Duro de Matar!



Os dias seguintes foram bem mais tranqüilos. Aos poucos as coisas foram voltando ao normal, dentro do possível. Todos já haviam deixado a ala hospitalar. Luna parecia um pouco mais aérea e sonhadora que o normal, mas Mme Pomfrey disse que era normal no caso dela, depois de ter sido atingida por dois feitiços estuporantes em seguida. Remo voltou uma semana depois, com uma nova cicatriz cruzando seu peito. Hagrid demorou um pouco mais, pois como sua fisiologia era diferente, demorou um pouco mais para que os medibruxos conseguissem curá-lo. Ele agora mancava um pouco, mas estava feliz por ter voltado à escola.


A escola também estava recebendo dezenas de cartas diariamente devido a notícia do ataque, algumas criticando a maneira como estavam atuando, usando os alunos. Mas a maioria era dando apoio a Harry e seus amigos. Radhi se enturmou rapidamente. O rapaz se esforçava bastante, tentando aprender ao máximo com os novos colegas. Parvatti e Padma estavam meio enferrujadas, mas logo entraram nos eixos.


Os jovens estavam, isso sim, assoberbados de tarefas. Hermione estava ficando quase louca, tentando organizar o horário de todos, ajeitando as atividades da Armada e os estudos. E assim transcorreu o mês de novembro, esfriando muito. Logo, a primeira nevasca caiu, congelando o lago e cobrindo os gramados com seu tapete branco. Os alunos não se aventuravam mais fora do castelo, preferindo passar o tempo livre dentro das salas comunais, quentinhas, junto à lareira.


Só quem não gostava daquele clima eram as pessoas que tinham que ficar de vigia no alto da torre de astronomia. Lá no alto, o vento zunia e a neve que caia congelava o sangue nas veias. Os corredores do castelo também não eram os melhores lugares para se passar o tempo. Uma corrente de ar frio percorria os velhos corredores, fazendo com que quem estivesse fazendo ronda desejasse, do fundo do coração que seu turno terminasse logo para que pudesse se esquentar.


Harry, apesar de poder se abster destas funções, fazia questão de fazer parte da escala de vigias, bem como Gina, Rony e Mione. Normalmente eles faziam seus turnos em duplas, agora em casais, o que diminuía um pouco o frio que sentiam. Isto também motivava a equipe, pois eles viam que Harry e os outros não se sentiam melhores do que ninguém e não reclamavam de estar trabalhando naquele frio.


Assim, não demorou muito e chegaram as esperadas férias de natal. Todos ansiavam as férias para poderem deixar um pouco a escola e visitarem suas famílias. Porém nem todos poderiam ir, e Gina ficou extremamente decepcionada quando Harry disse que ele deveria ficar na escola:

- Mas Harry! - Começou ela – Vai ser o nosso primeiro natal em família. Como namorados, entende? Minha família está esperando por nós.
- Eu sei, amor. – Respondeu ele – Eu também gostaria muito de passar as férias inteiras com você na Toca, sem precisar me preocupar com nada disto aqui. Namorando muito, beijando você o dia todo. Ia ser maravilhoso. Mas não seria justo com os outros, que estão esperando por estas férias pra ver suas famílias. Como eu não tenho família...
- Mas tem a mim! – Retorquiu ela, emburrada – Não é justo. E quanto a nós?
- Você sabia que não ia ser fácil ficar comigo, emburradinha. – Brincou Harry, abraçando e beijando-a na nuca – Eu juro que compenso outra hora, está bem?
- Acho bom mesmo. – Ela disse, desfazendo a tromba e se virando para dar-lhe um beijo – Não pense que vou me esquecer desta promessa, Harry.


Assim, quando chegou o último dia de aulas, a grande maioria dos alunos partiu. Por uma questão de segurança, não foram de trem e sim de Flú. O ministério ligara a lareira na sala de Harry e da antiga sala da diretora para transportar todos para suas casas. Quando chegou a vez dos Weasleys, que haviam ficado por último junto com Hermione, que também ia passar o natal na Toca, convidada pela Srª Weasley, junto com seus pais que já estavam lá, Rony se despediu do amigo com um abraço. Mione também o abraçou e desejou feliz natal. Em seguida, Gina se aproximou dele, abraçou-o e disse em seu ouvido “Eu te amo, Harry! Vou ficar morrendo de saudades” ao que ele respondeu, também em seu ouvido “Eu também. Vou ficar pensando em você o tempo todo”.Depois desta despedida, eles partiram, deixando um Harry solitário para trás.


