Uma Questão de Confiança




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Estudantes e professores deixavam o salão principal, cada qual rumando para suas acomodações no castelo. Contrariado por não conseguir se aproximar do professor Smith, com a intenção de tirar suas dúvidas, Harry caminhou calado junto dos amigos. Despediram – se de Luna, que seguiu para o lado oposto, em direção a área da Corvinal.

O Salão Comunal se encontrava silencioso, mas, com a chegada dos estudantes se tornou mais agitado fazendo com que Rony e Mione tentassem, sem muito sucesso, controlar os novatos curiosos, enquanto Harry se largou em uma poltrona esperando que a sala ficasse vazia. Aos poucos o silencio voltou a dominar o local com exceção do crepitar da lareira que emitia chamas vivas aquecendo o local. Finalmente o trio ficou sozinho mesmo sabendo que muitos ainda perambulavam pelos corredores, sob o incansável aviso de que alunos não podem ficar andando pelos corredores fora do horário permitido.

Harry sabia que uma certa ruiva ainda permanecia do lado de fora, afinal ela havia informado que ficaria conversando com alguns alunos de outras casas. O eleito entendia perfeitamente isso, ela era popular na escola, com seu jeito determinado e espontâneo conquistava todos que a rodeavam, mas mesmo assim sentia que o mosquitinho chamado ciúmes permanecia ao seu redor. Firme em não deixar esse sentimento transparecer resolveu se concentrar nos amigos que estavam diante de si.

O trio se agrupou diante da lareira, talvez pelo cansaço mantiveram-se quietos até o momento que Gina apareceu acompanhada por Neville que havia levado Luna até a entrada do Salão da Corvinal.

- Olá galera! – Disse Gina sorrindo se acomodando em uma poltrona próxima a lareira.

- Gina, onde você estava e com quem estava? –Disse Rony zangado. – E fazendo o que?

- Ronald eu não lhe devo explicações. – Falou calmamente para espanto de todos, fazendo Harry se agitar em protesto por querer saber o que ela estava fazendo, ou melhor, com quem.

- Sou seu irmão mais velho aqui dentro de Hogwarts e por ser monitor não posso deixar que você fique andando por ai há essas horas. – Retrucou o ruivo com um ar patético de quem estava se divertindo em ver Harry aguardando a resposta da ruiva.

- Estava tentando descobrir alguma coisa sobre o novo professor. – Falou com sinceridade.

-E o que descobriu? – Perguntou Harry tomando uma postura mais ereta.

- Por incrível que pareça a única coisa que consegui até o momento é que ele foi aluno aqui em Hogwarts. – A pequena Weasley respondeu dando de ombros demonstrando derrota, mas, logo em seguida abrindo um sorriso completou. – Eu disse até o momento por que em breve vou descobrir mais sobre ele.

-E como você vai descobrir mais sobre ele? – Questionou Rony.

-Não sei se você lembra Ronald Weasley! Alguém aqui vai seguir as aulas independente da guerra que está por vir. – Apesar da calma havia aspereza no tom da voz que foi percebido por Mione e Harry.

- Estive pensando sobre isso... – Resfolegou Hermione com tristeza, sem perder a esperança. – Já que estamos aqui me prometam que vamos tentar dar conta das aulas. Sei que vocês vão falar que temos muito que fazer. Eu compreendo essa preocupação, mas sei que... Com minha ajuda vamos conseguir concluir nossos estudos... Sei que de algum modo daremos conta de tudo que temos que fazer. Eu sei... –Murmurou a última palavra deixando cair uma lágrima que rapidamente secou com a palma da mão

- Hermione, o que quer dizer com isso? – Apelou Harry sentindo a respiração se perder por alguns segundos.

-Vamos enfrentar uma batalha Harry! E se isso significa correr riscos... Vamos correr riscos como grandes estudantes de Hogwarts... Se algum de nós não conseguir... –A garota respirou fundo tentando controlar as lágrimas que insistiam em querer ser extravasadas e prosseguiu. – Sair vivo... Pelo menos seremos lembrados como alunos que sonhavam em se formar. –Concluiu as últimas palavras segurando na mão de Harry e olhando em seus olhos.

