi a primeira vez que a gente chegou perto de fazer alguma coisa.

Sam arqueou as sobrancelhas.

-O Lupin é mesmo diferente dos amigos. – disse a ruiva pensativa.

-É... Talvez... Mas eu não tenho coragem de nada ainda.

-Então não faça. – disse a morena com um sorriso amigo.

-Mas dói?

Lily observou Sam subitamente interessada.

-Digamos que é incômodo. – a morena riu. – Mas é muito, muito...

-Bom? – a ruiva perguntou com um sorriso maroto ao ver Sam fechando os olhos.

-Quando se faz com quem ama. Quero dizer, você não tem vontade, Ju?

A loira corou.

Samantha riu, no que Julie atirou-lhe uma almofada na cara.


-.-.-



-Pontas? – chamou Sirius observando o amigo estudando qualquer coisa em um livro sobre trouxas.

-Hum?

-Por que você ‘tá fazendo essa matéria?

-Lily.

-Ah. – fizeram Remo e Sirius ao mesmo tempo.

-Quer jogar uma partida de xadrez bruxo? – perguntou Remo no mesmo instante para o amigo.

-Claro!

Os dois sentaram se no chão e montaram o tabuleiro.

-Hey, Remo? – chamou Tiago por trás da mesa de repente querendo deixar o livro de lado.

-Quê?

-Qual a diferença entre “socilismo” e comunismo?

Remo revirou os olhos, risonho:

-Socialismo, Tiago.

-É... Tanto faz. Qual é?

-Estude. Não vou te ajudar sendo que eu sou meio trouxa. Seria completamente injusto.

-Mas até aí a Lily é bruxa nascida trouxa. Já sabe de tudo isso!

-Sorte dela. – disse Sirius, no que o loiro concordou.

Tiago fechou a cara e voltou-se para o livro.

-Ah, Aluado! – exclamou Sirius. – Não acredito que comeu a minha torre!

Remo riu.

Tiago voltou-se para os dois e observou o tabuleiro:

-Mas você é uma anta, Sirius! Dava para você ter feito outras jogadas!

-Estude! – disseram Sirius e Remo sem encarar o moreno.

Tiago parecia não se agüentar na cadeira e sentou-se no chão ao lado dos amigos.

-Eu estudo amanhã.

Sirius e Remo reviraram os olhos.

-E aí? O que acharam da conversa hoje no salão hein?

-A verdade? Fiquei surpreso. – disse Sirius enquanto observava o loiro derrubar mais uma peça.

Remo assentiu estudando as casas do tabuleiro.

-Sam parecia não ser. – disse Tiago.

-Por quê? – Sirius pareceu um tanto irritado. – Você acha que ela é vagabun...?!

-Não! – interrompeu o moreno. – É claro que não, Almofada. É que ela tem um ar mais maduro do que as nossas garotas, né Reminho?

Remo revirou os olhos:

-Pare de imitar a Julie. – disse o loiro coçando a cabeça. Sirius riu, no que Tiago fez cara de vítima. – E desde quando a Lily é sua garota?

Tiago crispou os lábios.

-Ela vai ser.

Sirius riu murmurando um: “Vai sonhando”.

-E a Julie? Vocês por acaso...? – perguntou Tiago.

-Não. – disse Remo. – Ela é virgem.

Tiago e Sirius sorriram como se concordassem. Potter arrumou os óculos.

-A Lily também deve ser. – começou Sirius. – O jeito que ela ficou quando a Charly pediu um fio...

Tiago começou a rir.

-Do quê você está rindo seu trouxa? – perguntou Sirius.

-O Remo acabou de fazer xeque-mate em você.

O moreno se voltou para o tabuleiro. Remo cruzara os braços confiante.

-Que droga, veado! – exclamou Sirius. -Você secou o jogo.


-.-.-


Os alunos grifinórios e sonserinos do sétimo ano estavam saindo da aula de Herbologia. Julie parecia extremamente irritada. Uma das plantas jorrara um líquido viscoso em seu casaco que não queria sair de jeito nenhum.

-Oh Sirius, cale a boca... – disse Samantha.
Sirius riu embasbacado:

-Mas é verdade!

-Escuta, deixa eu explicar... – Sam começou.

Remo foi andando em direção aos dois com um sorriso extremamente feliz brincando nos lábios.

-Vocês viram?

Sirius e Samantha pararam de rir e olharam para o amigo.

-O quê? – perguntaram em uníssono.

Julie se juntou a eles xingando Deus e o mundo. Tentava diversos feitiços para limpar o tecido, mas não conseguia.

-O Tiago e a Lily.

Os morenos arquearam as sobrancelhas sem entender. Julie desistiu e arrumou a franja atrás da orelha:

-O que têm eles?

Remo não respondeu, apenas apontou para um local a certa distância do grupo. Os outros três mudaram o rumo do olhar para onde Remo apontava e viram:

Tiago e Lily andavam lado a lado. E Lily ria.

Lílian Evans estava rindo de Tiago Potter. Os dois pareciam estar realmente entretidos com a conversa, e de vez em quando, esbarravam com os braços por estarem andando próximos. Se fosse há algum tempo atrás, Lily o xingaria, mas ela não parecia notar.

Isso é o que eles pensavam. A verdade era que Lily estava adorando a companhia do maroto.

-Finalmente eles estão se entendendo! – disse Sirius satisfeito.

Samantha concordou achando tudo muito estranho.

-Vamos nos juntar a eles? – perguntou Julie, no que os outros assentiram.

Sirius, Sam, Remo e Julie estavam a poucos passos longe dos amigos quando de repente ouviram uma voz arrogante:

-Sirius!