Harry não estava sozinho na verdade. Havia outros membros da Armada que ficaram para vigiar a escola, além dos professores. Ficaram Parvatti e Padma, que ainda estavam brigadas com o pai e tinham receio de que se fossem para casa não conseguissem retornar. Cho Chang, que desde a morte de Marieta estava bem mais reclusa. Luna, que dissera que seu pai estava viajando pela Austrália, atrás de um Canguru sagrado.E mais alguns alunos do quinto e sexto ano, não mais que dez.


Harry passava a maior parte do tempo livre em sua sala, pensando em Gina ou no desafio que ainda tinha pela frente. Sua única companhia era Fawkes, a Fênix, que repousava em seu poleiro, ao lado de sua mesa.Ele estava concentrado em encontrar as Horcruxes, mas não fazia a menor idéia de como enfrentaria Voldemort ainda. Uma pessoa que começou a fazer-lhe companhia nestes momentos foi Cho. No início ele ficou preocupado, pensando que a moça estava tentando uma nova investida e já estava pronto para dissuadi-la, quando percebeu que não era nada daquilo. Cho aparentemente desistira dele, ou pelo menos se conformara. Ficaram bastante tempo conversando sobre vários assuntos, de Quadribol até a morte de Marieta. Neste ponto Cho disse que não sabia como ele agüentava a lembrança de tantas pessoas queridas que perdera no decorrer da vida. Harry lhe explicou que às vezes, a lembrança doía tanto que dava vontade de morrer também. Mas que nestas horas ele pensava nas pessoas de quem gostava que permaneciam vivas e que acreditavam nele e que isso o motivava a continuar em frente.


Depois daquela conversa, Cho pareceu se alegrar um pouco. Harry concluiu que com a morte de Marieta ela se sentia sozinha e precisava de mais apoio.


Enquanto isso na Toca, o clima não poderia ser melhor. Assim que os jovens chegaram, foram cobertos de abraços e beijos pela matriarca Weasley. Os Granger estavam aguardando ansiosamente a filha. Souberam pelos Weasley o que acontecera na escola e só se acalmaram quando examinaram detalhadamente a filha, o que a deixou bastante constrangida. Rony ria da namorada no canto da sala, adorando a cena. Mas seu riso durou pouco, pois logo Mione o chamou e apresentou-o como seu herói e namorado. O rapaz quase se escondeu debaixo da mesa de vergonha, mas o Sr. Granger o abraçou e disse que não tinha como agradecer por ele ter salvado a vida de sua filhinha (Hermione corou de novo, lógico), e disse que estava muito contente com o namoro dos dois, já que não era segredo pra ninguém a anos que os dois se gostavam.


Não eram apenas os Granger que estavam passando o natal na Toca. Gui e Fleur estavam ali também. Assim como Carlinhos e sua namorada, uma bruxa russa que era estagiária com ele na Romênia, chamada Natasha Romanov. Uma linda bruxa, ruiva como ele, de cabelos longos e corpo muito bem delineado. Fred e Jorge também estavam presentes. O único ausente, como era de se esperar era Percy. Tudo transcorria maravilhosamente bem, com toda a família reunida. Hermione logo fez amizade com Natasha, que também conhecia Victor Krum, pois estudara em Durmstrang na mesma época que ele (o que não deixou Rony muito contente), enquanto Rony não sabia o que fazer para agradar os pais da moça. Pouco depois, ela se juntou a ele e os dois estavam tentando convencer os Granger a passar uma temporada ali na Toca, tentando mostrar a eles os tempos difíceis e perigosos que estavam passando, mas não tiveram muito sucesso. Para os pais de Hermione, aquela história de guerra, Voldemort e tudo mais era um tanto absurdo ainda, e eles não viam o porque deles representarem algum perigo ou mesmo ter algum peso significativo na balança entre os dois lados em guerra.


Gina tentava dar atenção a todos. Ria dos gêmeos, brincava com eles e com os demais. Conversou um tempo com Fleur e Natasha, mas não conseguia se concentrar nas pessoas. Sempre que podia, fugia para o quarto, que estava dividindo com Mione como sempre, e se deitava em sua cama, pensando em Harry, preocupada com ele. E principalmente, morrendo de saudades dele. Quando fechava os olhos, podia sentir como se ele estivesse ali ao seu lado. Quase podia sentir seu perfume, eu toque em sua pele.


Assim os dias foram passando e chegou o dia de natal. Quando acordou, Gina viu no pé de sua cama os já esperados presentes de seus pais e irmãos. De Mione, que ainda dormia na cama ao lado e o mais esperado, de Harry. Ela pegou o pequeno embrulho, ansiosa. Parecia uma criança, que recebera o brinquedo novo e tão sonhado. A caixa era pequena e delicada, cheia de entalhes de flores, de diversas espécies. Cada uma exalava o perfume de sua similar verdadeira. Gina abriu a caixa e quase não conteve um grito de satisfação. Dentro havia um par de alianças e um bilhete, dizendo:

“Feliz natal, meu amor. Espero que goste do presente. Não são as alianças de noivado que eu gostaria de lhe dar, mas são de compromisso. Para que todos saibam que o que temos é eterno. Você é única na minha vida, assim como esta jóia lavrada por duendes do séc. XV. Nunca haverá outra igual. Te espero na volta a Hogwarts, para podermos colocar estas alianças, na esperança de que em breve a trocaremos pela de noivado”.