- Oh Meu Merlin! – Lamuriou Gina se ajoelhando diante de Mione dando um abraço caloroso na amiga, sendo observada por Rony, Harry, e Neville que permaneciam calados analisando tudo que estava acontecendo.

O eleito se levantou aproximando da lareira e ali ficou admirando as chamas que consumiam as toras agora incandescentes, no mesmo lugar que há três anos havia visto Sirius. Sabia que precisava destruir Tom Riddle, mas também ansiava em terminar os estudos e depois de se formar seguiria para o curso de auror. Cargo que almejava desde que prestara seus N.O.M. O medo sempre o assombrava. E se não conseguisse destruir Voldemort? Tinha plena convicção que teria poucas chances perante o inimigo. Hermione estava certa, enquanto estivessem em Hogwarts poderia participar das aulas, e com a ajuda da amiga ficaria mais fácil. Conversaria com McGonagall, com certeza ela também garantiria alguma ajuda a eles.

Enquanto se mantinha calado pensando, ou melhor, decidindo o que poderia ser feito nem se deu conta que Hermione havia se aproximado.

-Harry... Desculpe-me... Eu não devia pensar dessa maneira. Sei que a prioridade é destruir Tom Riddle. Conseguindo isso poderemos fazer o que quisermos depois. – Disse aguardando uma reação do amigo, que não veio. – Esquece o que falei... Estaremos ocupados demais para nos distrairmos com os estudos. –Sorriu enviesado e viu o amigo sorrir.

- Estudar virou distração? – Perguntou Harry erguendo o queixo da amiga que havia ficado envergonhada. – Você tem razão... Já que não temos escolha, vamos aproveitar que estamos aqui. É só nos empenharmos ao máximo, e revezar o tempo entre estudar e pesquisar e por fim lutar. – Recebendo o sorriso da amiga não se conteve e a abraçou. Um abraço terno de muita significância, não tinha irmãos nem se quer tinha família, mas o sentimento que compartilhava com os amigos era algo inexplicável e de alguma forma sentiu que estava fazendo o que era certo.

Afinal nesse caso estava escolhendo o caminho mais difícil ao invés do fácil. Sim. Seria mais fácil ficar só empenhado em acabar com o cara de cobra, mas optou em seguir adiante, encarando os desafios que surgiriam à frente como apenas obstáculos. Obstáculos esses que poderia custar à vida dos amigos incluindo a sua própria. Seja lá o que estivesse destinado a si, ele faria que o reconhecessem como o estudante que batalhou pela paz. Não seria apenas paz para o mundo bruxo, a queda de Voldemort significaria uma bem maior aos trouxas conseqüentemente.

Harry se desvencilhou de Hermione no momento que seu amigo Neville, desejava boa noite, deixando a sala em direção às escadas e pouco antes de subir os degraus se virou.

-Estamos nessa guerra juntos. Não foi só você que perdeu as pessoas que amava pelas mãos de Voldemort e a corja de malucos que o seguem. – Falou em tom baixo mais audível. – Acho que nem tudo foi dito para aqueles que estão ao seu lado. –Ao terminar respirou fundo sem nem ao menos se sentir encabulado pelo que disse e se retirou, deixando para trás duas moças e um ruivo de queixo caído e o eleito atordoado.

Harry ficou por segundos digerindo o que ouviu do amigo. Em seguida, pediu um minuto, deixando seus amigos a sua espera. Rapidamente estava de volta carregando a capa de invisibilidade.

-Harry! O que pensa que está fazendo? – Mione saltou á sua frente.

- Vou fazer o que já deveria ter feito. –Respondeu afastando a amiga de sua frente, vendo os dois ruivos o encarando.

-Tenha cuidado! –Alertou Gina entendendo o que o eleito iria fazer.

-Eu terei. – Respondeu admirado pela compreensão de Gina.

-Hã... Eu vou junto! – Exclamou Rony se posicionando ao lado do amigo.

-Não! Não vai! Tem coisas que é melhor Harry fazer sozinho – Respondeu Mione. – Além do mais... E... – Gaguejou ruborizando – Quero falar com você a sós... –Concluiu acanhada e com um restinho de dignidade abraçou o ruivo pela cintura.