Tiago e Lily voltaram-se para eles.

Belatriz caminhava em direção ao primo. Charly a seguia com um ar cansado e melancólico.

-Escuta: o tio Órion por acaso mandou uma carta endereçada a você por engano?

Sirius revirou os olhos estudando a prima:

-É claro que não. Eles nunca me escrevem...

Bela bufou, jogando os cabelos negros para trás:

-Porcaria... Onde a droga da carta foi parar...? Se encontrar me entregue ouviu pirralho?

Samantha mordeu o lábio inferior observando o braço de Belatriz. A manga escorregara um pouco e deixou a mostra uma marca.

“Não... Será?” – pensou a morena.

-Pirralho... Belatriz, nós temos a mesma idade. – disse Sirius irritado.

Bela revirou os olhos, com um sorriso perigoso:

-Como quiser Six, como quiser...

Belatriz começou a tomar seu caminho, mas antes parou e fitou Tiago durante um instante:

-Fiquei sabendo da sua fuga da enfermaria. Me admira Filch ainda não ter te procurado para uma detenção.

Tiago revirou os olhos e antes que pudesse responder qualquer coisa, Bela inclinou-se e cochichou em sua orelha:

-Me encontre no saguão principal a meia-noite. E tome cuidado para não ser visto dessa vez.

O moreno engoliu em seco um tanto sem reação. Belatriz respirou fundo sem perder a compostura e começou a andar em direção ao castelo.

Samantha e Lily o estudaram sem entender o que estava acontecendo.

Sirius pareceu levemente irritado:

-O que ela disse?

Tiago deu de ombros, enquanto Lily fechou a cara e empinou o nariz voltando a andar. Samantha se juntou a ela rapidamente.

-O que eu fiz? – perguntou o moreno sem entender a súbita reação da garota.
Julie arqueou as sobrancelhas:

-O que acontece entre você e a Black?

-Nada. Absolutamente nada... – disse Tiago sentindo o coração dar um salto.

Estava com muita vontade de encontrá-la no saguão. Não que ele gostasse de Belatriz, porém ela era muito:

“Gostosa.” – pensou Tiago. – “Se a Lily não descobrir, está ótimo.”

-Minha prima não é exatamente com quem você vai querer estar envolvido, Pontas. – disse Sirius reprovando-o.

-Pelo amor de Deus, Sirius, você acha mesmo que eu me envolveria com a Belatriz?

Black deu de ombros ainda desconfiado. Ele conhecia Bela muitíssimo bem, e sabia que ela não desistiria de conseguir Tiago tão facilmente.

Charly de repente se jogou em cima de Remo e começou a chorar baixinho. Julie lançou um olhar de reprovação a cena.

-O que foi Charly? – perguntou Remo sem reação.

-Ele estava me traindo... Com a Narcissa!

Tiago balançou a cabeça para desviar os pensamentos tentando prestar atenção na cena, mas ainda estava com imensa vontade de correr atrás da ruiva. (N/A: Tiago atacando para todos os lados... Pelo amor de Merlim, hein gente?!)

-O que está acontecendo com as minhas primas? – perguntou Sirius sarcástico.

Julie encarou Remo com um olhar: Tire-suas-mãos-dela-neste-mesmo-instante!

O loiro deu de ombros, pedindo que a namorada considerasse com o olhar. Charly estava sofrendo.

-Eu preciso de alguém que me dê valor... Não acha, Remo? – perguntou Charly afastando a cabeça do peito do loiro, e lançando-lhe um olhar sugestivo que somente ele viu.

Remo engoliu em seco e empurrou-a.

-O cara certo está por aí. Você ainda vai encontrá-lo!

Charly sorriu um tanto descompassada.

“Nunca tinha reparado como o Lupin é... Bem...Formoso.”

A loira observou Julie que não tirava os olhos do namorado. Parecia irritada.

“Hum... Acho que eu devo mais um motivo para a Heingbester ficar estressada...”



-.-.-



Pedro colocava um pouco de tudo em seu prato. O salão comunal começava a encher, já que era hora do almoço.

Julie observava o gordinho espantada:

-Você não se sente culpado em digerir todas essas calorias?

Pedro fez que não mastigando um pedaço de frango.

Sirius riu vendo que Julie parecia ainda mais surpresa.

-Quer suco, Ju? – perguntou Remo estreitando o braço para pegar a taça da namorada.

-Eu me sirvo. – ela disse secamente puxando a jarra da mão do loiro.

Remo revirou os olhos:

-Você está brava?

-Não Remo. Adorei como você ficou enroscado com a cobra.

-Relaxa Julie. – disse Tiago. – Foi só um abraço.

A loira deu um longo gole no suco e fitou o moreno:

-E a Belatriz?

Os olhares de todos caíram sobre ele.

-O que tem ela?

-Não sei... Você que devia nos contar o que está acontecendo.

-Já disse: nada. – disse Tiago. De repente um sonho que tivera beijando-a passou em sua cabeça. Ele parecia gostar... Talvez ele devesse aparecer no salão à noite e só beijá-la...

É certo. Como se ele soubesse que não iria conseguir se segurar.

-Belatriz está noiva do Lestrange. O Rodolfo sabe? – perguntou Sirius para o Tiago, que assentiu. – Odeio aquele cara. Ele é mulherengo.

Julie riu:

-Como se você não fosse.

Lily e Sam juntaram-se aos outros. Tiago sorriu ao ver que a ruiva havia prendido os cabelos em um coque novamente. A garota percebeu seu olhar e soltou-os no mesmo instante.

-O que aconteceu, Lílian? – perguntou Tiago.