Um Grande beijo de seu, para todo o sempre,


Harry Tiago Potter



Gina não cabia em si de felicidade. Beijava a caixa que lhe trouxera tamanha alegria, colocava sua aliança no dedo da mão direita e admirava a bela jóia. A aliança era de ouro branco, com detalhes em ouro amarelo de 24 quilates, formando desenhos de folhas e flores. Ela estava ali, admirando seu presente quando Mione acordou e perguntou se tinha acontecido alguma coisa. Gina lhe mostrou a aliança, e a amiga a abraçou, visivelmente emocionada e contente com a alegria de Gina. Hermione abriu seus presentes também, que na maioria eram livros, obviamente. O de Harry era sobre DCAT e o de Rony sobre “Grandes Bruxas da História Contemporânea”, que Hermione adorou. Depois as duas desceram para tomar café e ajudar a Srª Weasley a preparar o almoço.



Em Hogwarts, Harry acordou naquela manhã extremamente chateado. Era a primeira vez nos últimos anos que ele não passava esta data na companhia de Rony ou dos Weasleys e ele estava se sentindo tremendamente só. Os colegas que estavam na escola eram ótimas pessoas, mas não passavam de colegas. Não eram seus amigos. E tinha Gina. Era impressionante a falta que ele sentia daquela ruivinha. Não conseguia mais se ver vivendo sem ela. E sabia que era igualmente correspondido.


Levantou-se da cama e olhou para os presentes ali depositados. Pegou o que certamente era do Monstro e jogou fora sem abrir. A prudência lhe aconselhava que o melhor presente vindo do antigo elfo da família Black era certamente prejudicial a sua saúde. Abriu o de Rony, que era um novo livro sobre Quadribol e o de Mione, um livro claro, sobre artes das trevas. Havia ainda outros, de Hagrid, Remo e da Srª Weasley. E finalmente, o de Gina. Era um embrulho discreto, mas muito bem feito. Harry o abriu e dentro dele havia uma capa nova, com suas iniciais gravadas em prata no peito. Harry a vestiu e saiu do quarto. Olhou para Fawkes e perguntou como estava. A Fênix, que parecia ter entendido a pergunta, piscou para ele e piou, baixinho. Ele se virou para Edwiges, que estava em sua gaiola e repetiu a pergunta, igualmente respondida. Depois, ele saiu para tomar seu café no salão.



A manhã transcorreu rapidamente, quase tão rápido quanto o ânimo de Harry, que na hora do almoço já estava cabisbaixo e triste novamente. Cho tentou levantar seu humor, mas ela mesma não estava no melhor momento de sua vida, portanto resolveu deixá-lo quieto com seus pensamentos. Assim que terminou de almoçar, Harry se levantou, pediu licença e saiu do salão. Dirigiu-se para fora do castelo e não notou duas pessoas que o observavam de dentro de um armário de vassouras, o mesmo onde ele e Rony haviam deixado Crable e Goyle uma vez desacordados, enquanto espionavam a sala comunal da Sonserina. Logo depois que ele saiu do castelo, os dois vultos saíram de onde estavam e uma falou:


- Tem certeza que ele vai para a torre de astronomia?
- Tenho. – Respondeu a outra – Ele tem ido muito lá ultimamente.
- Muito bem. Volte para perto do portão e espere por mim. Não vou demorar muito.

As duas figuras saíram, tentando se proteger ao máximo do frio que fazia. Uma seguiu em direção aos portões e a outra seguiu Harry, em direção à torre.



Harry gostava de ficar ali em cima. Não se importava com o frio. Era o lugar mais calmo que conhecia, principalmente naquela época do ano. Ninguém subia ali e os colegas que tinham que ficar de vigia lhe agradeciam imensamente quando ele resolvia subir até ali e os dispensava do serviço.


Ele estava em pé, encostado na murada pensando no quanto gostaria de estar na Toca, no que eles deveriam estar fazendo naquele momento naquela casa, nas palhaçadas dos gêmeos, nas brigas de Rony e Mione, em Gina... Não conseguia parar de pensar nela. Então ouviu um som atrás dele que o fez virar rapidamente e seu queixo caiu. Gina estava ali em pé na sua frente, linda. Ficou tão contente que sequer questionou como ela poderia estar ali e não em sua casa, a centenas de quilômetros.