Ao ver a cena Harry lamentou não ser Gina fazendo o mesmo com ele, olhou para a entrada do retrato se lembrou do que teria de fazer, e seus pensamentos românticos se esconderam por um momento, ver os amigos felizes assim o lembrava que a felicidade ainda os rondava mesmo diante das adversidades. Pelo sorriso de Hermione ele supôs que a amiga estivesse com segunda, terceiras ou sabe lá Merlin em qual das posições as intenções da garota com o seu melhor amigo se encontrava. Sorrindo acenou se despedindo da única na sala que não estava acompanhada.

Antes da porta se fechar atrás de si pôde ouvir nitidamente a ruiva retrucar. – Depois tem coragem de resmungar sobre o modo que eu beijava meus namorados. – Sorriu internamente ao ouvi-la sair e se encaminhar para as escadas, no mínimo Gina presenciou o que ele próprio ansiava em fazer com ela.

Enquanto percorria os corredores de Hogwarts, embaixo da capa de invisibilidade, pensou nos beijos que gostaria de trocar com Gina nesse momento no salão comunal ou quem sabe pelos corredores obscuros daquele imenso castelo? Lembrou-se quando viu sua doce ruiva nos braços de Dino, sentiu seu monstro interior se revirar de profundo desgosto por não ter notado ela antes. Mas agora que estava certo que era ela que ele queria, não podia prosseguir com o namoro. Antes que seus devaneios resolvessem afogá-lo em momentos delirantes viu-se no corredor vazio, de fronte para a gárgula, que guardava a entrada da diretoria, sentindo uma fisgada ao se lembrar que ali nunca mais encontraria aquele que tanto o ajudara em um passado não muito distante.

Ficou alguns minutos tentando decifrar qual seria a senha que ocultava a escada de acesso aquela sala que sempre visitara no ano anterior para se encontrar com Dumbledore a fim de descobrir sobre o passado de Tom Riddle. Porém sem saber como ter acesso à sala ficou encostado na lateral da gárgula com uma das pernas apoiada na parede, com a cabeça inclinada para traz, em sinal de impaciência. Diante daquele corredor vazio um barulho mínimo era ouvido de sua cabeça batendo levemente a superfície escura e fria da parede.
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Impaciente, resolveu usar toda sua criatividade para desvendar a senha com intuito de poder resolver logo o que queria e voltar para o salão comunal.

-Vamos... Pense... Pense... -Gesticulava com as mãos andando de um lado a outro sentindo uma pequena pontada de dor de cabeça após as pequenas pancadinhas que deu na parede com a cabeça – Quando Dumbledore ocupava aquela sala as senhas eram sempre nomes relacionados a doces... Como seriam as senhas de McGonagall? – Murmurava baixinho chamando a atenção dos quadros que riam em ver o rapaz, que já havia tirado a capa de invisibilidade, tentar frustrado algumas palavras.

-Humm... Se Dumbledore usava nomes daquilo que ele mais gostava... O que McGonagall parece gostar muito? –Se perguntou franzindo o cenho. – Livros? Não... Não... Só se o escritório fosse de Hermione. – Parando diante da gárgula dando pequenos chutes se perguntou: – O que será que ela não esqueceria?

Analisou a gárgula o encarando com malevolência. De repente começou a se lembrar dos momentos que McGonagall parecia se divertir. Suspirou bravo consigo em seguida a imagem da equipe da Grifinoria ganhando a taça se iluminou em sua mente, e não restou duvidas: Quadribol com certeza era a chave.

Aquela parte já havia descoberto, agora precisava achar qual das palavras seria a senha. E o martírio prosseguiu.

- Balaços? Pomo? Goles? – Harry abriu um pequeno sorriso em ver a gárgula estremecer, mas logo o monstro de pedra voltou a seu natural estado, fazendo com que seu animo se dissipasse completamente. Mas o moreno não desistiu tão fácil de sua empreitada. - Troféu? Artilheiros? Batedores? Giro da Preguiça? Pomo de Ouro? Pinça de Parkin? Passe de Revés? – Despejou mais palpites e viu com surpresa a gárgula saltar para o lado, sem ao menos saber qual era a senha correta. Harry socou o ar vitorioso com o acerto acidental e precipitou - se em direção a escada que o levaria ao escritório. Um pouco decepcionado por ter feito tanto esforço, Harry viu Minerva McGonagall descendo calmamente pela escada rolante por trás da gárgula.