-Nada. – ela respondeu em um tom casual.

Samantha, Pedro, Remo, Julie e Sirius conversavam e não prestavam a menor atenção nos amigos.

-Como nada? Você emburrou de repente.

-Estou bem, Potter. – disse Lily servindo-se de salada.

Tiago observou-a.

-E por que soltou o cabelo? Estava...

-Charmosa? – disse Lily um tanto emburrada. – Diz isso pra todas?

Tiago sorriu percebendo que estava deixando a ruiva com ciúmes.

-Não. Ninguém fica tão bem como você.

-Obrigada. – disse Lily secamente e começou a conversar com os outros, disposta a não trocar mais uma palavra com Tiago.

O moreno suspirou.

De repente uma coruja entrou no saguão por uma das janelas e planou sobre a mesa da Grifinória. A coruja branca pousou elegantemente ao lado de Julie.

A loira pareceu irritada e desamarrou o pergaminho da pata da ave. Sam e Remo trocaram um olhar.

-Já volto. – anunciou Julie, virando-se no banco para levantar.

Samantha bufou e depositou o guardanapo em cima da mesa, indo atrás da loira.

-Aonde você vai? – perguntou Pedro enquanto mastigava qualquer coisa.

-Acabar com isso.

A morena passava entre os outros estudantes rapidamente. Assim que saiu do saguão, avistou a loira lendo a carta em um canto. Fazia caretas.

Samantha se aproximou da amiga devagar. Julie a descobriu pelo canto do olho e enfiou o pergaminho no bolso.

-Que foi Sammy? – perguntou a loira com um sorriso nervoso.

-O que está acontecendo, Julie? – retrucou Samantha seriamente.

-Nada, por quê?

Samantha cruzou os braços e respirou profundamente.

-Esta é a terceira carta que você recebe e não quer contar a ninguém do que se trata. Todo mundo está preocupado com você, Julie.

A loira umedeceu os lábios com a língua:

-Sem motivo. Estou bem.

-Julie...

-É sério!

De repente o espírito louro e embaçado parecido com Julie apareceu atrás dela.

Samantha arregalou os olhos para a mulher.

-O que foi? – Julie perguntou.

-Não deixe ela ir! - disse o espírito. - Ela vai tentar sair hoje à noite!

O lábio inferior de Samantha tremelicou.

Julie achou que a amiga tinha definitivamente endoidado. Começou a voltar para o saguão, mas Samantha a deteve puxando-a pelo braço.

-Precisamos conversar.

-Conversar sobre o que? – quis saber a loira.

-Sobre a sua irmã. – disse Sam engolindo em seco.

Julie pareceu subitamente espantada:

-O que você sabe sobre ela? Como...?

-Preciso te contar algumas coisas. Quem sabe você possa completar os espaços em branco.

Samantha e Julie se fitaram durante alguns instantes. O espírito da mulher sumiu novamente.

Remo havia se levantado da mesa e resolveu ir atrás das meninas. Porém não contava em encontrá-las no corredor do saguão, totalmente petrificadas.

Nunca vira Julie tão pálida, nem Sam com uma expressão tão decidida.

-O que está acontecendo? – perguntou Remo.

Samantha e Julie voltaram-se para o maroto.

-Nada. – disse Sam soltando o braço da loira. – Vamos acabar de almoçar. Depois a gente conversa...

Julie observou a morena entrar no saguão.

-Está tudo bem? – Remo parecia preocupado.

Julie assentiu arrumando os cabelos. Apertou o bolso da saia e virou-se para o namorado:

-Perdi a fome, Remo. Vou para o quarto...

O loiro não tentou impedi – lá, só observou a namorada distanciar-se aparentando nervosa. O que estava acontecendo?



-.-.-




Lily e Julie estavam no quarto durante a noite. Não haviam encontrado os marotos no salão comunal e resolveram subir para colocar os pijamas.

Samantha entrou no quarto de repente e logo seu olhar se encontrou com o da loira.
As duas sorriram fracamente.

Lily riu nervosa:

-Certo... Eu perdi alguma coisa?

-Não. – disseram as duas em uníssono.

Samantha pegou a camisola e entrou no banheiro para se trocar. Nunca mais trocara de roupa na frente das meninas após ter sido marcada.

Lily não acreditou na palavra de nenhuma das duas.

Sorriu como quem não quer nada e perguntou:

-Tem haver com as cartas?

Julie pareceu pasma.

Sam saiu do banheiro penteando os cabelos. A loira encarou-a durante um breve instante e virou-se para a ruiva:

-Tem.

Lily revirou os olhos, assentindo:

-Eu saio se você quiser.

Julie inspirou profundamente e sorriu:

-Você se importaria?

-De modo algum. – respondeu Lily no fundo um pouco chateada da amiga ter vergonha de lhe contar. – Só quero que fique bem.

Julie assentiu tristemente observando a ruiva vestir o roupão.

-Volto daqui a pouco. – disse Lily saindo do quarto.

Sam e Julie observaram a porta fechada durante um tempo. A morena jogou a escova sobre sua própria cama e sentou-se em frente à Julie.

A loira levantou o olhar da colcha da cama e perguntou:

-Como você sabe da minha irmã?

Sam engoliu em seco:

-Sinto muito por sua perda, Ju...

A loira piscou os olhos sem acreditar:

-Como...? – sorriu irritada. – Você não está lendo minhas cartas está?!

-Não! – disse Sam levemente ofendida. – É claro que não, Julie! Eu só...

A morena inspirou profundamente.

-Você promete não contar para ninguém?

Julie estudou os olhos cinzentos preocupados da amiga.