- Gina! Disse o rapaz, abraçando a garota – Você está aqui.
- Eu voltei para ficar com você, Harry.

Harry enlaçou a garota, dando-lhe um beijo apaixonado, mas parou na metade, sentindo uma dor lancinante e aguda nas costas. Horrorizado, afastou-a de si e perguntou.

- Gina! Por quê?
- Você vai morrer hoje, Harry Potter. – Respondeu ela, sussurrando em seu ouvido – E pelas mãos da mulher que ama.

Em seguida, ela o afastou, deu uma grande gargalhada e fugiu, correndo.

Harry caiu de joelhos, olhando para a grande poça de sangue que manchava a neve fofa em sua volta, enquanto sua vista escurecia aos poucos. Não podia acreditar que tinha sido tão estúpido daquele jeito, se morresse seria bem feito pra ele. Mas não ia se entregar. Com o último vestígio de consciência que possuía, murmurou:


- Dobby! Dobby! – E desmaiou.
- Mestre chamou Dobby? – O elfo perguntou, aparecendo do nada com um estalo, fazendo uma reverência. Quando percebeu a mancha de sangue em que estava pisando, levantou a cabeça e entrou em desespero – HARRY POTTER! Quem atacou mestre? Dobby precisa buscar socorro, mestre. Dobby já volta com bruxos para socorrer mestre de Dobby. – E Dobby desapareceu no ar, buscando ajuda.


Parvatti, Padma e Cho estavam saindo do salão após o almoço. Cho chamara as duas outras garotas para conversarem com Harry, pois estava preocupada com ele. Quando chegaram do lado de fora do castelo, viram um vulto de cabelos vermelhos passar correndo em direção a outro, que estava a meio caminho do portão do castelo.


- Gina? – Perguntou Parvatti – Mas o que ela está fazendo aqui?
- Não é a Gina. – Disse Cho, num fiapo de voz – A Gina está em casa, não podia estar aqui. Peguem elas, elas devem ter feito alguma coisa com o Harry!

As gêmeas não entenderam imediatamente o que estava acontecendo, mas quando Cho sacou a varinha e correu em direção à torre de astronomia, a ficha caiu e elas sacaram suas varinhas e saíram correndo atrás de Gina, que já estava quase chegando no portão. Quando a garota olhou para trás e viu que estava sendo seguida, virou para sua companheira e disse:


- Mate-as. – Percebendo a relutância da outra, parou e repetiu a ordem – Eu estou mandando você matá-las, Luna. Agora.


Mas estes momentos de relutância de Luna em atacar as amigas foram essenciais para o fracasso da fuga. Parvatti e Padma vinham correndo e assim que as duas ficaram numa distância que pudessem lançar um feitiço, as gêmeas dispararam sem dó contra as duas, nocauteando-as. Quando chegaram junto de suas presas, com o maior cuidado, ficaram pasmas. Aos seus pés estavam caídas Gina e Luna. E Gina tinha as mãos sujas de sangue. Prenderam as duas e voltaram para o castelo, temendo pelo pior.



Dobby apareceu no salão principal, bem em cima da mesa dos professores, dando um grande susto nos presentes, a diretora Minerva Mcgonagall, os professores Horacio Slughorn e Remo Lupin e a Professora Sprout, que com o susto derrubou o cálice de Wisky de Fogo que estava bebendo.


- Dobby – Gritou a diretora – Mas que absurdo é este. O que pensa que está fazendo?
- Dobby lamenta, Mme Diretora. Mas Dobby com urgência em pedir ajuda.
- Ajuda, Dobby? – Perguntou Remo, já se levantando e temendo pela cara de pavor que Dobby tinha, que não seria boa coisa – O que foi que aconteceu?
- Mestre Harry Potter, meu senhor. Ele foi atacado. Está sangrando muito, mestre.
- ONDE ELE ESTÁ, DOBBY? – Esbravejou Remo, segurando Dobby pelos braços e sacudindo-o.
- No alto da torre, meu senhor. A torre de astronomia.

Mas antes que Dobby terminasse a frase, Remo já estava na porta do salão, seguido dos outros logo após. Dobby desapareceu e voltou para o lado de seu mestre, que não estava mais sozinho.


Cho correu escada acima. A simples idéia do que poderia ver a enchia de pavor. Quando chegou no alto da torre, não conseguiu conter um grito de pavor. Harry estava caído com a cara enfiada na neve, uma imensa mancha vermelha de sangue ao seu redor e um punhal cravado em suas costas. Ela correu e se jogou ao seu lado, desesperada, sem saber, as lágrimas correndo por sua face.