-Potter! Posso saber o que faz a essas horas andando pelos corredores? –Perguntou McGonagall crispando os lábios em desgosto. Sabia que o garoto sempre aprontava dessas e Dumbledore nunca o repreendera e não iria fazer diferente, mas, também não poderia demonstrar que aceitaria sem resmungar que aquilo era errado.

-É... É que eu precisava.... Preciso falar com a senhora – Gaguejou sem graça sabendo que poderia inclusive perder pontos para sua casa, e não era justo logo no primeiro dia receber uma “advertência” prejudicando todos os grifinorios.

-Entendo. – Respondeu secamente erguendo uma das sobrancelhas antes de perguntar: – Como conseguiu a senha? Eu estava justamente descendo para ir chamá-lo... Queria trocar algumas palavrinhas com você!

- Eu... É... Eu adoro quadribol... E bem... E... Sei que a senhora compartilha tanto quanto eu dessa paixão por esse esporte. –Sem graça falou sentindo o rosto corar – Não foi muito fácil adivinhar a senha. – Se sentindo um estúpido por ter demorado vários minutos para descobrir a senha se questionou por que não subiam logo e conversavam o que era pra ser conversado.

- E será que o senhor acertou mesmo a senha? –Perguntou em tom divertido (coisa rara) disfarçando o incomodo pelo garoto ter razão em relação a sua paixão por quadribol e com um gesto pediu para que o garoto lhe acompanhasse ao escritório.

Após absolver a pergunta de McGonagall percebeu que talvez não tivesse acertado a senha, simplesmente a gárgula deu passagem para que Minerva descesse a sua procura. Mas... O que ela quer falar comigo? Perguntou – se enquanto sentia a escada deslizar em direção a sala.

Ao se deparar com aquela tão conhecida sala sentiu um nó na garganta. Viu Minerva ocupando a cadeira que antes fora do antigo diretor e sabia que todas as vezes que voltasse aquele local não encontraria mais seu amigo e grande sábio Dumbledore, mas, se existia uma maneira que pudesse se comunicar com esse grande bruxo não recitaria em usar de todos os artifícios possíveis. Afinal já haviam trocado umas duas palavrinhas pelo quadro no largo Grimmauld.

- Sente-se senhor Potter. – Pediu McGonagall tirando o eleito de sua divagação enquanto analisava o rosto do garoto que varria a sala com os olhos a procura de Dumbledore em algum dos vários quadros situados no local.

Após se sentar diante da mesa onde se encontrava McGonagall ficando sem graça por estar sendo analisado resolveu quebrar o silencio.

- Professora! -Disse ao mesmo tempo em que McGonagall falava – Potter!

Dando um sorriso envergonhado deixou que a professora prosseguisse.

- Potter. –Recomeçou Minerva. – Atendendo a seu pedido e respeitando sua decisão em não aceitar o professor Snape para treiná-lo, eu e Moody selecionamos um velho conhecido que está disposto em ajudá-lo.

- Um novo treinador? E quem é ele? –Perguntou o eleito se animando.

- Você já o viu hoje na escola. É o novo professor de Tratos de Criaturas Mágicas. O Sr. Ryan Smith. –Disse se contentando em ver que o rapaz parecia excitado com a nova escolha. – Ele é um velho conhecido e de extrema confiança.

- Snape também era considerado de confiança por Dumbledore – respondeu se arrependendo logo em seguida pelo tom de voz que usou. – Me desculpe! – Falou sem nem ao menos notar que a figura que tanto ansiava falar o observava.

Minerva McGonagall pacientemente se levantou andando pela sala, sabia que Harry estava com os olhos vidrados em si, mas, mesmo assim precisou de tempo para colocar a cabeça em ordem. Aquele rapaz perdera a confiança nas pessoas e isso era terrivelmente compreensível. Ele tinha visto Dumbledore defender Severo Snape em vários momentos e por fim viu o mesmo acabando com a vida daquele que sempre o protegeu.