-Prometo.

-Você está familiarizada com a palavra mediadora?

Julie riu nervosamente:

-Por quê? Você fala com espíritos?

Sam arqueou as sobrancelhas levemente sorrindo de um modo afirmativo.

A loira pareceu extremamente surpresa. Levantou-se da cama e observou o céu escuro pela janela.

Samantha respeitou o silêncio da amiga.

-Aquele dia... Que você caiu sobre o Sirius no salão e o vaso caiu logo em seguida onde ele estava. Tinha... – a voz de Julie tremeu. - Alguém lá?

A morena fez que sim com a cabeça e disse com a voz séria:

-Um tal de Jack... Mas ele não é importante agora.

Julie assentiu empalidecendo. Sorriu tristemente com os olhos começando a marejar em lágrimas:

-Você...? Viu minha irmã?

Samantha sentiu seu coração doer. Odiava ver as pessoas sofrendo. Levantou-se sem dizer qualquer palavra e abraçou a amiga que começou a soluçar em seu ombro.


-.-.-




Lily começou a subir as escadas em direção ao quarto dos marotos. Esperava encontrar alguém lá. Odiava ficar sozinha.

“Menos o Potter.” – pensou, mas seu coração dizia o contrário.

Bateu na porta. Ouviu alguns passos de dentro do quarto e logo Sirius estava parado em sua frente:

-O que você está fazendo aqui Lily?

A ruiva deu de ombros.

-Fui expulsa do meu quarto... A Julie e a Sam estão conversando sobre as cartas.

Sirius arqueou as sobrancelhas.

-Estão?! Por que você saiu de lá?

-A Julie pediu para ficar a sós com a Samantha. Não quis me intrometer...

Sirius assentiu pensativo.

-Posso entrar? – perguntou Lily mordendo o lábio inferior.

-Ah, desculpe. Entra, só não repara na bagunça!

A ruiva sorriu e entrou no quarto dos marotos. Bagunça era pouco para descrever o caos do quarto. Só havia uma parte arrumada, e Lily supôs ser de Remo. Sentiu uma pontada no peito. Tiago não estava lá.

-Onde estão os outros? – quis saber Lily sentando-se na cama do loiro. Perguntava-se se por baixo das roupas e materiais escolares existiam de fato outras camas.

Sirius deu de ombros enquanto procurava alguma coisa no meio da bagunça de seu cômodo:

-Sei lá... O Remo e o Pedro passaram aqui há alguns minutos e saíram. Acho que foram na cozinha.

Lily assentiu. Antes que pudesse se controlar, a pergunta lhe escapou dos lábios:

-E o Tiago?

-Não sei. – disse Sirius virando-se para a amiga. – Acho que ele foi... Espera aí! – Sirius sorriu surpreso. –Por que você quer saber onde o Tiago está?

A ruiva deu de ombros, acomodando-se melhor na cama.

-Curiosidade.

Sirius assentiu com um sorriso maroto se formando nos lábios:

-Não quer outro beijo?

-Nós jamais nos beijamos! – disse Lily um tanto mais exaltada do que gostaria. Será que Tiago contara para o Black?

-Não adianta mentir, Lílian Evans, Sirius Black o mais lindo e perfeito maroto que já existiu na face da terra sabe de tudo!

Sirius se sentou ao lado da ruiva que ria e revirava os olhos.

-‘Tá. E daí que a gente se beijou? Não é grande coisa...

-Você admite? – ele perguntou ainda mais marotamente.

Lily lhe deu um soco no ombro fazendo-o rir.

-Bom, admito.

Sirius assentiu como se a avaliasse. Lily revirou os olhos:

-O que é Sirius?

-Você está com ciúmes, não é?

-Obvio que não! – a ruiva replicou sem poder conter os lábios que se contorciam para cima. Sempre sorria quando estava mentindo.

Sirius cruzou os braços:

-Está sim!

Lílian encarou o garoto com um sorriso maroto nos lábios e fechou os olhos durante um instante.

-Se eu estiver não tem nada demais. Quero dizer, eu tenho ciúmes do Remo, ou até de você Sirius.

-Hum... Mas é um ciúme de amizade... – o moreno sorria maliciosamente. – O do Tiago é algo a mais né?

Lily se levantou e começou a andar em círculos.

-Não. Ele é meu amigo agora. Jamais sequer gostei dele.

-Será que você consegue gostar do Tiago como amigo?

-Pára de tentar mudar a minha maneira de pensar, Black! – Lily exclamou fazendo Sirius rir. – O Tiago está diferente. Ele está amadurecendo... Mudando sabe?

-É. O Potter - disse Sirius imitando a voz da ruiva, fazendo-a revirar os olhos. – está mudando para você. Dã!

Lily riu. Sirius se levantou da cama e andou em direção ao banheiro. A ruiva cruzou os braços mordendo o lábio inferior. Até que gostar de Tiago Potter não era uma idéia tão ruim...

“Menos, Lily!” – ela pensou balançando a cabeça.

Sirius saiu do banheiro com uma escova de cabelo em mãos. Lily riu, no que Sirius arqueou a sobrancelha esquerda sem entender.

-Vai brincar de salão? – disse a ruiva aproximando-se do moreno.

-Na verdade... – disse Sirius girando a escova em mãos começando a enrubescer.

Lily arqueou as sobrancelhas:

-O que é?

-Bem... Jura que não conta para ninguém? – perguntou o moreno, no que a ruiva assentiu. – Eu meio que gosto de cantar...

Lílian riu gostosamente:

-Ah é?

-É. – Sirius disse decidido. – Mas eu nunca canto com os outros aqui. Não quero eles me zoando.