- Harry! Não morra, por favor. Você não. Reaja Harry. Não se entregue.
- Gina. – Murmurou ele – Não era Minha Gina.
- Não, não era a Gina, Harry. Não se preocupe, ela está bem. Já está vindo, ouviu? – Disse a moça, sentando-se no chão no meio do sangue e apoiando a cabeça do rapaz sobre seus joelhos, e gritando desesperada – Socorro! Alguém nos ajude. Precisamos de ajuda, por favor! Alguém...


Quando Remo chegou nos jardins da escola, Parvatti e Padma vinham trazendo suas prisioneiras. Ele olhou, incrédulo para as duas e mandou que fossem presas e que ficassem sob guarda. Subiu correndo as escadas da torre e quando chegou, encontrou Cho com Harry em seus braços, sangrando muito.


- Professor, por favor! – Implorou a moça – Faça alguma coisa, ele está morrendo.
- Dobby! – Disse Remo para o Elfo, que estava ao lado de seu mestre, chorando convulsivamente – Avise Mme Pomfrey que estou levando Harry para a ala hospitalar e informe-a o que houve. Me entendeu?

Em resposta o Elfo desapareceu. Remo levitou Harry e desceu as escadas, o mais rápido que foi possível.



O almoço estava maravilhoso, como sempre era na Toca. Depois da maravilhosa sobremesa, um pudim de framboesas, as pessoas estavam recostadas em volta da mesa, descansando e jogando conversa fora. A srª Weasley estava tirando a mesa, auxiliada pela nora, Fleur e Gina, quando o som de louça caindo e se quebrando chamou a atenção de todos.


- Gina! – Exclamou a srª Weasley, olhando para a filha, que estava de costas par os outros, com o prato caído a seus pés – Precisa ficar mais atenta, já não é uma criança pra ficar quebrando louça, não é mesmo?
- HARRY! – Gritou a menina, caindo de joelhos. Todos deram um pulo, assustados pelo grito e a reação da caçula Weasley – Aconteceu alguma coisa com ele.

Gina se levantou antes que alguém chegasse até ela, fazendo com que todos estacassem. Virou-se, lágrimas escorrendo de sua face, a mão em cima do coração e uma fisionomia de desepero.


- Aconteceu alguma coisa com o Harry! Eu sinto. Alguma coisa grave, mãe. Ele precisa de mim. Vou voltar agora pra escola. – E saiu correndo da cozinha, seguida pelo restante da família, ainda atônita.
- Gina espera! – Tentou argumentar Rony, correndo atrás dela – Se tivesse acontecido alguma coisa, nós já saberíamos. Teríamos ficado sabendo no mesmo instante.
- Não se tivesse acabado de acontecer. Eu senti, Rony. Uma dor profunda no peito, a dor que ele sentiu, entende? Ele corre risco de vida, eu tenho que ir até lá.


Gina já estava na sala, pegando Pó de Flú, quando a Lareira prorrompeu em luzes verdes e a cabeça de Horacio Slughorn apareceu nela, extremamente pálida.


- Desculpem o mau jeito. – Começou ele – Mas parece que houve um ataque na escola. Eu ia ajudar, mas a diretora achou melhor vir avisar vocês. Precisam voltar agora para a escola.
- Como ele está, professor? - Perguntou Gina, terminando de amarrar a capa sobre os ombros, ignorando totalmente a cara de assombro de todos a sua volta – Harry está muito ferido?
- Mas... E e eu não disse nada sobre o Harry, disse?
- Mas eu sei que ele está muito ferido, professor. Se me dá licença, preciso atravessar a lareira ao encontro dele.


Horacio Slughorn pestanejou, não entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo e puxou sua cabeça de volta. Logo em seguida, Gina estava a seu lado, seguida de Rony, Mione, e seus outros irmãos. O casal Weasley ficou fazendo companhia para os Granger, Fleur e Natasha. Imediatamente correram para a ala hospitalar. O coração de Gina estava tão apertado. Ela não podia acreditar que naquela mesma manhã ele parecia que ia explodir de tanta felicidade e agora, mal conseguia sentir que tinha um no peito.


Quando chegaram no corredor que dava acesso às portas da enfermaria, havia um rastro de sangue no chão. Se já estavam correndo, começaram a voar pelo corredor e entraram na enfermaria como um estouro de manada, completamente descontrolados. Assim que os viu entrando, Remo veio ao encontro do grupo, todo sujo de sangue. Cho estava ali também, mais suja de sangue ainda.


- Como chegaram tão rápido? – Perguntou ele, olhando para todos.
- Não importa, Remo. Cadê ele? – Perguntou Gina.
- Gina, talvez seja melhor esperar até que Mme Pomfrey e a diretora...
- Não vou esperar nada, remo. Nem tente me impedir. Eu preciso vê-lo.