Era perfeitamente natural que Harry se mantivesse ressabiado, não poderia repreendê-lo por tal atitude, por outro lado ele precisava confiar em alguém e apesar de saber que ela ganhara sua confiança não era o suficiente, precisava fazer com que o garoto desse uma misera chance a pessoa que escolhera a dedos para treiná-lo.

- Professor Snape, Potter. – Corrigiu minutos depois McGonagall. - Entendo seu medo e desconfiança nas pessoas, mas, devo acrescentar que você precisa aprender a dar pelo menos uma chance antes de tirar conclusões precipitadas. – Falou em um tom calmo como se estivesse ensinando algo simples a uma criança.

Sem graça Harry tentou argumentar, mas, sabia que não tinha como afinal ele próprio havia simpatizado com o professor Smith. Tinha plena convicção que aquele homem era o mesmo que havia lhe salvo a vida no Beco Diagonal, por outro lado poderia enumerar as vezes que Snape havia feito o mesmo. De qualquer forma por alguma razão sabia que poderia confiar no Sr. Smith.

- Certo. – Concordou. –Quando e como serão esses treinos?

- Você será avisado. – McGonagall vendo que o rapaz estava prestes a questioná-la completou: – Nada vai impedir o que você tem que fazer Harry, eu mantenho a minha palavra, se você precisar sair de Hogwarts para ir em busca de uma das partes da alma de Voldemort terá minha permissão. – Vendo que um pequeno sorriso ia se formando no rosto do eleito completou: – Sempre que eu achar necessário. Mas o que o trouxe até aqui há essas horas?

- É... Eu, Rony e Hermione gostariamos de freqüentar as aulas. Falou na esperança que McGonagall o ajudasse a tomar a decisão mais correta naquele momento.

-Entendo. – Falou admirada em ver que aquele rapaz tinha todos os motivos para não freqüentar as aulas, mas, que estava disposto a reservar algumas horas do dia para se dedicar aos ensinos. – Ótima idéia, Potter. Fico satisfeita em ver que você quer se formar... Pretende ser auror, certo? – Perguntou para descontrair o ambiente, sabia o quão difícil seria freqüentar as aulas, pesquisar e sair em busca das horcruxes de Tom Riddle, sem contar com a grande batalha que teria de enfrentar sendo tão novo, mas aquele garoto era a prova viva que a idade não tinha nada a ver.

- Sim pretendo. –Confirmou Harry. – Hã... É... Eu também gostaria de falar com o quadro de Dumbledore. – Falou meio incerto e notando que o professor o analisava e pelo que percebeu já fazia isso alguns minutos.

- Alvo? –Chamou McGonagall. – Suponho que já esteja ai algum tempo.

-Sim.. Sim.. Minerva. Estou ouvindo a conversa há alguns minutos. –Disse se ajeitando na poltrona. – É bom lhe ver novamente Harry! Vejo que anda praticando meus ensinamentos. –Vendo que o rapaz não entendia completou. – Escolheu o caminho mais difícil ao invés do que poderia julgar mais fácil. Estudar é preciso mesmo perante todas as dificuldades do nosso mundo. Lembre-se sempre que Voldemort foi um grande estudioso, que devemos lamentar ele ter usado tanta sabedoria para o lado das Trevas. Mas diga por que estava a minha procura?

- Bem... É... Huum... – Gaguejou sem saber bem como começar a falar. – Sobre a conversa que tivemos na antiga casa dos Black... Bem... O senhor disse que respostas surgiriam em Hogwarts.

- E as aulas nem começaram e você já quer que as respostas apareçam? – Perguntou divertido Dumbledore.

- Sei que é cedo pra ter respostas... Mas... Pensei... –Sentiu as palavras morrerem em sua boca.

- Harry, entenda... Eu sou apenas um quadro e não tenho todas as respostas para lhe dar. – Falou enquanto via o eleito se dando por vencido. – Mas, se eu falei que encontraria respostas aqui é por que vai encontrar mesmo. Minerva já tem algumas instruções que foi deixado a ela sucumbir á você. – Vendo que o moreno já ia questionar a professora completou: - Respostas virão no momento certo.

Sem nem ao menos dar tempo de questionar qual seria o momento certo, viu o antigo diretor cair em um sono profundo.