Lily assentiu considerando, enquanto observava a escova.

-E você faz o que? Usa a escova de microfone?

(N/A: No quarto filme, o grupo das Esquisitonas usa microfone, né gente? Então digamos que eles existam no mundo bruxo...)

-É. A Julie disse que você também gosta de cantar, Evans! Nem vem.

Lily sorriu para o moreno e olhou para a escova novamente, pensativa.

-Quer uma? – ele perguntou risonho.



-.-.-



“Talvez eu não devesse estar aqui. É a Belatriz Black. Ela é nojenta. Psicologicamente é claro. Fisicamente é outra história...”

Tiago estava apoiado nas escadas com as mãos no bolso do moletom. Torturava-se pensando se ficava esperando pela morena ou não.

“E tem a Lily... Mas ficar na seca até a gente começar a namorar...”

O moreno olhou para o relógio de pulso e ajeitou os óculos.

“Isso é loucura. Volte para o quarto agora mesmo Pontas!”

Tiago começou a subir as escadas, mas foi detido:

-Potter.

O moreno revirou os olhos, com um sorriso maroto instalando-se nos lábios.

“Oras... Que mal pode ter?”

Tiago se virou e encontrou Belatriz esperando-o no início das escadas. A morena mordeu o lábio inferior e disse:

-Você veio mesmo...

Tiago sorriu e desceu as escadas para se aproximar de Bela.

-Não foi visto Potter? Pela gata do Filch talvez?

-Não. – disse Tiago já em frente a Belatriz.

-Estou impressionada. – disse a morena com o famoso sorriso extremamente perigoso brincando nos lábios.

Tiago tirou as mãos do bolso e perguntou:

-O que você quer falar comigo?

Belatriz riu sarcasticamente e percorreu as mãos pelo peitoral de Tiago. O moreno sentiu os pêlos da nuca se eriçarem.

Bela segurou a gola da camisa social de Tiago que estava para fora do moletom e aproximou-o dela ainda mais.

-Não se faça de ingênuo, Potter. Sabe muito bem o que eu poderia querer de você.

-.-.-



-Me desculpe.

-Não tem problema, Julie. Mesmo...

A loira sorriu e sentou-se na cama. Samantha fez o mesmo e esperou algum sinal de permissão para continuar a falar.

-O que ela disse para você?

Sam assustou-se com a fala da menina. Mexeu nos cabelos e disse seriamente:

-Para não deixar você voltar. Senão...

-Meu pai vai me matar? – perguntou Julie. Sam não reconheceu a voz da loira naquele instante. Toda a meiguice e fragilidade sumiram. Parecia gélida.

Samantha rangeu os dentes e assentiu.

Julie riu sarcástica.

-Isso não aconteceria. Ele não sabe que sou...

-Bruxa? – a morena perguntou de repente começando a entender o problema.

A loira sorriu em concordância e mordeu o lábio inferior por um instante.

-Seu pai...? Ele realmente matou...?

-Matou. – Julie riu, com ódio. – Minha mãe e a minha irmã. – a loira revirou os olhos cruzando os braços, como se sentisse frio.

-Não sinta-se obrigada a falar, Julie. Pelo menos não agora...

Julie estudou os olhos cinza de Sam e sorriu:

-Você sabia que meu pai é trouxa? – a morena fez que não com a cabeça. Sentia a vontade de confirmar sua “tese” crescer no peito. – Bom... O nome dele não é Heingbester, sabe.

Samantha semicerrou os olhos. A Julie usava o nome da mãe?

-A minha família... A da minha mãe, quero dizer, é realmente antiga. É como a família do Sirius ou do Tiago.

-Eu sei. – disse Sam. – Mas o que...?

-Minha mãe fugiu de casa quando tinha a minha idade mais ou menos. E ela encontrou meu pai, entende?

“Ela não imaginava se apaixonar por um trouxa. Não imaginava querer largar a mansão e todo o luxo dos Heingbester... Mas essas coisas acontecem. Só que ela não contou que era bruxa... E planejava não contar nunca. Aposentou a varinha e tudo. Eu acho que ela tinha vergonha de ser, se quer realmente saber...”

“Só que meus avôs nunca desistiram de encontrá-la. Minha mãe era a única filha deles. Acho que recorrer ao ministério não foi a idéia mais brilhante que tiveram. Você sabe como é o departamento de aurores, principalmente os que investigam casos de pessoas desaparecidas...”

Samantha assentiu. Ela sabia e muito bem... Ela sabia por que era exatamente nisso que seus pais trabalhavam. E era no que ela sonhava trabalhar também.

-Meus pais já tinham a mim, Charles e Kristine quando eles a encontraram.

-O que eles fizeram? Invadiram a casa de vocês?

Julie sacudiu a cabeça. Sentia como se um peso estivesse saindo de seus ombros. Nunca contara aquela história para ninguém.

-Eu não lembro exatamente. Eu tinha oito anos. Meu irmão já tinha quinze na época, e minha irmã dezessete.

-Temporão? – perguntou Sam sorrindo.

Julie assentiu:

-Por isso sou tão mimada. Mas de qualquer modo, trouxas geralmente não engolem a idéia de bruxos existirem, sabe como é...

“E meu pai não gostou nenhum pouco. A princípio ele achou estranhou corujas e visitas para minha mãe. Logo ela que era tão quieta e centrada na vida apenas para o trabalho e para os filhos.”

Julie engoliu em seco.

A morena passou a mão no ombro da menina para encorajá-la.

-Ele deixou as coisas caminharem, até que viu minha mãe aparatar. Ela nem notou... E ele não disse nada, só começou a espioná-la. A gota d’água foi provavelmente a vassoura.