Gina passou por Remo e foi até onde estava o velho e conhecido Biombo. Maldito Biombo. Se pudesse, ela o queimaria ali e agora. Tinha medo do que estava atrás, mas tinha que ver. Tinha que saber como ele estava. Quando contornou o Biombo, viu a maca, coberta de sangue. Seu sangue gelou nas veias. Mme Pomfrey estava fechando uma ferida em suas costas, enquanto a diretora examinava um punhal de metal enegrecido. Ela percebeu a chegada de Gina e se dirigiu a ela, com a arma do crime na mão.


- Srtª Weasley! Venha, vamos conversar fora daqui.
- Como ele está, diretora? Parece grave.
- Sim, é grave. – Respondeu ela, carregando a garota para perto dos outros – Ele foi apunhalado nas costas com uma adaga envenenada. Não sabemos ainda qual veneno foi utilizado, e o ferimento não está querendo fechar. Já tentamos de tudo, mas a hemorragia não para. E creio que ele não agüentaria uma remoção para St Mungus. A situação é bastante delicada.
- Mas ele não pode morrer assim. – Todos se viraram para Cho, que estava junto do grupo agora – Não é justo.
- Cho? – Só agora Gina reparara na garota, coberta de sangue do seu namorado – O que aconteceu com você?
- Ah! - Disse ela, reparando em seu estado – É que eu fui a primeira pessoa a encontrá-lo. Ele estava com o rosto enfiado na neve e eu o levantei e pus no colo, para que não sufocasse. E antes que pense qualquer besteira Gina, ele não parava de chamar por você. Eu não sabia o que fazer. E disse que você já estava vindo.
- Obrigada! – Respondeu a ruiva, com os olhos enchendo d’água – Obrigada por ficar com ele.


Mas antes que mais alguém falasse alguma coisa, um grande pássaro entrou pela janela e voou até onde Harry estava. Todos correram atrás para ver o que estava acontecendo e viram Fawkes, em pé sobre a cama de Harry, chorando sobre seu ferimento, que aos poucos ia se fechando. Depois de alguns instantes, não havia sinais de que ele havia sido perfurado.
Gina correu até o pássaro e o abraçou, dando-lhe um beijo e dizendo:


- Obrigada Fawkes! Você salvou a vida dele de novo. – Se virou para os outros e completou – Ele vai melhorar. As lágrimas de Fênix curam qualquer ferida e matam qualquer veneno. Já a vi fazendo isto antes, na Câmara secreta. Harry está salvo.


Todos respiraram aliviados, e Mme Pomfrey enxotou todos dali, pois mesmo salvo Harry ainda teria que repor todo sangue perdido. Assim que deixaram a enfermaria, Gina perguntou:


- Vocês sabem que atacou Harry?
- Você, Gina. – Disse Remo, olhando de soslaio para Cho, que concordou com a cabeça.
- Quê? - Perguntaram ao mesmo tempo, todos os Weasley e Mione.
- É isso mesmo. – Continuou ele – Foi Gina quem atacou Harry. Ele baixou a guarda para ela e foi esfaqueado pelas costas.
- Mas isso é loucura. Gina estava o tempo todo em casa, conosco. – Disse Fred, com raiva.
- Nós sabemos, Fred. Mas também sabemos que prendemos as duas pessoas responsáveis pelo atentado. Estão lá na sala do Harry. Gina e Luna.
- Como é? – Perguntou Gina – Vocês conseguiram prender os culpados? Ah! Eu mato!

Gina saiu correndo em direção à sala de Harry, seguida por todos. Assim que entrou na sala, Parvatti e Padma, que estavam guardando as prisioneiras, que já estavam acordadas, tomaram um grande susto, olhavam de uma Gina pra outra sem entender direito o que estava acontecendo. Gina se olhou, como se estivesse olhando para um espelho. Porém seu outro eu estava sorrindo, vitoriosa. Depois olhou para Luna, que estava de cabeça baixa, chorando. Aquilo era ainda pior do que imaginara. Luna era sua amiga, não podia acreditar na sua traição. Deu um grito e correu para cima das duas, visando Luna que estava mais próxima, mas foi impedida por Gui e Carlinhos, que a seguraram pela cintura. Ela continuou se debatendo e tentando se soltar, para chegar nas duas.