- Acho melhor seguir para seu quarto, Potter. – Finalizou Minerva – E farei o que tiver ao meu alcance para ajudar você, a senhorita Granger e o senhor Weasley, nos estudos.

– Certo! Boa noite professora. – Falou se encaminhando até a porta

- Potter! –Chamou Minerva momentos antes de o eleito chegar até a saída. – Tome... Isso deve ficar com você... – Mas tenha cuidado para que não caia em mão erradas. – Entregou um frasco que ele já conhecia muito bem, ali continha uma lembrança, mas de quem seria não soube dizer e muito menos o que de tão importante havia ali. Não questionou McGonagall por que sabia que de qualquer forma ela havia lhe entregado somente para que saísse com alguma coisa em mãos, mas, não seria o momento de ver o que de tão importante estava ali tão perto e tão distante ao mesmo tempo. Deu um sorriso como quem diz “Muito Obrigado” e se retirou rumo ao seu quarto onde pretendia ficar pensando até que o sono dominasse sua mente.
**********


Assim que entrou no salão comunal reparou que o mesmo se encontrava “quase vazio”. No sofá diante da lareira encontrava um ruivo dormindo de boca aberta e em seu peito um emaranhado de cabelos castanhos que omitia o rosto, por certo estava dormindo também. Viu um livro em cima de uma das mesas intitulado “Lendas e Mitos: Verdades ou Mentiras” sua curiosidade falou mais alto diante da oportunidade de verificar o que tanto Hermione tentava manter fora do alcance de todos.

Sem muitos rodeios, após ter ficado alguns segundos olhando a capa do livro resolveu abri-lo. Para sua surpresa não havia nada nas paginas que folheou. Franziu o cenho em contrariedade, sem saber por que Hermione andava e protegia tanto um livro sem nenhuma utilidade aparente. Resolveu pensar sobre aquilo em um outro momento colocando o livro no lugar que o encontrou para logo em seguida voltar à atenção ao casal que dormia enamorado.

Tentou, nas pontas dos pés, fazer menção de sair de fininho antes que seus amigos notassem sua presença. Mas não teve mérito em seu empenho ao ouvir uma voz rouca vinda de trás.

-Faz tempo que chegou? Ia subir sem nos avisar? – Perguntou em tom de murmúrio.

-Acabei de chegar. – Disse Harry – Não Rony! Não! –Exasperou quando viu o amigo tentando acordar Hermione.

- O que foi cara? Quer que eu a deixe dormindo em cima de mim a noite toda? –Perguntou sentindo as orelhas queimarem ao se dar conta do que havia acabado de falar.

- Rony, larga de ser idiota! Se você acordar Mione agora ela vai morrer de vergonha por eu ter encontrado vocês dormindo JUNTINHOS! – Falou divertido dando ênfase no final.

-Certo! – Concordou Rony gesticulando rápido para que o amigo subisse logo ao perceber a namorada se mexer.

Subiu sem se conter soltando uma gargalhada ao entrar no quarto e fechar a porta atrás de si. Imediatamente analisou o frasco que recebeu de McGonagall para logo em seguida guardá-lo muito bem guardado, assim como a professora lhe pediu. Vestiu-se o mais rápido que pôde, a fim de deitar antes que o ruivo entrasse pela porta com um interrogatório em mão.

Ao deitar-se lembrou das palavras de Neville. Sabia que deveria conversar com ele e com Luna, porém o que poderia ter feito naquele momento ele o fez: Procurar respostas sobre a morte da avó de seu amigo. Sentindo as pálpebras pesadas se ajeitou melhor na cama para logo em seguida cair no sono. Sem nem imaginar que em outro local no castelo duas pessoas confabulavam.


Enquanto isso nas masmorras...



Ele andava apressado pelos atalhos que ligavam os corredores da ala da Sonserina até as masmorras, enquanto isso uma figura sombria vestido sobriamente preto da cabeça aos pés o esperava indefectível em uma sala cheia de poções, frascos e garrafas, que guardavam plantas e criaturas embalsamadas em líquidos estranhos. A porta rangeu estridente por falta de lubrificação, e o rapaz esguio e pálido retirou o capuz, evidenciando seus cabelos platinados simetricamente bem penteados.