“Ele a confrontou naquele dia quando chegou do trabalho. Chamou-a de coisas horríveis...”

Julie balançou a cabeça segurando lágrimas e toda a vontade de gritar. Lembrava-se daquela cena porque a presenciara.

-O ódio em seus olhos. – a loira disse se observando no espelho. – Nos nossos olhos... Nunca vou esquecer. Ela não teve tempo de se defender... Tudo aconteceu tão rápido.

*Flash Back narrado por Julie Heingbester*

Me segurava aos cabelos da minha irmã com toda força. Charles também estava próximo a ela. Nós três estávamos sentados na escada... Imagino que eles nunca perceberam que nós estávamos lá!

A cozinha era verde clara, e provavelmente o cômodo mais harmonioso da casa... Não naquela noite.

-Você é uma aberração, Margaret!

Minha mãe foi andando para trás devagar. Lembro dos seus cabelos castanhos estarem presos numa trança naquele dia. Adorava quando ela prendia os cabelos daquela maneira.

-Uma feiticeira!

-Joseph, por favor...

O pavor no rosto dela era eminente. Ela se apoiou no balcão da cozinha, encurralada. Meu pai entrou no nosso campo de visão, andando em direção a ela num modo rápido e brusco.

-Um filho do diabo! Um filho de Satanás!

-JOSEPH!

Os gritos da minha mãe eclodiam nos nossos ouvidos. O peito da minha irmã arfava violentamente.

-Chame a polícia... – Kristine murmurou.

-O quê? – meu irmão sussurrou amedrontado.

-Chame a polícia agora, Charles! – ela sussurrou numa mistura de irritação e pânico. Meu irmão cambaleou durante um instante e subiu correndo as escadas.

Kristine me colocou no degrau da escada e me acariciou o ombro com as mãos trêmulas.

-Suba e tranque-se no quarto, está bem Ju?

Estudei os olhos azuis da minha irmã. Ela parecia tão apavorada quanto eu.

-O que está acontecendo com o papai?

-Esse homem não é o papai. Ele está fora de si. Suba e proteja-se.

-Mas e você? – eu perguntei.

E foi aí que nós ouvimos: um grito cortante.

Nós duas nos viramos. Kristine exclamou um palavrão deixando lágrimas escorrerem dos olhos e tentou fazer com que eu mudasse o rumo do olhar, mas não podia.

Minha mãe tinha uma faca no seio. Suas mãos tinham sangue. Os olhares dos meus pais pareciam presos. Ela não tinha mais apoio, não tinha mais ar, não tinha mais nada.

Escorregou lentamente até cair no chão.

Kristine desceu as escadas, gritando com meu pai e vice-versa.

Meu pai se voltou para ela, e Kristine não pensou em mais nada para fazer a não ser estuporá-lo. Ele jamais imaginou que os filhos fossem bruxos, ou que na verdade não estudassem em um internato, mas numa escola de bruxaria.

Charles desceu as escadas e me pegou no colo. Kristine gritou alguma coisa nervosa para ele e nos abraçou.

Ela aparatou na casa dos meus avôs... Eles nos acolheram, mas nunca nos curaram da dor... Do vazio...

Da perda.

*Fim do Flash Back*



-.-.-



Remo e Pedro caminhavam em direção ao quarto. Os passos eclodiam sobre o chão de madeira do corredor.

O loiro lia as placas dos quartos distraído, enquanto Pedro mastigava a maçã furtivamente.

-Não sei como eles não deram torta pra gente. Você entendeu? Os elfos sempre dão torta pra gente.

-Pois é, Rabicho... – concordou Remo observando-o. – Me diga, você nunca se cansa de comer?

Pedro fez que não com a cabeça.

-É a minha paixão!

-Somebody...

-Somebody!


-Quem está cantando? – perguntou Remo.

-As vozes são conhecidas... – disse Pedro entre risos. – E desafinadas.

Os meninos já estavam próximos ao quarto. Ambos trocaram olhares percebendo quem eram as pessoas que estavam cantando: Sirius e Lily. Remo fez sinal para que o amigo se calasse, e os dois se aproximaram da porta devagar. O loiro abriu-a um pouco para espiarem.

Pedro e Remo seguraram a risada. A cena era hilária.

Sirius e Lily estavam pulando sobre a cama, cada um com uma escova de cabelo. Pareciam estar se achando cantores profissionais.

- Somebody... – começou Lily, no que Sirius completou: Somebody!

-Anybody found me… - cantarolou a ruiva.

-Somebody to love! - exclamou Sirius e então ele percebeu os amigos na porta. Lily caiu sentada na cama corando furiosamente.

Remo abriu a porta com estrondo, gargalhando. Pedro deixou a maçã de lado e disse:

-É mais fácil eu deixar de comer do que vocês dois aprenderem a cantar!

-Há-há. – fez Sirius sentando-se ao lado da ruiva. – Muito engraçado...


-.-.-



Tiago observou as unhas cor do vinho da morena e riu sarcástico:

-Você não está noiva?

Bela sorriu.

-E isso impede?

O moreno suspirou. Belatriz tinha lábios muito bem desenhados e grossos.

-Vem... – disse a garota, puxando-o pela mão.

Tiago se surpreendeu ao ver onde ela estava levando-o: a Sala Precisa. Não imaginava que Belatriz a conhecia.

Os dois entraram aos beijos no quarto. Bela empurrou Tiago na cama e subiu sobre ele.

-Tiago? – Bela murmurou com os olhos fechados, enquanto o maroto beijava e mordiscava seu pescoço. – Isso nunca aconteceu, okay?