- Deixa, Gui. Carlinhos me solta. Deixa eu matar estas duas. Luna sua traidora. Pensei que era minha amiga, e agora você faz uma coisa destas comigo. E com Harry. Eu vou matar vocês, juro que vou pegar e acabar com a raça de vocês. Me solta, gente.
- Gina tenha calma. – Disse Remo, que entrava na sala acompanhado da diretora e com um frasquinho de poção na mão – Precisamos interrogar estas duas.
- Tudo bem. Pode interrogar então. Depois eu cuido delas. – Respondeu Gina.
- Gina! – Chamou Luna, bem baixinho, levantando a cabeça e olhando para a moça – Como ele está? Por favor, não me diz que eu ajudei a matar o Harry. Eu não ia agüentar se isso fosse verdade.
- Cala a boca, Luna. Não ouse falar no nome do Harry. – Respondeu Gina, conseguindo acertar um tapa no rosto de Luna.


Todos se espalharam pela sala enquanto Remo se preparava para dar a poção, que era Veritasserum, a poção da verdade. Resolveram dar para a falsa Gina primeiro, que não resistiu. Remo se colocou a sua frente, ladeado pela diretora Minerva. Rony e Mione estavam próximos, extremamente tensos. Gina estava um pouco mais atrás, ainda sob os olhares dos irmãos mais velhos, que temiam a reação dela. Depois de constatar que a poção fizera efeito, Remo começou o interrogatório.


- Seu nome. Quem é você?
- Não me reconhece, professor? – Respondeu a menina, de forma desdenhosa – Não se lembra mais de suas alunas, é?
- Responda. Quem é você?
- Pansy Parkinson.

Gina deu um outro pulo, agora tentando alcançar Pansy, mas foi agarrada a tempo pelos irmãos. Mas gritou de onde estava.

- Vaca! Sua safada! Por que fez isso?
- Calma, Gina. – Disse Carlinhos, segurando a caçula com força – Ela vai falar.
- Muito bem, Pansy. – Continuou Remo – Me conte o plano. E de quem foi. Não foi de Voldemort, não é mesmo?
- Não! – A garota inspirou fortemente e começou a contar – A idéia não foi de nosso mestre. Foi de Draco. Mas a idéia inicial não era essa, não. A idéia era usar a ruivinha aí pra matar o próprio namorado.


Desta vez não conseguiram segurar Gina, que acertou um violento tapa na cara de Pansy, sob novos xingamentos um tanto obsceno. A diretora interferiu e disse que se Gina tentasse agredir a prisioneira mais uma vez, teria que se ver com ela. Gina prometeu tentar se controlar e Pansy continuou.


- Sabem, Draco teve essa idéia já há algum tempo. Quando estávamos na escola ainda. Pensou que seria perfeito usar Weasley para matar o Potter, já que eram namorados. Então, quando fomos enviados para atacar a escola, no dia das bruxas ele resolveu lançar uma Maldição Imperius nela. Mas ele não contava que a gata fosse arisca. Ela escapou e estuporou ele. Quando acordou, ela já estava fora de seu alcance. Então ele viu outra oportunidade aparecer a sua frente. Em sua mão, tinha uma mecha de cabelos dela, e acordou ao lado da pessoa que mais fácil seria de ser manipulada sem levantar suspeitas. Lançou a maldição na Di- Lua, passou as orientações do que ela deveria fazer discretamente e depois a estuporou de novo, para não levantar suspeitas. Daí foi só preparar a Poção Polissuco e esperar pelo sinal da Luna, indicando que o Potter estaria sozinho, sem os Weasleys e a Granger em volta dele. Daí foi fácil. Eu entrei no castelo, me escondi no armário de vassouras e quando o Potter saiu para a torre, foi só segui-lo, fazer de conta que era essa idiota e assim que ele se aproximou e me beijou, pensando que eu era ela, cravei um punhal envenenado nas costas dele. Vocês tinham que ver a cara dele, quando achou que tinha sido esfaqueado pela namorada. Foi muito gozada. – E Pansy desatou a rir, como se tivesse acabado de contar uma piada engraçadíssima.
- Quer dizer que Luna estava sob domínio da Maldição Imperius? – Perguntou Gina, arrependida pelo tapa que dera na amiga.
- Claro que estava. – Disse Pansy, ainda rindo – Você realmente acha que essa idiota teria capacidade de fazer alguma coisa por conta própria?



Mas Gina já não estava ouvindo o que ela dizia. Estava ajoelhada na frente de Luna, levantando seu rosto para poder olhar em seus olhos:


- Luna me perdoa! Sinto muito, devia saber que você não nos trairia por vontade própria. Por favor, me desculpe por ter batido em você.
- Eu juro que tentei contar, Gina. Tentei lutar contra, mas não consegui. – Respondeu a menina, com os olhos cheios de lágrimas – Você é quem tem que me perdoar. Eu fui responsável. Fui cúmplice na morte do Harry.
- Não há o que perdoar, minha amiga. O Harry está vivo. Eles falharam outra vez.
- Jura Gina? Ele está bem? – O alívio se expandiu pelo rosto de Luna, quando Gina abriu um grande sorriso e abriu os braços, para abraçar a amiga, em sinal de concordância – Que bom, Gina! Eu queria me matar de remorso. Obrigada!
- Como assim, ele está vivo? – Perguntou Pansy, arregalando os olhos e engolindo sua risada – Mas se ele não morresse da facada, tinha que morrer por causa do veneno. Não tinha como escapar.
- Pois é, garota. – Disse Gina se levantando e trazendo Luna com ela e soltando-a – Fique sabendo que o MEU HARRY É DURO DE MATAR! Não vai ser qualquer comensal de meia tigela como você e o Draco que vão conseguir.
- Certo Weasley. Muito bem. Parece que subestimamos vocês. Mas o Draco não vai cometer este erro de novo, pode ter certeza, querida. Agora, sabe o que me deixa intrigada, Weasley?
- Intrigada? O que poderia ser, Parkinson? – Perguntou Gina.
- É. Intrigada. – Continuou a outra, com malícia nos olhos. O efeito da poção estava começando a passar, pois seu cabelo começava a ter mechas destoando do vermelho que cobria o restante – Eu queria saber o que é que você tem que seduz tanto os homens. Veja bem, primeiro o Potter. E até o Draco parece ter ficado enfeitiçado por você.
- Do que é que você está falando, sua louca? – Irritou-se Gina
- É, o Draco ficou meio obcecado por você, ruiva. Sabe o que ele me fez fazer assim que a poção Ficou pronta? Me fez beber, garota. E depois que eu estava com o seu corpo, nós transamos. É, transamos e foi a melhor trans Ada minha vida. Só que não era comigo que ele estava transando e sim com você.


Gina estava chocada com aquela notícia. Mas antes que pudesse esboçar qualquer reação, Pansy já estava no chão. Levara um direto no queixo dado por Hermione, que tentava pular em cima dela e esbravejava que queria matá-la, como Gina fizera a pouco. Era segura por Rony e Fred, que estavam tão pasmos quanto os outros. Depois de algum tempo, Gina se sentou numa cadeira e começou a chorar. Mione, já mais calma se sentou a seu lado e disse.


- Gina. Tenta ficar calma. Ela só disse isso pra te atingir, quando descobriu que falhou ao matar o Harry.
- E ela conseguiu, Mione. Me atingiu da pior maneira possível. Eu estou me sentindo suja, baixa. Só de pensar me dá vontade de vomitar.
- Mas não era você, Gina. – Disse Gui, se ajoelhando em frente da irmã – Era só uma casca vazia. A verdadeira Gina está aqui, intocada. O que ele teve foi só uma ilusão, nada mais que isso.
- Eu sinto como se ele tivesse me violentado, vocês entendem? Com meu cabelo, ele pode continuar fazendo isso por muito tempo. Com meu cabelo. É meu, ele não tinha o direito.
- Esquece isso, irmãzinha. – Disse Carlinhos, pondo-se ao lado de Gui – Não vale a pena.
- Prometam-me uma coisa. – Disse Gina – Prometam que não vão contar ao Harry, por favor.
- Nós prometemos, Gina. – Disse Mione, em nome de todos, que concordavam com a cabeça – Mas eu conheço o Harry. Ele não vai se importar com isso.
- Pode ser. Mas eu quero contar, quando estiver pronta.


Depois disso, levaram mais uma comensal para Azkaban. No dia seguinte Harry acordou e viu Gina a seu lado. Uma das primeiras coisas que ela fez, assim que ele ficou mais forte, foi contar sobre a Poção Polissuco, ao que Harry respondeu:


- Gui tem razão, amor. Ele só teve uma casca vazia. Por dentro, era a mesma Pansy Parkinson de sempre. Foi só uma ilusão. Não é seu corpo, seus cabelos e seus olhos que fazem de você quem você é. Ajudam muito. Bastante, tenho que admitir. Mas não foi por esta Gina que eu me apaixonei. A verdadeira Gina, aquela que eu amo, está dentro do seu coração. Está na sua alma. E esta, é só minha, nunca o Draco vai conseguir tocar. Eu tenho certeza disso.


Gina começou a chorar, mas foi interrompida por Harry, que lhe deu um beijo longo e apaixonado. Ficaram abraçados por um longo tempo, simplesmente aproveitando a presença um do outro.

N.A: Me perdoem a brincadeira com o título do capítulo. Não pude deixar de fazer uma homenagem ao filme estrelado por Bruce Willis.

Taí mais um capítulo, espero que esteja bom. Beijos, abraços e até o próximo.


N.A. - 01/08 - Pessoal, eu mudei o finalzinho do capítulo, da maneira que estava parecia que o próximo já ia pular para o início das aulas e ainda tem uma coisinha que eu quero colocar antes.
Claudio

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