- Por acaso conhece a palavra: ANTECÊDENCIA? –Perguntou Severo Snape austero, se virando devagar para Draco.

- Não, eu sei o significado de pontualidade... Mestre! –respondeu Draco, incluindo “mestre” no final da frase por respeito.

- A pontualidade é uma obrigação, não é uma virtude. -falou o mestre de poções, se afastando da estante no final da sala com um frasco pequeno de cristal em mãos, com um liquido incolor dentro, se aproximando de Draco. - Mas não foi por isso que lhe chamei aqui. Vamos tratar de outro assunto.

Draco engoliu seco, se apoiou na porta, olhando rapidamente ao redor, mas seu rosto era tão desprovido de emoções que sua aparência era de um boneco de cera.

- Então do que viemos tratar senhor? –perguntou já com idéia do que era.

- Vou lhe dar a oportunidade de se explicar, se você não for dissimulado ao ponto de fingir que não sabe o por que de estar aqui nesse momento. –respondeu Snape mostrando os brancos dentes que lhe rasgavam um sorriso venenoso.

- Não faço a menor idéia! – Mentiu Draco.

- Tem certeza? –Questionou Snape erguendo sutilmente o frasquinho de veritaserium na altura de seus próprios olhos, o fitando com interesse.

- Senhor, com todo o respeito, - adiantou-se Draco. – Não lhe devo satisfações de tudo o que eu faço, mas garanto que as minhas intenções não foram ruins quando fui até o vagão de trem a onde estava o idiota do Potter!

- Você me deve explicações Draco, desde o momento que eu garanto seu bem estar e sua vida. Se isso não é o suficiente, então acredito que não vê mais necessidade em contar com a minha colaboração.

O sonserino suspirou, devagar, mas continuo, não tinha como fugir de se explicar, cruzou os braços diante do peito, se preparando para o que vinha a seguir. Snape se virou rapidamente, enviesou um sorriso vitorioso que contratava com seu ar diabolicamente ameaçador. Voltou-se novamente a estante, guardando o frasquinho com a poção da verdade.

- Se vamos continuar a colaborar um com o outro, que seja por livre e espontânea vontade sim? –Disse o mestre olhando intenso para Draco.

- Eu sei o que esta tentando fazer, e posso garantir que o senhor não vai conseguir, por isso, se quiser saber o que eu fui falar com Potter, pare, por favor. –Advertiu Draco, sustentando o olhar de Snape que tentava usar legilimencia contra ele.

- Estava só garantindo que você me dissesse a verdade, mas vejo que Belatriz realmente lhe ensinou corretamente as lições de oclumencia no ano passado. – Respondeu Snape surpreso, sem relevar sentimento algum em sua postura endurecida.

- Sim, ensinou. – Respondeu Draco cortante.

- Perfeito. Vamos direto ao ponto, não tenho a noite inteira para gastar com você. O que acha que estava fazendo se metendo na cabine de trem do Potter?

- Fui alertá-lo, mas se soubesse que me custaria remendar a cartilagem do meu nariz jamais teria ido. – Draco passou a mão esquerda levemente sobre a parte afetada como se estivesse assegurando que estava perfeita como sempre. Em seguida cruzou os braços novamente.

- Você achou o que? Que ele lhe receberia com uma bandeja de prata repleta de quitutes para um chá? – Falou Severus sarcástico.

- Não. – Respondeu o rapaz em desagrado - Potter sempre foi um imbecil, isso é da natureza daquele deformado, mas achei que a curiosidade em me encontrar na cabine dele seria maior do que a vontade de me quebrar os ossos, infelizmente, me enganei, deveria tê-lo abordado de uma outra forma, mas realmente pensei que ele estivesse dormindo.

- Não lhe passou pela cabeça um só instante de que Potter jamais lhe daria ouvidos? Ele é tão boçal que você não conseguiria sua atenção nem por mímica! – Vagos segundos de silencio se instalaram antes do mestre de poções concluir dizendo: - Semelhante a você... – O sorriso ínfimo que havia se formado no rosto do rapaz por ouvir Snape caçoando de Harry desapareceu completamente com a comparação no final da frase do professor.