Potter tirou o moletom e sorriu maliciosamente puxando-a pela cintura:

-Ótimo.



-.-.-



-Meu Deus... – Sam murmurou.

Julie assentiu sentindo-se estranhamente leve. E acabada. Relembrar essa cena era provavelmente a coisa mais desgastante que existia.

-Não consigo acreditar... Como você consegue? – Sam perguntou sentindo orgulho da amiga ser tão controlada sobre o assunto. – Acho que eu entraria em depressão... Não imaginava que você havia passado por alguma coisa desse jeito. Você parece tão...

-Feliz?

Samantha fez que não com a cabeça, mas não conseguia encontrar palavras para se expressar.

-Eu também não imaginava que você era médium. Eu sei que não é nada fácil... Por que não me contou? Não confia em mim?

-A mesma pergunta para você, Ju. – respondeu a morena com um sorriso sincero.

Julie também sorriu e abraçou-a, deixando a amiga sem reação:

-Me desculpe. Nunca mais vou esconder alguma coisa de você...

Samantha acariciou a loira nas costas.

-Tudo bem... Não tenho sido honesta com você também.

Julie se afastou da amiga novamente e observou-a:

-Sabe... Acho que agora sim eu te considero uma grande amiga, Sammy.

-Para as coisas boas e ruins! – sorriu a morena. – E garotos.

Julie riu:

-Que atendem pelos nomes Remo e Sirius!

-Sirius? – Sam perguntou com riso. – Ele é só um rolo Ju.

“Okay... Isso soa falso até para mim. Foi o Jack que complicou as coisas, dizendo que eu o amava... Oh, merda, que se dane! Eu gosto do Sirius... E daí? Ele não precisa saber...”

A loira fechou os olhos e passou a mão pelo rosto. Parecia explodir de dor de cabeça.

-Não volte. – Sam disse para a amiga. – Se a Kristine veio falar comigo, é por que alguma coisa está errada.

-Mas eu não entendo. Meu pai não sabe que eu e o Charles somos bruxos. Só sabia dela por culpa do feitiço...

-Julie. Se ela pediu para você não voltar, é porque ele descobriu. – Samantha disse extremamente séria.

A loira assentiu e coçou o ombro:

-Mas ele não pode ficar solto... Simplesmente não pode!

Samantha assentiu compreendendo a raiva da amiga.

-Você acha que a minha irmã ‘tá presa a esse mundo porque ela tem que me dizer alguma coisa?

Sam fez que sim com a cabeça, suspirando:

-Geralmente eles sempre têm.

Julie fechou os olhos inchados. Encontrar a irmã? Morta? Seria aquilo uma boa idéia?

-Escuta, acho que é melhor você contar para o Remo. Ele está super preocupado.

-Alguém sabe sobre você? – perguntou a loira abrindo os olhos novamente.

-O Tiago a Lily e o Remo sabem...

Julie assentiu e sorriu:

-Obrigada Sam.

-Por quê?

-Por ser tão compreensiva... – disse Julie levantando-se.

Sam sorriu:

-Sem clima “deprê”. Hum... Quer ir ao quarto dos meninos?

Julie riu:

-Salvar a Lily, né?

Samantha puxou a amiga pela mão e as duas caminharam em silêncio pelos corredores. Sentiam-se leves, e que podiam confiar uma na outra.

Chegaram ao quarto dos marotos e encontram todos sentados no chão, rindo e conversando.

Julie sentou-se ao lado do namorado e aconchegou-se a ele. Remo não sabia por que ela parecia triste, mas resolveu não comentar nada. Se ela quisesse, contaria.

Sam observou o grupo a sua volta. Conhecia-os há tão pouco tempo, porém, nunca se sentira tão à vontade com pessoas antes...

-.-.-



Tiago observava Belatriz vestir a blusa. Ela era como imaginava... Exatamente o tipo de garota com quem escolhia ter casos, por que elas o faziam se sentir bem.

Não existia compromisso algum, era só diversão.

-O que foi? – Belatriz perguntou num tom casual observando o peito nu de Tiago.

-Você já se apaixonou, Belatriz?

A morena riu e abaixou-se segurando os cabelos, procurando sua saia.

-Não acredito no amor. Amor é para os fracos Potter. Por que pergunta?

Tiago assentiu e baixou os olhos para a colcha da cama.

A fase de busca por diversão acabara. Não fazia mais sentido dormir com garotas que tinham um corpo bonito só por prazer... Queria alguém... Queria uma namorada... Queria...

Lily.

-Pode parecer idiota, mas acho que me fiz passar por um teste.

Bela arqueou as sobrancelhas sentando-se na beirada da cama vestindo as meias.

-Tem razão, pareceu mesmo idiota...

Tiago sorriu e se levantou, vestindo as calças.

-É que... Foi bom. Muito bom... Mas eu sinto que falta alguma coisa. Já sentiu isso?

Belatriz revirou os olhos sem entender o que o moreno queria dizer. Virou-se e pediu:

-Me passe aquele sapato.

Tiago jogou o sapato boneca preto de Belatriz na cama. Ela fingia mesmo uma imagem de inocente.

Potter vestiu a camiseta e começou a abotoá-la:

-Você conhece a Lily, né?

A morena revirou os olhos, fechando a fivela do pé esquerdo.

-Infelizmente... Escuta Potter, eu não sou sua terapeuta pós-sexo. – ela se levantou, tirando os cabelos de dentro da blusa. – E sinceramente não quero saber dos seus problemas amorosos.

Belatriz andou em direção a um espelho e passou as mãos pelos cabelos.

-Valeu... – murmurou Tiago enfiando os tênis de qualquer jeito.

-Estou bem assim? – perguntou Bela virando-se para o maroto, no que ele assentiu. – Ótimo. Agora escuta, se eu fosse você tiraria essas coisas de amor da cabeça. É um sentimento tão idiota... Por que você não transa com a Evans? Talvez seja isso que você queira.

Tiago assentiu, tentando parecer normal, mas estava começando a se irritar. Não adiantava conversar com Belatriz... Onde ele estava com a cabeça? (N/A: Na Lily provavelmente...)(N/S: Que novidade!)

Tiago andou em direção a porta e segurou-a para que a morena passasse. Bela se voltou para o rapaz quando já estavam no corredor:

-Obrigada, Potter. Não preciso te lembrar que nós jamais tivemos alguma coisa, né? – Tiago assentiu no que Belatriz sorriu – Então ‘tá. Boa noite...

O moreno engoliu em seco e correu em disparada para o quarto.


-.-.-


Quando Tiago Potter abriu a porta do quarto, levou um susto. Seu olhar se encontrou com o de Lily rapidamente e ele sentiu o estômago revirar.

-O que é isso? Reunião? – ele perguntou risonho.

-Onde você ‘tava? – perguntou Pedro.

-Detenção. – mentiu Tiago. – Por causa do negócio da enfermaria.

Julie e Sirius trocaram olhares discretos. Sabiam muito bem quando o amigo não contava a verdade.

-Lílian? – Tiago chamou a ruiva.

Durante um instante, Lily fingiu que não era com ela, mas então Julie fez o favor de avisá-la que o moreno queria falar com ela.

Lily lançou um olhar furtivo para a amiga e saiu do quarto com Tiago.

Estava a sós com ele. Estava a sós com Tiago Potter e seu coração disparava em seu peito. Nunca se sentira assim.

“É oficial. Eu gosto dele. Oh, Merlim o que eu fiz para merecer isso?!”

-O que aconteceu? – perguntou Tiago vendo um sorriso triste se desenhando nos lábios da ruiva.

-Nada. O que você quer?

O moreno sorriu e apoiou-se no parapeito da janela.

-Você.

-Tiago... – Lily começou a repreendê-lo, sem nem ao menos entender por que.

“Ô orgulho!” – pensou.

-Desculpa Lílian. Mesmo, mas é a mais pura verdade... Era brincadeira no início, mas cada vez mais eu...

-Não fala mais nada, por favor, Tiago. – Lily pediu apoiando-se no parapeito ao lado dele.

O moreno suspirou tristemente.

-Eu adoro você, Tiago. É sério... Você mudou e é um amigo maravilhoso...

-Mas eu quero ser mais do que um amigo, Lily! Será que você não entende? – o maroto não se conteve e deixou a voz aumentar um pouco de volume.

Lily sorriu:

-Mas eu não quero.

Tiago inspirou o ar pesadamente e entrou no quarto.

A ruiva não compreendeu porque ele a deixara falando sozinha. Seguiu-o rapidamente e o encontrou sentado ao lado de Sam:

-Por que você saiu sem mais nem menos?

-Porque eu prefiro me afastar de você? – Tiago perguntou como se a menina fosse um demente.

-O quê? – perguntaram Sirius e Remo em uníssono achando que o amigo enlouquecera.

-Não acha isso meio difícil considerando todas as aulas que nós temos juntos sem mencionar os amigos em comum? – Lily devolveu cruzando os braços.

“Não... Ele não pode se afastar de mim.” – o coração da ruiva doía.

-Acontece, Evans, - começou Tiago com uma voz extremamente séria. – que assim como você só quer me ter como amigo, eu só quero ter você como namorada. Não me contento com menos.

O moreno se levantou e andou em direção ao banheiro.

O coração de Lily parecia se contorcer:

-E você vai fazer o que?! Me ignorar?! – Lily exclamou furiosa.

Tiago bateu a porta com força.

-Ela vai mesmo me ignorar não vai? – ela perguntou aos amigos.

Todos trocaram olhares.

-Eu nunca vi o Tiago assim... – Julie murmurou.

-Talvez... – Lily exclamou alto o suficiente para ele ouvir de dentro do banheiro. – Ele tenha mudado para o pior. Que atitude mais infantil!

O grupo mantinha o olhar fixo na porta.

A ruiva sentiu-se extremamente chateada. Se uma provocação sua não o faria falar com ela, então provavelmente nada faria.




-.-.-



N/A: Chega de prévias. Não, vocês não ouviram errado: eu vou acabar com essa tortura. Estava começando a me irritar... Tem alguns capítulos que não tem nada bom para pegar sabe? Tipo o passado...

Finalmente vocês sabem da Julie. Eu sei, minha imaginação é fértil e um pouco assassina (quem lê um monte de livros de romance policiais e é viciado em Without a Trace, Cold Case e CSI dá nisso), mas eu não gosto de todas as namoradas do Remo serem frágeis, inocentes e perfeitas. Na minha fic todo mundo tem uma vida problemática!

Okay. Isso não soou nada bem...

As coisas estão comentando a esquentar... E espero que vocês não me matem por fazer a Lily e o Tiago se distanciarem – eles estavam tão perto!

Mas as coisas a partir desse cap ficaram mais interresantes... Mais confrontos, mistérios e romance... Ah, estou animada, agora vai começar a ficar bom!

Muito obrigada pelos comentários! Vocês não imaginam como me deixa feliz! E mil desculpas pela minha beta, é que ela ‘tá sem PC... (que inferno! Hahaha)

Beijos,

Kiki Ravenclaw

25/11/07

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