- Não sou parecido com aquele cretino! Não me insulte. – Disse Draco entre dentes.

- Mas foi estúpido o suficiente para ir até lá dando a chance de Potter quebrar o seu nariz! – Respondeu Snape irônico.

- Como lhe disse antes, a minha intenção era adverti-lo, deixá-lo de sobreaviso. Fui até lá dizer ao panaca para ficar de olho na namoradinha pobretona dele... Mas não tive oportunidade, e depois do que ele me fez preferi não dizer mais nada, ele merece sofrer por ser tão medíocre, e por ter quebrado o meu nariz também. – Respondeu Draco perdendo a serenidade.

- Você tinha o que em mente com essa atitude caridosa? Achou que não teria conseqüência alguma você ir até a cabine dele lhe dizer uma coisa dessas! Esperava o que? Que o insolente do Potter além de guardar segredo aceitaria sem objeções? Sinceramente Draco! Eu achava que você era uma pessoa mais inteligente do que isso! Já se deu conta de que você não pode levantar suspeita alguma a essa altura do plano? Se isso acontecer, e eu espero que NÃO aconteça! Sua posição e a minha se torna mais frágil ainda diante do Lorde, e principalmente diante da ordem!

- Não vai mais acontecer, lhe garanto. –Mentiu Draco mantendo a mente fechada olhando fixo nas íris do mestre de poções sustentando a situação sem ao menos corar por ela.

- Assim espero. Não vou mais tolerar sua estupidez. É a primeira e última vez que lhe advirto que isso não se repita mais. –Enfatizou Snape erguendo o sobrolho com ar de superioridade. – Demonstre pelo menos um pingo de inteligência, não me faça pensar o pior, não queria chegar à conclusão de que Potter é mais racional do que você.

Por um momento os lábios de Draco estremeceram, seus olhos acinzentados faiscaram perigosamente, mas o rapaz não protestou as palavras que ouvira, ao contrario, esbanjou ao professor um sorriso afetado que engolia todas as palavras que gostaria de vomitar em Snape.

- Compreendi perfeitamente senhor, não se preocupe. –Falou Draco encarando Snape por mais um momento antes de girar a maçaneta a suas costas para sair.

Snape acenou indicando a porta, em um pedido mudo para que Draco se retirasse da sala.

- Posso lhe fazer uma pergunta senhor? – Questionou Draco já de costas para Snape com a porta entre aberta segurando firme a maçaneta.

- Sim. – Respondeu Snape tedioso.

- Quem contou ao senhor sobre o que aconteceu no trem? – Questionou o rapaz sonserino.

- Você já se estendeu demais Draco, não vai saber nada além do que já sabe.

Draco virou seu ouvido na direção da voz de Snape e de soslaio vislumbrou pela última vez na noite o ar arrogante do professor. As linhas dos seus lábios se ampliaram tênues, em um quase sorriso, em seguida voltou à atenção ao corredor gélido e sombrio antes de dizer:

- Boa noite professor Snape, tenha bons sonhos. – E a porta se fechou atrás do estudante Sonserino, com o mesmo ranger agourento com que abrira, deixando para trás Severo Snape sem lhe dar a oportunidade de dizer mais algumas palavras desagradáveis antes de sumir das vistas dele.

Draco voltou esgueirando-se sorrateiramente até a Sonserina, passou pela sala comunal completamente escura subindo ao seu aposento tão silencioso e cuidadoso como uma serpente. Ao final da noite colocou a cabeça no travesseiro adormecendo livre de considerações, tranqüilo com suas ações, mas determinado a agir de acordo com o que achava certo, independente de ser vantagem para as outras pessoas, ou não.

Severo Snape deixou a sala logo em seguida, em direção a suas acomodações. Chegando ao seu sóbrio mais aconchegante quarto deitou-se, demorando um pouco para dormir, por habito leu até adormecer. Mas um pensamento lhe importunou até que seu sono se aprofundasse. Se sua intuição estivesse mesmo certa, teria que continuar de olho em Draco Malfoy.

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Agradeço a todos que vem acompanhando a fic e peço desculpas novamente pela demora na atualização (dessa vez a culpa foi da F&B)

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